terça-feira, 8 de abril de 2008

Roberto Carlos, intérprete - 18h


Olá, amigos.

No post anterior, falamos um pouco sobre a força de Roberto Carlos como intérprete - as canções que se consagram na voz dele são, atualmente, muito procuradas já que, por questões financeiras ou de liberação para gravação, estas músicas são mais fáceis. E têm retorno garantido, já que, apesar de assinadas por artistas como Isolda, Carlos Colla, Mauro Motta, elas são invariavelmente associadas ao Roberto.

Esta constante presença do "Roberto Carlos intérprete" atualmente traz um "fenômeno" curioso numa área marcada pela restritividade. As trilhas musicais de telenovelas costumam ter uma "regra" na TV Globo: os artistas não podem ter muitas músicas em destaque em mais de uma trama. Este caso, por exemplo, se aplicou cerca de 10 anos atrás: quando a novela Pecado capital foi reeditada (com Glória Perez adaptando o texto original de Janete Clair), o artista cotado para gravar o tema de mesmo nome, feito sob encomenda por Paulinho da Viola, seria gravado por Caetano Veloso. No entanto, como a gravação de Sozinho, escrita por Peninha, estava muito em evidência na novela das 20h30, Suave veneno, a opção da cúpula da emissora foi entregar a canção para a interpretação do conjunto Só Pra Contrariar.

São raros os artistas que têm o privilégio de ultrapassar esta barreira. Roberto Carlos foi um dos poucos que conseguiu, e somente no ano de 2005 (já décadas depois de seu início de carreira). Sua voz apareceu simultaneamente nas novelas Alma gêmea, das 18h (com a gravação de Índia), e América, das 21h (cantando A volta).

Mas RC voltou a ocupar simultaneamente faixas de horário da teledramaturgia global a partir do ano passado. E especificamente o seu lado de intérprete. Atualmente, os três horários mais importantes da programação da emissora do Jardim Botânico trazem músicas originalmente gravadas por Roberto Carlos, mas na voz de outros cantores.

Já no finzinho da tarde, os espectadores acompanham as venturas e desventuras dos moradores da fictícia cidade de Passaperto. A novela Desejo proibido, assinada por Walter Negrão, não foge das convenções consideradas ideais para atingir boa audiência - é uma trama de época (se passa na década de 1930), e traz romance e comicidade com ares bem açucarados.

Desejo proibido estreou em 5 de novembro do ano passado, e curiosamente, tentou colocar algumas inovações em sua história, trazendo alguns temas até mesmo polêmicos para o horário. Tudo começa quando Ana (vivida por Letícia Sabatella), que convive com frustradas tentativas de ser mãe, vai até uma gruta e reza para uma imagem de uma santa esculpida em pedra para que consiga esta graça. Em seguida, ela encontrava um bebê abandonado numa canoa, e este fato passava a ser atribuído por toda a cidade como um "milagre" da "santa da gruta".

Os anos passavam, e a gruta se tornava motivo de discórdia entre os poderosos - representados por Viriato (papel de Lima Duarte) e Cândida (a cargo de Eva Wilma) - e a população - lidarada por Lázaro (vivido por Cláudio Marzo). A cidade de Passaperto passava a ter a possibilidade de progredir financeiramente, com a chegada de uma ferrovia, só que o lugar por onde iria passar o trem era justamente na gruta que estava "a santa".

O padre da cidade, Inácio (interpretado por Marcos Caruso), recorria a seu afilhado, Miguel (papel de Murilo Rosa), para analisar o caso. Entretanto, Miguel, que era padre, acabava se apaixonando por Laura (já crescida e vivida por Fernanda Vasconcellos), e, além de conviver com a dúvida em largar ou não o sacerdócio, tinha de disputar o amor dela com o inescrupuloso Henrique (vivido por Daniel de Oliveira).

