segunda-feira, 31 de maio de 2010

Passione



Olá, amigos.

Desde o dia 17 de maio, Roberto Carlos está novamente presente em uma trilha de novela. Trata-se de mais uma história no horário nobre da TV Globo da qual a dupla Roberto e Erasmo Carlos faz parte, como compositor.

PASSIONE é mais uma novela assinada por Silvio de Abreu, autor das bem-sucedidas A próxima vítima, Rainha da sucata e Torre de Babel, e que não escrevia desde Belíssima (em 2006). O dramaturgo falou um pouco sobre a novela: "Minha intenção é fazer uma novela divertida, envolvente, lúdica e com um clima de suspense na segunda parte da história. A novela terá muitos protagonistas, cada um com seu núcleo, porém, os personagens de Fernanda Montenegro e Tony Ramos e suas famílias são o eixo da história. A trama começa quando Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) descobre o segredo que mudará a sua vida e a de sua família."

Bete Gouveia perde seu marido Eugênio (vivido por Mauro Mendonça) no primeiro capítulo. Antes de morrer, ele revela que seu filho supostamente morto no parto está vivo. Ele foi entregue a empregados da mansão e cresceu na Itália. Eugênio se desfez da criança por ele ser filho de outro homem. O menino italiano se tornou Totó (papel de Tony Ramos), que mora na Toscana com Gema (vivida por Aracy Balabanian) e seus filhos Adamo, Alfredo, Agnello e Agostina (feitos por Germano Ferreira, Miguel Roncato, Daniel de Oliveira e Leandra Leal).



Clara (vivida por Mariana Ximenes), que está empregada como enfermeira de Eugênio, ouve o segredo e junto com seu amante Fred (papel de Reynaldo Gianecchini) vão até a cidade italiana contar toda a história a Totó - que fica milionário, pois o testamento de Eugênio deixa boa parte da herança para ele. A intenção de Clara e Fred é roubar toda a fortuna do italiano, e para isto até um envolvimento dela com Totó acontece.



A trama ainda tem algumas histórias bem interessantes para o público acompanhar. Desde a obsessão de Saulo (papel de Werner Schunemann) em se tornar presidente das empresas Gouveia, passando pelo triângulo amoroso entre Diana (vivida por Carolina Dieckmann) e os amigos Mauro e Gerson (respectivamente, Rodrigo Lombardi e Marcelo Antony), a exploração sexual de Valentina (interpretada por Daisy Lucidi) e a tara de Stella (papel de Maitê Proença), mulher que sempre se envolve com garotões são algumas delas.

A parte de humor fica a cargo dos sogros de Bete Gouveia, Antero e Brígida (Leonardo Villar e Cleyde Yáconis), da obsessão que Fátima (vivida por Bianca Bin) no ciclista Danilo (papel de Cauã Reymond), e a família do "rei do lixo" Olavo Souza e Silva (interpretado por Francisco Cuoco), que inclui sua esposa, a perua Clô, a filha Alessandra e o genro Berillo (respectivamente, Irene Ravache, Gabriela Duarte e Bruno Gagliasso).

Numa trilha que reúne nomes como Djavan, Lenine, Roberta Sá, Demônios da Garoa e Milton Nascimento, Roberto e Erasmo aparecem na voz de uma cantora. Adriana Calcanhotto, numa gravação feita para o disco Adriana Partimpim, fez uma releitura de um grande sucesso de Erasmo Carlos na Jovem Guarda. E a gatinha manhosa volta cercada de paixão no horário das 21h. Ou melhor, de passione.

GATINHA MANHOSA - Roberto e Erasmo

Meu bem, já não precisa
Falar comigo dengosa assim
Briga, só pra depois
Ganhar mil carinhos de mim

Se eu aumento a voz você faz beicinho
E chora baixinho
E diz que a emoção
Dói no coração

Já não acredito
Se você chora dizendo me amar
Eu sei que na verdade
Carinhos você quer ganhar

Um dia, gatinha manhosa
Eu prendo você no meu coração
Quero ver você
Fazer manha então

Presa no meu coração
Quero ver você...

sábado, 29 de maio de 2010

O bofe - MAPA DO TESOURO



Olá, amigos.

A série com canções da trilha da novela O bofe chega ao seu capítulo final. Foram 12 postagens para contar curiosidades, tramas e mostrar as letras das músicas de Roberto e Erasmo para a novela.

O bofe, infelizmente, caiu no esquecimento no acervo da TV Globo e suas imagens não são reapresentadas no arquivo da emissora. Ela se tornou mais uma das muitas novelas que tentaram inovar nos padrões da teledramaturgia mas não foram bem aceitas pelo público. Assim como tentaram novelas como O grito, O dono do mundo, Bang bang e a atual novela das 19h da TV Globo, Tempos modernos.



O elenco incluiu também a atriz Eloísa Mafalda, que fazia a macumbeira Gonzaguinha, e tinha José Wilker como Bandeira, um hippie que saqueava apartamentos. Wilker foi responsável por uma situação curiosa. Em solidariedade à demissão de Bráulio Pedroso, ele pediu para sair da novela. Seu personagem morreu. De tanto rir.

O último capítulo de O bofe foi exibido em 23 de janeiro de 1973. Nesta época, Bráulio Pedroso já estava afastado da novela, e a trama estava sendo contada por Lauro César Muniz. Este seria o primeiro trabalho na TV Globo do dramaturgo.

Mais tarde, Lauro foi responsável por histórias de sucesso na telenovela brasileira, como O casarão, Escalada e Roda de fogo, todas na TV Globo. Mas, em meio à sua trajetória, o dramaturgo entrou para a lista de autores de novelas que tentaram ser inovadoras mas foram mal recebidas pelo público - com Espelho mágico, novela que mostrava os bastidores da vida artística.

Daniel Filho falou sobre a novela em seu livro Antes que me esqueçam:

"Lembro-me que no primeiro capítulo de O bofe havia uma sequência toda feita na praia de Ramos, onde as pessoas se comportavam como se estivessem na Côte d’Azur, com namoros e brincadeiras. A novela contava a história de dois viúvos, Jardel Filho e Betty Faria. Todo mundo trambicava todo mundo, e até os mais ricos acabavam sendo grandes trambiqueiros.

