quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Blogue em recesso




Olá, amigos.

Este blogue entrará em recesso. Teremos novos posts a partir do dia 6 de outubro.

Abraços a todos, Vinícius.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 7



Olá, amigos.

Com este post, a série Panoramas ecológicos chega ao seu final. Nesta série, apresentamos as canções da discografia de Roberto Carlos que abordaram questões ecológicas - a exceção foi para a música de abertura da série, a canção Panorama ecológico (que deu título a este repertório), gravada por Erasmo Carlos para seu LP Pelas esquinas de Ipanema, de 1978.

A música de encerramento não é exclusivamente feita sobre ecologia. Na verdade, trata-se de um momento de reflexão de Roberto Carlos com relação a várias "culpas" que o Ser Humano carrega em suas costas há bastante tempo.

No ano de seu lançamento (ela abriu a faixa de seu disco de 2002, como um "bônus" da compilação de fim de ano, que reuniu também 11 números de show realizado no Aterro do Flamengo e versões remix das gravações de Se você pensa e O calhambeque), a grande polêmica foi no viés religioso. Católico declarado, RC cantava nesta música que as religiões serviam como "apoio" e via isto como busca da verdade em suposições, além de pregar um ecumenismo, que englobava católicos, judeus, espíritas e ateus. No mesmo disco, em trecho retirado de seu show no Rio de Janeiro, Roberto "explicava" esta questão: "a fé cada vez maior, independente até mesmo das igrejas e das religiões".

Entretanto, as mudanças de panorama não ficaram restritos à religiosidade. O panorama ecológico teve uma alteração significativa. Se as canções anteriores desta série falavam sobre as mazelas que o homem trouxe para a natureza, RC via com bons olhos as coisas que o Ser Humano fez e conseguiu durante estes séculos. Ele enumerou invenções como o rádio, a televisão, o computador, além dos progressos da ciência como argumento para valorizar o homem.

Em entrevista à jornalista Glória Maria para o Roberto Carlos Especial daquele ano (os trechos desta entrevista entremeavam um show gravado em São Paulo), Roberto afirmou que esta canção mostrava um novo ponto de vista em relação a coisas que ele ouvira durante toda a vida. E em relação à ecologia, declarava que na verdade a esta altura não é mais um ecológico apaixonado, e sim enxerga de maneira racional as situações que vêm acontecendo (na gravação de seu Roberto Carlos Especial de 2003, que este que vos escreve assistiu no ginásio do Maracanãzinho, RC questionou até mesmo o "pecado original": "ora, o Ser Humano não é pecador, um pecadinho ou outro não é problema, mas maldade não está no coração da maioria!").

Como um Ser Humano, Roberto Carlos mostrava um novo ponto de vista. E como artista, se apresentava em um novo estilo de música para seu repertório - o rap. Tudo para dizer a seu público que quer a vida mais linda, mesmo que nós ainda não sejamos perfeitos. Ainda.

Segue a letra! Na foto, o registro para o interior do livreto de Pra sempre, disco no qual a música seria lançada originalmente. Este disco seria para o ano de 2002, mas o perfeccionista Roberto Carlos preferiu lançar no ano seguinte. Com isto, a canção abaixo saiu em dois anos seguidos. Um dado curioso sobre a foto: esta parte interna só entrou a partir da segunda prensagem - os primeiros compradores não têm esta foto em seu livreto.

Abraços a todos, Vinícius.

SERES HUMANOS - Roberto e Erasmo

Que negócio é esse de que somos culpados
De tudo que há de errado sobre a face da terra

Que negócio é esse de que nós não temos
Os devidos cuidados com o mundo em que vivemos
Fazemos quase tudo por necessidade
Vivemos em busca da felicidade

Somos Seres Humanos
Só queremos a vida mais linda
Não somos perfeitos
Ainda

Afinal nem sabemos porque aqui estamos
E mesmo sem saber seguindo em frente vamos
Vencemos obstáculos todos os dias
Em busca do pão e de alguma alegria

Não podemos ser julgados pela minoria
Nós somos do bem e o bem é a maioria

Somos Seres Humanos
Só queremos a vida mais linda
Não somos perfeitos
Ainda


Só quero a verdade
Nada mais que a verdade
Não adianta me dizer
Coisas que não fazem sentido
Que tal olhar as coisas que a gente tem conseguido

E o mundo hoje é bem melhor
Do que há muito tempo atrás
E as mudanças desse mundo
O Ser Humano é que faz

Estamos sempre em busca de uma solução
Queríamos voar, fizemos o avião

O telefone, o rádio, a luz elétrica
A televisão, o computador, progressos na engenharia genética
Maravilhas da ciência prolongando a vida
Nós temos amor, ninguém duvida

Somos Seres Humanos
Só queremos a vida mais linda
Não somos perfeitos
Ainda

Mas que negócio é esse de que somos culpados
De tudo que há de errado sobre a face da terra
Buscamos apoio nas religiões
E procuramos verdades em suposições

Católicos, judeus, espíritas e ateus
Somos maravilhosos
Afinal somos filhos de Deus

Somos Seres Humanos
Só queremos a vida mais linda
Não somos perfeitos
Ainda

Só quero a verdade
Nada mais que a verdad

domingo, 21 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 6



Olá, amigos.

Em seu penúltimo post, a série Panoramas ecológicos mostra mais um momento no qual a safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos se abordou questões ecológicas. A canção de hoje dá vez a falar sobre um problema ecológico que permanece dando dor de cabeça para todos os que se preocupam com o meio ambiente.

No ano de 1989, Roberto colocou os olhos de sua música sobre um terreno muito delicado da natureza mundial. A AMAZÔNIA. É assim que é denominada a região que é definida pela bacia hidrográfica do Rio Amazonas (o rio mais volumoso do mundo, que nasce na Cordilheira dos Andes e passa por nove países) e traz grande parte de seu território formado por florestas tropicais.

A floresta amazônica traz sete milhões de quilômetros quadrados numa região que é considerada por especialistas como "o pulmão do mundo". Por ser a maior floresta tropical do mundo, ela traz muita vegetação, e ajuda a melhorar o ar que nós respiramos. Em seu território são 11 ecossistemas, distribuídos em 23 eco-regiões, que abrangem terras dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, além de trechos dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.

