sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 9



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho continua a mostrar momentos nos quais Roberto Carlos dividiu os vocais com outros artistas em estúdio. E hoje é a vez de recordarmos a participação de RC na interpretação de uma canção infantil.

Os meninos Simony, Jairzinho, Toby e Mike formaram A TURMA DO BALÃO MÁGICO, um grupo infantil que se tornou um muito bem sucedido programa de TV exibido em meados da década de 1980 na TV Globo. Na companhia do palhaço Fofão (feito por Orival Pessini, o mesmo ator que faz o personagem Patropi, que teve destaque na Escolinha do Professor Raimundo), eles divertiram várias crianças desta década, e tiveram luxuosas participações em seus discos.

Os cantores Fábio Jr. (em Amigos do peito), Djavan (em Superfantástico) e o amigo Erasmo Carlos (em Barato bom é da barata) foram alguns dos artistas que fizeram parte da trilha desta Turma do Balão Mágico. Na segunda metade da década, o grupo se desfez (provavelmente porque as crianças já não eram mais tão crianças assim). Simony e Jairzinho ainda tentaram fazer uma dupla por alguns anos - com seu maior sucesso, Coração de papelão, sendo apresentado no Roberto Carlos Especial de 1987 - mas logo cada um foi para seu lado. Toby e Mike (este último, filho de Ronald Biggs, o assaltante do trem pagador nos Estados Unidos que se refugiou no Brasil) deixaram de lado a carreira artística.

Simony teve alguns esporádicos sucessos em sua carreira (casos das releituras de Primeiros erros, do Capital Inicial, e de Quando te vi, versão de Beto Guedes para a música Till there was you, de John Lennon e Paul McCartney), e depois teve seu nome envolvido em polêmicas como o casamento com o presidiário Afro-X. Jairzinho se tornou Jair Oliveira, passou a estudar produção musical e segue os passos da carreira artística do pai Jair Rodrigues - recentemente, trabalhou como ator no filme Os desafinados, de Walter Lima Jr.

Roberto Carlos também foi um dos convidados da discografia do Balão Mágico. Em 1984, ele cantou com Simony uma versão brasileira para o tema do filme O meu amigo dragão. Além dele participar do programa de fim de ano da turma, ela participou do especial de RC naquele fim de ano - pegando carona no caminhão que Roberto dirigia e que tinha Erasmo na carona.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Simony no telão. No programa, ele era o "Amigo do peito".

Abraços a todos, Vinícius.

É TÃO LINDO (It's not easy) - Al Kasha eJoel Hirschhorn (versão de Edgard B. Poças)

(SIMONY)

Se tem bigodes de foca
Nariz de tamanduá

(ROBERTO CARLOS)

Parece meio estranho, hein?

(SIMONY)

Também um bico de pato
E um jeitão de sabiá
Mas se é amigo
Não precisa mudar

(ROBERTO)

E é tão lindo
Deixa assim como está

(SIMONY)

E eu adoro, adoro
Difícil é a gente explicar
Que é tão lindo

(ROBERTO)

Se tem bigodes de foca
Nariz de tamanduá

(SIMONY)

E orelhas de camelo, né, tio?

(ROBERTO)

É...
Mas se é amigo de fato
A gente deixa como ele está

(BALÃO MÁGICO)

É tão lindo, não precisa mudar

(ROBERTO)

É tão lindo
É tão bom de se gostar

(SIMONY)

E eu adoro

(ROBERTO)

É claro
Bom mesmo é a gente encontrar
Um bom amigo...

São os sonhos verdadeiros
Quando existe amor
Somos grandes companheiros
Os três mosqueteiros

(SIMONY)

Como eu vi no filme...

(ROBERTO)

É tão lindo, não precisa mudar
É tão lindo, deixa assim como está

(SIMONY)

E eu adoro e agora
Eu quero poder lhe falar

(BALÃO MÁGICO e ROBERTO CARLOS)

Dessa amizade que nasceu...

(SIMONY)

Você e eu...

(BALÃO MÁGICO)

Nós e você...

(ROBERTO)

Vocês e eu...

(BALÃO MÁGICO e ROBERTO CARLOS)

E é tão lindo...

(Diálogo entre SIMONY e RC)

SIMONY: - Tio!

RC: - Hein?

SIMONY: - É legal ter um amigo, né?

RC: - É maravilhoso. Mesmo que ele tenha bigodes de foca e até um nariz de tamanduá.

SIMONY:- E orelhas de camelo tio, lembra?

RC:- Orelhas de camelo?

SIMONY: - É, tio!

RC: - É mesmo, orelhas de camelo! Mas é um amigo, né?

SIMONY: - É...

RC: - Então não se deve mudar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 8



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho mostra, a partir de hoje, participações de Roberto Carlos em discos de outros artistas. O primeiro da lista não poderia ser outro: no LP do amigo de fé, irmão camarada, o nosso amigo ERASMO CARLOS.

Em 1980, Erasmo apresentou à PolyGram (atual Universal) um projeto ousado - fazer um disco só de encontros musicais dele com grandes artistas do cenário musical brasileiro. No repertório, somente canções de sua autoria - quase todas assinadas em parceria com Roberto Carlos - mesclando músicas que ele já havia gravado com outras que tinham feito sucesso na voz de RC.