A coisa mais engraçada que havia naquela novela inteiramente dedicada ao deboche era o Ziembinski, que fazia uma velha: foi o primeiro travesti da história da telenovela. A ideia era do próprio Ziembinski, um ator sempre muito ávido, com muita vontade de trabalhar e de criar novas propostas.

Nós dedicávamos o horário das dez da noite às experiências, modificações, ousadias. A novela não foi bem de público: na verdade, foi mal recebida, não tinha popularidade. Mas nós gostávamos muito".

Não há outros detalhes sobre o final da novela. O autor do livro Memória da telenovela brasileira, Ismael Fernandes, diz apenas que Lauro deu continuidade à história absurda, mas impregnando uma certa lógica.

A canção que encerra o LP com a trilha da novela O bofe coincidiu de ser justamente para um tema que seria afetado pelas mudanças nos bastidores da novela. Num dos posts anteriores, contamos uma história que envolvia a personagem Carlota, vivida por Zilka Salaberry.

Novamente, há uma música que envolve a milionária. Sua fortuna era alvo de seu sobrinho Maneco (vivido por Cláudio Cavalcanti) e do amigo dele, Bandeira (interpretado por José Wilker). A trama foi mudada com a morte de Bandeira.

A última faixa do disco trouxe Roberto e Erasmo contando em letra e música a história de Maneco e Bandeira. Na voz de CLÁUDIO FAISSAL, a dupla encerrou sua participação na trilha da novela questionando sobre a existência de um mapa do tesouro.

Segue a letra! Na foto, Cláudio Cavalcanti.

Abraços a todos e obrigado pela audiência, Vinícius.

MAPA DO TESOURO - Roberto e Erasmo

Quem na minha idade
Sabe da verdade
Existe um mapa
Do tesouro

Só que é amor
Em vez de ouro

Quem nasce
Como eu
Deita, aproveita e dorme
Acorda e não se arrependeu

Sonhou
Gastou
Mas não viveu

Vivo me olhando
E vejo
Meu nome
E nada mais

Meu resto
Que eu nunca vi
Anda perdido
Por aí

Não sei que dia é hoje
Se o tempo
É guerra ou paz
Ou de encontros cordiais
Se somos gente
Ou animais

P.S.: o tesouro desta trilha está disponível em lojas de disco. A Som Livre lançou a coleção Som Livre Masters, com trilhas de novelas e de seriados antigos no formato de CD. Uma das novelas é O bofe.

Na saideira da série, mais um vídeo com chamada da novela O bofe. Raridade de You Tube...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O bofe - GREGO SÓ



Olá, amigos.

A série de músicas que Roberto Carlos e Erasmo Carlos fizeram para a trilha da novela O bofe chega ao seu penúltimo post. Este foi o único produto de teledramaturgia que teve músicas feitas exclusivamente por Roberto e Erasmo para sua trama, uma tentativa que Bráulio Pedroso teve de fugir dos padrões da novela brasileira naquele momento.

Em seu início, a teledramaturgia seguia os padrões estipulados por Glória Magadan, uma escritora cubana que viveu nos Estados Unidos e que, lá, teria aprendido as maneiras de se prender o espectador em frente à telinha. Uma delas foi em relação aos atores serem escalados sempre para fazer o mesmo tipo de papel.

As novelas escritas ou supervisionadas por Glória traziam tramas maniqueístas numa realidade distante do cotidiano brasileiro. Os personagens eram condes, duquesas, reis, e as novelas eram passadas em países da Arábia ou do Leste Europeu.



O caso mais emblemático desta época vem de Anastácia, a mulher sem destino. Escrita por Emiliano Queiroz, a novela cada vez mais ficava cara, tanto pela produção se ambientar num lugar distante da realidade nacional quanto por o autor ter muitos amigos. Ele via seus amigos, também atores, desempregados, e chamava eles para fazerem parte da novela.

Abarrotada de personagens, a novela ficava confusa e arrastada a cada capítulo. Emiliano Queiroz foi afastado e caiu nas mãos da autora de radionovelas Janete Clair o "abacaxi" (termo usado por Glória Magadan) de dar um jeito em Anastácia, a mulher sem destino. Após uma noite em claro, seu marido, Dias Gomes, encontrou a solução: como se passava numa ilha, havia grande chance de acontecer um terremoto.

Houve um terremoto devastador, que matou boa parte do elenco da novela, deixando apenas sete personagens para contar a história. Passaram-se 20 anos, surgiram novos personagens, novas tramas e um momento de consagração para Leila Diniz (na foto, em cena da novela), que fez papel de mãe e de filha ao mesmo tempo.



O panorama de novelas de época e fora da realidade começou a mudar na TV Tupi, com as novelas Antônio Maria e Beto Rockefeller e teria seu decisivo capítulo em 1969. Janete Clair assinou Véu de noiva, a primeira da TV Globo a contar uma história sobre a realidade brasileira. Na foto, Cláudio Marzo e Regina Duarte em cena da novela.



Marzo se tornaria um dos galãs da emissora. Seus dois personagens seguintes seriam "bons moços". Em Irmãos Coragem (de Janete Clair, em 1970) fez o papel de Duda, um jogador de futebol do Flamengo e em Minha doce namorada (de Vicente Sesso, no ar em 1971) fez o protagonista Renato. Coincidência ou não, em todas as novelas citadas anteriormente, Cláudio Marzo fazia papel de par romântico da personagem interpretada por Regina Duarte. Na novela Minha doce namorada, Regina chegou ao posto de "namoradinha do Brasil".

Entretanto, Bráulio Pedroso deu a Cláudio Marzo um papel bem diferente. Em vez de um mocinho com aparência de herói, o ator foi escalado para o papel de Demétrius, o Grego, um mecânico que era artista plástico nas horas vagas. O Grego tinha seu talento descoberto por um marchand, e se tornava um artista famoso.

A palavra "bofe" do título da novela era em alusão a Demétrius, pois esta gíria significava na época exatamente o que ele era - um homem feio, mal arrumado e desengonçado. E o personagem foi tema de uma das músicas da novela.

A quinta faixa do lado B do LP descreve em letra a figura do Grego e em música traz o quanto ele é caótico, numa das faixas mais interessantes do disco. A dupla "jovem-guardista" OS VIPS canta a forma como Roberto Carlos e Erasmo Carlos definiram o personagem interpretado por Cláudio Marzo.

