sábado, 29 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 12


Olá, amigos.

No post de hoje, o blogue Emoções de Roberto Carlos orgulhosamente apresenta na série Roberto Carlos e o cinema uma participação de RC em outra vertente do cinema nacional. Trata-se da seção "infanto-juvenil" presente nas telas do cinema tupiniquim.

Depois de espaço para os filmes de Renato Aragão (primeiro com o grupo Os Trapalhões e, nos anos mais recentes, em apresentações protagonizadas somente por ele) e de Xuxa, no final do século XXI foi a vez de outra apresentadora de TV ligada ao público infantil chegar às telonas. Em janeiro de 1999, Angélica protagonizou pela primeira vez uma produção do cinema nacional.

Rodado no ano anterior, o filme Zoando na TV começa quando Ulisses (vivido por Márcio Garcia), um rapaz viciado em televisão que, seduzido pela sensual Lana Love (interpretada por Danielle Winnits), entra pelo tubo de imagem da TV e lá fica preso. Angel (papel de Angélica) faz o mesmo caminho do noivo, para resgatá-lo de volta ao mundo real e, enfim, conseguir fazer com que os dois se casem como manda o figurino. Entretanto, eles vão passar por várias situações no universo da televisão, e conhecer figuras malucas, como o galã Rodolfo Augusto (boa atuação de Miguel Falabella), Bolão (feito pelo saudoso Bussunda) e Monique (vivida por Paloma Duarte). No elenco, ainda estão Nicette Bruno, Lupe Giglioti, Oscar Magrini, Sérgio Loroza e Maria Padilha.

Com este filme, a Globo Filmes realizou sua segunda produção cinematográfica (a primeira foi Simão, o fantasma trapalhão, no ano anterior), na época dirigida por Daniel Filho. A empresa criada pela Rede Globo de Televisão já está em seu décimo ano, e se caracteriza pelo grande investimento ao cinema brasileiro (em 2008, a Globo Filmes lançou Chega de saudade, Meu nome não é Johnny e A casa da Mãe Joana).

Zoando na TV passou perto do um milhão de telespectadores, pois, aliado ao nome de Angélica (na época apresentando o programa Angel Mix nas manhãs de segunda a sexta da TV Globo), o filme trouxe a participação musical do conjunto Jota Quest. Na época, o grupo musical estava em ascensão na mídia.

Roberto Carlos aparece neste filme infanto-juvenil através da voz da própria Angélica. Ao final de Zoando na TV, ela interpreta uma canção de Roberto e Erasmo que fala sobre a ligação de um fã com o universo televisivo. Primeira faixa do lado B do LP de Roberto lançado em 1982, a música fala sobre a confusão entre ficção e realidade causada pela TV. Um dado curioso: em sua gravação, Angélica trocou as citações "masculinas" da gravação original de Roberto Carlos (afinal, ela escreve "pro mocinho", e não "pra mocinha").

Segue a letra original! Na foto, o cartaz do filme Zoando na TV.

Abraços a todos, Vinícius.

MEUS AMORES DA TELEVISÃO - Roberto e Erasmo

Meus amores da televisão
Fantasias do meu coração
Minha mente sai da realidade eu posso ter

Em cada meia hora um sonho a cores pra viver
Elas me conduzem muito além
Da minha imaginação, que confusão

Uma delas diz: te quero sim
É na TV e eu penso que é pra mim
Num impulso esqueço a minha timidez de fã
Busco o meu talento e me transformo em seu galã
E quando me aproximo e me preparo para o beijo do final
Comercial!

Diferentes emoções todos os dias
Ilusões, fantasias
E até depois do meu adormecer
São estrelas dos programas
Que em meus sonhos posso ter

Quando me apaixono pra valer
Certas cenas eu nem quero ver
No dia de uma delas se casar quase morri
Felizmente faltou luz no bairro e eu não vi
Mas no outro dia a pedidos do meu bairro
Que não viu, se repetiu

Tem alguém que escreve pra mocinha
Cartas de amor iguais às minhas
E hoje na novela todo mundo vai saber
Quem é esse que ela ama e trata de esconder
Só falta ela dizer que o autor
Das cartas que ela recebeu, sou eu

Diferentes emoções todos os dias
Ilusões, fantasias
E até depois do meu adormecer
São estrelas dos programas
Que em meus sonhos posso ter

Meus amores da televisão
Fantasias do meu coração...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 11


Olá, amigos.

Depois de mostrar nos últimos posts canções de Roberto e Erasmo Carlos presentes em filmes marcados pela violência e pelo drama (Pedro Diabo ama Rosa Meia-Noite, República dos assassinos, Eu matei Lúcio Flávio, O marginal), este blogue traz hoje uma comédia na qual a voz de RC esteve presente. E ainda mais ao lado de grandes comediantes brasileiros.

Jesus Cristo, eu estou aqui traz Costinha contracenando com nada menos que Zé Trindade, Colé, Sônia Mamede e Rodolfo Arena. Costinha vivia um padre que tentava se dar bem e armava várias presepadas numa cidade interiorana.

Lançado em 1971, Jesus Cristo, eu estou aqui surpreende pelo anacronismo. Trata-se de uma chanchada, na qual o elenco de humoristas e uma série de piadas e situações ingênuas pautam o filme. Isto duas décadas depois do gênero (que foi mais bem sucedido na Atlântida, com nomes como Oscarito e Grande Otelo) se desgastar, com a ascensão de um grupo que realizava filmes engajados que inspirariam o Cinema Novo, e numa época em que o cinema brasileiro caminhava para o apelo rasteiro das comédias eróticas - as célebres pornochanchadas.

O filme tem a direção de Mozael Silveira, que, mais tarde, também direcionou sua carreira como ator e diretor de cinema para as comédias eróticas (que são inocentes aos olhos da sociedade do século XXI). Ele assina a direção de "pérolas" como O erótico virgem, Sete mulheres para um homem só, Secas e molhadas e Seu Florindo e suas duas mulheres.

Bem, como vocês podem perceber, além de trazerem um repertório que passeia pelos vários estilos da música brasileira, Roberto e Erasmo Carlos também embalaram trilhas diferentes que o cinema do Brasil tomou. Não é necessário dar muitas explicações sobre a canção que fez parte deste filme - o título dele foi retirado do refrão da música lançada no LP de 1970.

Segue a letra! Na foto (infelizmente não há registro fotográfico do filme), o comediante Costinha.

Abraços a todos, Vinícius.

JESUS CRISTO - Roberto e Erasmo

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui...

Olho pro céu e vejo
Uma nuvem branca que vai passando
Olho na terra e vejo
Uma multidão que vai caminhando
Como essa nuvem branca
Essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo
É Você meu Pai

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui...

Toda essa multidão
Tem no peito amor e procura a paz
E apesar de tudo
A esperança não se desfaz
Olhando a flor que nasce
No chão daquele que tem amor
Olho pro céu e sinto
Crescer a fé no meu Salvador

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui...

Em cada esquina eu vejo
O olhar perdido de um irmão
Em busca do mesmo bem
Nessa direção caminhando vem

É meu desejo ver
Aumentando sempre essa procissão
Para que todos cantem
Na mesma voz essa oração

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 10


Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema apresenta mais uma vez uma ligação de RC com o cinema nacional - numa pesquisa que vem trazendo de volta até mesmo filmes que atualmente não são tão lembrados na cinemateca brasileira. É o caso do filme que mostramos hoje.