Embora seu solo seja pobre, a floresta amazônica vem sendo alvo de muita exploração - e algumas vezes desenfreada. No período colonial, os exploradores voltaram suas atenções para as "drogas do sertão" - cravo, pimenta, canela, castanha, urucum e baunilha. No início do século XX, as atenções foram voltadas para a exploração do látex, por empresas nacionais e multinacionais, em virtude do período definido na história como "o ciclo da borracha" - interrompido depois que a borracha asiática tornou-se mais barata que a da região amazônica.

Em meados do século XX, o governo voltou as atenções pra Amazônia, com uma série de medidas que buscam integrar o território ao comércio mundial, como experiências de agricultura e criação de reservas extrativistas. Desde 1967 funciona a Zona Franca de Manaus, modelo de desenvolvimento para estímulo da industrialização de Manaus (capital do estado do Amazonas). A região se caracteriza por ser uma área de livre comércio, com isenção alfandegária para produtos adquiridos do exterior. Isto contribuiu para a ascensão da área - que tem pólos comerciais, agropecuário e industrial.

Entretanto, a ambição financeira traz malefícios para a Amazônia. Os números de desmatamento são alarmantes: 70% da terra anteriormente coberta por florestas é usada (em especial para a criação de soja), e desde 1970 usam 91% desta área para pastagem. Atualmente, a Amazônia é delimitada por uma área chamada "Amazônia Legal", como foi definida a partir de 1966 pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (o SUDAM), e recebe o apoio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) para que sua região não seja totalmente devastada. Há no lugar unidades de uso sustentável, oito reservas biológicas e dez parques nacionais. Uma forma de amenizar as tolices fatais que o lugar vem recebendo durante todos esses anos.

Em seu Roberto Carlos Especial de 1989, este panorama ecológico foi apresentado logo nos primeiros minutos. Com imagens da floresta amazônica, RC falou sobre a crença num país melhor:

"Daqui de uma dessas artérias desse imenso coração, eu repito meu amor pelo Brasil. Um amor antigo e e apaixonado. Diante do índio, testemunha de tanta devastação, eu aindo grito a minha fé nesse país".

O programa dirigido por Augusto César Vannucci apresentou uma forma simbólica de ver os problemas da natureza, ao colocar lado a lado imagens de bichos que habitam a Amazônia tendo o áudio de canto de passarinhos com retratos do desmatamento que a floresta sofre, deixando a região em silêncio. Era para mostrar ao país uma certeza falada por RC:

"Essa sinfonia orquestrada por Deus é nossa! Quanto mais a natureza é agredida pelo homem, mais ela responde com a paz da beleza".

E em seu LP de 1989, Roberto Carlos cantou a insônia do mundo que estava (e ainda está) perdendo a paz das belezas que a natureza traz na Floresta Amazônica. Um dado curioso: em alguns discos, fitas ou CDs, esta música aparece como segunda faixa do lado A - a canção que abre seu trabalho daquele ano é Tolo. Mas nas prensagens seguintes, a reflexão do panorama ecológico da Amazônia é o primeiro momento de seu disco. Posando com a pena que ganhou de um índio americano, Roberto cantou o alerta para a selva viver.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no registro fotográfico que foi usado na parte interna de seu LP de 1989.

AMAZÔNIA - Roberto e Erasmo

Tanto amor perdido no mundo
Verdadeira selva de enganos
A visão cruel e deserta
De um futuro de poucos anos

Sangue verde derramado
O solo manchado
Feridas na selva
A lei do machado

Avalanches de desatinos
Numa ambição desmedida
Absurdos contra os destinos
De tantas fontes de vida

Quanta falta de juízo
Tolices fatais
Quem desmata, mata
Não sabe o que faz

Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver

Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver

Amazônia, insônia do mundo...
Amazônia, insônia do mundo...

Todos os gigantes tombados
Deram suas folhas ao vento
Folhas são bilhetes deixados
Aos homens do nosso tempo

Quantos anjos queridos
Guerreiros de fato
De morte feridos
Caídos no mato

Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver

Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver

Amazônia, insônia do mundo...
Amazônia, insônia do mundo...

P.S.: esta canção faria parte de um outro trabalho de RC - o disco e o DVD Duetos, numa faixa em que RC dividiu os vocais com a dupla Chitãozinho & Xororó (no Roberto Carlos Especial exibido ao final de 1991).

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 5



Olá, amigos.

Prosseguindo a série Panoramas ecológicos, este blogue hoje traz mais uma canção na qual Roberto Carlos falou sobre questões ecológicas. De acordo com seu parceiro Erasmo Carlos, a dupla abordou este tema "bem antes do Sting se vestir de índio" (de maneira irreverente, o "Tremendão" usou este exemplo para falar que os dois falavam sobre ecologia bem antes deste assunto ganhar o modismo da mídia).

Depois de cantar sobre as baleias em seu LP de 1981, RC dedicou seu repertório a falar sobre as graves conseqüências que os "progressos" e as mudanças causadas pela civilização traziam para os índios brasileiros. Ao contrário do que muito se afirma sobre Roberto (definido como "alienado" por parte maldosa da crítica), ele costuma colocar seu ponto de vista sobre assuntos que estão em voga nas discussões sociais do país.

Não foi diferente com esta canção de 1987. Após séculos, em meados desta década o país viu pela primeira vez um homem com etnia indígena ocupar um cargo federal no Brasil. No ano de 1983, o cacique Mário Juruna se elegeu deputado federal pela cidade do Rio de Janeiro.

Nascido em 1942 numa aldeia localizada em Barra das Garças, no estado do Mato Grosso, Juruna teve seu primeiro contato com a civilização durante a década de 1970, quando a tribo em que vivia conheceu o expedicionário Chico Mendes. Desde então, constantemente viajava a Brasília, para ir à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) lutar pela demarcação dos territórios xavantes.

Eleito pelo PDT, o cacique se caracterizou por andar sempre com um gravador debaixo do braço - segundo ele, era "para registrar tudo o que o branco diz". A presença de Mário Juruna teve grande repercussão mundial, e tornou possível o reconhecimento formal dos problemas indígenas, em especial pela criação da Comissão Permanente do Índio.