Segue a letra! Na foto, Cláudio Marzo como Demétrius, o Grego..

Abraços a todos, Vinícius.

GREGO SÓ - Roberto e Erasmo

Contando histórias
Que ele mesmo inventou
Que a ressaca
Lhe deixou

Apaixonado
Pela deusa que ganhou
E que o mundo
Lhe levou

Quem lhe viu
Grego só
Já sentiu
Seu valor
Muita paz
Seu amor

Mascando a vida
Que a sucata
Lhe inspirou
Já sofreu
E não gostou

Veio pra Terra
Com saudades
Do seu povo
Mas já nasceu
De novo

Quem lhe viu
Grego só
Já sentiu
Seu valor
Muita paz
Seu amor...

terça-feira, 25 de maio de 2010

O bofe - MOÇO



Olá, amigos.

A série de canções da novela O bofe continua a mostrar, faixa a faixa, todas as canções que Roberto Carlos e Erasmo Carlos escreveram para a novela de Bráulio Pedroso. Ela foi exibida às 22h, horário que a emissora hoje deixa para humorísticos, seriados, filmes e futebol.

A canção de hoje é a única que ultrapassou a tela da novela O bofe. E, curiosamente, reapareceu ligada à teledramaturgia.

Novela de Alcione Araújo, escrita com a ajuda de Regina Braga, A idade da loba foi a tentativa da Rede Bandeirantes de Televisão retornar a investir em telenovelas. Exibida entre julho de 1995 e janeiro de 1996, a novela foi realizada por uma produtora independente, a TV Plus.

No final da década de 1990, as demais emissoras recorreram a produtoras independentes para ter um horário de teledramaturgia em suas programações. À frente destas produtoras estavam diretores bem sucedidos na TV Globo que tentavam outros caminhos.

O SBT exibiu novelas feitas pela JPO Produções, de Roberto Talma, como Colégio Brasil e Dona Anja. Além de A idade da loba, a TV Bandeirantes também exibiu O campeão feita pela TV Plus.

A idade da loba teve direção geral de Jayme Monjardim, e entre seus diretores estava Marcos Schetmann (que foi diretor geral de novelas de Glória Perez desde o desentendimento dela com Jayme durante América). A novela contou a história de Valquíria (vivida por Betty Faria) que, após a morte do marido, decide sair da pequena cidade de São José do Barreiro para se realizar profissionalmente em São Paulo. Sua melhor amiga, Irene (papel de Ângela Vieira) a acompanha.

Valquíria e Irene reencontram um amor em comum de três décadas antes - Montenegro (interpretado por Adriano Reys), e a personagem vivida por Betty Faria enfrenta vários desencontros até ficar com Montenegro - o maior deles é sua filha Suzana (papel de Iracema Starling) descobrir que Montenegro é seu verdadeiro pai. A novela também deu destaque aos moradores da pensão de Piconês (vivido por Antônio Abujamra) e foi o último trabalho do ator Luiz Carlos Arutim, morto num incêndio no fim de 1995.

Em A idade da loba, Erasmo Carlos recorreu a uma das músicas da novela O bofe para contar em letra e música a vida de um dos personagens. Na gravação pra novela de Bráulio Pedroso, o ritmo que a música recebeu foi mais ligada ao pop, enquanto a gravação do "Tremendão" (que está disponibilizada no CD de Raridades da caixa Mesmo que seja eu lançada pela Universal) é cantada em ritmo de salsa.

Em O bofe, o intérprete desta canção é BETINHO, mais um dos cantores que só tiveram destaque nas gravações de trilhas da Som Livre. Seu repertório é extenso, e inclui participações em discos das novelas Bandeira 2, Minha doce namorada, Corrida do ouro, Fogo sobre terra e Cuca legal. Ele também está na trilha de duas outras novelas escritas por Bráulio Pedroso na TV Globo - O cafona e O rebu.

A canção de Roberto e Erasmo que ocupa a quarta faixa do lado B do LP da novela O bofe traz o conselho a um moço. Em letra e música, a dupla avisa a um rapaz para não marcar bobeira e procurar um amor.

Segue a letra!

Abraços a todos, Vinícius.

MOÇO - Roberto e Erasmo

Moço
Vê se larga o osso
Com a vida no bolso
Procure um amor
Não tem

Moço
Já é madrugada
Com a vida parada
Seja como for
Não falo mais nada
Procure um amor

Em vez de aí ficar
Curtindo esse sereno
É sempre bom lembrar
O que o moço está perdendo

A vida como tá
Não tá de brincadeira
E o moço aí parado
Marcando uma bobeira

Não é que eu seja contra
Ver a nova madrugada
Mas com uma namorada
O novo dia vai pintar melhor

domingo, 23 de maio de 2010

O bofe - SÓ DE BRINCADEIRA




Olá, amigos.

A série de músicas de Roberto Carlos e Erasmo Carlos para a novela O bofe chega a mais uma postagem. Nos posts mais recentes, a gente está contando histórias e curiosidades da novela de Bráulio Pedroso exibida em 1972 pela TV Globo que teve trilha totalmente escrita pela dupla.

A foto de hoje mostra um núcleo da novela. Com relação a Suzana Vieira, sabemos apenas o nome da personagem que ela interpretou - Marilena. Infelizmente, não há nenhum dado sobre seu papel em O bofe.

Abraçado a Betty Faria, há um artista que é a marca do pioneirismo e da genialidade na arte brasileira: o polonês Zigbinew Ziembisnki. Ator de grande destaque na Polônia, ele se refugiou da guerra no Brasil em 1941.

Dois anos depois, realizou com o grupo Os Comediantes a maior ousadia na época do teatro brasileiro. O ano de 1943 tornou-se o marco do teatro brasileiro com a montagem de Vestido de noiva, peça de Nelson Rodrigues, que colocava em cena a ação em três planos diferentes - a ação atual, a memória e a imaginação. Com 132 efeitos de luz e 20 refletores - sendo dois deles "emprestados sem aviso prévio" do jardim do Palácio Guanabara, Ziembinski pôs no palco o moderno teatro brasileiro.



E com a novela O bofe, mais uma vez "Zimba" foi pioneiro. Ele interpretou o primeiro personagem travestido da história da telenovela. Seu papel era o da velha Stanislava Grotoviska, que se embebedava com xarope para sonhar com um príncipe trapezista (papel também de Jardel Filho).