Com direção de Miguel Faria Jr. (mesmo diretor do filme que mostramos anteriormente aqui - República dos assassinos), Pedro Diabo ama Rosa Meia-Noite é mais uma trama de amor bandido retratada no cinema nacional. Pedro Diabo (interpretado por Paulo César Peréio) é um homem sem perspectivas financeiras ou sociais que se envolve com uma mulher misteriosa de nome Rosa Meia-Noite (vivida por Susana Moraes). Os dois então começam um amor bandido, num roteiro muito bem feito escrito por Miguel Faria Jr. em parceria com Armando Costa - conhecido do grande público por, ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, ter criado a primeira versão do programa A grande família (este programa estará aqui na nossa série, num dos próximos posts). No elenco ainda estão os atores Roberto Bonfim, Mário Lago, Isabella e Wilson Grey.

Outro dado curioso: a atriz Susana Moraes é filha do "poetinha" Vinícius de Moraes e foi casada com o cineasta Miguel Faria Jr. Décadas mais tarde, os dois assinariam a direção do filme Vinícius, documentário sobre o pai de Susana.

Roberto Carlos embala o romance conturbado de Pedro Diabo e Rosa Meia-Noite - que traz também muitas cenas de ciúme. Ciúme como naquela canção que RC interpretou em seu LP O inimitável.

Segue a letra! Na foto, Paulo César Peréio (não temos registro do filme original).

Abraços a todos, Vinícius.

CIÚME DE VOCÊ - Luiz Ayrão

Se você demora mais um pouco
Eu fico louco esperando por você
E digo que não me preocupa
Procuro uma desculpa, mas que todo mundo vê
Que é ciúme, ciúme de você
Ciúme de você, ciúme de você

Se você põe aquele seu vestido
Lindo e alguém olha pra você
Eu digo que já não gosto dele
Que você não vê que ele está ficando “demodé”
Mas é ciúme, ciúme de você
Ciúme de você, ciúme de você

Esse telefone que não pára de tocar
Está sempre ocupado
Quando eu penso em lhe falar
Quero então saber logo quem lhe telefonou
Que disse, o que queria e o que você falou
Só de ciúme, ciúme de você
Ciúme de você, ciúme de você

Se você me diz que vai sair
Sozinha eu não deixo você ir
Entenda que o meu coração
Tem amor demais, meu bem, e essa é a razão
Do meu ciúme, ciúme de você
Ciúme de você, ciúme de você

Do meu ciúme, ciúme de você, ciúme de você
Do meu ciúme, ciúme de você...

domingo, 23 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 9



Olá, amigos.

Dando prosseguimento à série Roberto Carlos e o cinema, hoje este blogue apresenta mais um momento do cinema nacional que teve trilha de RC. Através destes posts, o blogue Emoções de Roberto Carlos busca mostrar a ligação de Roberto Carlos com o cinema e também colocar em evidência filmes brasileiros que merecem ser assistidos.

É o caso do filme de hoje. Com direção de Miguel Faria Jr., República dos assassinos foi lançado em 1979, na versão cinematográfica do livro A república dos assassinos, de Aguinaldo Silva. O autor (mais conhecido por seu trabalho como escritor de telenovelas) ajudou Miguel Faria Jr. e Leopoldo Serran na adaptação de sua história para o cinema.

A "república dos assassinos" que aparece no título é a chamada "Os Homens de Aço", um bando de policiais corruptos liderados por Mateus Romeiro (papel de Tarcísio Meira), e que traz também Erasmo, Gringo, Alcino e Lacerda (respectivamente, Paulo Vilaça, Milton Moraes, Vinícius Salvatori e Ivan de Almeida). O travesti Eloína (ótima atuação de Anselmo Vasconcellos), que tem um envolvimento amoroso com o puxador de carros Carlinhos (vivido por Tonico Pereira), e a cantora Marlene Santos (papel de Sandra Bréa), ex-namorada de Mateus Romeiro, aparecem em alguns momentos recordando as ações deste esquadrão da morte, e contam também as histórias que ficaram ao redor dele: a imprensa corrupta de Gilberto Martins (feito por José Lewgoy), dono do jornal O Diário Carioca, e a filha dele, Regina (interpretada por Sylvia Bandeira).

Com um roteiro muito bem estruturado e atuações primorosas - em especial a de Anselmo Vasconcellos, que faz do travesti Eloína um dos grandes personagens do cinema brasileiro, República dos assassinos é, certamente, um registro fantástico do "cinema criminal" feito no Brasil. Corrupção, cinismo e marginalidade aparecem no filme de Miguel Faria Jr. sem preocupação com pudores ou com caricaturas.

Aliado a isto, o filme traz uma trilha sob medida - o compositor Chico Buarque fez especialmente para esta produção as canções Sob medida e Não sonho mais. E também trouxe Roberto Carlos em seu repertório musical.

RC "participa" de uma cena que causou polêmica na época. A penúltima faixa do lado B de seu LP de 1977 seria o fundo musical do beijo na boca entre os personagens Carlinhos e Eloína - a letra de Isolda ajudava o travesti a se lembrar da saudade que ela gostava de ter de seu amante puxador de carros.

Segue a letra! Na foto, Anselmo Vasconcellos e Tonico Pereira em República dos assassinos.

Abraços a todos, Vinícius.

OUTRA VEZ - Isolda

Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim

Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez

Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu

Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade, sem nada perder

Ah... você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o maior dos enganos que eu pude fazer

Das lembranças que trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 8


Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema traz mais um filme no qual o repertório de RC apareceu em sua trilha musical. E desta vez, Roberto Carlos apareceu nas telas num contexto de submundo do crime - cenário que até hoje é fonte constante da cinematografia brasileira.

Dirigido por Antônio Calmon (que se tornou mais tarde um autor de novelas - atualmente escreve a novela da faixa das 19h da programação global, Três irmãs), Eu matei Lúcio Flávio entrou em circuito no ano de 1979 e se revelou uma grata surpresa para os cinéfilos nacionais. Em função do título, parecia que Calmon somente estaria se aproveitando de outro grande sucesso de bilheteria policial - Lúcio Flávio, passageiro da agonia, dirigido por Hector Babenco e lançado dois anos antes - para conseguir ser bem sucedido diante do público.

Entretanto, as semelhanças entre os filmes de Antônio Calmon e Hector Babenco ficam restritas a ter em seus respectivos títulos o nome de um dos criminosos mais famosos dos anos 70 - o carioca Lúcio Flávio, que aterrorizou o Rio de Janeiro com uma onda de crimes. Enquanto o filme de 1977 fala sobre o próprio criminoso (baseado no livro de José Louzeiro), Eu matei Lúcio Flávio tem como protagonista um policial que estava inserido num grupo da polícia famoso no Rio de Janeiro.

Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Mariel Maryscott (vivido por Jece Valadão), um ex-salva vidas e ex-guarda-costas que passa a integrar o grupo de extermínio conhecido como "Esquadrão da Morte". A história deste "personagem da vida real" se divide entre sua ação no grupo dos "Homens de ouro" do esquadrão - e daí vem o título do filme, pois Lúcio Flávio (interpretado por Paulo Ramos) é o bandido que Mariel mais deseja capturar - e um relacionamento conturbado com a prostituta Margarida Maria (papel de Monique Lafond).

