sábado, 10 de janeiro de 2009

Maysa



Olá, amigos.

O blogue Emoções de Roberto Carlos chega a 2009 trazendo sua homenagem a uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira. Neste mês de janeiro, a TV Globo abre espaço em sua programação para a minissérie Maysa - Quando fala o coração, de Manoel Carlos, que reverencia MAYSA. A minissérie tem alguns méritos, como escalar para a personagem-título a desconhecida atriz Larissa Maciel (que vem se destacando não só pelo belo trabalho, mas também por sua semelhança com a cantora) e dar espaço a atores com destaque no teatro, casos de Mateus Solano (que interpreta Ronaldo Bôscoli) e Priscilla Rozembaum (que faz o papel de Ana).

Apesar de sua família ser do Espírito Santo, Maysa Monjardim nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1936 - e quando ela já estava com três anos de idade, os Monjardim mudaram-se para São Paulo. Na capital paulistana, Maysa se casaria com o milionário André Matarazzo, e do casamento deles nasceria seu filho Jayme - décadas mais tarde conhecido como o diretor Jayme Monjardim, responsável pela direção de novelas como Kananga do Japão e Pantanal (ambas na TV Manchete), Terra Nostra, O clone e Esperança (da TV Globo) e as séries Chiquinha Gonzaga, Aquarela do Brasil e A casa das sete mulheres, todas na emissora do Jardim Botânico. Esta minissérie dedicada à sua mãe é o segundo trabalho de Jayme com o autor Manoel Carlos (o primeiro foi a novela Páginas da vida, em 2006).

Mesmo com a oposição da família de seu marido, Maysa seguiria a carreira artística, na qual teve destaque como intérprete e como compositora. São de sua autoria as canções Ouça, Meu mundo caiu e Tarde triste. Esta safra de seu repertório fez com que alguns críticos convencionassem suas canções como "música de fossa" - mostradas em 16 discos, dentre eles a série em quatro volumes de Convite para ouvir Maysa e Barquinho (o título vem da canção de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

Após a separação de seu primeiro marido, sua vida também ficaria marcada por problemas com a bebida e também por alguns casos amorosos - dentre eles, com o jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli, que anos mais tarde faria parte da carreira de Roberto Carlos. Só que esta não seria a única coincidência de sua vida artística com a carreira de RC.

Na biografia Maysa, só numa multidão de amores - lançada por Lira Neto no ano de 2007, quando completava 30 anos de sua morte num acidente de carro na Ponte Rio-Niterói - Roberto é citado algumas vezes. A primeira delas revela um certo desdém de Maysa com relação à obra dele.

Sobre a repercussão da vitória de RC no Festival de San Remo com a interpretação de Canzone per te, a cantora comentou: "Um cantor ganha um festival lá fora, com uma música de um estrangeiro, e é recebido aqui com festas. Ora, eu já divulguei lá fora a música brasileira mais do que qualquer outro por aqui, e isso também ninguém comenta". Ela ia além, qualificando a música de Roberto Carlos como "um subproduto, de quinta categoria, dos Beatles". Curiosamente, dois anos antes Roberto participara de uma homenagem gravada no teatro Record - o programa Maysa par ver e ouvir - cantando Ouça com guitarra em punho, e em 1968, Roberto e Maysa se encontrariam na Itália para, ao lado de Astrud Gilberto, realizarem o programa Tempo di samba.

A biografia de Lira Neto conta uma passagem amorosa que teria acontecido entre os dois. No II Festival da TV Record, ambos defenderam canções apresentadas no segundo dia de eliminatórias do festival - ela, Renascença (de Cláudio Varella e José Pereira) e ele, Flor maior (de Célio Borges Pereira). Nos bastidores, eles teriam combinado um encontro no fim de noite - pois ela era a segunda a cantar e ele seria o último a defender uma canção no Teatro Record. RC, que nunca fez alarde por suas conquistas amorosas, jamais falou sobre o que teria acontecido entre ele e Maysa, enquanto ela não deixou registros daquela noite em seu diário, e preferiu deixar seus amigos mais íntimos convivendo com a dúvida sobre o assunto.