Erasmo Carlos convida... apresentou memoráveis números, e se tornou um pioneiro LP dedicado só a encontros musicais (anos antes, Nara Leão havia feito o disco Meus amigos são um barato, formado basicamente por duetos - um deles foi com o próprio Erasmo, na canção Meu ego, dele e de Roberto -, mas que trazia algumas faixas nas quais ela cantava sozinha). Os cantores convidados foram os seguintes: Gal Costa (Detalhes), Tim Maia (Além do horizonte), Gilberto Gil (Mané João), Rita Lee (Minha fama de mau), o grupo A Cor do Som (Sou uma criança, não entendo nada), Maria Bethânia (Cavalgada), Caetano Veloso (Quero que vá tudo pro inferno), Jorge Ben (O comilão), Nara Leão (Café da manhã), Wanderléa (Na paz do seu sorriso) e o conjunto As Frenéticas (Se você pensa).

O primeiro da lista de convidados de Erasmo Carlos só poderia ser um: ROBERTO CARLOS. Erasmo reservou para eles uma canção com uma história muito curiosa: a dupla estava fazendo a canção, mas "empacou" justamente no refrão. Roberto então pediu um tempo para tirar um cochilo de 15 minutos. Ao ser despertado, prontamente ele falou: "preciso acabar logo com isso, preciso lembrar que eu existo".

Assim nascia a música que Erasmo gravou em 1970 para seu LP Erasmo Carlos e Os Tremendões e, dez anos depois, os dois cantariam na faixa de abertura de Erasmo Carlos convida.... O encontro seria tão bem sucedido que volta e meia eles interpretam juntos em números do Roberto Carlos Especial - 1984, 1987, 1989, 1997 e 2004 (neste último, a dupla cantou a música na companhia de Wanderléa).

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no especial que a TV Globo fez para Erasmo Carlos - os dois cantaram um clipe da canção abaixo.

Abraços a todos, Vinícius.

SENTADO À BEIRA DO CAMINHO - Roberto e Erasmo

(ROBERTO CARLOS)
Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia de repente você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim

(ERASMO CARLOS)
Meu olhar se perde na poeira desta estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto seu olhar que eu trago na lembrança

(OS DOIS)
Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo ....

(ROBERTO)
Vem a chuva molha o meu rosto e então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança na beira de uma estrada

(ERASMO, com contracanto de ROBERTO))
Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo tudo se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu estou morrendo lentamente

(ROBERTO, com contracanto de ERASMO)
Só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você sentado à beira de um caminho

(OS DOIS)
Lá ra lá ra lá...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 7



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho apresenta mais um momento da discografia de Roberto Carlos no qual ele cantou em parceria com outro artista. Novamente, numa faixa de disco lançada apenas para o exterior, mas em uma situação diferente da mostrada no post passado.

Em seu álbum lançado para o mercado latino em 1991, Roberto decidiu incluir uma canção de Roberto Livi e Alejandro Vezzani intitulada Si piensas... si quieres.... Ao contrário do caso de Amiga (gravada com Maria Bethânia) e de Amigos (gravada com Ana Belén), neste caso a versão em castelhano motivou que houvesse o encontro "brasileiro" com Fafá de Belém para seu LP lançado ao final de 1991 no Brasil.

A escolhida para fazer o dueto com RC em seu álbum hispânico foi a atriz e cantora espanhola ROCIO DÚRCAL. Maria de los Angeles de las Heras Ortíz começou sua carreira muito cedo, e aos 15 anos, com a canção La sombra vendo, se apresentou no programa de TV Primer aplauso. O produtor Luis Sanz entrou em contato com ela e a levou para ter aulas de canto e de dança com grandes profissionais espanhois.

A partir de então, passou a se apresentar com o nome de Rocio Dúrcal e atuou nos filmes Canción de juventud e Rocio de la Mancha. Aos 17 anos, já fazia turnês bem sucedidas no México, na Venezuela, em Porto Rico e nos Estados Unidos. Durante a década de 70, Rocio faria turnês na Europa e na América com o marido, também cantor, Antonio Morales.

Em 1976, a cantora entraria em contato com Juan Gabriel (autor de Se me olvido otra vez, última faixa do disco Canciones que amo, lançado por RC em 1997), que a convenceu a investir no mercado latino. A partir dos anos 80, Rocio Dúrcal passou a ter em seu repertório músicas de compositores de destaque, como Marco Antonio Sollis, Juan Carlos Calderón e Roberto Livi.

E através de Roberto Livi as vozes de Roberto Carlos e Rocio Dúrcal se encontraram. Na língua hispânica, os dois apresentaram uma discussão amorosa com todo o tempero latino.

Segue a letra! Na foto, Rocio e RC em apresentação para a televisão.

Abraços a todos, Vinícius.

SI PIENSAS... SI QUIERES... - Roberto Livi e Alejandro Vezzani

(ROCIO)
Si piensas en volver a mí
Y de nuevo conquistarme
Tendrá que ser como yo quiero
Si no no voy a enamorarme
Que yo he cambiado y tú no sabes
Ya no yo soy la misma de antes

(ROBERTO)
Si quieres que yo vuelva a ti
No me pongas condiciones
Que con el cambio se te olvida
Quien lleva aquí los pantalones
Y por las buenas yo te quiero
Pero a las malas ni a empujones

(ROCIO)
Pero no puedo permitir
Que tu amor me haga sufrir
Que me quieras cuando quieres
Que dividas tu cariño
Con amigos con canciones
Y quien sabes con mujeres

(ROBERTO)
Siempre he sido como soy
Un boemio, un soñador
De la vida enamorado
Y te quiero a mi manera
No me pidas que yo cambie
Si me quieres a tu lado

(ROCIO)
Si tú piensas en volver...