Eu matei Lúcio Flávio
é mais um dos muitos filmes da década de 1970 que tiveram como "mote" a violência e a ação de bandidos - além dele, vieram produções como Terror e êxtase (também de Antônio Calmon), Ódio (de Carlo Mossy) e O caso Cláudia (de Miguel Borges). Tratam-se de precursores do atual panorama do cinema brasileiro - que voltou a apresentar filmes que abordam o universo criminal, como Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de elite, Era uma vez e Última parada 174.

Roberto Carlos aparece em Eu matei Lúcio Flávio num momento muito chocante, que mostra que nem sempre canções dele, de Erasmo e de outros artistas da nossa música. Os policiais botam o LP de 1978 para tocar enquanto Mariel Maryscott e um de seus comparsas de Esquadrão da Morte (feito por Anselmo Vasconcellos) torturam um criminoso. Afinal, segundo o lema do grupo de extermínio, "marginal tem que morrer". E o crime mostrado no filme acontecia no mesmo momento em que o som do ambiente tocava a homenagem que Roberto fez para sua mãe no ano anterior ao lançamento do filme.

Segue a letra! Na foto, Jece Valadão e Monique Lafond em uma das cenas mais bonitas de Eu matei Lúcio Flávio: Mariel carrega nos braços a amante Margarida Maria até encontrar um cemitério.

Abraços a todos, Vinícius.

LADY LAURA - Roberto e Erasmo

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você

Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
Que me conte uma história bonita
E me faça dormir

Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo:
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino

Apesar da distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso
Escutar de você

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conte uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem

Me afagando os cabelos
Você certamente diria:
Amanhã de manhã
Você vai se sair muito bem

Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição

Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado sorria
E nas horas difíceis podia
Apertar sua mão

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conte uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Tenho às vezes vontade
De ser novamente um menino
Muito embora você sempre ache
Que eu ainda sou

Toda vez que te abraço
E te beijo sem nada dizer
Você diz tudo que eu preciso
Escutar de você

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conte uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura, me beije outra vez
Lady Laura

Lady Laura, Lady Laura, Lady Laura...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 7


Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema traz hoje mais um momento no qual a obra de RC rasgou as telas do cinema - e apresenta uma canção menos conhecida da dupla, mas que é uma verdadeira preciosidade. Assim como Os 7 gatinhos e Os machões, esta música foi escrita por Roberto e Erasmo especialmente para o filme.

Lançado em 1974, O marginal conta a história de Vavá (vivido por Tarcísio Meira), um ex-detento que, ao sair da prisão, tenta refazer sua vida longe do crime. O filme surpreende por trazer diálogos muito fortes e por um roteiro, infelizmente, muito próximo da realidade de criminosos. Manga estava cercado por pessoas competentes para fazer O marginal - o argumento foi elaborado por Dias Gomes, os diálogos e as cenas adicionais foram escritos por Lauro César Muniz e o elenco traz, além de Tarcísio Meira, os nomes de Darlene Glória, Vera Gimenez, Francisco Di Franco, Edney Giovenazzi e Anselmo Duarte.

Este é o único filme policial dirigido por Carlos Manga. No cinema, ele se destaca como diretor das chanchadas da Atlântida e, mais tarde, por filmes do grupo Os Trapalhões - além de ter sido diretor do programa Jovem Guarda, na TV Record. Manga também tem uma carreira sólida na TV, na direção de programas humorísticos, como Chico Anysio Show.

Um dado curioso: quando estava em circuito, mesmo com O marginal fazendo um número considerável de público, os grupos de cinema decidiram tirá-lo de cartaz para darem destaque ao filme O exorcista. Diante daquela situação ("preferiram dar espaço pra aquela menina que vomitava verde"), Carlos Manga decidiu abandonar de vez a direção de cinema, e passou a se dedicar exclusivamente à televisão.

A música-tema do filme é interpretada por Wilson Miranda - cantor que aparecia muito nas trilhas de novelas lançadas pela Som Livre na década de 1970. É através da voz dele que Roberto e Erasmo contam um pouco da triste história do marginal Vavá.

Segue a letra! Na foto, Tarcísio Meira em cena de O marginal.

Abraços a todos, Vinícius.


O MARGINAL - Roberto e Erasmo

Quando ele acordou
Pela janela pôde ver
Tudo diferente
Do que um dia ele quis

Tantos sonhos coloridos
Se modificaram
Tantas esperanças
Que nunca se encontraram

A solidão maior
Doeu naquela hora
Presa no seu peito
Como marcas do passado

Nessa longa estrada
Procurando o que era seu
Toda sua vida
No caminho se perdeu

Dor nas mãos
Sua cabeça dolorida
Pela paz que foi perdida
Como alguém que não viveu

Pra que nasceu
Se não viveu?
Pra que nasceu
Se não viveu...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 6



Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema recorda hoje um registro cinematográfico no qual Roberto ajudou a fazer a trilha do parceiro Erasmo Carlos como ator. E numa situação na qual o Tremendão adora: com muito, mas muito bom humor.

Dirigido por Reginaldo Faria, a comédia Os machões entrou em cartaz no ano de 1972, colocando em evidência um trio de amigos (vividos por Reginaldo Faria, Flávio Migliaccio e Erasmo Carlos) que, além de terem pouco dinheiro, também estão em busca de mulheres. Depois de numa das noitadas encontrarem um travesti, os três decidem fingir que são homossexuais para ficarem mais próximos de belas mulheres. Entretanto, no decorrer do filme eles começam a ter dúvidas sobre suas opções sexuais. No elenco, ainda estão Mário Benevenutto, Tânia Scher e Elke Maravilha

Em um primeiro momento, o filme receberia o nome de Os bonecas, mas a censura vetou, e o título acabou sendo Os machões. Numa época em que o cinema brasileiro era feito sem grandes recursos, havia mais espaço para filmes despretensiosos como estes - casos de Pra quem fica, tchau e Os paqueras. Atualmente, Os machões é exibido na programação do Canal Brasil (número 66 da NET/Sky), geralmente na parte da madrugada (ele é considerado uma comédia erótica).

Roberto e Erasmo aparecem como compositores nesta comédia de Reginaldo Faria. É através da canção deles que aparece a situação deste grupo de "machões" no mundo cão. Interpretada por Erasmo Carlos (que, como ator, recebeu a Coruja de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante), a música foi lançada no LP Sonhos e memórias 1941/1972, mas apareceu no filme com arranjo diferente (feito por Chiquinho de Moraes) do disco.

Segue a letra! Na foto, uma cena do filme Os machões.

Abraços a todos, Vinícius.

MUNDO CÃO - Roberto e Erasmo

Companheiro, seu mundo perfeito não foi feito
Que diria o criador se aqui chegasse e não entrasse
Nesse mundo cão
Eu não fico não

Quando você não morre dormindo
Pode ir se despedindo
Sua festa já acabou e você não brincou
Nesse mundo cão
Eu não fico não

Dizem que a morte agora é sorte
O castigo é pra quem sua vida encerra
E continua aqui na terra
Nesse mundo cão
Eu não fico não

Povos jogam pedras, outros não se dão a mão
Nesse mundo cão
Eu não fico não

Isso pode acontecer com todo mundo
Pode acontecer comigo, como castigo
Não que eu tenha medo do perigo
Mas disso eu tenho medo
Muito medo, meu amigo...

sábado, 15 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 5



Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema traz hoje mais um momento cinematográfico no qual a obra de RC esteve próxima da safra de Nelson Rodrigues. O universo "rodrigueano" já foi adaptado muitas vezes para o cinema (e, no ano que vem, estará nas telas novamente, com a filmagem de uma adaptação da peça Bonitinha, mas ordinária, feita por Moacyr Góes), e o filme que mostramos hoje foi um dos que mais teve repercussão internacional para a obra do "anjo pornográfico".