A música que é a terceira faixa do lado B do LP da novela é tema da personagem vivida por Betty Faria. Ela interpreta Guiomar, filha de Stanislava. Guiomar é uma viúva moradora do subúrbio que vai paquerar em Copacabana e acaba se apaixonando pelo mecânico Dorival (papel de Jardel Filho e primeiro post da série).

Esta canção é interpretada por Sandra, outra cantora que aparecia exclusivamente nas faixas de trilhas de novela da Som Livre. Sua voz ressalta ainda mais a forma como Roberto e Erasmo contaram a história de Guiomar, uma mulher que vivia "só de brincadeira".

Segue a letra!

Abraços a todos, Vinícius.

SÓ DE BRINCADEIRA - Roberto e Erasmo

Vou seguir
Esse caminho
Pra ver aonde é
Que ele vai

Só espero
Encontrar você
Nas esquinas
Que ele faz

Vou seguir
De brincadeira
Seguindo os rastros
Que você deixou

Num leilão
De quem me queira
Eu não valho
Nada mais

Mas sigo
Só de brincadeira
Pra ver o que
O amor me faz

Mas sigo
Só de brincadeira
Pra ver o que
O amor me faz...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O bofe - QUEM MANDOU?



Olá, amigos.

A série de canções que Roberto Carlos e Erasmo Carlos fizeram para a trilha da novela O bofe chega a mais uma postagem. A cada post, apresentamos também curiosidades e histórias deste insucesso de Bráulio Pedroso que passou pela tela da TV Globo.

Lamentavelmente, não há informações exatas sobre a carreira do intérprete da música de hoje. Em relação a DJALMA DIAS, foram encontrados registros de várias participações em gravações de trilhas de novela.

Isto é também um dado curioso do período em que predominavam as "trilhas sonoras originais". A Som Livre tinha vários intérpretes que emprestavam sua voz apenas para cantar os temas das novelas. No início da década de 1970, há registros de gravações de Tim Maia, por exemplo, para os discos de Assim na terra como no céu e Irmãos Coragem (curiosamente, ambas escritas por Janete Clair). É por isso que os cantores da novela O bofe (exceto Elza Soares e a dupla Os Vips, além de Nelson Motta, que não tem destaque como cantor) não é conhecida do grande público.

Djalma Dias fez parte como intérprete das trilhas que embalaram tramas como de Uma rosa com amor, O semideus, Os ossos do barão, O espigão e Super Manoela. A canção interpretada por ele que mais repercutiu foi Capitão de indústria, feita por Marcos Valle para a novela Selva de pedra. Mais tarde, ela gravada por Erasmo Carlos e pelo grupo Os Paralamas do Sucesso.

A canção que Djalma Dias interpreta faz parte de um dos temas recorrentes à obra da dupla - o homem lamenta um amor perdido. Trata-se de um samba gostoso, nos moldes de Coqueiro verde, no qual o sujeito fala agora "quem mandou?".

Segue a letra! Na foto, o logotipo que a TV Globo adotou desde sua fundação em 1965 até o ano de 1974.

Abraços a todos, Vinícius.

QUEM MANDOU? - Roberto e Erasmo

Quem mandou
Botar tanto verde
No mar

Quem mandou
Botar tanta canela
Nos olhos dela

Nos olhos dela
Nos olhos dela...

Mas se eu soubesse
Que era assim
Queria o verde
Só pra mim
E mais canela
Pra botar
Nos olhos dela

Me dê uma longa vida
Meu Senhor
Quem sabe
Eu ganhe
Seu amor

Quem mandou?
Quem mandou?
Quem mandou?...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O bofe - PERDIDO NO MUNDO



Olá, amigos.

A série que traz um pouco de histórias, curiosidades e, em especial, as letras de Roberto e Erasmo para a trilha da novela O bofe segue hoje, começando o lado B do LP original. E o primeiro nome é justamente o do produtor musical desta trilha.

Durante a década de 1970, o nome de EUSTÁQUIO SENA foi associado à produção musical da Som Livre. Ele trouxe som para novelas como Selva de pedra (quem não se lembra de Rock'n roll lullaby como tema do casal Cristiano e Simone?) e Carinhoso (que produziu ao lado de Aloysio de Oliveira). Sena também assinou a produção musical do LP Acabou chorare, lançado pelo grupo Novos Baianos na gravadora.

Entretanto, ele também participou de algumas trilhas como cantor. Além de O bofe, ele cantou temas de novelas marcantes, como O primeiro amor, Os ossos do barão, Corrida do ouro e Super Manoela, cantando sempre músicas compostas especialmente para as novelas.

Apenas em 1980 lançaria seu primeiro (e único) LP, pela gravadora Epic. Cauromi trouxe canções de sua autoria (dentre elas, a faixa-título) e participações de músicos como Jorge Mautner, Robertinho de Recife, além de Robson Jorge e Lincoln Olivetti - músicos que constantemente apareceram nas gravações e como compositores de canções gravadas por Roberto Carlos.

A canção que abre o segundo lado de O bofe coloca em letra e música a confusão de um dos personagens escritos por Bráulio Pedroso. Ela é tema de Inocêncio (papel de Paulo Gonçalves), um vigarista que se passa por padre para ficar com a fortuna da milionária Carlota (vivida pela saudosa Zilka Salaberry).

No entanto, a censura deixou o personagem e a história dele ainda mais confusos. Os censores não aceitaram esta "contravenção" da novela e impuseram ao autor que ele ficasse apenas como padre até o final da trama.

Bem, esta situação torna ainda mais intensa a sensação de Inocêncio, um personagem "perdido no mundo" da telenovela.

Segue a letra! Na foto, a capa do LP internacional de O bofe. Um dado curioso: esta trilha tem MacArthur Park, música que Roberto Carlos interpretou em seu show A 200 km por hora, três anos antes da novela ir ao ar. Mas no disco ela está na voz de Dione Warwick.

Abraços a todos, Vinícius.