(ROBERTO)
Si tu quieres que yo vuelva...

sábado, 24 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 6



Olá, amigos.

Este e o próximo post dedicados à série Eu só não quero cantar sozinho trarão dois encontros musicais em estúdio presentes na discografia de Roberto Carlos, mas que a princípio não foram lançados em seus LPs brasileiros. Eles chegariam ao Brasil somente com o lançamento da caixa Pra sempre em espanhol - Volume II.

Em 1982, RC dividiu a primeira faixa de seu disco de fim de ano com Maria Bethânia, na canção Amiga. Assim como as outras nove músicas de seu álbum anual, no ano de 1983 esta música de Roberto e Erasmo também recebeu versão em castelhano.

Entretanto, em vez de Bethânia, Roberto deu espaço para uma cantora de destaque em língua hispânica para ser sua "amiga". ANA BELÉN foi a cantora escolhida para o dueto.

Ana Belén é o nome artístico da espanhola Maria del Pilar Cuesta Acosta, uma atriz que, por volta dos 22 anos também passou a se dedicar como cantora - com seu primeiro LP Tierra. Anos mais tarde, se casaria com o cantor Victor Manuel, que escreveu as canções de seu disco Calle del oso. São 25 discos - dentre eles, Ana en Rio, registro de um show feito no Rio de Janeiro no ano de 1982.

Nesta época ela foi escolhida para cantar com Roberto, não só por seu talento, mas provavelmente por RC ter gostado da interpretação dela para a versão castelhana de Lady Laura. Ana ainda tem em sua carreira um encontro com outro grande artista brasileiro: Chico Buarque, com quem interpretou Mar y luna (versão em espanhol para Mar e lua, do próprio Chico).

Atualmente, Ana se destaca também por seus trabalhos como atriz e diretora no teatro, na televisão e no cinema. E partir de meados de 1983, a América Latina conheceria este encontro da cantora Ana Belén com "Don" Roberto Carlos.

Segue a letra! Na foto, o compacto promocional do encontro de Ana e Roberto.

Abraços a todos, Vinícius.

AMIGOS (Amiga) - Roberto e Erasmo (versão de Luiz Gómez Escolar)

(ROBERTO)

Amiga, perdona si hoy me meto en tu vida
Pero te estoy sintiendo tan perdida
Sin recordar que todo terminó
Amiga, bajó el telón que cierra el fin del acto
No aceptas que la historia ha terminado
De todo aquello nada te restó

Y el hombre
Por quien te desesperas y a quien llamas
Aquél que siempre buscas en tu cama
Hace mucho tiempo te olvidó

Olvida, remóntate en tu vida urgentemente
El tiempo pasa y un día de repente
Te ves llorando el tiempo que pasó.

(ANA)

Amigo, yo te agradezco por sufrir conmigo
Intento verme libre y no consigo
Él era tantas cosas para mí

A veces, yo pienso tanto en ello que me olvido
Que cualquier día pierdo los sentidos
Por no aceptar que el sueño terminó

Si acaso mi juventud perdiera en este intento
En aguas de este llanto me perdonas
Si guardo tu consejo sin oir

Amigo él es lo que más quiero y necesito
El aire que me falta y no respiro
Ahogándome en silencio si no está

(ROBERTO)

Amiga, si quieres desahogar cuenta conmigo
Y si quieres llorar lloro contigo
Amigo para todo estoy aquí

(ROBERTO)

Amiga...

(ANA)

Amigo...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 5



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho apresenta o mais recente momento no qual Roberto Carlos dividiu os vocais em seu disco. E desta vez num momento especialíssimo.

Pela primeira vez em toda sua carreira, Roberto divide um disco com outro artista, e traz um repertório completamente dedicado a um só artista. Trata-se de Roberto Carlos e Caetano Veloso - E a música de Tom Jobim, projeto feito em parceria com CAETANO VELOSO especialmente para celebrar os 50 anos do surgimento da Bossa Nova.

O show histórico que eles apresentaram no Rio e em São Paulo tornou-se um disco e um DVD que foram lançados ao final do ano passado, e já foram citados outras vezes aqui neste blogue. Os links estão abaixo:

http://emocoesrc.blogspot.com/2008/12/roberto-e-caetano-em-dvd.html

http://emocoesrc.blogspot.com/2008/12/roberto-carlos-e-caetano-veloso-e-msica.html

http://emocoesrc.blogspot.com/2008/08/uma-bossa-mora.html

http://emocoesrc.blogspot.com/2008/08/roberto-carlos-e-caetano-veloso-rio-22.html

A apresentação teve início e fim com Roberto e Caetano interpretando juntos duas músicas por vez. A parte maior foi dedicada a apresentações "solo" de cada cantor - com cada um cantando seis músicas que tinham em comum a autoria de Tom Jobim (por muitas vezes acompanhado de seus parceiros) - além de ter espaço para Daniel Jobim, neto de Tom, cantando Águas de março, e para a banda que acompanhou Caetano Veloso interpretar Surfboard, sob a regência de Jacques Morelembaum.