No ano de 1973, o cineasta Arnaldo Jabor (atualmente conhecido por seu trabalho como cronista político na televisão e na imprensa) levou para as telas os personagens de Toda nudez será castigada, com todas as neuroses e obsessões comuns dos tipos criados por Nelson Rodrigues. Para muitos, Jabor foi responsável por uma das melhores visões cinematográficas da obra do dramaturgo - anos mais tarde, ele adaptaria Nelson Rodrigues novamente para o cinema (O casamento, baseado no romance homônimo do dramaturgo).

Em Toda nudez será castigada há a figura de Herculano (interpretado por Paulo Porto), um homem tradicionalista que, ao ficar viúvo, prometeu a seu filho Serginho (papel de Paulo Sacks) que nunca mais teria outra mulher. Entretanto, o irmão Patrício (vivido por Paulo César Peréio), homem que vive às custas de Herculano, decide interceder para que sua única fonte de renda não se perca - afinal, Herculano permanece muito abalado por sua viuvez.

Patrício mostra a ele uma foto de Geni (feita por Darlene Glória), uma prostituta e cantora de bordel, e um dia, totalmente embriagado, Herculano passa a noite com ela. Com o tempo, Geni e Herculano se envolvem cada vez mais, o que desencadeia uma série de situações na família tradicional - dentre elas, a oposição das tias e de Serginho com este segundo casamento de Herculano. No elenco, ainda estão os atores Isabel Ribeiro, Elza Gomes e Sérgio Mamberti.

Através deste filme, Darlene Glória passou a ter seu talento reconhecido no mundo todo - sua interpretação fascinante para a prostituta Geni rendeu a ela o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim, na Alemanha. Toda nudez será castigada também recebeu os prêmios de Melhor Filme e de Melhor Atriz (novamente para Darlene Glória) no Festival de Gramado.

No entanto, houve uma situação muito curiosa para esta adaptação cinematográfica da obra de Nelson Rodrigues. No mesmo período em que o filme fazia sucesso no mercado internacional, em terras brasileiras o país não podia assistí-lo. O chefe da censura considerou o filme "imoral" e o proibiu de ser exibido nas telas do país - e só voltaria a ser liberado diante do tamanho sucesso no exterior.

A trilha de Toda nudez será castigada recebeu menção honrosa no Festival de Gramado - em especial pelas composições de Astor Piazzolla. E, em meio a esta parte musical, novamente estava uma canção da safra de Roberto Carlos.

Na cena em que Patrício tenta convencer Geni a se envolver com Herculano, ao fundo do ambiente da boate está uma das canções mais cultuadas da obra de Roberto e Erasmo. A música, que abre o LP de 1971, foi mais um ótimo detalhe deste filme muito grande e inesquecível da cinematografia nacional.

Segue a letra! Na foto, o cartaz de Toda nudez será castigada.

Abraços a todos, Vinícius.

DETALHES - Roberto e Erasmo

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida, eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E toda hora vão estar presentes, você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
O ronco barulhento do seu carro
A velha calça desbotada ou coisa assim
Imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei mas eu duvido
Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai lembrar de mim

À noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo o amor em quase nada
Mas quase também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso, de vez em quando, você vai, vai lembrar de mim

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito, muito tempo em sua vida eu vou viver
Não, não adianta nem tentar me esquecer...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Dironir de Souza



Olá, amigos.

Desde esta segunda, dia 10 de novembro, a banda de Roberto Carlos ficou com menos força em seus instrumentos de sopro. Aos 69 anos, DIRONIR DE SOUZA, um dos saxofonistas da banda, nos deixou para se apresentar num palco muito mais iluminado. A partir dos próximos shows de RC, todos nós vamos sentir falta daquele momento em que o Roberto gritava "Dironir no sax solo!".

Dironir era um dos músicos que estava há mais tempo acompanhando Roberto Carlos - desde que sua banda ainda era conhecida como RC-7 (atualmente, Roberto chama sua banda de "Boeing de prefixo RC-9"). Em depoimento concedido no final do ano passado, o saxofonista declarou o seguinte (em relação à sua carreira e ao cenário musical brasileiro): "Há 52 anos, quando eu comecei, havia um horizonte. Hoje não há, porque o Brasil virou uma terra de cantores. E o maior é Roberto".

Em seu blogue pessoal, o maestro Eduardo Lages afirmou: "Ficará além da saudade , a certeza de ter sido um músico competente, profissional correto e super bom caráter". E também ficará a lembrança do "barbicha" - apelido que ele recebeu por ostentar durante anos uma barbicha no rosto.

Este que vos escreve teve o prazer de conhecer Dironir de Souza, nos bastidores do Roberto Carlos Especial de 2006. Uma lembrança que, neste momento, disponibilizo a todos os que lêem este blogue. Afinal, não é todo o dia que recordamos quando conhecemos pessoas que ajudaram a contar a história das trilhas sonoras de nossas vidas.

Obrigado, Dironir... Seu sax tenor emocionará muita gente nos próximos palcos que você se apresentar. Este post finaliza com uma canção da amizade que pode e deve ser sempre cantada, em todos os momentos.

Segue a letra! Na foto, Dironir e eu, no dia 5 de dezembro de 2006.

Abraços a todos, Vinícius.

AMIGO - Roberto e Erasmo

Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada
Amigo de tantos amigos e tantas jornadas
Cabeça de um homem mas um coração de menino
Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada

Me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro
Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro
O seu coração é uma casa de portas abertas
Amigo, você é o mais certo nas horas incertas

Às vezes em certos momentos difíceis da vida
Em que precisamos de alguém pra ajudar na saída
A sua palavra de força, de fé, de carinho
Me dá a certeza de que eu nunca estive sozinho

Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada
Sorriso e abraço festivo na minha chegada
Você que me diz a verdade com frases abertas
Amigo, você é o mais certo nas horas incertas

Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo
Mas é muito bom saber que eu tenho um grande amigo
Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo
Mas é muito bom saber que eu tenho um grande amigo...

P.S.: a série Roberto Carlos e o cinema volta a ser apresentada no dia 15 de novembro.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 4


Olá, amigos.

Hoje passamos a recordar filmes que tiveram canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos em sua trilha. Começamos a série com uma incursão da música dos dois no universo de Nelson Rodrigues.

Lançado em 1980, Os 7 gatinhos foi a versão cinematográfica da peça de mesmo nome. A história trazia Noronha (vivido por Lima Duarte), um pai de família que prostitui as quatro filhas mais velhas - Aurora, Débora, Hilda e Arlete (Ana Maria Magalhães, Sônia Dias, Sura Berditchevsky e Regina Casé, respectivamente) para juntar dinheiro e fazer o enxoval de Silene (papel de Cristina Aché), a filha caçula, que estuda em colégio interno e é um exemplo de pureza. Além desta trama, ainda há o envolvimento da filha mais velha, Aurora com o cafajeste Bibelot (feito por Antônio Fagundes).