Seu mandato terminou em 1987, e a ligação com políticos de caráter duvidoso fizeram com que não conseguisse sua reeleição ao cargo de deputado federal. Sem conseguir permanência na Câmara dos Deputados e abandonado pelos integrantes de sua tribo de origem, Juruna faleceria em 2002, em decorrência de problemas diabéticos.

Coincidentemente, no ano de 1987 a dupla Roberto e Erasmo Carlos voltou suas atenções para as situações dos índios, e ajudou os indígenas a receberem as atenções da população. A terceira faixa do lado A deste LP lançado por RC foi usada numa campanha da FUNAI. Com a ajuda de Roberto Carlos, era mostrado ao povo civilizado que todo índio sabe viver com a natureza sempre ao seu lado - e, diante das coisas que aconteciam no asfalto, muitos indígenas sonhavam viver velozes como a águia dourada da imensidão.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na parte interna de seu LP do ano da música abaixo.

Abraços a todos, Vinícius.

ÁGUIA DOURADA - Roberto e Erasmo

Águia bonita que voa no espaço
Aqui da Terra vejo passar
Riscando o azul, dourado traço
Linha ascendente no ar

Eu sou um índio e aqui do asfalto
Olho no alto caminhos seus
Meus pensamentos sempre te encontram
Voando perto de Deus

Rápido como um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Mostra a esse povo civilizado
Que todo índio sabe viver
Com a natureza sempre a seu lado
E olhando o céu pode ver

Que o vento sopra e a chuva cai
As nuvens passam e você vai
Asas abertas, força e coragem
Vão nesse rumo de paz

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Natureza que reclama
Flores, folhas, verde vida
Rios, mares se derramam pela terra tão ferida
Ventos pedem, choram e chamam

Águia, me mostra no meu caminho
Como se pousa longe do espinho
Como se luta por esse mundo
Como se salva esse ninho

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 4



Olá, amigos.

A série Panoramas ecológicos segue apresentando canções da safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos que trazem como tema a ecologia. Este tema apareceu pela primeira vez no repertório de RC no ano de 1976, através da música O progresso, e viria em letra e música em alguns discos do cancioneiro de RC.

A canção de hoje explicita uma preocupação constante quando Roberto aborda a ecologia. Nas duas canções gravadas por ele mostradas anteriormente nesta série (O progresso e O ano passado), a espécie das baleias surge em meio às inquietações ecológicas cantadas por RC. Na primeira, ele denuncia que as baleias estão "desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais". Já na de 1979, ele lamenta sobre "quantas baleias queriam nadar como antes?".

Em Panorama ecológico, música que abriu a série - lançada em 1978, no LP Pelas esquinas de Ipanema - Erasmo Carlos também incluiu as baleias neste panorama negativo para a natureza. Ao falar sobre a "temporada de peixes", o parceiro de Roberto encontrou "baleias entupidas".

E no ano de 1981, Roberto Carlos novamente voltou a falar das baleias (que ele tanto preza, pois, como já se definiu, é "um homem do mar"), dando destaque a elas na terceira faixa do lado A de seu LP. Em versos questionadores, Roberto e Erasmo procuraram mobilizar os predadores das baleias, que, pouco a pouco, eram impedidas de cruzar os oceanos - e, em breve, ficariam restritas a velhos livros, a filmes ou a programas vespertinos de televisão.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no clipe da música que segue, exibido no Roberto Carlos Especial de 1981.

Abraços a todos, Vinícius.

AS BALEIAS - Roberto e Erasmo

Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater em sofrimento
E até sentir-se um vencedor nesse momento

Não é possível que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro

Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

E o gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Não é possível que você suporte a barra...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 3



Olá, amigos.

A série Panoramas ecológicos chega ao seu terceiro post, apresentando mais uma canção da safra de Roberto Carlos a falar sobre as questões ecológicas. Esta é a forma encontrada para o blogue lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, que é lembrado no dia 5 de setembro.

Após os protestos de O progresso e a constatação de que "queria ser civilizado como os animais", Roberto Carlos voltaria a incluir em seu repertório uma canção ecológica no ano de 1979. Em seu Roberto Carlos Especial daquele fim de ano, RC trazia à tona algumas discussões sobre o que seria do futuro que se fazia (e que, ao vermos a letra de Roberto e Erasmo, o "futuro" ainda hoje se faz):

"Quantas árvores foram assassinadas em nome do progresso? Quantas flores foram esmagadas pelos tratores? Seu filho já viu um passarinho colorido fora da gaiola? Um peixe de prata saltando num mar azul? E tudo isso em nome do progresso? Não. Positivamente, eu não me convenço. Sou contra, e vou continuar sendo e combatendo. Minha arma é meu canto".

E assim os anos se passam, e a realidade desta fascinante música que Roberto e Erasmo fizeram para a terceira faixa do lado A do LP de RC lançado em 1979 continua atual na contundência de suas palavras e nas certezas que, infelizmente, os homens ratificam ano a ano, diante do dito "progresso". No refrão desta relíquia da obra de Roberto Carlos, vem a pergunta até o momento não respondida: o que será do futuro que hoje se faz à natureza, às crianças e aos animais?

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em fins da década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

O ANO PASSADO - Roberto e Erasmo

O ouro no ano passado subiu sem parar
Os gritos na bolsa falaram de outros valores
Corpos estranhos no ar
Silenciosos voadores
Quem sabe olhando o futuro do ano passado

O mar quase morre de sede no ano passado
Os rios ficaram doentes com tanto veneno
Diante da economia
Quem pensa em ecologia
Se o dólar é verde, é mais forte que o verde que havia

O que será o futuro que hoje se faz
A natureza, as crianças e os animais

Quantas baleias queriam nadar como antes
Quem inventou o fuzil pra matar elefantes
Quem padeceu de insônia
Com a sorte da Amazônia
Na lei do machado mais forte do ano passado

Não adianta soprar a fumaça do ar
As chaminés do progresso não podem parar
Quem sabe um museu no futuro
Vai guardar em lugar seguro
Um pouco de ar puro, relíquia do ano passado

O que será o futuro que hoje se faz
A natureza, as crianças e os animais...