Em momentos inspiradíssimos que, felizmente, agora todos podem ter em registros fonográfico e audiovisual, Caetano e Roberto apresentaram inéditas interpretações para a safra de Tom. O baiano apresentou ótimas interpretações para Ela é carioca, O que tinha de ser e Caminho de pedra (esta última, presente somente no DVD). O capixaba trouxe suas leituras para canções como Por causa de você, Corcovado e Samba do avião, além de uma leitura belíssima para Eu sei que vou te amar, na qual declamou também o poema Soneto da fidelidade, de Vinícius de Moraes.

Com um encontro feito para homenagear a universalidade de Tom Jobim e o cinquentenário da Bossa Nova, não poderia ser outra a música a abrir este espetáculo. Aquela que se tornou uma das canções mais executadas em todo o mundo, e deixou aos olhos e aos ouvidos de todos os cantos a beleza da praia e das garotas de Ipanema.

Segue a letra! Na foto, Caetano e Roberto na apresentação em São Paulo.

Abraços a todos, Vinícius.

GAROTA DE IPANEMA - Tom e Vinícius

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Ah, por que estou tão sozinho
Ah, por que tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha

Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor

Por causa do amor...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 4



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho mostra hoje mais um momento em que Roberto Carlos abriu espaço para um encontro musical presente em seu disco anual. Um encontro que esperou bastante tempo para acontecer.

Em seu Roberto Carlos Especial de 2005, RC contou que nos bastidores de seu programa anual de 1991, combinou com dois amigos cantores que eles ainda gravariam juntos e que iria fazer uma música pros três interpretarem. "Aí o tempo foi passando. Eu fazia um pouco da letra aqui, encontrava com Erasmo e a gente escrevia mais alguma coisa. Nisso, deu 14 anos, a música que demorei mais tempo pra fazer! Aí eu liguei pra eles um dia e disse: 'a música tá pronta, vamo gravar'?".

E Roberto Carlos abriu espaço para CHITÃOZINHO & XORORÓ cantarem com ele uma guarânia, presente no disco de 2005 e, mais tarde, faixa bônus de um disco lançado pelos "meninos do Brasil". Que arrastaram uma cadeira pra ter uma prosa com RC.

Segue a letra! Na foto, Chitãozinho & Xororó com Roberto no palco do show do Roberto Carlos Especial daquele ano.

Abraços a todos, Vinícius.

ARRASTA UMA CADEIRA - Roberto e Erasmo

(ROBERTO CARLOS)
Amigo, arrasta uma cadeira
Chega mais pra perto e fale o que quiser
Fale o que tiver vontade
De amor, de saudade, fale de mulher

Na minha vida existe uma
Que é a coisa mais linda que eu já conheci
Não sei se ainda assim tão jovem
Você tem história pra contar pra mim

(XORORÓ)
Aí é que você se engana
Quando a gente ama o coração se aquece
E por amor se faz de tudo
E se faz muito mais quando a mulher merece

(ROBERTO)
Amigo eu penso tanto nela
Mas ela também vive pensando em mim
O sol da minha vida é ela
Eu não pensei que alguém pudesse amar assim

(CHITÃOZINHO & XORORÓ)
Amigo eu também tenho história
Eu tenho alguém que um dia entrou no meu caminho
Suave como a flor do campo
Ela me deu amor, ela me deu carinho

Assim é a mulher que eu amo
Minha doce amada amiga e companheira

(ROBERTO)
Pois cuide dela muito bem
Porque um grande amor é para a vida inteira

(OS TRÊS)
Se a conversa é boa o tempo logo passa
Quando se ama a gente não disfarça
E sempre fala da mulher amada
E a prosa tem mais graça

E nessa conversa vai passando a hora
Se alguém espera a gente não demora
E o coração no peito bate forte
E a gente vai embora

(ROBERTO)
Amigo, arrasta uma cadeira
Chega mais pra perto e fale o que quiser
Fale o que tiver vontade
De amor de saudade, fale de mulher

Eu só falei da minha amada
Que é tudo pra mim que é o sol da minha vida

(CH & X)
E eu falei do meu amor
A flor que faz a minha estrada mais florida

(OS TRÊS)
Amigo a gente não se engana
Quando a gente ama o coração se aquece
E por amor se faz de tudo
E se faz muito mais quando a mulher merece

Se a conversa é boa o tempo logo passa
Quando se ama a gente não disfarça
E sempre fala da mulher amada
E a prosa tem mais graça

E nessa conversa vai passando a hora
Se alguém espera a gente não demora
E o coração no peito bate forte
E a gente vai embora...

P.S.: no ano seguinte a este encontro, Roberto Carlos lançou o disco e o DVD Duetos. Nós não o incluiremos nesta série por se tratar de uma compilação trazendo somente encontros dos especiais dele na TV Globo.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 3



Olá, amigos.

A série Eu só não quero cantar sozinho traz mais um momento no qual Roberto Carlos encontrou outra voz pra dividir uma canção de seu LP. Hoje, é a vez do único encontro musical de sua discografia na década de 1990.

No ano de 1991, RC lançou em seu álbum gravado somente para o mercado latino uma música de Roberto Livi e Alejandro Vezzani intitulada Si piensas... si quieres..., em dueto com uma cantora de destaque na América Latina (falaremos sobre ela em um dos próximos posts). Como no momento Roberto tinha por hábito, além de verter suas canções do português para o castelhano, dar espaço para sua safra latino-americano em seus discos do Brasil, ele decidiu "abrasileirar" este dueto.

