sábado, 5 de abril de 2008

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo - 13


Olá, amigos.

Prosseguindo com a série Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo, hoje a lista de canções com temática de carros e velocidade no repertório de Roberto Carlos mostra o retorno a um tema visto na década anterior. No ano de 1984, RC interpretou Caminhoneiro, com o coração disparado de quem todo dia está na estrada, correndo demais, mas andando com cuidado, sem arriscar na banguela.

Em seu LP de 1993, Roberto voltaria a falar sobre os caminhoneiros, mas sob uma ótica diferente da canção anterior. Mas, ao contrário do relato de nove anos antes, que mostrava um caminhoneiro narrando sua rotina pelas rodovias do país, desta vez a letra de Roberto e Erasmo falava sobre um caminhoneiro experiente, que viajava com suas recordações sobre as rodas.

No Roberto Carlos Especial de 2004, RC cruzaria na estrada com velhos caminhoneiros, donos de grandes histórias na teledramaturgia brasileira, que adentraram no caminho da vida real para contracenar com Roberto. Os protagonistas Pedro e Bino, vividos respectivamente por Antônio Fagundes e Stênio Garcia no seriado Carga pesada, participaram do primeiro bloco do programa, conversando com o artista que há quase meio século percorre a estrada, voando pela vida.

Carga pesada foi um seriado que marcou época em dois momentos na dramaturgia da TV Globo. Em 22 de maio de 1979, foi ao ar o primeiro episódio das desventuras de Pedro e Bino na solidão a dois da boléia de caminhão. Primeira atração a abordar o cotidiano dos caminhoneiros em seus trajetos pelo país, o seriado teve em sua equipe de escritores os dramaturgos Dias Gomes (que também supervisionou os textos), Walter George Durst, Carlos Queiroz Telles e Gianfrancesco Guarnieri, além de Stênio Garcia e Antônio Fagundes, que chegaram a escrever alguns seriados. O programa durou até janeiro de 1981.

Em abril de 2003, o programa voltou a ser produzido pela emissora, com um artifício interessante: em vez de meramente reeditar os textos bem sucedidos da primeira versão, o programa continuou a história dos caminhoneiros, como se voltasse a acompanhar a trajetória da dupla 22 anos depois. As aventuras recomeçaram quando Bino desistiu de continuar na rotina de trabalhar num escritório e voltou a pilotar na companhia de Pedro. Em seus primeiros episódios no século XXI, a dupla vivida por Stênio e Fagundes passou a ter a companhia de Pedrinho (papel a cargo de Wagner Moura), filho de Bino.

A segunda versão de Carga pesada durou mais tempo que a original. Foram cinco temporadas (entre 2003 e 2007), e, a princípio, não voltará à grade global - a fórmula já é considerada desgastada, e os atores Stênio Garcia e Antônio Fagundes estão interpretando outros personagens (respectivamente, o advogado Barreto e o líder comunitário Juvenal Antena) na novela Duas caras, exibida às 21 na TV Globo.

Pedro, Bino e os caminhoneiros da vida real foram homenageados pela dupla Roberto e Erasmo na canção que abriu o LP de RC em 1993, e contou um pouco da viagem carregada de emoções pela estrada e pela vida. Pulso firme no volante, Roberto seguiu sem hora de partida, contando histórias e tendo no painel São Cristóvão, Jesus e Nossa Senhora.

Segue a letra! Na foto, Roberto com Antônio Fagundes e Stênio Garcia, nos bastidores da gravação do Roberto Carlos Especial de 2004.

Abraços a todos, Vinícius.

O VELHO CAMINHONEIRO - Roberto e Erasmo

O velho caminhoneiro
Comandante das estradas
Debaixo daquele toldo
Já são tantas toneladas

Histórias, experiências
Por detrás de um pára-brisa
Tanta coisa que machuca
Mas o tempo cicatriza

Existe em algum lugar
Numa curva do caminho
Uma ponta de saudade
De quando ele era mocinho

Reduz a velocidade
E lembra da namorada
Que ficou no seu passado
Na poeira de uma estrada

Já pegou pelo caminho
Chuva fina e tempestade
Asfalto, terra molhada,
Lamaceiro de verdade

No inverno ele se abriga
No verão abre a camisa
Pronto pra qualquer parada
Porque o tempo não avisa

Seu coração viaja em paz
Carregado de emoção demais, demais
Dia, noite, madrugada ele sai
Não tem hora de partida

No caminhão o que ele trás
É a coragem que ele tem, que é sempre mais
Pulso firme no volante, em frente vai
Pela estrada e pela vida

Na solidão da boléia
Ele pensa na família
Na mulher à sua espera
E um leve sorriso brilha

Olha o céu e olha a estrada
Acelera e vai embora
No painel tem São Cristóvão
Jesus e Nossa Senhora

Seu coração viaja em paz
Carregado de emoção demais, demais
Dia, noite, madrugada ele sai
Não tem hora de partida

No caminhão o que ele trás
É a coragem que ele tem, que é sempre mais
Pulso firme no volante, em frente vai
Pela estrada e pela vida...

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