Os campos risonhos um dia tiveram mais flores
E os bosques tiveram mais vida e até mais amores
Quem briga com a natureza
Envenena a própria mesa
Contra a força de Deus não existe defesa

O que será o futuro que hoje se faz
A natureza, as crianças e os animais...

sábado, 13 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 2


Olá, amigos.

A série Panoramas ecológicos chega ao seu segundo post, apresentando as canções que falam sobre ecologia na safra assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Trata-se de uma homenagem do blogue ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no último dia 5.

A partir de hoje, este blogue passa a mostrar a safra do repertório de Roberto Carlos sobre as questões ambientais. Roberto e Erasmo foram praticamente pioneiros ao colocarem a ecologia em suas canções (assim como o maestro Antônio Carlos Jobim, um defensor incansável da natureza), e a mostrarem algumas visões críticas sobre os panoramas ecológicos de cada época da sua música.

O primeiro momento da safra ecológica data de 1976. Em seu lançamento daquele ano, Roberto interpretou uma música que questionava o preço das conseqüências do tão falado "progresso". Em seu Roberto Carlos Especial, RC apresentou a música com as seguintes palavras:

"O que me motivou a fazer essa música foram as baleias. Eu sou um homem do mar e as baleias me apaixonam de forma especial. E Erasmo Carlos, porque ama a natureza de forma especial. E me entristece o fato de que as baleias estão morrendo, desaparecendo e enchendo o mar de sangue. E me entristece ainda mais que o progresso é culpado de tudo isso. Mais culpado ainda, o maior depredador que nós conhecemos: O HOMEM".

E na terceira faixa do lado A de seu LP de 1976, Roberto Carlos enumerava as tristezas que o homem fazia com que ele falasse ao abordar a questão da ecologia. E, depois da reflexão da letra, desabafava a vontade de ser civilizado como os animais.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos apresentando a versão em espanhol da canção (batizada de El progreso) num programa do exterior.

Abraços a todos, Vinícius.

O PROGRESSO - Roberto e Erasmo

Eu queria poder afagar uma fera terrível
Eu queria poder transformar tanta coisa impossível
Eu queria dizer tanta coisa
Que pudesse fazer eu ficar bem comigo
Eu queria poder abraçar meu maior inimigo

Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares
Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares
E as baleias desaparecendo
Por falta de escrúpulos comercias
Eu queria ser civilizado como os animais...

Eu queria ser civilizado como os animais...

Eu queria não ver todo o verde da terra morrendo
E das águas dos rios os peixes desaparecendo
Eu queria gritar que esse tal de ouro negro
Não passa de um negro veneno
E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos

Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo
O comércio das armas de guerra da morte vivendo
Eu queria falar de alegria
Ao invés de tristeza mas não sou capaz
Eu queria ser civilizado como os animais...

Não sou contra o progresso
Mas apelo pro bom senso
Um erro não conserta o outro
Isso é o que eu penso...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 1


Olá, amigos.

Este blogue hoje inicia mais uma série temática envolvendo as canções da safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. No mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de setembro), a partir de hoje passamos a lembrar um tema recorrente no cancioneiro da dupla: as canções ecológicas.

A ECOLOGIA é uma parte da biologia destinada ao estudo das relações entre os seres vivos e o meio ambiente no qual vivem - abordando suas conseqüentes adaptações e as mudanças que traz para o lugar em que está vivendo. Roberto e Erasmo iniciaram suas abordagens musicais sobre o tema na década de 1970, trazendo visões muito críticas sobre a relação do homem com a natureza - conforme serão apresentadas as letras dos posts seguintes.

A série se chama Panoramas ecológicos, e tem seu título inspirado em uma canção emblemática feita por Roberto e Erasmo. Na faixa de abertura de seu LP Pelas esquinas de Ipanema, de 1978, Erasmo Carlos se baseou nos estudos de Botânica que a esposa Narinha estava fazendo para compor com Roberto uma música sobre ecologia.

No show que virou seu disco e DVD Erasmo Carlos ao vivo, ele falou sobre sua canção. "No fim dos anos 70, Roberto Carlos e eu fizemos algumas canções falando sobre ecologia. Bem antes do Sting se vestir de índio ou do Juruna. E dentre todas, As baleias, O ano passado, O progresso, essa eu considero a definitiva". E com ela tem início a série Panoramas ecológicos, que mostra o ponto de vista de Roberto e Erasmo para as questões ambientais.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no Roberto Carlos Especial de 1984.

Abraços a todos, Vinícius.

PANORAMA ECOLÓGICO - Roberto e Erasmo

Lá vem a temporada de flores
Trazendo begônias aflitas
Petúnias cansadas
Rosas malditas

Prímulas despetaladas
Margaridas sem miolo
Sempre-vivas quase mortas
E cravinas tortas
Odoratas com defeitos
E homens perfeitos

Lá vem a temporada de pássaros
Trazendo águias rasteiras
Graúnas malvadas
Pombas guerreiras

Canários pelados
Andorinhas de rapina
Sanhaços morgados
E pardais viciados
Curiós desafinados
E homens imaculados

Lá vem a temporada de peixes
Trazendo garoupas suadas
Piranhas dormentes
Sardinhas inchadas

Trutas desiludidas
Tainhas abrutalhadas
Baleias entupidas
E lagostas afogadas
Barracudas deprimentes
E homens inteligentes...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A favorita de Roberto Carlos



Olá, amigos.

Hoje, este blogue dedica espaço a um campeão de audiência também aos olhos de Roberto Carlos. Já tem algum tempo que RC declarou seu fascínio pela teledramaturgia. Eem entrevistas como a que concedeu à jornalista Glória Maria para seu Roberto Carlos Especial de 2002 e no ano passado, quando, além de utilizar o bordão "catiguria" da personagem Bebel, de Paraíso tropical - novela de Gilberto Braga - convidou Camila Pitanga, atriz que a interpretava, para seu programa de fim de ano.