FAFÁ DE BELÉM foi chamada para fazer parte de seu LP lançado ao final de 1991, e fazer o lado feminino de um conflito amoroso que foi versionado para o português pelo próprio Roberto Carlos e pelo compositor Carlos Colla. O dueto rendeu um encontro no Roberto Carlos Especial daquele ano, e em 2006 fez parte do disco e do DVD Duetos.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Fafá de Belém no Roberto Carlos Especial de 1991.

Abraços a todos, Vinícius.

SE VOCÊ QUER (Si piensas... Si quieres...) - Roberto Livi e Alejandro Vezzanni (versão de Roberto Carlos e Carlos Colla)

(FAFÁ DE BELÉM)
Se você quer voltar pra mim
Não vai ser como era antes
Tem que ser tudo como eu quero
Senão não vamos ser amantes
Você bem sabe do que eu falo
O que sofri já foi bastante

(ROBERTO CARLOS)
Se você quer voltar pra mim
Condições eu não aceito
Você bem sabe que eu te quero
Mas não me fale desse jeito
Porque por bem você me leva
Mas dessa forma nada feito

(FAFÁ)
Mas eu não posso permitir
Esse amor a me ferir
Que me queiras quando queres
Que dividas teu carinho
Entre amigos e canções
E quem sabe com mulheres

(ROBERTO)
Mas eu sempre fui assim
Um boêmio, um sonhador
Pela vida apaixonado
Ser assim não é defeito
Me assuma desse jeito
Pra que eu fique do seu lado

(FAFÁ)
Se você quiser voltar...

(ROBERTO)
Se você quiser que eu volte...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 2



Olá, amigos.

Em seu segundo post, a série Eu só não quero cantar sozinho traz um dos momentos em que a dupla de mais de 500 músicas e 50 anos de serviços prestados à Música Popular Brasileira se encontrou para conversar musicalmente. E em um dueto um pouco menos conhecido na história da dupla.

Oito anos depois do célebre encontro para cantar Sentado à beira do caminho (na primeira faixa do LP Erasmo Carlos convida...), foi a vez de Roberto ser o anfitrião e chamar ERASMO CARLOS para dividir os vocais em uma das faixas de seu disco. Alguns anos depois, Erasmo diria sobre as duas faixas que eles dividiram: "A gente já gravou duas faixas juntos, uma no meu disco e uma no dele. A gravação dele no meu disco ficou melhor do que a minha no disco dele. Sabe por quê? Porque na minha, como a música era romântica, foi tudo tranquilo. Na dele, eu fiz coisas em Papo de esquina que acabaram sendo cortadas ou que não me deixaram fazer, sabe? Existe uma censura de interpretação. Iria ter muito choque de levada musical".

O dueto mais conhecido deles em registro fonográfico ainda estará em um dos próximos posts desta série. Por enquanto, este blogue deixa vocês com o papo que Roberto e Erasmo tiveram numa esquina qualquer em 1988.

Segue a letra! Na foto, Roberto e Erasmo.

Abraços a todos, Vinícius.

PAPO DE ESQUINA - Roberto e Erasmo

(ROBERTO CARLOS)
Que bom te ver aqui com essa cara de contente
Faz tempo que eu não vejo você

(ERASMO CARLOS)
A mesma impressão eu tenho do amigo
Sorrindo pra tudo que vê


(ROBERTO)
Quem vive sorrindo assim desse jeito
Só pode mesmo ser por amor

(ERASMO)
Vai adivinhar no mato, meu grande barato
Parece que alguém te contou
Num dia de chuva, que coisa mais linda
Ela tava esperando o sinal

(ROBERTO)
Num dia de sol me sorriu tão bonita
E eu puxei um assunto banal

(ERASMO)
Joguei meu casaco pra que ela pisasse
E ela me deu nota dez

(ROBERTO)
A minha estava enxuta de fato
Mas não tão somente nos pés

(OS DOIS)
Toda a razão dessa felicidade
É uma gata chocante que eu conheci na cidade

(ROBERTO)
Na Segunda-feira de short amarelo
Ela tava o que não tá no gibi

(ERASMO)
A minha na terça sobrava no short
Se era amarelo, eu nem vi

(ROBERTO)
Na quarta e na sexta num beijo me disse
Que tava gostando de mim

(ERASMO)
Que coisa engraçada, na quinta e no sábado
Comigo também foi assim
Ela gosta das flores que eu mando
E o cartão que eu escrevo sorri quando lê

(ROBERTO)
A minha usa flor no cabelo
Será que essa flor não é do mesmo buquê?

(ERASMO)
Ela cuida do corpo, ela corre na praia
E ela adora sair pra dançar

(ROBERTO)
Não sei se me explico, mas tudo da minha
O amigo acabou de falar

(OS DOIS)
Toda a razão dessa felicidade
É uma gata chocante que eu conheci na cidade

Conta mais, quero saber
O que você tem pra me dizer
Conta mais o que quiser
Quero saber mais dessa mulher

(ERASMO)
Você não tá achando

(ROBERTO)
Mas é claro que eu estou
São histórias parecidas demais

(ERASMO)
Me diz como ela é será que ela é a mesma

(ROBERTO)
De repente até são duas iguais

(ERASMO)
A minha é a morena que ali já vem chegando
Com outra morena também

(ROBERTO)
Oh, ainda bem!
A outra é a minha
As duas são lindas
Amigo, então tá tudo bem

(OS DOIS)
Que bom que a razão dessa felicidade
São duas morenas que a gente encontrou na cidade
Que bom que a razão dessa felicidade
São duas morenas que a gente encontrou na cidade

Conta mais, quero saber
O que você tem pra me dizer
Conta mais o que quiser
Quero saber mais dessa mulher...