PERDIDO NO MUNDO - Roberto e Erasmo

Às vezes não sei
Nem mais o que sou
Por fora da vida
Não sei onde estou

Às vezes pergunto
Por culpa de quem?
Eu ando perdido
No mundo também

A força que eu faço
Até pra viver
É um esforço tão grande
Que eu não sei dizer

Às vezes pergunto
Por que eu vivi?
Se amor verdadeiro
Eu nunca senti

Please, help me
Please, please, help me
Please, help me
Help, help, help me...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O bofe - MÚSICA DE ABERTURA


Olá, amigos.

Com este post, nossa série encerra o lado A do LP da novela O bofe. E a foto traz a capa original do LP com canções feitas só por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Na parte gráfica, há alguns fatos interessantes se compararmos com as atuais capas de trilhas de novelas.

A primeira é o termo "trilha sonora original", que, com o tempo perdeu a função, pois as trilhas hoje são tomadas por temas aleatoriamente escolhidos pela produção, e que, às vezes, influem nas próprias novelas. O caso mais emblemático é de uma novela escrita por Manoel Carlos em 1981 (já tendo uma Helena entre os personagens!) que contou a história de dois gêmeos idênticos que não sabiam da existência um do outro. A novela se chamava Baila comigo, por causa de uma música cantada por Rita Lee.

A segunda é com relação às fotos. O destaque é para o título da novela, e há a foto de três personagens importantes para a trama - Dorival (papel de Jardel Filho e assunto do primeiro post), Suzana Leopoldina (vivida por Ilka Soares e assunto no post anterior) e Demétrius, o Grego (interpretado por Cláudio Marzo e um dos temas dos próximos posts). Atualmente, o título aparece no canto da capa e o destaque é para uma foto posada de algum ator presente na novela - não necessariamente o protagonista.

A cargo de curiosidade, é legal ver como as logomarcas da Som Livre e da Rede Globo mudaram com relação aos dias de hoje. Na Som Livre, o que não mudou foi o nome de João Araújo, que na época já estava a cargo da coordenação geral da trilha.

A canção que encerra o lado A é o tema de abertura da novela. Por se tratar de um estilo de obra com uma variedade de tramas e de personagens, Roberto Carlos e Erasmo Carlos tentaram sintetizar em versos os temas que Bráulio Pedroso colocou em O bofe. Boa vida, procura, obrigações sociais indicam o que a novela das 22h mostrava, de maneira caricatural, aos espectadores.

Como foi adiantado no post sobre Porcelana, vidro e louça, a música de hoje também tem o maestro Osmar Milito. Mas, desta vez, eles acompanham o grupo Quarteto Forma. Um dado curioso: em uma de suas muitas formações, o Quarteto Forma teve entre seus membros o maestro Eduardo Lages.

A canção foi sampleada pelo rapper Cabal em 2006, quando ele fez o rap Viver bem. A gravação ficou interessantíssima.

Segue a letra!

Abraços a todos, Vinícius.

O BOFE - Roberto e Erasmo

Quem a boa vida escolheu
Vai morrendo sem encontrar
Se não for de um jeito
É de outro
Não se cansa de procurar

Pra ganhar a vida no sol
Vai molhar seu corpo no mar
Por obrigações sociais
Vai morar em qualquer lugar

E o sol, o sol, o sol, o sol
Não queima tanto
E o mar, o mar, o mar, o mar
Esconde o pranto

E os carros
Pela rua
Buzinam e a vida
Continua, ua, ua, ua...

sábado, 15 de maio de 2010

O bofe - MADAME SABE TUDO



Olá, amigos.

Com o post de hoje, a série de canções da novela O bofe chega mais perto do final do lado A do LP da novela. Esta trilha foi escrita completamente por Roberto Carlos e Erasmo Carlos no ano de 1972.

A quinta faixa traz um registro curiosíssimo. O produtor musical, compositor, jornalista e escritor Nelson Motta aparece como cantor. E esta é somente uma das muitas colaborações dele com a teledramaturgia brasileira. A primeira delas foi a trilha musical da novela Véu de noiva (de Janete Clair), considerada a primeira novela "moderna" da TV Globo.

Além de ser o diretor musical das trilhas da TV Globo, ele assinou músicas para embalar os folhetins globais. Sua mais famosa é Dancin' Days, parceria com Ruban que foi tema de abertura da novela de mesmo nome, escrita por Gilberto Braga e no ar em 1978. Também é dele autoria, ao lado dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle a música Um novo tempo, tema utilizado nas chamadas de fim de ano da TV Globo.

Em 1972, Nelson interpretou o tema de Suzana Leopoldina (na foto, a atriz Ilka Soares como a personagem). Suzana era uma dama da sociedade que fazia parte do júri da Buzina do Chacrinha . Mais uma prova de como Bráulio Pedroso surpreendeu ao fugir das piadas convencionais e dos estereótipos cômicos das telenovelas em O bofe.

Segue a letra! Na foto, Ilka Soares, que vivia Suzana Leopoldina.

Abraços a todos, Vinícius.

MADAME SABE TUDO - Roberto e Erasmo

Vai, madame sabe tudo
Vai, madame sabe tudo
Quem não vai sou eu

Vai, madame sabe tudo
Vai, madame sabe tudo
Que esse mundo é seu

Vai, madame sabe tudo
Vai, madame sabe tudo
Quem não vai sou eu

Vai, madame sabe tudo
Vai, madame sabe tudo
Que esse mundo é seu

Nos subúrbios e bastidores
Destilava seus amores
E madame em mais de cem
Sempre desfilava bem

Seu conselho interessa
Pra quem quer subir de pressa
Só precisa algum estudo
Tá com ela, tá com tudo

Vai, madame sabe tudo
Vai, madame sabe tudo...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O bofe - PORCELANA, VIDRO E LOUÇA



Olá, amigos.

Hoje, o Emoções de Roberto Carlos continua a fazer o resgate da trilha da novela O bofe, trilha totalmente escrita por Roberto e Erasmo Carlos para a novela de Bráulio pedroso. Assim como no post anterior, hoje falamos também um pouco do intérprete da canção.

Nascido em São Paulo no ano de 1941, OSMAR MILITO iniciou sua carreira em 1964. Passou a acompanhar artistas como Leny Andrade, Sylvia Telles, Nara Leão e Elis Regina.

Se apresentou no México e nos Estados Unidos, onde viveu por dois anos e se apresentou com o músico Sérgio Mendes. Retornaria ao Brasil no início da década de 1970, participando em shows de nomes como Chico Buarque e Nana Caymmi.