Recentemente, foi revelado ao público que seus ensaios para o histórico dueto com Caetano Veloso nos shows em homenagem a Tom Jobim apresentados no Rio de Janeiro e em São Paulo (e que, em breve, irá ao ar como especial da TV Globo) eram interrompidos apenas em determinado momento do dia. Quando a novela das 21h da TV Globo começa, Roberto faz como milhões de brasileiros e acompanha a saga das rivais Flora (interpretada por Patrícia Pillar) e Donatela (vivida por Cláudia Raia), em A favorita.

A favorita é a primeira novela das 21h assinada pelo autor João Emanuel Carneiro. Ele veio do cinema (é um dos roteiristas do fantástico Central do Brasil, filme de Walter Salles) para escrever teledramaturgia no horário das 19h. Sua primeira incursão na dramaturgia global foi em Da cor do pecado, trama que agradou tanto o público que, três anos após sua exibição original em 2004, já era reapresentada na faixa vespertina do Vale a pena ver de novo. No ano de 2006 veio sua segunda experiência - Cobras & lagartos - que, além de receber o agrado do público, conseguiu recuperar a audiência da TV Globo no horário das 19h (que tinha despencado em virtude do fracasso de Bang bang, a novela que a antecedeu).

Diante de tantas possibilidades de sucesso, a partir de 2 de junho de 2008, a TV Globo apostou no emergente autor "da faixa das sete" para ter uma trama que ocupasse seu horário das 21h - provavelmente na tentativa de colocar uma nova geração de autores nesta faixa de programação, já que os autores que desfilam tramas das 21h (Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Glória Perez, Gilberto Braga...) não tinham sucessores. E João Emanuel ousou, ao criar uma novela que viveria sob júdice - e, curiosamente, de início se chamaria Juízo final.

A favorita contou a história de Donatela e Flora, que formavam a dupla sertaneja Faísca & Espoleta . A carreira era interrompida quando Flora se casava com Dodi (papel de Murilo Benício), enquanto Donatela tornava-se mulher de Marcelo, filho dos poderosos Gonçalo e Irene Fontini (respectivamente, Mauro Mendonça e Glória Menezes). Entretanto, ambos os casamentos não davam certo. Flora e Dodi se separavam, e ela vivia um caso com o marido de Donatela. Desta relação, nascia Lara (que na fase adulta é vivida por Mariana Ximenes). Já o filho de Donatela e Marcelo, Mateus, era seqüestrado e, até o momento da trama, jamais encontrado.

No ápice da crise entre Flora, Marcelo e Donatela, Marcelo era assassinado. A culpa do crime caía nas costas de Flora, presa em flagrante e condenada a 18 anos de prisão. Enquanto isto, Donatela criava Lara no rancho dos Fontini, como se fosse sua própria filha.

A novela tem início quando Flora sai da prisão, disposta a recuperar o amor da filha e a se vingar de Donatela. Donatela começa a fazer artimanhas para evitar que a ex-presidiária entre em contato com Lara, mas, aos poucos, a outra vai conseguindo a simpatia dos Fontini, em especial através da comoção que passa a Irene. Por mais um acaso da teledramaturgia, as duas se envolvem com o mesmo homem: o jornalista Zé Bob (primeiro protagonista de Carmo Dalla Vechia).

João Emanuel surpreendeu o público em alguns pontos desta sua primeira novela das 21h. A primeira, foi de fazer uma novela com poucos personagens - em média, as novelas têm 50 personagens, enquanto A favorita traz apenas 35. A outra, foi de revelar o grande mistério inicial da novela cerca de dois meses depois do início da trama. No capítulo 56, foi revelado o segredo de quem era a verdadeira assassina de Marcelo Fontini. Flora havia matado o filho de Gonçalo e Irene, e, da boazinha que parecia no início da trama, se revelava uma assassina a sangue frio, que desencadeará várias situações até o fim da novela. Um dado curioso: o personagem Marcelo apareceu somente no capítulo da revelação, e foi vivido pelo ator Flávio Tolezani.

A favorita traz outros personagens muito bem desenhados. O operário Copola (vivido por Tarcísio Meira), que é proprietário de um bar com música e é casado com Iolanda (destaque para Suzana Faini) e pai de três filhas: Catarina, Lorena e Cida (Lília Cabral, Gisele Fróes e Cláudia Ohana). Catarina convive com a violência doméstica do marido Léo (na forte interpretação de Jackson Antunes), que além de bruto é mulherengo. O neto de Copola, Cassiano (vivido por Thiago Rodrigues), se destaca também como cantor sertanejo, além de disputar o amor de Lara com o malandro Halley (papel de Cauã Reymond). Halley é filho de Cilene (papel de Elisângela), ex-manicure que foi testemunha do assassinato de Marcelo e agora agencia garotas de programa - dentre elas, Maria do Céu (interpretada por Deborah Secco), que tenta dar o golpe do baú ao se casar com o homossexual Orlandinho (a cargo de Iran Malfitano).

Ainda no "cenário musical" da novela, há o roqueiro Augusto César (ótima atuação de José Mayer), um ufólogo que crê que a esposa, Rosana (na verdade, Diva, vivida por Giulia Gam) foi abduzida por extraterrestres.

A trama também circula no cenário político. Há o personagem Elias (feito pelo grande ator Leonardo Medeiros), um homem honesto que consegue chegar ao cargo de prefeito da fictícia Triunfo, mesmo com os achaques do deputado Romildo (papel à altura de Milton Gonçalves). Romildo tenta se desvirtuar das acusações feitas pela filha Alicia (papel de Taís Araújo) e, em especial, das feitas pelo jornalista Zé Bob. O deputado tem como carta na manga a menina Camila (papel de estréia de Hanna Domazzi), fruto da relação do jornalista com Rita (vivida por Christine Fernandes), atual namorada de seu filho Didu (papel de estréia de Fabrício Boliveira).