P.S.:

a rádio Excelsior On Line atualmente tem em sua lista um programa dedicado a Roberto Carlos. Outra vez, o Rei... é realizado e apresentado pelo meu amigo Murillo Pompermayer, a voz de dublador de Rio Claro. O link está abaixo, e também nos favoritos do Emoções de Roberto Carlos. Programação altamente recomendável.

http://www.excelsioronline.com.br/on-line.html

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu só não quero cantar sozinho - 1



Olá, amigos.

Hoje este blogue dá início à primeira série do ano de 2009. Neste e nos próximos posts, a série Eu só não quero cantar sozinho recordará os duetos de Roberto Carlos que têm registro fonográfico - em seus discos, nos discos de outros artistas e também em registros especialíssimos da discografia do Brasil e do mundo.

Começamos a série trazendo o primeiro registro de dueto vocal na discografia de Roberto Carlos. Na época o já consagrado cantor que levava aos palcos de todos os lugares as suas emoções, RC teve a generosidade de dividir uma das faixas de seu LP lançado em 1982 com uma grande amiga: MARIA BETHÂNIA.

Além de já ter interpretado algumas canções da safra de Roberto e Erasmo (dentre elas, Jesus Cristo, no show que se tornou o LP Recital na Boite Barroco), Bethânia já havia participado de dois especiais de fim de ano de Roberto. Em 1979, ela interpretou seu então lançamento da época - uma leitura da forte Grito de alerta (de Gonzaguinha) e se tornou uma pioneira, pois foi a primeira cantora com a qual RC dividiu os vocais para cantar uma música que era lançamento de seu LP daquele ano - Desabafo.

No Roberto Carlos Especial de 1981, ela retornaria para ajudar Roberto a homenagear o "poetinha" Vinícius de Moraes (que morreu no final do ano anterior). Os dois tiveram um bate-papo informal sobre Vinícius para, em seguida, ela apresentar sozinha a música Se todos fossem iguais a você. E, para finalizar o bloco que homenageava o poeta, Roberto Carlos, Maria Bethânia e Tom Jobim interpretaram divinamente a canção Eu sei que vou te amar.

O "mano" Caetano Veloso também afirmou no documentário Outros (Doces) Bárbaros que não conhecia ainda o trabalho de RC na Jovem Guarda, somente através da "mana" Bethânia que ele veria a qualidade do "iê-iê-iê" brasileiro. "Quando eu ouvi aquilo tudo eu desbundei", afirmou Caetano. Em 1993, ela ainda reverenciaria as canções de Roberto e Erasmo Carlos, no LP As canções que você fez pra mim.

Por estas e tantas, Roberto escolheu Maria Bethânia para ser o primeiro artista com quem dividiria os vocais numa faixa de seu LP. A primeira faixa do disco de 1982 traz um conselho musical do "amigo" RC para a "amiga" Bethânia. Pessoas ligadas a Roberto Carlos afirmam que esta música foi feita em homenagem à sua secretária, Carminha, que teve seu casamento terminado através de um comunicado por telefone do seu então marido. O encontro musical do LP rendeu um clipe - apresentado no Roberto Carlos Especial daquele ano e presente no DVD Duetos, lançado ao final de 2006.

Segue a letra! Na foto, Bethânia e Roberto em 1982.

Abraços a todos, Vinícius.

AMIGA - Roberto e Erasmo

(ROBERTO CARLOS)
Amiga, perdoa se eu me meto em sua vida
Mas sinto que você vive esquecida
De se lembrar que tudo terminou

Amiga, o pano se fechou no fim do ato
Você não aceitou da vida o fato
Que desse caso nada mais restou

Aquele por quem você se desespera e chama
Por quem você procura em sua cama
Na realidade a muito te esqueceu

Esqueça, refaça a sua vida urgentemente
Que o tempo passa e um dia de repente
A gente chora o tempo que perdeu

(MARIA BETHÂNIA)
Amigo, eu te agradeço por sofrer comigo
Mas tento me livrar e não consigo
De tudo que esse cara foi pra mim

Às vezes, eu penso tanto nele que me esqueço
Que qualquer dia desses enlouqueço
Por insistir num sonho que passou

Se acaso eu jogo a minha juventude à toa
Nas águas desse pranto, me perdoa
E peço o teu conselho sem te ouvir

Mas ele é tudo que mais quero e que preciso
É o ar que eu necessito e não consigo
Me sufocando se ele não está

(ROBERTO)
Amiga, se quer desabafar conte comigo
Mas se você chorar choro contigo
Amigo é pra essas coisas, estou aqui

Amiga...

(BETHÂNIA)
Amigo..

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

TItãs - A vida até parece uma festa



Olá, amigos.

No segundo post do ano de 2009, o Emoções de Roberto Carlos mostra a primeira das muitas boas notícias que vêm por aí no ano em que RC celebra seus 50 anos de carreira. Desta vez, contribuindo para uma homenagem à banda que surgiu na década de 1980 e até hoje faz o público entender que a vida até parece uma festa.

