terça-feira, 9 de setembro de 2008

A favorita de Roberto Carlos



Olá, amigos.

Hoje, este blogue dedica espaço a um campeão de audiência também aos olhos de Roberto Carlos. Já tem algum tempo que RC declarou seu fascínio pela teledramaturgia. Eem entrevistas como a que concedeu à jornalista Glória Maria para seu Roberto Carlos Especial de 2002 e no ano passado, quando, além de utilizar o bordão "catiguria" da personagem Bebel, de Paraíso tropical - novela de Gilberto Braga - convidou Camila Pitanga, atriz que a interpretava, para seu programa de fim de ano.

Recentemente, foi revelado ao público que seus ensaios para o histórico dueto com Caetano Veloso nos shows em homenagem a Tom Jobim apresentados no Rio de Janeiro e em São Paulo (e que, em breve, irá ao ar como especial da TV Globo) eram interrompidos apenas em determinado momento do dia. Quando a novela das 21h da TV Globo começa, Roberto faz como milhões de brasileiros e acompanha a saga das rivais Flora (interpretada por Patrícia Pillar) e Donatela (vivida por Cláudia Raia), em A favorita.

A favorita é a primeira novela das 21h assinada pelo autor João Emanuel Carneiro. Ele veio do cinema (é um dos roteiristas do fantástico Central do Brasil, filme de Walter Salles) para escrever teledramaturgia no horário das 19h. Sua primeira incursão na dramaturgia global foi em Da cor do pecado, trama que agradou tanto o público que, três anos após sua exibição original em 2004, já era reapresentada na faixa vespertina do Vale a pena ver de novo. No ano de 2006 veio sua segunda experiência - Cobras & lagartos - que, além de receber o agrado do público, conseguiu recuperar a audiência da TV Globo no horário das 19h (que tinha despencado em virtude do fracasso de Bang bang, a novela que a antecedeu).

Diante de tantas possibilidades de sucesso, a partir de 2 de junho de 2008, a TV Globo apostou no emergente autor "da faixa das sete" para ter uma trama que ocupasse seu horário das 21h - provavelmente na tentativa de colocar uma nova geração de autores nesta faixa de programação, já que os autores que desfilam tramas das 21h (Aguinaldo Silva, Silvio de Abreu, Glória Perez, Gilberto Braga...) não tinham sucessores. E João Emanuel ousou, ao criar uma novela que viveria sob júdice - e, curiosamente, de início se chamaria Juízo final.

A favorita contou a história de Donatela e Flora, que formavam a dupla sertaneja Faísca & Espoleta . A carreira era interrompida quando Flora se casava com Dodi (papel de Murilo Benício), enquanto Donatela tornava-se mulher de Marcelo, filho dos poderosos Gonçalo e Irene Fontini (respectivamente, Mauro Mendonça e Glória Menezes). Entretanto, ambos os casamentos não davam certo. Flora e Dodi se separavam, e ela vivia um caso com o marido de Donatela. Desta relação, nascia Lara (que na fase adulta é vivida por Mariana Ximenes). Já o filho de Donatela e Marcelo, Mateus, era seqüestrado e, até o momento da trama, jamais encontrado.

No ápice da crise entre Flora, Marcelo e Donatela, Marcelo era assassinado. A culpa do crime caía nas costas de Flora, presa em flagrante e condenada a 18 anos de prisão. Enquanto isto, Donatela criava Lara no rancho dos Fontini, como se fosse sua própria filha.

A novela tem início quando Flora sai da prisão, disposta a recuperar o amor da filha e a se vingar de Donatela. Donatela começa a fazer artimanhas para evitar que a ex-presidiária entre em contato com Lara, mas, aos poucos, a outra vai conseguindo a simpatia dos Fontini, em especial através da comoção que passa a Irene. Por mais um acaso da teledramaturgia, as duas se envolvem com o mesmo homem: o jornalista Zé Bob (primeiro protagonista de Carmo Dalla Vechia).

João Emanuel surpreendeu o público em alguns pontos desta sua primeira novela das 21h. A primeira, foi de fazer uma novela com poucos personagens - em média, as novelas têm 50 personagens, enquanto A favorita traz apenas 35. A outra, foi de revelar o grande mistério inicial da novela cerca de dois meses depois do início da trama. No capítulo 56, foi revelado o segredo de quem era a verdadeira assassina de Marcelo Fontini. Flora havia matado o filho de Gonçalo e Irene, e, da boazinha que parecia no início da trama, se revelava uma assassina a sangue frio, que desencadeará várias situações até o fim da novela. Um dado curioso: o personagem Marcelo apareceu somente no capítulo da revelação, e foi vivido pelo ator Flávio Tolezani.