Além destas tramas muito bem amarradas, há outros cenários da novela - a cidade de Triunfo, com personagens como Dedina (papel de Helena Ranaldi) e Stela (vivida por Paula Burlamaqui), a fábrica de Copola (onde trabalha Damião, vivido por Malvino Salvador, e tem o executivo Norton, papel de Alexandre Schumacher), o jornal O paulistano, no qual fica a chefe de redação Tuca (interpretada por Rosi Campos). No jornal também trabalhava a personagem Maíra, grande amiga de Zé Bob. No entanto, sua intérprete, a atriz Juliana Paes, foi escalada para Caminho das índias, novela que sucederá A favorita, e Carneiro teve de matar a personagem.

Em A favorita, quem vem se destacando é o ator Ary Fontoura, como o misterioso Silveirinha. Ex-mordomo e confidente de Donatela, ele se revela um mau caráter e aliado de Flora depois dela sair da prisão e se revelar a serial killer.

Ainda há muitas tramas a serem definidas na novela de João Emanuel Carneiro, e outras ainda devem vir no decorrer dos capítulos. Mas, certamente, pode-se dizer que, mesmo depois do baque das primeiras semanas (nas quais a audiência patinou nos 35 pontos), A favorita sobreviveu e agora segue tendo bons índices de audiência.

E um de seus telespectadores mais assíduos é Roberto Carlos, que, segundo Caetano Veloso declarou numa entrevista ao Fantástico, "sabe tudo de Flora e Donatela". Há um dado curioso em relação a RC e a atual novela das 21h: na trilha da novela há a gravação de uma música que está no repertório de Roberto Carlos. O cantor Zé Renato (também capixaba, e conhecido também por sua carreira com o conjunto Boca Livre) deu sua leitura para uma música de Getúlio Côrtes e Paulo César Barros gravada por RC em 1968. Diretamente do disco O inimitável, a canção retorna 40 anos depois para fazer parte de um produto de teledramaturgia. Ela é tema de Rita, papel de Christine Fernandes, que, além de conviver com a raiva porque Zé Bob não conheceu a própria filha, tem de aturar a mesquinhez da mãe, Dulce (feita por Selma Egrei). Ela se envolve com o ex-alcóolatra Didu, na esperança de que o tempo vá apagar suas amarguras.

Segue a letra! Na foto, o logotipo da novela que é a favorita de Roberto Carlos.

Abraços a todos, Vinícius.

O TEMPO VAI APAGAR - Getúlio Côrtes e Paulo César Barros

Sempre quando eu venho aqui
Só escuto de você
Frases tão vazias
Que pretendem dizer

Que já não preciso mais
Seu carinho procurar
Que não adiantará
Pedir, nem ficar

Se assim for seu desejo
Não vejo motivo pra contestar
Não sofrerei, pois bem sei, isso passa
E o tempo vai apagar

Só, só levo comigo
A certeza que você
Muito mais que eu terá
Que esperar pra esquecer...

domingo, 7 de setembro de 2008

Eduardo Lages, INESQUECÍVEL...



Olá, amigos.

Hoje este blogue orgulhosamente apresenta o mais recente trabalho do nosso maestro EDUARDO LAGES. Este artista que muitos de nós conhecemos primeiro como "o maestro do Roberto Carlos" e que, desde 2005 (com seu disco Emoções), passamos a ver seu trabalho como músico, arranjador e produtor nos trabalhos do disco Cenário (de 2006) e do disco e DVD Com amor (do ano passado).

Ao completar seus 30 anos de parceria com o artista que ele define como "o maior cantor popular do Brasil", Eduardo Lages novamente faz reverência à obra de Roberto Carlos. Uma reverência vinda em 12 faixas, em 12 momentos tão bonitos que ainda neste mês chegarão às prateleiras das boas casas do ramo da boa música.

Além de termos o privilégio de conhecer seu trabalho como músico (e não somente por sua ligação com RC), estes anos mais recentes fizeram com que muitos dos que acompanham sua carreira agora tenhamos o privilégio de estar em contato com ele. De ver, passo a passo, seu disco acontecendo. E acontecendo em meio às turbulências, aos detalhes de uma vida atribulada.

Em meio a apresentações com Roberto Carlos no Brasil e no exterior, do histórico show de RC com Caetano Veloso em homenagem a Tom Jobim, dos arranjos para o mais recente disco do grupo KLB, Eduardo Lages achou um espaço para emitir novos acordes para a música instrumental brasileira. Trazendo novas leituras para sucessos do repertório de Roberto Carlos, sob a ótica de um maestro que recria formas de arranjar as canções que RC fez pra nós. E que, a partir do lançamento de seu disco, serão "as canções que Eduardo Lages trouxe pra nós".

Conforme adiantou em seu blogue, seu disco traz as seguintes faixas:

1)Detalhes
2)Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
3)Vista a roupa, meu bem
4)Por isso corro demais
5)Você em minha vida
6)E por isso estou aqui
7)O calhambeque
8)Eu preciso de você
9)Costumes
10)Perdoa
11)Jovens tardes de domingo
12)Jesus Cristo

Um repertório bem estudado, analisado em parceria com os leitores de seu blogue (inclusive, este modesto fã que vos escreve), que durante meses fizeram sugestões para esta nova viagem em 12 etapas pela safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Num trabalho que, além da habitual minúcia musical de Eduardo Lages, traz uma lista cuidadosamente escolhida, passeando por várias nuances de RC, deste artista do qual há décadas Eduardo Lages é o arauto. Afinal, se Roberto Carlos é o "Rei", o monarca precisa de um arauto para anunciar sua chegada. Bem parecido com o que o maestro faz em suas aberturas instrumentais...

O disco abre com Detalhes, considerada por muitos a mais bela canção de Roberto e Erasmo. Depois, desfilam as várias maquiagens da obra de RC, com o show de suas canções que nunca terminam em nossos aparelhos de som, e que cada artista redescobre e nos faz redescobrir com suas novas leituras.

Ali está a safra da Jovem Guarda, e as saborosas melodias de Por isso corro demais, O calhambeque e E por isso estou aqui (com direito à tardia nostalgia de Jovens tardes de domingo). A homenagem ao "mano" Caetano Veloso (com o qual Eduardo também trabalhou, tanto no dueto de Roberto com ele para o Roberto Carlos Especial de 1992 quanto para o recente tributo a Tom Jobim feito pelos dois), em Debaixo dos caracóis dos seus cabelos. A irreverência de um Roberto da década de 1970, com Vista a roupa, meu bem.

