sábado, 1 de novembro de 2008

Roberto Carlos, intérprete - NEGÓCIO DA CHINA



Olá, amigos.

Este blogue apresenta mais um momento no qual a safra de canções que Roberto Carlos interpretou faz parte da trilha musical de um produto de teledramaturgia da TV Globo. Por uma nova coincidência, músicas gravadas originalmente por RC estão nas três faixas de horário noturno que a emissora dedica à dramaturgia (uma delas já foi mostrada alguns meses atrás - A favorita, novela também acompanhada por RC no horário das 21h).

A novela mostrada hoje na faixa temática Roberto Carlos, intérprete ocupa um horário muito delicado na programação global. O horário das 18h, no qual convencionava-se apresentar tramas destinadas a donas de casa, estava recorrendo às chamadas "novelas de época" (histórias ambientadas no início do século XX ou no fim do século XIX) devido ao sucesso de novelas como O cravo e a rosa e Alma gêmea - curiosamente, ambas assinadas por Walcyr Carrasco.

Entretanto, as tramas de época não vinham mais repetindo os sucessos de tempos anteriores - em novelas como Eterna magia, Desejo proibido e Ciranda de pedra. Alguns analistas de programação atribuíram estes sucessivos fracassos do horário a um erro de visão da emissora - as tramas do início da noite eram precedidas por Malhação, novela infanto-juvenil que está no ar há mais de uma década, e o público que acompanha a novelinha não se interessava pela trama seguinte por terem tramas longe do seu cotidiano, além de, nas palavras de Alcides Nogueira (responsável pela atual adaptação para a TV do livro Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles), "a TV atualmente tem fortes concorrentes como a Internet e o MSN".

A solução da cúpula global foi tomar uma medida drástica. A emissora pegou uma trama prevista para estrear no horário das 19h, na intenção de deixar a "novela das seis" mais contemporânea. E contou com mais um chamariz: a trama é escrita por Miguel Falabella, que, além de um consagrado ator (no ar também atualmente no humorístico Toma lá, dá cá, exibido às terças na programação da TV Globo), foi responsável por duas ótimas experiências de teledramaturgia - Salsa e merengue (no ar entre 1996 e 1997) e A lua me disse (de 2005), ambas em parceria com Maria Carmem Barbosa.

E em 6 de outubro a faixa das 18h chegou ao início de século XXI, com uma trama bem rocambolesca trazendo boas doses de romance aliados à irreverência do texto que consagrou Miguel Falabella primeiro no teatro e depois na televisão. Assim, surgiu aos olhos do público Negócio da China, que tem início em território chinês, quando Liu (vivido por Jiu Huang) consegue realizar um roubo de um bilhão de dólares num cassino.

Ele esconde as informações da conta num pen drive que está escondido em um colar e, por acaso do destino, o dinheiro vai parar no Brasil através da bagagem do português João (papel do português Ricardo Pereira), que vai para o Brasil trabalhar na padaria de seu tio. No avião que sai de Portugal rumo a terras brasileiras, ele conhece Lívia (interpretada por Grazi Massafera), uma mulher batalhadora que retorna ao país depois de fracassar sua vida em Portugal.

No Brasil, Lívia reencontra Heitor (vivido por Fábio Assunção), seu ex-marido e pai de seu filho Théo (o menino Eike Duarte), e tentam recomeçar o relacionamento apesar das discordâncias das sogras controladoras Luli (mãe de Heitor, feita por Eliane Martins) e Aurora (mãe de Lívia, vivida por Yoná Magalhães). Eles vivem no bairro carioca do Parque das Nações (local fictício que remete ao subúrbio do Rio), no qual vivem outras pessoas que serão "afetadas" pela chegada do misterioso dinheiro.

É o caso de Maralanis (papel de Leona Cavalli), dona de uma casa de shows que não sabe cantar, que durante anos esperou o marido Edmar (participação especial de Ney Latorraca), um refém das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas que conseguiu escapar do poder das FARC. O cenário do bar traz no elenco atores que se destacam também como cantores nos musicais apresentados no Rio de Janeiro - Cláudia Netto, Sandro Christopher e Isabela Bicalho, num núcleo que promete ter muita música.

De acordo com Miguel Falabella, outro núcleo que vai dar o que falar é o trio formado por Débora Olivieri, Maria Gladys e Josie Antonello (Aldira, Lucivone e Lausane), definida como "um Sex and the city do subúrbio" nas palavras do autor. Mas Parque das Nações traz outras histórias.

Lá também há a padaria do seu Belarmino (o ator português Joaquim Monchique), pai da jovem Celeste (feita por Juliana Didone), moça que sonha ser top-model. Ela é namorada do jovem Diego (vivido por Thiago Fragoso), praticante de kung-fu e filho de Júlia (papel de Natália do Valle). No dia em que seu pai Ernesto (participação especial de Antônio Fagundes), é revelado a ele um segredo: ele nasceu através de inseminação artificial. A partir daí, Diego decide ir a São Paulo em busca de seu pai verdadeiro - e lá conhece Antonella (a cargo de Fernanda de Freitas), filha de Joelma e Mauro (respectivamente, Vera Zimmermann e Oscar Magrini). Por um acaso da teledramaturgia, Mauro mantém uma relação extraconjugal com Denise (papel de Luciana Braga), tia de Diego.

Aos poucos, Diego vai chegando perto da revelação de quem é seu pai biológico - o empresário Adriano Fontanera (papel de Herson Capri), filho do doutor Evandro Fontanera (personagem feito por Francisco Cuoco). Entretanto, algumas pessoas tendem a evitar a descoberta, como Mauro e Joelma, que querem que a filha Antonella continue herdeira da fortuna dos Fontanera, e a perua Abigail (vivida por Xuxa Lopes), que quer a qualquer custo reatar seu casamento com Adriano.

E é na trama de Adriano que a participação do intérprete Roberto Carlos aparece na novela Negócio da China. O empresário solitário que aos poucos começa a intuir que tem um filho (gerado por inseminação artificial, pois ele doou sêmen quando recebeu trote na faculdade) tem como tema uma belíssima canção de Sílvio César gravada por RC para seu LP de 1973. Agora na voz de Tony Platão, a música que teve destaque na voz de Roberto recebe nova leitura para contar a história do moço velho Adriano, que está prestes a deixar de lado a frustração que carrega por nunca ter conseguido um filho.

Segue a letra! Na foto, o logotipo de Negócio da China.

Abraços a todos, Vinícius.

O MOÇO VELHO - Sílvio César

Eu sou um livro aberto sem histórias
Um sonho incerto sem memórias
Do meu passado que ficou

Eu sou um porto amigo sem navios
Um mar, abrigo a muitos rios
Eu sou apenas o que sou

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

Eu sou um moço velho
Que já viveu muito
Que já sofreu tudo
E já morreu cedo

Eu sou um velho, um velho moço
Que não viveu cedo
Que não sofreu muito
Mas não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor
Eu simplesmente sou um homem
Que ainda crê no amor

2 comentários:

James Lima disse...

Rapaz, só um noveleiro como você pra escrever assim sobre novela, viu, bicho ?

kkk

Um abraço, estamos te esperando no RCB !
James Lima

Anônimo disse...

Essa canção de 1973, ano em que o Rei gravou, é belíssima!
Parabéns por suas palavras, Vinícius!
Beijos,
Leda Martins.