No elenco, ainda estão nomes consagrados como Nívea Maria, Pedro Paulo Rangel, Júlia Lemmertz, Cássio Gabus Mendes e José de Abreu, aliados a atores da "nova geração" que têm seu trabalho reconhecido pelo grande público, casos de Rodrigo Lombardi, Grazi Massafera, Pedro Neschling e Fernanda Paes Leme - além de ótimos entrechos cômicos criados pelo autor. Só que, mesmo com o elogio da crítica especializada em teledramaturgia, a audiência prossegue muito abaixo do esperado para o horário. O elenco ainda sofreu uma perda muito grande: o ator Luiz Carlos Tourinho, que vivia Nezinho, faleceu aos 43 anos, com seqüelas de um aneurisma cerebral.

Com Desejo proibido, a TV Globo tentava se recuperar da queda brusca de audiência na faixa das 18h - ocorrida com sua trama anterior, a mística novela Eterna magia. Entretanto, o "horário de verão" (período em que algumas regiões do país são adiantados em uma hora)parece ter sido um grande empecilho à novela. Afinal, regiões do Norte e do Nordeste não adiantam seus relógios, e muitas pessoas deixavam de assistir à faixa das seis por terem outros compromissos do "horário normal" - e, como só poderiam assistí-la meses depois de sua estréia, não tinham interesse em acompanhar uma história que não viram desde o início.

A solução encontrada pela emissora foi encurtar a história, e tirá-la do ar pouco mais de um mês antes de seu fim previsto. Desejo proibido sairá do ar no dia 3 de maio, cedendo espaço a Ciranda de pedra, adaptação do romance homônimo de Lygia Fagundes Telles (e já adaptado anteriormente para novela na própria TV Globo, no horário das 18h).

O passeio pelo cancioneiro do "Roberto Carlos intérprete" aparece logo de cara para os espectadores. A cantora Tânia Mara escolheu uma música de Maurício Duboc e Carlos Colla lançada originalmente por RC num compacto simples em 1973, e depois relançada na compilação San Remo 68, de 1976. Um tema muito bem escolhido para falar de desejos proibidos e sonhos lindos que vão e vêm na cidade de Passaperto.

Segue a letra! Na foto, o logotipo da novela Desejo probido, da qual Roberto Carlos é um telespectador confesso.

SONHO LINDO - Maurício Duboc e Carlos Colla

Sonho lindo que se foi
Esperança que esqueci
Foi por medo de perder
Que eu perdi

Tanto eu tinha pra dizer
Tanta coisa eu calei
Foi por medo de sofrer
Que eu sofri

Foi pensando em me guardar e querendo não querer
Me dizendo pra esquecer
Foi pensando só em mim
Que eu pensei só em você

Foi tentando me afastar
Foi negando o meu amor
Foi por não querer amar
Que eu amei... você...

3 comentários:

Anônimo disse...

Roberto é o cara e essa música é lindíssima! Rapaz, muito bem observado, o rei sempre entra em temas de novelas, poucas vezes com sua própria voz, mas sempre com algum tema, inclusive o disco mais vendido de novelas, "o rei do gado", Robertão tava lá com Eu te amo, te amo, te amo na voz da Roberta Miranda.

Se for fazer um levantamento da obra do Roberto em novelas, pode se preparar para um trabalhão, rsrs, aquele mesmo que o Eduardo falou que te daria, rsrsr

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

CON disse...

Olá meu amigo, parabéns pelo blog!
Que maravilha de texto, muito detalhado...Eu não conhecia a trama desta novela, que legal!
Esta música do REI é linda mesmo!!
E ele merece estar sempre em todos os lugares, principalmente nas novelas que sempre contam uma estória de amor... E se tem amor, tem que ter Roberto Carlos, concorda?

Amigo desejo muito sucesso a você e a seu blog!

Beijos azuis

Unknown disse...

Roberto Carlos sempre presente nas novelas; mesmo que com outros intérpretes.