E depois surgem outros achados, momentos tão bonitos que só mesmo quem garimpa a discografia de um artista é capaz de encontrar. Afinal, infelizmente não são todas as canções que são associadas a determinados artistas (algumas são "sacrificadas" no caminho, para que outras recebam a glória do sucesso de público). E, enfim, Eduardo Lages faz justiça a algumas músicas de Roberto - da doçura de Eu preciso de você (encontrada na safra de 1981), passando pela manha após uma discussão amorosa de Perdoa (pérola do disco de 1983) e nas resignações amorosas - mais brandas (como Costumes, de 1979) ou mais atrozes (Você em minha vida, de 1976).

Para não perder o hábito, a reverência a Roberto Carlos termina com Jesus Cristo, esta definitiva mensagem religiosa que transpôs décadas e que agora vem com leitura instrumental. Tanta grandiosidade reunida em um só nome, uma só palavra. Uma só certeza, que o maestro Eduardo Lages vem nos dizer:

"INESQUECÍVEL

... é o jeito de fazer arranjo do maestro Glenn Miller a quem humildemente reverencio na gravação de O CALHAMBEQUE.

... é o ritmo dançante de Ray Conniff e sua orquestra no qual me inspirei ao gravar VISTA A ROUPA, MEU BEM.

... é a minha história nesses ultimos 30 anos E POR ISSO ESTOU AQUI.

... é um momento vivido ao som dessas músicas no coração dos românticos".

Às vésperas de Inesquecível chegar às lojas, Eduardo já disponibilizou em seu blogue um link com trecho de uma das interpretações que virão em seu novo trabalho. Trata-se da terceira faixa de seu disco, uma sátira criada por RC em homenagem aos cantores "da antiga" (Roberto alterou a voz para parecer que ela saía meio distorcida, como se seu som estivesse saindo dos gramofones). Um dado curioso: assim como no disco de Eduardo Lages, esta canção também foi a terceira faixa do LP que Roberto Carlos gravou em 1970 (com uma ressalva: terceira faixa do lado A, pois na época ainda era vinil).

Nos moldes de Ray Conniff, Eduardo Lages coloca um arranjo dançante para esta canção, mais uma pérola achada no repertório de Roberto Carlos. Este blogue parafraseia a letra que segue, para dar um conselho aos que, em breve, ouvirão esta trabalho tão inesquecível quanto o seu título: acreditem nele e em seu amor também, pois certamente vem por aí um novo disco fantástico para escutarmos.

Segue a letra! Na foto, a capa de Inesquecível, apresentando Eduardo Lages com ares de "maestro de baile". A foto é de Markos Fortes.

Abraços a todos, Vinícius.

VISTA A ROUPA, MEU BEM - Roberto e Erasmo

Vista a roupa, meu bem
Vista a roupa, meu bem
Acredite em mim
E no meu amor também

Vista a roupa, meu bem
Vista a roupa, meu bem
Isto está muito bom mas temos que ir embora
Vista a roupa e vem

Vista a roupa, meu bem
Vista a roupa, meu bem
Você não se decide
E isto assim não fica bem

Esta praia está boa
Mas você me magoa
Insistindo em ficar

Vista a roupa, meu bem
Vista a roupa, meu bem
E vamos nos casar

Vamos nos casar...
Vamos nos casar...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Canciones en vivo - YO SOLO QUIERO



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo chega ao seu último post, nesta série que enumerou as 17 canções presentes no mais recente disco lançado por Roberto Carlos (há uma faixa a mais, trazendo um trecho da abertura instrumental). Roberto Carlos en vivo apresentou o primeiro registro fonográfico de um show realizado no exterior - completo graças ao lançamento do DVD com os momentos gravados no show realizado no Opera House, em Miami.

Roberto Carlos encerra seu show com mais uma canção sua vertida para o espanhol que, curiosamente, há um bom tempo não interpreta em suas apresentações aqui no Brasil. Trata-se da primeira faixa do lado B de seu LP de 1974 - e que foi lançada com versão em castelhano em meados de 1975.

Com esta música, RC mostrou aos espectadores presentes na casa norte-americana que o seu desejo de ter "um milhão de amigos" se propagou e ultrapassou a barreira do idioma, para chegar claramente aos ouvidos do público basicamente formado por latinos. E com ela, Roberto encerrou mais um grande momento de palco, no qual apresentara que bem mais forte podia cantar para públicos de todas as nacionalidades.

Um dado curioso: embora ele costume encerrar seus shows com a canção mostrada hoje, o "momento das rosas" reserva outra melodia. Na hora em que as pessoas se aglomeram ansiosas pelas rosas vermelhas e brancas, a banda do maestro Eduardo Lages apresenta o instrumental de Amigo. Um show perfeito para RC, este artista que leva seu canto amigo a todos os cantos do mundo.

Segue a letra! Na foto, a capa do DVD Roberto Carlos en vivo, em breve em todas as lojas do país.

Abraços a todos, Vinícius.

YO SÓLO QUIERO (Eu quero apenas)- Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Yo sólo quiero mirar los campos
Yo sólo quiero cantar mi canto
Pero no quiero cantar solito
Yo quiero un coro de pajaritos

Quiero llevar este canto amigo
A Quien lo pudiera necesitar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar

Yo sólo quiero un viento fuerte
Llevar mi barco con rumbo norte
Y en el trayecto voy a pescar
Para dividir luego al arrivar

Quiero llevar este canto amigo
A quien lo pudiera necesitar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar

Yo quiero creer la paz del futuro
Quiero tener un hogar sin muro
Quiero a mi hijo pisando fuerte
Cantando alto, sonriendo libre

Quiero llevar este canto amigo
A quien lo pudiera necesitar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar

Yo quiero amor siempre en esta vida
Sentir calor de una mano amiga
Quiero a mi hermano sonrisa al viento
Verlo llorar pero de contento

Quiero llevar este canto amigo
A quien lo pudiera necesitar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar

Venga conmigo a ver los campos
Cante conmigo también mi canto
Pero no quiero cantar solito
Yo quiero un coro de pajaritos

Quiero llevar este canto amigo
A quien lo pudiera necesitar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar
Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar

Yo quiero tener un millón de amigos
Y así más fuerte poder cantar...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Canciones en vivo - UN GATO EN LA OSCURIDAD



Olá, amigos.