A favorita traz outros personagens muito bem desenhados. O operário Copola (vivido por Tarcísio Meira), que é proprietário de um bar com música e é casado com Iolanda (destaque para Suzana Faini) e pai de três filhas: Catarina, Lorena e Cida (Lília Cabral, Gisele Fróes e Cláudia Ohana). Catarina convive com a violência doméstica do marido Léo (na forte interpretação de Jackson Antunes), que além de bruto é mulherengo. O neto de Copola, Cassiano (vivido por Thiago Rodrigues), se destaca também como cantor sertanejo, além de disputar o amor de Lara com o malandro Halley (papel de Cauã Reymond). Halley é filho de Cilene (papel de Elisângela), ex-manicure que foi testemunha do assassinato de Marcelo e agora agencia garotas de programa - dentre elas, Maria do Céu (interpretada por Deborah Secco), que tenta dar o golpe do baú ao se casar com o homossexual Orlandinho (a cargo de Iran Malfitano).

Ainda no "cenário musical" da novela, há o roqueiro Augusto César (ótima atuação de José Mayer), um ufólogo que crê que a esposa, Rosana (na verdade, Diva, vivida por Giulia Gam) foi abduzida por extraterrestres.

A trama também circula no cenário político. Há o personagem Elias (feito pelo grande ator Leonardo Medeiros), um homem honesto que consegue chegar ao cargo de prefeito da fictícia Triunfo, mesmo com os achaques do deputado Romildo (papel à altura de Milton Gonçalves). Romildo tenta se desvirtuar das acusações feitas pela filha Alicia (papel de Taís Araújo) e, em especial, das feitas pelo jornalista Zé Bob. O deputado tem como carta na manga a menina Camila (papel de estréia de Hanna Domazzi), fruto da relação do jornalista com Rita (vivida por Christine Fernandes), atual namorada de seu filho Didu (papel de estréia de Fabrício Boliveira).

Além destas tramas muito bem amarradas, há outros cenários da novela - a cidade de Triunfo, com personagens como Dedina (papel de Helena Ranaldi) e Stela (vivida por Paula Burlamaqui), a fábrica de Copola (onde trabalha Damião, vivido por Malvino Salvador, e tem o executivo Norton, papel de Alexandre Schumacher), o jornal O paulistano, no qual fica a chefe de redação Tuca (interpretada por Rosi Campos). No jornal também trabalhava a personagem Maíra, grande amiga de Zé Bob. No entanto, sua intérprete, a atriz Juliana Paes, foi escalada para Caminho das índias, novela que sucederá A favorita, e Carneiro teve de matar a personagem.

Em A favorita, quem vem se destacando é o ator Ary Fontoura, como o misterioso Silveirinha. Ex-mordomo e confidente de Donatela, ele se revela um mau caráter e aliado de Flora depois dela sair da prisão e se revelar a serial killer.

Ainda há muitas tramas a serem definidas na novela de João Emanuel Carneiro, e outras ainda devem vir no decorrer dos capítulos. Mas, certamente, pode-se dizer que, mesmo depois do baque das primeiras semanas (nas quais a audiência patinou nos 35 pontos), A favorita sobreviveu e agora segue tendo bons índices de audiência.

E um de seus telespectadores mais assíduos é Roberto Carlos, que, segundo Caetano Veloso declarou numa entrevista ao Fantástico, "sabe tudo de Flora e Donatela". Há um dado curioso em relação a RC e a atual novela das 21h: na trilha da novela há a gravação de uma música que está no repertório de Roberto Carlos. O cantor Zé Renato (também capixaba, e conhecido também por sua carreira com o conjunto Boca Livre) deu sua leitura para uma música de Getúlio Côrtes e Paulo César Barros gravada por RC em 1968. Diretamente do disco O inimitável, a canção retorna 40 anos depois para fazer parte de um produto de teledramaturgia. Ela é tema de Rita, papel de Christine Fernandes, que, além de conviver com a raiva porque Zé Bob não conheceu a própria filha, tem de aturar a mesquinhez da mãe, Dulce (feita por Selma Egrei). Ela se envolve com o ex-alcóolatra Didu, na esperança de que o tempo vá apagar suas amarguras.

Segue a letra! Na foto, o logotipo da novela que é a favorita de Roberto Carlos.

Abraços a todos, Vinícius.

O TEMPO VAI APAGAR - Getúlio Côrtes e Paulo César Barros

Sempre quando eu venho aqui
Só escuto de você
Frases tão vazias
Que pretendem dizer

Que já não preciso mais
Seu carinho procurar
Que não adiantará
Pedir, nem ficar

Se assim for seu desejo
Não vejo motivo pra contestar
Não sofrerei, pois bem sei, isso passa
E o tempo vai apagar

Só, só levo comigo
A certeza que você
Muito mais que eu terá
Que esperar pra esquecer...

Um comentário:

Anônimo disse...

A Favorita e meu Favorito cantor; Roberto Carlos. a canção citada é maravilhosa. Já ouví na novela.
Vamos ver as emoções de A FAVORITA.
Beijos,
Leda Martins.