domingo, 21 de setembro de 2008

Panoramas ecológicos - 6



Olá, amigos.

Em seu penúltimo post, a série Panoramas ecológicos mostra mais um momento no qual a safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos se abordou questões ecológicas. A canção de hoje dá vez a falar sobre um problema ecológico que permanece dando dor de cabeça para todos os que se preocupam com o meio ambiente.

No ano de 1989, Roberto colocou os olhos de sua música sobre um terreno muito delicado da natureza mundial. A AMAZÔNIA. É assim que é denominada a região que é definida pela bacia hidrográfica do Rio Amazonas (o rio mais volumoso do mundo, que nasce na Cordilheira dos Andes e passa por nove países) e traz grande parte de seu território formado por florestas tropicais.

A floresta amazônica traz sete milhões de quilômetros quadrados numa região que é considerada por especialistas como "o pulmão do mundo". Por ser a maior floresta tropical do mundo, ela traz muita vegetação, e ajuda a melhorar o ar que nós respiramos. Em seu território são 11 ecossistemas, distribuídos em 23 eco-regiões, que abrangem terras dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, além de trechos dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.

Embora seu solo seja pobre, a floresta amazônica vem sendo alvo de muita exploração - e algumas vezes desenfreada. No período colonial, os exploradores voltaram suas atenções para as "drogas do sertão" - cravo, pimenta, canela, castanha, urucum e baunilha. No início do século XX, as atenções foram voltadas para a exploração do látex, por empresas nacionais e multinacionais, em virtude do período definido na história como "o ciclo da borracha" - interrompido depois que a borracha asiática tornou-se mais barata que a da região amazônica.

Em meados do século XX, o governo voltou as atenções pra Amazônia, com uma série de medidas que buscam integrar o território ao comércio mundial, como experiências de agricultura e criação de reservas extrativistas. Desde 1967 funciona a Zona Franca de Manaus, modelo de desenvolvimento para estímulo da industrialização de Manaus (capital do estado do Amazonas). A região se caracteriza por ser uma área de livre comércio, com isenção alfandegária para produtos adquiridos do exterior. Isto contribuiu para a ascensão da área - que tem pólos comerciais, agropecuário e industrial.

Entretanto, a ambição financeira traz malefícios para a Amazônia. Os números de desmatamento são alarmantes: 70% da terra anteriormente coberta por florestas é usada (em especial para a criação de soja), e desde 1970 usam 91% desta área para pastagem. Atualmente, a Amazônia é delimitada por uma área chamada "Amazônia Legal", como foi definida a partir de 1966 pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (o SUDAM), e recebe o apoio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) para que sua região não seja totalmente devastada. Há no lugar unidades de uso sustentável, oito reservas biológicas e dez parques nacionais. Uma forma de amenizar as tolices fatais que o lugar vem recebendo durante todos esses anos.

Em seu Roberto Carlos Especial de 1989, este panorama ecológico foi apresentado logo nos primeiros minutos. Com imagens da floresta amazônica, RC falou sobre a crença num país melhor:

"Daqui de uma dessas artérias desse imenso coração, eu repito meu amor pelo Brasil. Um amor antigo e e apaixonado. Diante do índio, testemunha de tanta devastação, eu aindo grito a minha fé nesse país".

O programa dirigido por Augusto César Vannucci apresentou uma forma simbólica de ver os problemas da natureza, ao colocar lado a lado imagens de bichos que habitam a Amazônia tendo o áudio de canto de passarinhos com retratos do desmatamento que a floresta sofre, deixando a região em silêncio. Era para mostrar ao país uma certeza falada por RC:

"Essa sinfonia orquestrada por Deus é nossa! Quanto mais a natureza é agredida pelo homem, mais ela responde com a paz da beleza".

E em seu LP de 1989, Roberto Carlos cantou a insônia do mundo que estava (e ainda está) perdendo a paz das belezas que a natureza traz na Floresta Amazônica. Um dado curioso: em alguns discos, fitas ou CDs, esta música aparece como segunda faixa do lado A - a canção que abre seu trabalho daquele ano é Tolo. Mas nas prensagens seguintes, a reflexão do panorama ecológico da Amazônia é o primeiro momento de seu disco. Posando com a pena que ganhou de um índio americano, Roberto cantou o alerta para a selva viver.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no registro fotográfico que foi usado na parte interna de seu LP de 1989.

AMAZÔNIA - Roberto e Erasmo

Tanto amor perdido no mundo
Verdadeira selva de enganos
A visão cruel e deserta
De um futuro de poucos anos

Sangue verde derramado
O solo manchado
Feridas na selva
A lei do machado

Avalanches de desatinos
Numa ambição desmedida
Absurdos contra os destinos
De tantas fontes de vida

Quanta falta de juízo
Tolices fatais
Quem desmata, mata
Não sabe o que faz

Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver

Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver

Amazônia, insônia do mundo...
Amazônia, insônia do mundo...

Todos os gigantes tombados
Deram suas folhas ao vento
Folhas são bilhetes deixados
Aos homens do nosso tempo

Quantos anjos queridos
Guerreiros de fato
De morte feridos
Caídos no mato

Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver

Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver

Amazônia, insônia do mundo...
Amazônia, insônia do mundo...

P.S.: esta canção faria parte de um outro trabalho de RC - o disco e o DVD Duetos, numa faixa em que RC dividiu os vocais com a dupla Chitãozinho & Xororó (no Roberto Carlos Especial exibido ao final de 1991).

Um comentário:

Anônimo disse...

Um "grito" de socorro mesmo. Desde 1989. "Folhas são bilhetes deixados, aos homens do nosso tempo"..."Amazônia_Insônia do mundo".
Até quando pediremos socorro?
Beijos,
Leda Martins.