Em seu penúltimo post, a série Canciones en vivo vai chegando à reta final do show que Roberto Carlos realizou em maio de 2007 na casa de espetáculos Opera House, em Miami. A apresentação de RC nos Estados Unidos se tornou o disco Roberto Carlos en vivo, lançado em julho passado, e que, a partir desta semana, chegará ao mercado brasileiro também no formato de DVD.

A canção de hoje tem um dado curioso. Na lista de músicas interpretadas por RC para o público presente nos dias da gravação, esta música não faz parte do bis. Na ordem presente no disco (que não traz alguns números em português do show original, como Cavalgada e Aquarela do Brasil), ela antecede a canção La distancia, antes mesmo da apresentação dos músicos.

Nada que desmereça a excelente versão ao vivo que Roberto Carlos apresenta exclusivamente para o público latino-americano, nesta canção que fez mais sucesso em castelhano do que em seu idioma original. No Festival de San Remo de 1972, Roberto defendeu a música Un gatto nel blu, de autoria de Toto Savio, e nesta época gravou a música também com letra em espanhol.

Embora ele não tenha conseguido a vitória, o compacto com a canção fez sucesso na Itália e também no Brasil - onde, mais tarde, sairia como uma das faixas da compilação San Remo 68. Mas, em paralelo ao sucesso italiano, veio o êxito da canção vertida pela dupla Buddy & Mary McCluskley no mercado de língua hispânica. E lá fez tanto sucesso que ganhou a mesma importância de El día que me quieras - o da canção que jamais pode ser excluída de seus shows no exterior. E Un gatto nel blu chegou ao mercado latino com dois títulos diferentes - El gato que está triste y azul e o mostrado no título deste post.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em uma apresentação da canção abaixo em uma de suas apresentações na televisão, num número presente no DVD Antologia, somente lançado para o mercado estrangeiro.

Abraços a todos, Vinícius.

UN GATO EN LA OSCURIDAD (Un gatto nel blu) - Toto Savio (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Cuando era un chiquillo, qué alegría
Jugando a la guerra noche y día
Saltando una verja, verte a ti
Y así en tus ojos algo nuevo descubrir

Las rosas decían que eras mía
Y un gato me hacía conpañía
Desde que me dejaste yo no sé
Porqué la ventana es más grande sin tu amor

El gato que está en nuestro cielo
No va a volver a casa si no estás
No sabes mi amor que noche bella
Presiento que tú estás en esa estrella

El gato que está triste y azul
Nunca se olvida que fuiste mía
Mas sé que sabrá de mi sufrir
Porque en mis ojos una lágrima hay

Querida, querida vida mía
Reflejo de luna que reía
Si amar es errado, culpa mía
Te amé en el fondo que es la vida no lo sé

El gato que está en nuestro cielo
No va a volver a casa si no estás
No sabes mi amor que noche bella
Presiento que tú estás en esa estrella

El gato que está triste y azul
Nunca se olvida que fuiste mía
Mas siempre serás en mi mirar
Lágrima clara de primavera
El gato que está en la oscuridad
Sabe que en mi alma
Una lágrima hay

La, la, la, la, la...
La, la, la, la...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Canciones en vivo - AMADA AMANTE



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo chega ao seu antepenúltimo post, na enumeração das canções presentes no mais recente disco lançado por Roberto Carlos. Em julho passado, o disco Roberto Carlos en vivo chegou às lojas, trazendo um registro fonográfico de show feito por RC no Opera House, em Miami, no mês de maio de 2007.

De acordo com a página eletrônica oficial de Roberto Carlos, a partir de amanhã as lojas apresentarão uma extensão deste primeiro trabalho gravado ao vivo no exterior. Está previsto para 2 de setembro o lançamento no Brasil do DVD Roberto Carlos en vivo - ele chegou anteriormente no mercado latino, no dia 19 de agosto deste ano.

Bom, como foi antecipado no post anterior, este trabalho mostra uma peculiaridade dos shows que Roberto Carlos apresenta fora do país. No exterior, ele apresenta um "bis" ao público, dando um sabor a mais para os espectadores de lá. Geralmente, ao final da canção que teoricamente seria a última do show, a orquestra começa a tocar o instrumental de Amigo. Depois acontecem os primeiros acordes da música que ele irá interpretar, e, sim, ele retorna ao palco.

A canção mostrada no disco Roberto Carlos en vivo é outra música muito bem sucedida em terras latino-americanas. Última faixa do lado B de seu LP de 1971, ela recebeu um arranjo belíssimo feito pelo maestro Eduardo Lages - e que, 10 anos depois de vir em uma das faixas ao vivo do disco de fim de ano de 1998, reaparece num registro ao vivo de Roberto Carlos, agora interpretada em castelhano.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em show na década de 1970. Este show foi realizado em outro palco do exterior - o Madison Square Garden, também nos Estados Unidos.

Abraços a todos, Vinícius.

AMADA AMANTE - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Este amor que tú me has dado
Amor que no esperaba
Es aquel que yo soñé

Va creciendo como el fuego
La verdad es que a tú lado
Es hermoso dar amor

Y es que tú, amada amante
Das la vida en un instante
Sin pedir ningún favor

Este amor siempre sincero
Sin saber lo que es el miedo
No parece ser real

Que me importa haber sufrido
Si ya tengo lo más bello
Y me da felicidad

En un mundo tan ingrato
Sólo tu amada amante
Lo das todo por amor

Amada amante...
Amada amante...
Amada amante...
Amada amante...

Y es que tú, amada amante
Das la vida en un instante
Sin pedir ningún favor

Este amor siempre sincero
Sin saber lo que es el miedo
No parece ser real

Que me importa haber sufrido
Si ya tengo lo más bello
Y me da felicidad

En un mundo tan ingrato
Solo tú, amada amante
Lo das todo por amor

Amada amante
Amada amante...

Amada, amada amante
Amada amante...