Entretanto, seu trabalho é mais associado à teledramaturgia da década de 1970. No período (que engloba também a novela O bofe) ele era presença constante em faixas de trilhas de novelas, como as célebres Selva de pedra e Carinhoso.

Na trilha de novela assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos ele tem o privilégio de participar duas vezes. Milito participa da música de abertura da novela. Mas este é um assunto para um dos próximos posts.

Osmar Milito acompanha Luna e Suza num tipo de canção muito marcante das trilhas de novelas da época. Em letra e música, se definia explicitamente como era o personagem. Um recurso hoje utilizado esporadicamente em trilhas - afinal, elas agora são mero espaço para alavancar vendas de discos de artistas, e os artistas viraram uma forma de alavancar as vendas dos discos de novelas.

Segue a letra! Na foto, Osmar Milito.

Abraços a todos, Vinícius.

PORCELANA, VIDRO E LOUÇA - Roberto e Erasmo

Com a imagem da TV sem som
Com os olhos no sono e cai na bolsa
Porcelana, vidro e louça
Eu lhe quero ainda mais

Segue a crença tradicional
E o palpite dos santos protetores
Divisão dos seus amores
Primavera rende mais

E não tem culpa
Se da reza ela se esquece
E o céu acha que ela merece
Lhe dando sua proteção

Família antiga
E paixão equilibrada
Mas não se precisa de nada
Pra ganhar seu coração...

terça-feira, 11 de maio de 2010

O bofe - RAINHA DA RODA



Olá, amigos.

Na série de canções da novela O bofe, a postagem de hoje fala também de uma das intérpretes do LP. Este disco traz 12 músicas de Roberto Carlos e Erasmo Carlos feita para a novela de Bráulio Pedroso.

Trata-se de ELZA SOARES. Depois de uma infância difícil, na qual foi obrigada a casar com 12 anos, Elza começou sua carreira artística no programa de calouros de Ary Barroso. Na ocasião, Ary ficou espantado com a aparência dela e perguntou "minha filha, de que planeta você veio?". Ela respondeu "do planeta fome".

Seu primeiro LP foi Se acaso você chegasse, pela Odeon. Viúva desde os 21 anos, conheceu em 1963 o jogador Garrincha, com quem teve um relacionamento conturbado durante anos.

Durante a década de 1970 se apresentou em vários shows e gravou LPs de sucesso, um deles em companhia do cantor Miltinho (Elza, Miltinho & Cia.). No início da década de 1980, participou do show do grupo Titãs e dos discos de Caetano Veloso e de Lobão.

Em 1986, Elza teria uma grande tragédia pessoal. Seu filho Garrinchinha faleceu, aos oito anos, de um acidente de carro. Com isso, passou alguns anos entre Europa e Estados Unidos.

Retornaria em definitivo ao Brasil no ano de 1994, e cinco anos depois lançou o disco Carioca da gema. Em 2000, estreou Crioula, um musical sobre sua vida escrito por Stella Miranda, onde esteve a música Dura na queda - gravada por Chico Buarque em seu mais recente disco, Carioca.

A música de Roberto e Erasmo que ela interpreta na trilha de O bofe parece feita sob medida para a cantora. Não só por ser um samba irresistível, mas por falar sobre o desejo de uma mulher em ser "rainha da roda"

Segue a letra! Na foto, Elza Soares.


Abraços a todos, Vinícius.

RAINHA DA RODA - Roberto e Erasmo

Quero ser mulher dentro de mim
Quero a vida sorrindo sempre assim
Quero ver você na madrugada
E tomar meu sorvete na calçada

Quero ser a última que morre
A esperança do sangue me corre
Quero ser amante e companheira
E rainha de roda a vida inteira

Vou sabendo que a sabida
É sempre a mesma
Até a gente morrer

Eu vou ficando
Nessa mesma linha
Pois quero paz
Quero viver

Pois quero paz
Quero viver

Um dia eu chego lá
Esperando do lado de lá
Um dia eu chego lá
Esperando do lado de cá

Um dia eu chego lá
Esperando do lado de lá
Um dia eu chego lá
Esperando do lado de cá...

domingo, 9 de maio de 2010

O bofe - INSTANTES



Olá, amigos.

A série de canções da novela O bofe chega ao seu segundo post, trazendo as 12 faixas do momento em que Roberto Carlos e Erasmo Carlos escreveram uma trilha de novela. Hoje, é a vez de falarmos um pouco do autor da novela.

BRÁULIO PEDROSO nasceu em 1931, na cidade de São Paulo. Sua vida foi muito ligada ao cinema, onde, dentre outros trabalhos, tem o roteiro do filme Roberto Carlos a 300 km por hora. Mas sua obra passou a ter destaque a partir de um texto para teatro - O fardão - vencedor do Prêmio Molière.

Ao chegar à teledramaturgia, revelou uma tentativa de inovação em suas novelas. É dele a novela Beto Rockefeller (no ar entre 1968 e 1969), a primeira novela a ter linguagem coloquial e a falar sobre o cotidiano brasileiro. Na TV Tupi escreveu ainda Super plá e A volta de Beto Rockefeller (apesar do grande sucesso da primeira edição, esta, de 1973, não teve tão boa repercussão).

Em sua estreia na TV Globo, o autor escreveu O cafona, em 1971, na qual mostrava a ascensão de um suburbano camelô e seu desconforto com a alta sociedade. Uma temática parecida com o da novela O bofe . A expressão na época significava pessoa desengonçada, mal arrumada, feia, uma conotação muito diferente dos dias de hoje.

Sua novela seguinte é considerada a melhor que já escreveu. O rebu (no ar entre 1974 e 1975), uma trama policial em que, além da habitual pergunta "quem matou?", se perguntava "quem morreu?". O tempo em que a novela passava era exatamente dois dias: a noite da festa e o dia seguinte a ela, com as investigações da polícia.

Na TV Globo, Bráulio ainda escreveu as novelas O pulo do gato e Feijão maravilha (nesta, homenageou as chanchadas da década de 1950) e a minissérie Parabéns pra você. Sua participação como escritor também aconteceu nos seriados globais Plantão de polícia e Amizade colorida.