O universo sórdido tem uma reviravolta quando Silene retorna à casa acompanhada do inspetor do colégio. Dr. Portela (papel de Ary Fontoura), conta aos pais da menina que ela foi expulsa por matar uma gata. O apodrecimento da família começa, e leva a uma tragédia. No elenco ainda estão Thelma Reston (como a Gorda, esposa de Noronha), Cláudio Corrêa e Castro (como Dr. Bordalo), Sady Cabral (como o Seu Saul) e Maurício do Valle (interpretando um deputado).

Apesar do bom elenco, o filme diluiu a crueldade da história com cenas desnecessárias e que só eram mencionadas no texto de Nelson Rodrigues - caso da cena em que Arlete é "atacada" pelo deputado. A diluição deve-se à direção de Neville d'Almeida, cujos filmes são marcados pelo forte apelo erótico e que, muitas vezes, reduz suas histórias a uma sucessão de baixarias - vide Rio Babilônia e as refilmagens asquerosas de Matou a família e foi ao cinema e Navalha na carne. O diretor faria uma outra incursão ao universo de Nelson Rodrigues, com a filmagem de A dama do lotação, protagonizado por Sônia Braga e um grande sucesso de bilheteria nacional.

Ao ser exibido no Festival de Gramado, Os 7 gatinhos proporcionou uma cena inusitada: durante a sua exibição, um membro da secretaria de Cultura do governo do Rio Grande do Sul protestou aos berros contra a "sacanagem" presente no filme. Thelma Reston recebeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante neste festival.

Roberto e Erasmo estão presentes na trilha com três músicas. Duas delas já tinham sido lançadas anteriormente em discos de Roberto Carlos - Cavalgada (de 1977) e A primeira vez (de 1978). A terceira canção, interpretada por Erasmo Carlos, é tocada na abertura e aparece em versão instrumental no decorrer do filme, gravada pelo conjunto A Cor do Som - um retrato fiel do universo de Nelson Rodrigues

Segue a letra! Na foto, o cartaz do filme - que traz a cena antológica em que Bibelot tira a calcinha da colegial Silene.

Abraços a todos, Vinícius.

OS SETE GATINHOS - Roberto e Erasmo

Almas enganadas, sonhos de isopor
Carnes mal amadas
Simulando sensações de amor
E de cor ...

Quantos tão minguantes, risos de histeria
Tons de fantasia
De família que ninguém queria, mas que existia
Todos se amavam, ninguém dizia...

Bem que eu falei
Sangue se pode evitar

Vidas maltratadas, céu por testemunha
Fel de sobremesa
Misturando liberdade presa
Com pobreza...

Mundos tão distantes, escassez de abraços
Véu de nostalgia
Na família que ninguém queria, mas que existia
Todos se olhavam. ninguém se via...

Bem que eu falei
Sangue se pode evitar...

domingo, 9 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 3



Olá, amigos.

A série Roberto Carlos e o cinema apresenta hoje o último filme protagonizado por Roberto Carlos. Este filme novamente coloca nas telas a parceria de Roberto e Erasmo, mas como atores - e é o único filme no qual RC não interpreta ele mesmo.

Em Roberto Carlos a 300 km por hora, ele é Lalo, um mecânico que trabalha para o corredor Rodolfo Lara (vivido pelo saudoso Raul Cortez) e que tem dois sonhos: o de ser um grande piloto e o de conquistar o amor de Luciana (papel da atriz Libânia Almeida), namorada de Rodolfo. O sonho automobilístico fica mais incentivado por conta de seu colega de trabalho Pedro (interpretado por Erasmo Carlos), que o ajuda nos treinos - treinos que eles realizam às escondidas, pra fugirem da vigilância de seu chefe (boa atuação de Mário Benevenutto).

Roberto Faria abordou o automobilismo naquele ano de 1971 pois o esporte estava começando a fazer sucesso no país - em especial graças ao piloto Emerson Fittipaldi - e decidiu unir duas paixões brasileiras: os carros e Roberto Carlos. Para isto, o cineasta gravou cenas reais da Copa Brasil de 1970, no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos.

O elenco ainda conta com a participação de grandes atores, como Flávio Miggliacio e os saudosos Otelo Zeloni e Walter Forster, além de uma participação especialíssima do irmão de Roberto Faria, Reginaldo Faria (que trabalhou em Roberto Carlos em ritmo de aventura). Tudo para deixar Roberto Carlos a 300 km por hora - através do roteiro de Bráulio Pedroso, mais conhecido como autor de televisão (Beto Rockefeller e O rebu) e de teatro (As gralhas e As hienas).

Este filme não é musical, há apenas algumas inserções incidentais de canções interpretadas por RC, e também uma gravação de Erasmo Carlos presente em seu LP Carlos, Erasmo, a música Masculino, feminino (de autoria de Homero Moutinho Filho), cantada em dueto com Marisa Fossa. Dentre as canções na voz de Roberto, está uma das músicas mais bonitas que ele lançou no ano de 1971 - e que sublinhou o amor de Lalo por Luciana: aquele tanto amor que o fez correr na Copa Brasil.

Segue a letra! Na foto, Roberto e Erasmo em uma cena de Roberto Carlos a 300 km por hora.

Abraços a todos, Vinícius.

DE TANTO AMOR - Roberto e Erasmo

Ah, eu vim aqui, amor
Só pra me despedir
E as últimas palavras desse nosso amor
Você vai ter que ouvir

Me perdi de tanto amor
Ah, eu enlouqueci
Ninguém podia amar assim e eu amei
E devo confessar, aí foi que eu errei

Vou te olhar mais uma vez
Na hora de dizer adeus
Vou chorar mais uma vez
Quando olhar nos olhos seus, nos olhos seus

A saudade vai chegar
E por favor, meu bem
Me deixe pelo menos só te ver passar
Eu nada vou dizer
Perdoa se eu chorar...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema - 2


Olá, amigos.

Continuamos a série Roberto Carlos e o cinema com a única obra que reuniu na telona Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia. Trata-se de Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa, filme rodado em 1969 e lançado no início do ano seguinte.

A trama mirabolante começa quando os três estão no Japão e Wanderléia compra uma estatueta. O objeto faz com que ela seja perseguida por um bando comandado pelo vilão Pierre (sim, novamente o eterno vilão do cinema nacional José Lewgoy!). Wandeca desaparece, e os dois amigos decidem investigar a origem da escultura.

A investigação leva a descobrir que a estatueta traz um mapa do esconderijo de um diamante que em 2800 a.C. navegantes fenícios deixaram no Brasil. O filme de Roberto Farias coloca Roberto, Erasmo e Wanderléia em perseguições, armações, perigos e até em lutas com samurais em cenas gravadas também em Israel, Portugal e no Brasil. Claro, amparados por um repertório sensacional, que traz sucessos dos três.

Na foto, temos o LP que poderia ter marcado o primeiro (e único) encontro fonográfico do trio da Jovem Guarda. Poderia, pois um problema entre gravadoras impediu que a gravação fizesse parte do disco. Aliás, este disco é um verdadeiro fiasco, por apresentar apenas as trilhas instrumentais - assinadas por Luiz Carlos Sá, que mais tarde formaria um trio de sucesso com Zé Rodrix e Gutemberg Guarabyra.