Titãs - A vida até parece uma festa traz o registro cinematográfico da história do grupo formado por Paulo Miklos, Branco Mello, Charles Gavin, Sérgio Britto, Nando Reis, Marcello Frommer e Tony Bellotto. Dirigido pelo "titã" Branco Mello em parceria com Oscar Rodrigues Alves, o filme leva às telas os Titãs contando sua própria história.

A ideia das filmagens veio ainda no início da banda, quando, na época do lançamento do LP Cabeça dinossauro, Branco passou a usar uma câmera para registrar os momentos deles, seja nos bastidores das gravações dos discos, de shows ou de viagens. Aliado à isto, vieram também imagens de programas de televisão nos quais o grupo se apresentou.

Segundo a crítica cinematográfica (que teve acesso ao filme quando ele foi exibido no Festival do Rio, em outubro do ano passado), Titãs - A vida até parece uma festa é bem honesto, por trazer os bons momentos e os maus pelos quais eles passaram (dentre eles, a morte de Marcello Frommer, em decorrência de um atropelamento que sofreu em São Paulo). Além dos atuais "titãs" - Sérgio Britto, Paulo Miklos, Branco Mello, Charles Gavin e Tony Bellotto - os ex-integrantes do grupo (Nando Reis e Arnaldo Antunes) também contam neste documentário algumas histórias que passaram no período que a banda começou a ser um dos expoentes do "BRock 80".

Embora façam sucesso em grupo, apresentando excelentes canções para a safra da Música Popular Brasileira (Sonífera ilha, Marvin, Comida, Televisão, Os cegos do castelo, A melhor banda de todos os tempos da última semana, Epitáfio e tantas outras), os Titãs também se caracterizam por ótimos trabalhos solos de cada "titã". Além de Arnaldo Antunes e Nando Reis, que saíram do grupo para seguirem seus caminhos, há alguns momentos em que eles têm liberdade de fazer seus projetos pessoais.

São os casos de Charles Gavin, que apresenta o interessantíssimo programa O som do vinil, no Canal Brasil (Globosat / NET / Sky), no qual recorda históricos LPs da MPB entrevistando os artistas que os criaram. Paulo Miklos se revelou um grande ator em sua participação no filme O invasor, de Beto Brant, e isto lhe rendeu o papel do bandido Kid Cadillac na irreverente novela Bang bang, exibida no horário das 19h da TV Globo entre outubro de 2005 e abril de 2006. Tony Bellotto deu espaço à sua carreira como escritor, e fez uma trilogia de livros tendo como protagonista o detetive Remo Bellini - Bellini e a esfinge, Bellini e o demônio e Bellini e os espíritos. Bellini e a esfinge rendeu um filme dirigido por Roberto Santucci e lançado em 2001. O detetive, vivido por Fábio Assunção, voltará às telas ainda este ano, com a transposição para o cinema de Bellini e o demônio, com direção de Marcelo Galvão e Theodoro Fontes.

Os Titãs já prestigiaram algumas canções da safra de Roberto e Erasmo Carlos em seu repertório - casos das interpretações de Querem acabar comigo, O portão e da muito bem sucedida leitura de É preciso saber viver. No LP Rei (tributo que artistas de rock do Brasil fizeram para a obra da dupla em 1994), Paulo Miklos fez uma homenagem solo a Roberto e Erasmo, na gravação de Sua estupidez. E Tony Bellotto participou do Acústico MTV que Roberto Carlos lançou em 2001, fazendo uma participação no solo de guitarra em É preciso saber viver.

RC retribuiu as homenagens permitindo que as imagens da participação do Titãs no Roberto Carlos Especial de 1997. Lá, eles cantaram juntos uma música de cada repertório. Primeiro, É preciso saber viver, sucesso de ambas as partes. E, em seguida, Roberto prestigiou uma canção do conjunto que estava em evidência no momento. Para artistas que mostram nos palcos que a vida até parece uma festa, sempre é muito cedo pra dizer adeus.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e os Titãs no Roberto Carlos Especial de 1997.

Abraços a todos, Vinícius

PRA DIZER ADEUS - Tony Bellotto e Nando Reis

Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo

Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá pra imaginar quando

É cedo ou tarde demais
Pra dizer adeus
Pra dizer jamais

Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Porque você não vem prá mim?

Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá prá imaginar quando

É cedo ou tarde demais
Pra dizer adeus
Pra dizer jamais

É cedo ou tarde demais...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Maysa



Olá, amigos.

O blogue Emoções de Roberto Carlos chega a 2009 trazendo sua homenagem a uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira. Neste mês de janeiro, a TV Globo abre espaço em sua programação para a minissérie Maysa - Quando fala o coração, de Manoel Carlos, que reverencia MAYSA. A minissérie tem alguns méritos, como escalar para a personagem-título a desconhecida atriz Larissa Maciel (que vem se destacando não só pelo belo trabalho, mas também por sua semelhança com a cantora) e dar espaço a atores com destaque no teatro, casos de Mateus Solano (que interpreta Ronaldo Bôscoli) e Priscilla Rozembaum (que faz o papel de Ana).