A partir de 1985, começou a fazer parte da equipe de criação do núcleo de teledramaturgia da TV Manchete. Lá, escreveu em 1985 a minissérie policial Tudo em cima (em parceria com Geraldo Carneiro) e foi um dos autores do humorístico Tamanho família. Trabalhou na emissora dos Bloch até seu falecimento, em 1990.

Hoje, vem a segunda canção da trilha da novela. Uma música com toques de sensualidade, praticamente uma precursora de Proposta e das outras músicas eróticas assinadas por Roberto e Erasmo.

Segue a letra! Na foto, Bráulio Pedroso.

Abraços a todos, Vinícius.

INSTANTES - Roberto e Erasmo

Quanta coisa vai levar você
Quanta coisa vai trazer você
Quanta coisa faz lembrar
Instantes

No mormaço quando nos tocamos
No cansaço quando nos amamos
Tudo isso faz lembrar
Instantes

Meus conflitos
Olhos grandes
Tão bonitos
Que não se cansam
De me ver

E eu não me canso
De dizer
Só tenho fé em minha vida
Nos meus instantes com você

Quanta coisa vai levar você
Quanta coisa vai trazer você...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O bofe - FALA, DORIVAL



Olá, amigos.

A série com as músicas que Roberto Carlos e Erasmo Carlos fizeram para a trilha da novela O bofe começa hoje. A cada postagem, falaremos um pouco dos personagens, das canções e das curiosidades presentes aqui.

Na faixa de abertura, há alguns detalhes de como eram as primeiras trilhas da TV Globo. Os intérpretes são a dupla Renata e Flávio, cantores não muito conhecidos nos dias de hoje porque eles eram exclusivamente contratados da Som Livre para cantar músicas das novelas.

Além disto, a música tem o nome de um personagem, não havia tentativa de fazer canções menos referenciais. Era o tema do personagem e pronto.

O tema de hoje é feito para Dorival. Vivido por Jardel Filho, Dorival era um viúvo que trabalhava numa oficina mecânica em Copacabana.

Segue a letra! Na foto, Jardel Filho e Betty Faria (a personagem da atriz era o par romântico de Dorival).

Abraços a todos, Vinícius.

FALA, DORIVAL - Roberto e Erasmo

Fala, Dorival, ê ê
Fala, Dorival, ê ê
Fala, Dorival...

Com sorriso na mão
Pouca grana no pão
Mil cuidados com a moça
Senão ela cansa e cai
Cansa e cai

Timidez na cabeça
Não há quem esqueça
Esperando que cresça
A banca que chega e sai
Chega e sai

Fala, Dorival
Pobre companheiro
Fala, Dorival
Playboy brasileiro

Fala, Dorival
Pobre companheiro
Fala, Dorival...

Mergulhado no tempo
Do espaço perdido
Machão escondido
Que nem se lembrava mais
Nada mais

Vendo televisão
Ele esqueça a bandeira
Da mulher baladeira
Que hoje descansa em paz
Dorme em paz

Fala, Dorival
Pobre companheiro
Fala, Dorival
Playboy brasileiro

Fala, Dorival
Pobre companheiro
Fala, Dorival...

Fala, Dorival, ê ê
Fala, Dorival, ê ê
Fala, Dorival, ê ê...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O bofe



Olá, amigos.

Com este post, damos início a uma série em 12 postagens sobre uma raridade na obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Poucos sabem, mas a dupla foi responsável por uma trilha de novela completa, feita especialmente para o universo da teledramaturgia.

"Uma sátira de Bráulio Pedroso ao nosso meio ambiente. Contra a poluição visual".

Assim falava a chamada da novela O bofe, exibida entre julho de 1972 e janeiro de 1973 no horário das 22 da TV Globo (a partir da década de 1980, este horário passou a ser dedicado a seriados, programas de humor e transmissão de futebol. Na tentativa de fazer uma nova revolução na teledramaturgia, a TV Globo contratou o autor Bráulio Pedroso (responsável pelo sucesso Beto Rockefeller, que deixou de lado as tramas rebuscadas, com diálogos mexicanizados e ambientadas no exterior) com o objetivo de fazer uma novela revolucionária.

Ele escreveu a controversa O bofe, caracterizada por sua falta de sensatez, todos os personagens agiam e se comportavam ao sabor da piada. E causou inovações até nos tipos de personagens dos atores escalados.

O então galã Cláudio Marzo fazia o caótico artista plástico Demétrius, o Grego. Ziembinski fazia o papel da velha Stanislava (o primeiro personagem travestido na história de telenovela brasileira), que se embebedava de xarope e sonhava com um príncipe trapezista. Um dos capítulos da novela foi todo com os diálogos cantados em ópera. No elenco, ainda estavam nomes como Betty Faria, José Wilker, Antônio Pedro e Ilka Soares.

A audiência despencou, e a saída da TV Globo foi a demissão de Bráulio Pedroso. Em seu lugar, entrou Lauro César Muniz. Anos mais tarde, o diretor da novela, Lima Duarte, falou uma frase definitiva sobre o insucesso de O bofe: Revolução não se encomenda. Acontece."

Nos próximos posts, o Emoções de Roberto Carlos recordará a trama, contará um pouco da história dela, e deixa a todos os leitores a pergunta de se foi ou não um fracasso injusto.

Por hoje, deixamos vocês com o vídeo encontrado em You Tube da chamada da novela O bofe. Reparem que, ao final, o locutor diz "12 músicas inéditas de Roberto Carlos e Erasmo".

Abraços a todos, Vinícius.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uma noite em 67



Olá, amigos.

O festival É tudo verdade, que todos os anos apresenta no Rio de Janeiro e em São Paulo documentários nacionais, passou na edição deste ano um filme imperdível para todos os estudiosos da Música Popular Brasileira. Trata-se de Uma noite em 67, que fala sobre o III Festival da Record.

Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, o documentário alterna imagens históricas da emissora paulista com depoimentos atuais de personagens envolvidos na realização do festival, como o organizador Paulo Machado de Carvalho e o jurado Sérgio Cabral. Pena é que, por falta de tempo, a abordagem de Uma noite em 67 fica restrita aos cinco primeiros colocados do festival e ao artista que ficou marcado por um incidente durante a noite.



Naquela noite de 1967, Edu Lobo foi o grande vencedor. Sua música Ponteio (em parceria com Capinam), ficou em primeiro lugar, da interpretação de Edu com Marília Medalha.