As gravações principais do filme também não saíram no disco, elas ficaram espalhadas nos discos de cada um. As músicas cantadas por RC saíram no seu disco anual de 1969 - As curvas da Estrada de Santos, Não vou ficar e O diamante cor-de-rosa - além de Custe o que custar, que saiu num compacto e em 1976 seria lançado na compilação San Remo 68. Você vai ser o meu escândalo, feita por Roberto e Erasmo para Wanderléia (que a canta num clipe sensacional), também ficou restrita a um compacto. As gravações de Erasmo para Aquarela do Brasil e pra Vou ficar nu pra chamar sua atenção seriam lançadas em Erasmo Carlos e Os Tremendões, último LP dele na gravadora RGE.

Mas, certamente, o que mais chama atenção neste filme é o encontro musical do trio da Jovem Guarda, que, na cena final canta como é preciso saber viver. O dado curioso é que esta canção voltaria a destaque em 1974, quando Roberto a incluiu em seu LP daquele ano - só que com uma estrofe a menos. Ao passar por telefone a letra para RC, o cantor Marcio Antonucci suprimiu uma parte da música, e ela não entraria nas gravações de Roberto Carlos e, anos mais tarde, do conjunto Titãs. Agora este blogue disponibiliza a letra original de Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa.

Segue a letra! Na foto, a capa do LP com músicas incidentais do filme (que incluiu uma curiosa interpretação de Gal Costa para Tuareg, música de Jorge Ben).

Abraços a todos, Vinícius.

É PRECISO SABER VIVER - Roberto e Erasmo

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão

É preciso ter cuidado
Pra mais tarde escolher
É preciso saber viver

Toda pedra do caminho
Você deve retirar
Numa flor que tem espinho
Você pode se arranhar

Se o bem e o mal existe
Você pode escolher
É preciso saber viver

Mas se você caminhar comigo
Seja qual for o caminho eu sigo
Não importa aonde for
Eu tenho amor, eu tenho amor

É preciso saber viver...
É preciso saber viver...
É preciso saber viver...
Saber viver, saber viver...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Roberto Carlos e o cinema... - 1



Olá, amigos.

No calendário tupiniquim, o dia 5 de novembro é denominado o Dia da Cultura e também o Dia do Cinema Brasileiro. Este cinema que há mais de um século apresenta nas telas recortes da nossa realidade, e apresenta vários estilos e grandes diretores - sobreviventes, inclusive, de algumas crises financeiras e culturais do nosso país.

Para celebrar a data, este blogue hoje começa a apresentar a série Roberto Carlos e o cinema, na qual mostrará as participações cinematográficas de RC no cinema nacional - primeiro como ator, para, em seguida, trazer momentos nos quais sua música apareceu como trilha de algum filme nacional.

O primeiro filme da série não poderia ser outro: o início da relação de Roberto Carlos com as telas do cinema brasileiro. O ano de 1968 ficou mais quente com a chegada de Roberto Carlos em ritmo de aventura, que, de acordo com a sinopse do filme, trazia: "Ritmo, ação e emoção não faltam nesta história de intrigas internacionais. O Rio de Janeiro com suas belezas naturais e New York com sua magnitude servemm de pano de fundo para o desempenho de Roberto Carlos. Tudo regado com suas inesquecíveis canções: Como é grande o meu amor por você, Eu sou terrível, Eu te darei o céu...".

A trama tem início no Corcovado, quando bandidos perseguem Roberto Carlos para impedir que ele faça um filme. O grupo de malfeitores é capitaneado por Brigite (vivida por Rose Passini), que quer seqüestrar RC para explorar seu talento ao lado dos "cérebros eletrônicos" - os computadores, na época artigo de luxo no país. Junta-se a ela e ao bando o ator Pierre (participação especialíssima do eterno vilão do cinema nacional José Lewgoy), que é escalado para ser o antagonista do mocinho Roberto Carlos. Pierre carrega uma forte mágoa: já fez 50 filmes como vilão, e sempre seus personagens morrem no final - e vê agora neste "duelo" que mescla ficção e realidade a chance de se sair bem ao final da projeção.

Em meio a isso tudo, há também a figura do diretor do filme - interpretado por Reginaldo Faria, irmão de Roberto Faria, o cineasta que realizou todos os filmes de RC. Ele, com suas trapalhadas, faz com que a história se torne ainda mais hilária, nesta trama na qual Roberto Carlos aparece em ritmo de aventura, de ação, de comédia e, principalmente, muita música.

Uma curiosidade acerca do filme: nesta época, Roberto Carlos e Erasmo Carlos estavam brigados. Erasmo se apresentou no programa de Wilson Simonal, e uma falha da produção (que não creditou as canções interpretadas pelo 'Tremendão' aos dois Carlos) fez com que os dois mal se falassem.

Com isso, a participação de Erasmo no primeiro filme de Roberto Carlos não aconteceu em Roberto Carlos em ritmo de aventura. E mais: das 12 músicas gravadas para a trilha, cinco são assinadas apenas por Roberto (no filme, aparece RC interpretando músicas dos dois - caso de Quero que vá tudo pro inferno - mas elas não estão na trilha feita especialmente para o filme).

A briga acabaria em 1967. Erasmo recebeu uma fita de rolo e um bilhete de RC escrito: "Bicho, não tô mais zangado com você". Depois, Roberto falou ao amigo: "Eu comecei a fazer uma música e e estava pensando que é o tipo de música que você faz em 10 minutos! Faz essa letra pra mim, que eu quero incluir no filme que estou fazendo!"

E assim nasceu a canção Eu sou terrível, que selou o retorno da parceria de Roberto e Erasmo. A música abre o LP Roberto Carlos em ritmo de aventura e é a trilha do início do filme, numa seqüência em que bandidos perseguem Roberto Carlos no Corcovado.

O disco reúne canções que até hoje são clássicos da safra de Roberto Carlos - Como é grande o meu amor por você, Por isso corro demais, Quando e De que vale tudo isso (todas assinadas somente por Roberto Carlos), além de grandes canções assinadas por outros autores - caso de Você não serve pra mim, feita por Renato Barros. Mas é uma das canções compostas e interpretadas por RC que traz uma cena bem marcante.

O RC-7 encontra Roberto Carlos numa sala, e ele está ao violão fazendo uma música. Eles tomam postos de seus instrumentos, e Roberto pede: "Ô Wanderley, dá um som de cravo aí!". E os dedos de Wanderley iniciam mais uma bela música de RC (que, agora, anos mais tarde, foi incluída no repertório de Inesquecível, o disco novo do maestro Eduardo Lages).

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos tendo ao fundo o Cristo Redentor - o Rio de Janeiro é um dos grandes homenageados do filme, com direito a uma cena na qual um helicóptero passeia pelo Centro da cidade e por bairros como Botafogo, Ipanema e Copacabana. O helicóptero passa por dentro do Túnel do Pasmado - que liga Botafogo a Copacabana - e ainda não existia o Shopping Rio Sul.

Abraços a todos, Vinícius.

E POR ISSO ESTOU AQUI - Roberto Carlos

Olha dentro dos meus olhos
Vê quanta tristeza de chorar por ti, por ti
Olha, eu já não podia mais viver sozinho
E por isso eu estou aqui

De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer
Juro que eu não sabia
Que viver sem ti
Eu não poderia

Olha, quero te dizer todo aquele pranto
Que chorei por ti, por ti
Tinha uma saudade imensa de alguém que pensa
E morre por ti

De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer
Juro que eu não sabia
Que viver sem ti
Eu não poderia

Olha, quero te dizer todo aquele pranto
Que chorei por ti, por ti
Tinha uma saudade imensa de alguém que pensa
E morre por ti...

domingo, 2 de novembro de 2008

Roberto Carlos, intérprete - TRÊS IRMÃS



Olá, amigos.