Apesar de sua família ser do Espírito Santo, Maysa Monjardim nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1936 - e quando ela já estava com três anos de idade, os Monjardim mudaram-se para São Paulo. Na capital paulistana, Maysa se casaria com o milionário André Matarazzo, e do casamento deles nasceria seu filho Jayme - décadas mais tarde conhecido como o diretor Jayme Monjardim, responsável pela direção de novelas como Kananga do Japão e Pantanal (ambas na TV Manchete), Terra Nostra, O clone e Esperança (da TV Globo) e as séries Chiquinha Gonzaga, Aquarela do Brasil e A casa das sete mulheres, todas na emissora do Jardim Botânico. Esta minissérie dedicada à sua mãe é o segundo trabalho de Jayme com o autor Manoel Carlos (o primeiro foi a novela Páginas da vida, em 2006).

Mesmo com a oposição da família de seu marido, Maysa seguiria a carreira artística, na qual teve destaque como intérprete e como compositora. São de sua autoria as canções Ouça, Meu mundo caiu e Tarde triste. Esta safra de seu repertório fez com que alguns críticos convencionassem suas canções como "música de fossa" - mostradas em 16 discos, dentre eles a série em quatro volumes de Convite para ouvir Maysa e Barquinho (o título vem da canção de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

Após a separação de seu primeiro marido, sua vida também ficaria marcada por problemas com a bebida e também por alguns casos amorosos - dentre eles, com o jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli, que anos mais tarde faria parte da carreira de Roberto Carlos. Só que esta não seria a única coincidência de sua vida artística com a carreira de RC.

Na biografia Maysa, só numa multidão de amores - lançada por Lira Neto no ano de 2007, quando completava 30 anos de sua morte num acidente de carro na Ponte Rio-Niterói - Roberto é citado algumas vezes. A primeira delas revela um certo desdém de Maysa com relação à obra dele.

Sobre a repercussão da vitória de RC no Festival de San Remo com a interpretação de Canzone per te, a cantora comentou: "Um cantor ganha um festival lá fora, com uma música de um estrangeiro, e é recebido aqui com festas. Ora, eu já divulguei lá fora a música brasileira mais do que qualquer outro por aqui, e isso também ninguém comenta". Ela ia além, qualificando a música de Roberto Carlos como "um subproduto, de quinta categoria, dos Beatles". Curiosamente, dois anos antes Roberto participara de uma homenagem gravada no teatro Record - o programa Maysa par ver e ouvir - cantando Ouça com guitarra em punho, e em 1968, Roberto e Maysa se encontrariam na Itália para, ao lado de Astrud Gilberto, realizarem o programa Tempo di samba.

A biografia de Lira Neto conta uma passagem amorosa que teria acontecido entre os dois. No II Festival da TV Record, ambos defenderam canções apresentadas no segundo dia de eliminatórias do festival - ela, Renascença (de Cláudio Varella e José Pereira) e ele, Flor maior (de Célio Borges Pereira). Nos bastidores, eles teriam combinado um encontro no fim de noite - pois ela era a segunda a cantar e ele seria o último a defender uma canção no Teatro Record. RC, que nunca fez alarde por suas conquistas amorosas, jamais falou sobre o que teria acontecido entre ele e Maysa, enquanto ela não deixou registros daquela noite em seu diário, e preferiu deixar seus amigos mais íntimos convivendo com a dúvida sobre o assunto.

Roberto Carlos também fez parte de um momento histórico que Maysa proporcionou para os shows brasileiros. No ano de 1969, ela retornava aos palcos do Brasil fazendo uma apresentação no Canecão (até então considerada um local popular de espetáculos), e trazendo um show completamente diferente de suas apresentações anteriores. Ao lado da grande orquestra, vinham bailarinos para fazer parte dos números que ela apresentava. Em determinado momento, Maysa ousava se apresentar de minissaia.

Seu repertório trazia também novidades. O espetáculo teve início com um pout-pourri trazendo seus sucessos - Demais, Meu mundo caiu e Preciso aprender a ser só. Também estavam na lista outras músicas que o público já conhecia em sua voz, como Ne me quitte pas e Ouça.

Mas ela trazia no Canecão um espaço para um novo compositor - César Roldão Vieira (que também aparece na carreira de Roberto Carlos, cantor que defendeu a canção América, América de autoria dele), através da música Pra quem não quiser ouvir meu canto. E espaço para suas leituras de Chão de estrelas, uma interpretação fantástica para Light my fire, de Jim Morrison, até encerrar com Se todos fossem iguais a você.

Em meio a este estonteante show - que em 1970 se tornou o LP Canecão apresenta Maysa - houve espaço também para uma música de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Logo em seguida à homenagem a Dolores Duran (com as canções Por causa de você e Dindi), Maysa trouxe ao público sua leitura para uma irreverente canção da dupla lançada por RC em seu LP O inimitável. Ela mostrava que, a partir daquele show, daqui pra frente tudo seria diferente.

Segue a letra! Na foto, a capa original do LP Canecão apresenta Maysa. Em sua reedição em CD, a capa está diferente: as cores estão em rosa e branco, e há um close no rosto de Maysa. O CD faz parte de um projeto intitulado Memória da Música Brasileira, que aconteceu em 1992 - um pouco depois do surgimento do Compact Disc.

Abraços a todos (e que venha um 2009 maravilhoso para nós), Vinícius.

SE VOCÊ PENSA - Roberto e Erasmo

Se você pensar que vai fazer de mim
O que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo
Vai ter que mudar

Daqui pra frente
Tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
Seu orgulho não vale nada, nada

Você tem a vida inteira pra viver
E saber o que é bom e o que é ruim
É melhor pensar depressa e escolher
Antes do fim

Você não sabe
E nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
Bom mesmo é ser feliz e mais nada, nada

Nada, nada...