sábado, 5 de abril de 2008

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo - 11


Olá, amigos.

A série Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo prossegue pela estrada, e encontra um momento no qual Roberto Carlos seguiu na companhia de um grande herói da estrada. Pela primeira vez no seu repertório, em vez de homenagear ou falar sobre um carro ou uma velocidade, ele cantou sobre uma classe trabalhadora que viaja com a carroceria sobre as costas.

Os CAMINHONEIROS são profissionais que recebem a autorização para conduzir veículos pesados, como lonas, betoneiras e cisternas. Por se tratar de uma profissão que a sociedade não valoriza muito, a canção que abre o lado B do LP lançado no ano de 1984 foi tratada por muitos como uma concessão a um tema "popular", fato que desmereceu a obra de RC diante dos ouvidos sensíveis dos críticos musicais - que atribuíram à mudança de produtor musical (Evandro Ribeiro se afastara depois de 1983 por problemas pessoais, e em seu lugar, Mauro Motta passou a ser produtor de RC - cargo que hoje divide com Guto Graça Mello).

Alheio às oscilações de crítica, o público acabou consagrando esta canção, que no dia de seu lançamento tocou mais de 3 mil vezes nas rádios de todo o Brasil. Algum tempo depois da gravação de Roberto, a canção teve de ser creditada também ao músico John Hartford, pois foram achadas semelhanças na melodia de Roberto e Erasmo com a da música Gentle on my mind, que foi gravada por artistas como Frank Sinatra e Glen Campbell.

E a partir do ano de 1984, os caminhoneiros que passam por todo o Brasil tiveram como sintonizar em letra e música um pouco do sentimento que têm ao seguir por estas estradas. E Roberto Carlos pintava no pára-choque a filosofia de sua estrada, através de uma homenagem à classe trabalhadora que mais circula por elas. E depois de andar por lambreta, calhambeque e Cadillac, RC tinha mais um veículo para seguir contando sua trajetória sobre as rodas.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos posando para a contracapa do LP de 1984.

Abraços a todos, Vinícius.

CAMINHONEIRO (Gentle on my mind) - John Hartford (adaptação de Roberto e Erasmo)

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão

Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
Do volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
Como bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração

Quando chove o limpador desliza
Vai e vem no pára-brisa
E bate igual, meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel

É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

O nome dela, o nome dela...
O nome dela, o nome dela...

P.S.: para este que vos escreve, esta música tem um valor extremamente sentimental, pois trata-se da primeira canção interpretada por Roberto Carlos que passa por meus ouvidos. Eu tinha um ano e meio quando vi RC na boléia de seu Roberto Carlos Especial de 1984, e de lá adentrar na minha vida. É uma emoção muito grande recordar este início de estrada da minha admiração por Roberto Carlos.

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