Hoje este blogue apresenta mais um momento curioso no qual uma canção apresentada ao público pela primeira vez através da voz de Roberto Carlos surge na leitura de outro artista em uma trilha de novela. A história se repete na teledramaturgia, pois no início do ano a grade de programação global trouxe a safra do Roberto Carlos, intérprete nas três novelas da noite - Desejo proibido, Beleza pura e Duas caras.

Atualmente, o repertório das trilhas da TV Globo vem bebendo da fonte da safra do Roberto - como foi mostrado neste blogue no post sobre a novela A favorita (uma novela "favorita" de RC) e no post anterior, sobre a novela Negócio da China, escrita por Miguel Falabella para o horário das 18h. E, graças à novela das 19h, o público teve a certeza de que Roberto Carlos também "dá praia".

As chamadas para a novela que iria estrear em 15 de setembro na faixa das sete da programação da TV Globo anunciavam isto - "em setembro vai dar praia". Afinal, tratava-se do dia em que os espectadores começariam a acompanhar mais uma trama assinada por Antônio Calmon - que tanto no cinema (com Menino do Rio e Garota dourada) quanto na televisão (Top Model, Vamp e Corpo dourado) usou o universo praiano e jovial para contar suas histórias.

Não é diferente na novela Três irmãs. As três irmãs do título são herdeiras da família Jequitibá - um nome muito respeitado na cidade de Caramirim, por tudo o que eles trouxeram para o lugarejo. Elas são filhas de Virgínia Jequitibá (vivida por Ana Rosa, atriz que está em sua novela de número 56), dona da farmácia que tem o mesmo nome do sobrenome da família, e que foi abandonada pelo marido Augusto (participação especial de José Wilker). Sua razão de viver (em especial depois do falecimento de Augusto em um incêndio) passou a ser suas três filhas - Dora, Alma e Suzana.

Dora (interpretada por Cláudia Abreu) é a irmã mais velha, uma mulher fútil e vaidosa que convive com um trauma: a morte de seu marido Arthur (participação especial de Alexandre Borges) num acidente de carro. Sua sogra, a arquivilã Violeta Áquila (ótima interpretação de Vera Holtz), a acusa de ter causado o acidente que matou seu filho. Ela se envolve com Bento (papel de Marcos Palmeira), um médico muito batalhador que chega à cidade de Caramirim depois de ter perdido a esposa, que faleceu no parto dos seus filhos.

Alma (vivida por Giovanna Antonnelli) é uma ginecologista renomada no Rio de Janeiro, mas acaba retornando à cidade natal para ajudar a mãe, que sofre um Acidente Vascular Cerebral. Lá se envolve novamente com o ex-noivo Galvão (papel de Bruno Garcia), um oportunista, mas seu amor se divide com Gregg (interpretado por Rodrigo Hilbert), seu grande amor de infância, que retorna à cidade após passar um bom tempo disputando campeonatos de surfe em Bali, na Indonésia.

A irmã caçula é Suzana (a cargo de Carolina Dieckmann), professora primária da Escola de Caramirim e que também se destaca como surfista. Ela tem um relacionamento confuso com Xande (vivido por Dudu Azevedo), no qual ela está mais com ele em função de gratidão, já que ele tem um defeito nas pernas em virtude de um atropelamento que ele sofreu para salvar a vida dela. Entretanto, ela se envolve amorosamente com Eros (papel de Paulo Vilhena), um apaixonado por surfe que acaba tendo de ir para a cidade depois que sua mãe, a jornalista de moda Walkíria (participação de Maitê Proença) resolve tirar suas regalias. Mas em Caramirim o rapaz descobre também a identidade de seu pai - o surfista Sandro (interpretado por Marcello Novaes).

A cidade de Caramirim convive com uma iminente ameaça: Violeta Áquila tem interesse em derrubar a praia e as casas simples para transformar o local em uma "Miami brasileira". Para isto, conta com o apoio de Galvão, do prefeito Nelson Santana (vivido por Aloísio de Abreu) e do atrapalhado trio de bandidos Vidigal, Chuchu e Valéria (formados por Luiz Gustavo, Otávio Augusto e Graziella Moretto). Os três têm também interesse em eliminar a menina Duda (estréia da atriz Daniella Récco), herdeira única de uma grande fortuna, que vai para Caramirim ajudada por Alma.

O lugarejo tem também outros personagens de destaque em uma cidade litorânea - como o pescador Pacífico (vivido por Roberto Bonfim), os donos da pousada da cidade Jacaré e Janaína (respectivamente, Aílton Graça e Solange Couto), o dono de uma cantina italiana Orlando (papel de Tato Gabus Mendes), a dona de lanchonete Liginha (ótima oportunidade do público ter acesso ao talento de Malu Galli), o médico Alcides (boa atuação de Marcos Caruso) e a enfermeira Florinda (vivida por Débora Duarte). E é o lugar no qual chega uma figura misteriosa: Waldete, ou "Waldete com dábliu" (interpretada por Regina Duarte), uma mulher que chega a Caramirim disposta a se vingar de quem lhe fez mal no passado. Ela se instala como governanta na casa de Violeta, como parte inicial de seu plano para reconstrução de vida.

Um dado curioso: a Regina foi oferecido o papel de Virgínia (mais tarde oferecido a Renée de Vielmond e a Nívea Maria, que também recusaram, até chegar às mãos de Ana Rosa), mas ela preferiu viver Waldete, afirmando que é um tipo de personagem que jamais fez em sua carreira. Além da especulação imobiliária e do risco de uma cidade perder sua história, Antônio Calmon aborda também temas como dengue (a cidade sofre com a epidemia da doença, cada vez mais cotidiana nos verões do Brasil) e gravidez na adolescência - através da personagem Natália (interpretada por Cecília Dassi).

Assim como é sua trama, a novela Três irmãs apresenta uma trilha ensolarada, a começar pela gravação de Mart'nália para Don't worry, be happy como tema de abertura e estendendo-se às músicas Midnight bottle, na voz de Colbie Caillat e Barbara Ann, gravada por The Beach Boys. Na safra brasileira, há números muito curiosos, como o encontro entre os conjuntos Titãs e Os Paralamas do Sucesso (em duas canções - Sonífera ilha e Meu erro), a interpretação de Léo Jaime para Maior abandonado, sucesso do Barão Vermelho e, em especial, a leitura que Caetano Veloso fez para Moça, canção assinada por Wando.

Dentre esta série de canções, surge também uma nova leitura de música apresentada originalmente a público através da voz de Roberto Carlos. Faixa de abertura do LP O inimitável (de 1968), uma canção assinada por Antônio Marcos reaparece numa gravação de Liah para cantar o tema de Gregg. O rapaz volta à cidade de Caramirim para tentar recomeçar sua relação com Alma. Talvez prometendo nunca mais deixá-la tão só.

Segue a letra! Na foto, a logomarca de Três irmãs, a ensolarada novela das 19h.

Abraços a todos, Vinícius.