Em segundo lugar, ficou Domingo no parque, de Gilberto Gil, cantada pelo autor com acompanhamento do grupo Mutantes, formado por Rita Lee e os irmãos Dias. Num festival em que muitos se apresentavam de terno, o universo tropicalista começava a mostrar seu espaço e ser reconhecido pelas belas contribuições musicais.



Em terceiro lugar, veio a riqueza em letra e música da obra de Chico Buarque, na bela Roda viva, que o autor apresentou acompanhado do grupo MPB-4. Em plena época de regime militar, muitos sabiam o que era a roda viva que carregava saudade, viola e destino.



No quarto lugar, mais um artista jovem ligado ao Tropicalismo. E Caetano Veloso fez sua geleia geral entre fotos, nomes, Cardinales, caras de presidentes e beijos de amor. Era Alegria, alegria.

Em quinto lugar, ficou Maria, carnaval e cinzas, de Luiz Carlos Paraná, apresentada por Roberto Carlos. Em Uma noite em 67, RC soube que um grupo de pessoas tinha ido ao Teatro Record para vaiá-lo. Bem-humorado, ele disse que se soubesse disto, não tinha comparecido à noite de 67.



Mas, nem só os vencedores passeiam pelo documentário de Renato Terra e Ricardo Calil. O cantor Sérgio Ricardo fala sobre sua reação intempestiva no palco do Teatro Record. Ao ser vaiado durante a apresentação de sua música Beto bom de bola, Sérgio interrompeu sua apresentação, quebrou o violão numa mesa e atirou em direção à plateia.

Há também imagens dos bastidores, cantores sendo entrevistados e falando da noite de apresentação. E também há Roberto Carlos, em 1967, contando uma piada interna. Quer saber qual? Assista ao documentário Uma noite em 67! E também veja Roberto Carlos, então rei da Jovem Guarda, cantando um belo samba de Luiz Carlos Paraná. A canção foi gravada em compacto e, mais tarde, fez parte do LP San Remo 68.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e o conjunto O Grupo.

Abraços a todos, Vinícius.

MARIA, CARNAVAL E CINZAS - Luiz Carlos Paraná

Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no carnaval

E não lhe chamaram assim como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Seria Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de amor

Não era noite, não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba, viva Maria
Quem sabe a sorte lhe sorriria

E um dia viria de porta-estandarte
Sambando com arte, puxando cordões
E em plena folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil foliões

Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um carnaval

Que fosse chamada então como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Em vez de Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de dor

Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria

E nunca viria de porta-estandarte
Sambando com arte puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões

E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões

Maria, Maria, Maria...

P.S.: abaixo, o trailer do documentário Uma noite em 67:

sábado, 1 de maio de 2010

Emoções Sertanejas - TINOCO



Olá, amigos.

O Emoções Sertanejas teve como momento especial o encontro de Roberto Carlos com um pioneiro da música sertaneja. Foram 110 anos de carreira reunidos no palco do Ibirapuera.

Afinal, ao lado dos 50 anos de carreira de RC, estiveram os 60 anos de carreira de José Perez, o TINOCO. Paulista de Botucatu, Tinoco iniciou carreira ao lado do seu irmão José, e fizeram a dupla Tonico e Tinoco. Os dois tiveram destaque em programas de calouros na década de 1940, e logo foram contratados pela Rádio Tupi.

Tonico e Tinoco gravaram seu primeiro compacto em 1944, que tinha a música Inveis de me agradecê. Vieram outros compactos, que fizeram com que a dupla abrisse um escritório e fizesse shows diários em circos.

No ano de 1950, os dois cantaram na inauguração da TV Tupi, onde tiveram o programa Festa na roça. Sete anos depois, lançariam aquele que é considerado o primeiro LP sertanejo: Tonico e Tinoco com suas modas sertanejas.

A versatilidade de Tonico e Tinoco foi tanta que eles fizeram shows em circos, casas de espetáculos, fizeram trilhas de filmes como Obrigado a matar, Luar do sertão e Menino do jornaleiro e tiveram vários programas de televisão, como Beira da tuia. Tonico escreveu o livro Vila do riacho: 22 contos sertanejos.

Foram 40 mil shows pelo país afora, até 1994, ano em que Tonico faleceu. Ao lado de Tinoco, deixou mais de 1.200 músicas, 75 LPs e 211 compactos. Uma vida de emoções sertanejas, que traz um dado curioso: Tonico e Tinoco passaram anos sem gravar LPs porque não admitiam a inclusão de guitarras elétricas em suas músicas.

Detalhes de uma vida que fizeram parte da homenagem a Roberto Carlos. Roberto entregou a Tinoco uma placa em homenagem à carreira do cantor, num momento marcado por muitas emoções. Emoções como em uma das modas de viola que Tonico e Tinoco cantaram durante sua carreira.

Segue a letra! Na foto, Tinoco e Roberto Carlos.

Abraços a todos, Vinícius.

CHICO MINEIRO - Tonico e Francisco Ribeiro

Cada vez que me alembro
Do amigo Chico Mineiro
Das viage que nois fazia
Era ele meu companheiro

Sinto uma tristeza
Uma vontade de chorar
Alembrando daqueles tempos
Que não hai mais de voltar

Apesar de ser patrão
Eu tinha no coração
O amigo Chico Mineiro

Caboclo bom decidido
Na viola era delorido
E era o peão dos boiadeiro

Hoje porém com tristeza
Recordando das proeza
Da nossa viage motin

Viajemo mais de dez anos
Vendendo boiada e comprando
Por esse rincão sem-fim
Caboco de nada temia.

Mas porém, chegou o dia
que Chico apartou-se de mim

Fizemo a urtima viage
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi um capatai

Viajemo muitos dia
Pra chega em Ouro Fino
Aonde noi passemo a noite
Numa festa do Divino

A festa tava tão boa
Mas ante não tivesse ido
O Chico foi baleado
Por um home desconhecido

Larguei de compra boiada
Mataram meu cumpanheiro
Acabou o som da viola
Acabou seu Chico Mineiro

Despoi daquela tragédia
fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Porque nós dois era unido

Quando eu vi os seus documentos
Me cortou meu coração
Vim sabê que o Chico Mineiro
Era meu ligítimo irmão...