Roberto Carlos também fez parte de um momento histórico que Maysa proporcionou para os shows brasileiros. No ano de 1969, ela retornava aos palcos do Brasil fazendo uma apresentação no Canecão (até então considerada um local popular de espetáculos), e trazendo um show completamente diferente de suas apresentações anteriores. Ao lado da grande orquestra, vinham bailarinos para fazer parte dos números que ela apresentava. Em determinado momento, Maysa ousava se apresentar de minissaia.

Seu repertório trazia também novidades. O espetáculo teve início com um pout-pourri trazendo seus sucessos - Demais, Meu mundo caiu e Preciso aprender a ser só. Também estavam na lista outras músicas que o público já conhecia em sua voz, como Ne me quitte pas e Ouça.

Mas ela trazia no Canecão um espaço para um novo compositor - César Roldão Vieira (que também aparece na carreira de Roberto Carlos, cantor que defendeu a canção América, América de autoria dele), através da música Pra quem não quiser ouvir meu canto. E espaço para suas leituras de Chão de estrelas, uma interpretação fantástica para Light my fire, de Jim Morrison, até encerrar com Se todos fossem iguais a você.

Em meio a este estonteante show - que em 1970 se tornou o LP Canecão apresenta Maysa - houve espaço também para uma música de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Logo em seguida à homenagem a Dolores Duran (com as canções Por causa de você e Dindi), Maysa trouxe ao público sua leitura para uma irreverente canção da dupla lançada por RC em seu LP O inimitável. Ela mostrava que, a partir daquele show, daqui pra frente tudo seria diferente.

Segue a letra! Na foto, a capa original do LP Canecão apresenta Maysa. Em sua reedição em CD, a capa está diferente: as cores estão em rosa e branco, e há um close no rosto de Maysa. O CD faz parte de um projeto intitulado Memória da Música Brasileira, que aconteceu em 1992 - um pouco depois do surgimento do Compact Disc.

Abraços a todos (e que venha um 2009 maravilhoso para nós), Vinícius.

SE VOCÊ PENSA - Roberto e Erasmo

Se você pensar que vai fazer de mim
O que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo
Vai ter que mudar

Daqui pra frente
Tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
Seu orgulho não vale nada, nada

Você tem a vida inteira pra viver
E saber o que é bom e o que é ruim
É melhor pensar depressa e escolher
Antes do fim

Você não sabe
E nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
Bom mesmo é ser feliz e mais nada, nada

Nada, nada...

5 comentários:

James Lima disse...

Interessante, não sabia que a relação de Maysa com Roberto Carlos tinha tantos ramos. Pensei que tinha sido só o flerte mesmo. Acabei descobrindo fatos que não sabia, parabéns !

O cantorzinho "cópia dos beatles" que ganhou um festival lá fora com música dos outros acabou virando o rei dela também, que se rendeu a ele nessa interpretação de Se vocÊ Pensa (que eu também não sabia da existência), né?

Depois passa lá no blog, padrinho. Ver o visual novo e dizer o que achou, ok?

Um abraço do afilhado
James Lima
www.robertocarlos.vai.la

Anônimo disse...

Uma série magnífica!! Não perco um capítulo.
Beijos,
Leda Martins.

Anônimo disse...

Interessantíssimo!

Também tô assistindo e adorando a minissérie. E não sabia de todos esses fatos que você relacionou, parabéns!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

Anônimo disse...

VINICIUS .....
COMO ASSISTO A MINISERIE " MAYZA" DESCONHECIA TODOS FATOS RELATADOS POR VOCÊ EM SUA POST
E REPITO O MESMO QUE NOSSO GRANDE AMIGO EVERALDO .... PARABENS MESMO !

ABRAÇOS DA LITUANA DE SP CAPITAL A FÃ N 1 DO MAESTRO EDUARDO LAGES

OBS; GOSTO MUITO DO SEU BLOG ...VINICIUS ..... !!!!

Armindo Guimarães disse...

Boa entrada, pá!

Gostei.

Abraços robertocarlisticos