E NÃO VOU MAIS DEIXAR VOCÊ TÃO SÓ - Antônio Marcos

Se a vida inteira você esperou um grande amor
E de triste até chorou
Sem esperanças
De encontrar alguém

Fique sabendo que eu também
Andei sozinho
E sem ninguém pra mim
Fiquei sem entregar o meu carinho

Se na tua estrada não houve flor
Foi só tristeza, enfim
E em cada dia, sem ter amor
Foi tudo tão ruim

Vou confessar então, meu coração
Não quer mais existir
Meus olhos vermelhos
Cansados de chorar querem sorrir

Ah, por isso foi que eu decidi
Não fico nem mais um minuto aqui
Eu vou buscar o meu amor, o meu amor

Eu nunca tive alguém, agora vou
Olhar você meu bem
Guarde o meu coração
Que nunca mais eu vou deixar você tão só

E nunca mais eu vou deixar você tão só
E nunca mais eu vou ficar também tão só...

sábado, 1 de novembro de 2008

Roberto Carlos, intérprete - NEGÓCIO DA CHINA



Olá, amigos.

Este blogue apresenta mais um momento no qual a safra de canções que Roberto Carlos interpretou faz parte da trilha musical de um produto de teledramaturgia da TV Globo. Por uma nova coincidência, músicas gravadas originalmente por RC estão nas três faixas de horário noturno que a emissora dedica à dramaturgia (uma delas já foi mostrada alguns meses atrás - A favorita, novela também acompanhada por RC no horário das 21h).

A novela mostrada hoje na faixa temática Roberto Carlos, intérprete ocupa um horário muito delicado na programação global. O horário das 18h, no qual convencionava-se apresentar tramas destinadas a donas de casa, estava recorrendo às chamadas "novelas de época" (histórias ambientadas no início do século XX ou no fim do século XIX) devido ao sucesso de novelas como O cravo e a rosa e Alma gêmea - curiosamente, ambas assinadas por Walcyr Carrasco.

Entretanto, as tramas de época não vinham mais repetindo os sucessos de tempos anteriores - em novelas como Eterna magia, Desejo proibido e Ciranda de pedra. Alguns analistas de programação atribuíram estes sucessivos fracassos do horário a um erro de visão da emissora - as tramas do início da noite eram precedidas por Malhação, novela infanto-juvenil que está no ar há mais de uma década, e o público que acompanha a novelinha não se interessava pela trama seguinte por terem tramas longe do seu cotidiano, além de, nas palavras de Alcides Nogueira (responsável pela atual adaptação para a TV do livro Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles), "a TV atualmente tem fortes concorrentes como a Internet e o MSN".

A solução da cúpula global foi tomar uma medida drástica. A emissora pegou uma trama prevista para estrear no horário das 19h, na intenção de deixar a "novela das seis" mais contemporânea. E contou com mais um chamariz: a trama é escrita por Miguel Falabella, que, além de um consagrado ator (no ar também atualmente no humorístico Toma lá, dá cá, exibido às terças na programação da TV Globo), foi responsável por duas ótimas experiências de teledramaturgia - Salsa e merengue (no ar entre 1996 e 1997) e A lua me disse (de 2005), ambas em parceria com Maria Carmem Barbosa.

E em 6 de outubro a faixa das 18h chegou ao início de século XXI, com uma trama bem rocambolesca trazendo boas doses de romance aliados à irreverência do texto que consagrou Miguel Falabella primeiro no teatro e depois na televisão. Assim, surgiu aos olhos do público Negócio da China, que tem início em território chinês, quando Liu (vivido por Jiu Huang) consegue realizar um roubo de um bilhão de dólares num cassino.

Ele esconde as informações da conta num pen drive que está escondido em um colar e, por acaso do destino, o dinheiro vai parar no Brasil através da bagagem do português João (papel do português Ricardo Pereira), que vai para o Brasil trabalhar na padaria de seu tio. No avião que sai de Portugal rumo a terras brasileiras, ele conhece Lívia (interpretada por Grazi Massafera), uma mulher batalhadora que retorna ao país depois de fracassar sua vida em Portugal.

No Brasil, Lívia reencontra Heitor (vivido por Fábio Assunção), seu ex-marido e pai de seu filho Théo (o menino Eike Duarte), e tentam recomeçar o relacionamento apesar das discordâncias das sogras controladoras Luli (mãe de Heitor, feita por Eliane Martins) e Aurora (mãe de Lívia, vivida por Yoná Magalhães). Eles vivem no bairro carioca do Parque das Nações (local fictício que remete ao subúrbio do Rio), no qual vivem outras pessoas que serão "afetadas" pela chegada do misterioso dinheiro.

É o caso de Maralanis (papel de Leona Cavalli), dona de uma casa de shows que não sabe cantar, que durante anos esperou o marido Edmar (participação especial de Ney Latorraca), um refém das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas que conseguiu escapar do poder das FARC. O cenário do bar traz no elenco atores que se destacam também como cantores nos musicais apresentados no Rio de Janeiro - Cláudia Netto, Sandro Christopher e Isabela Bicalho, num núcleo que promete ter muita música.

De acordo com Miguel Falabella, outro núcleo que vai dar o que falar é o trio formado por Débora Olivieri, Maria Gladys e Josie Antonello (Aldira, Lucivone e Lausane), definida como "um Sex and the city do subúrbio" nas palavras do autor. Mas Parque das Nações traz outras histórias.

Lá também há a padaria do seu Belarmino (o ator português Joaquim Monchique), pai da jovem Celeste (feita por Juliana Didone), moça que sonha ser top-model. Ela é namorada do jovem Diego (vivido por Thiago Fragoso), praticante de kung-fu e filho de Júlia (papel de Natália do Valle). No dia em que seu pai Ernesto (participação especial de Antônio Fagundes), é revelado a ele um segredo: ele nasceu através de inseminação artificial. A partir daí, Diego decide ir a São Paulo em busca de seu pai verdadeiro - e lá conhece Antonella (a cargo de Fernanda de Freitas), filha de Joelma e Mauro (respectivamente, Vera Zimmermann e Oscar Magrini). Por um acaso da teledramaturgia, Mauro mantém uma relação extraconjugal com Denise (papel de Luciana Braga), tia de Diego.

Aos poucos, Diego vai chegando perto da revelação de quem é seu pai biológico - o empresário Adriano Fontanera (papel de Herson Capri), filho do doutor Evandro Fontanera (personagem feito por Francisco Cuoco). Entretanto, algumas pessoas tendem a evitar a descoberta, como Mauro e Joelma, que querem que a filha Antonella continue herdeira da fortuna dos Fontanera, e a perua Abigail (vivida por Xuxa Lopes), que quer a qualquer custo reatar seu casamento com Adriano.

E é na trama de Adriano que a participação do intérprete Roberto Carlos aparece na novela Negócio da China. O empresário solitário que aos poucos começa a intuir que tem um filho (gerado por inseminação artificial, pois ele doou sêmen quando recebeu trote na faculdade) tem como tema uma belíssima canção de Sílvio César gravada por RC para seu LP de 1973. Agora na voz de Tony Platão, a música que teve destaque na voz de Roberto recebe nova leitura para contar a história do moço velho Adriano, que está prestes a deixar de lado a frustração que carrega por nunca ter conseguido um filho.

Segue a letra! Na foto, o logotipo de Negócio da China.

Abraços a todos, Vinícius.

O MOÇO VELHO - Sílvio César

Eu sou um livro aberto sem histórias
Um sonho incerto sem memórias
Do meu passado que ficou

Eu sou um porto amigo sem navios
Um mar, abrigo a muitos rios
Eu sou apenas o que sou

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho, um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor