sábado, 5 de abril de 2008

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo - 8


Olá, amigos.

Com o post de hoje, a série Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo chega à última parada pela estrada da década de 1960. Um período da obra de Roberto Carlos que mostrou uma velocidade quentíssima, com o coração em ritmo de aventura.

Mas, no ano de 1969, as coisas mudariam um pouquinho. A brasa da Jovem Guarda e seu espaço no "iê-iê-iê" ficaram em 1968 (ano em que o programa apresentado junto com Erasmo Carlos e Wanderléa teve seu fim definitivo), e as aspirações musicais ficaram ainda maiores.

Ao fim do penúltimo décimo dos anos 60, RC se proclamou O inimitável, mesmo diante de tantas imitações de seus trejeitos jovem-guardistas, e trouxe um LP regado de variações musicais - dos primeiros passos no soul com Se você pensa até a surpreendente introspecção de Madrasta. E a última parte da década reservava o namoro com o ritmo da música black americana - que veio para o português também através da safra de Erasmo Carlos e de Tim Maia.

A voz rascante e a interpretação exasperada (de Nada vai me convencer, assinada por Paulo César Barros, Não vou ficar, de autoria de Tim Maia, e em Sua estupidez, dos dois Carlos) se estendeu à canção com o tema sobre as rodas. E em vez da displicência dos carrões que servem para chamar a atenção e para dar carona aos brotinhos da Jovem Guarda, o carro passou a ter uma outra função.

Sim, de fato, ainda servia como uma forma de mostrar a identidade de quem o pilota. No entanto, o carro agora servia como refúgio. Protegido pela poeira da estrada, o rumo a ser tomado era a busca para esquecer seu mundo e outras coisas que se perderam na distância.

Na segunda faixa do disco de 1969, Roberto revelou o motivo pelo qual preferia as curvas da Estrada de Santos. A perspectiva para os "inesquecíveis anos 70" era de aumentar cada vez mais os números do velocímetro. Mas isso é um assunto para o próximo post.

Segue a letra! Na foto, a contracapa do LP de 1969.

Abraços a todos, Vinícius.

AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS - Roberto e Erasmo

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na Estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu
Não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade
Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho
O tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda, por favor me acuda
Eu vivo muito só

Se acaso numa curva
Eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo, corrijo num segundo
Não posso parar

Eu prefiro as curvas da Estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive e vi pelo espelho
Na distância se perder

Mas se amor que eu perdi
Eu novamente encontrar
As curvas se acabam e na Estrada de Santos
Eu não vou mais passar

Não, não vou mais passar
As curvas se acabam
E na Estrada de Santos
Eu não vou mais passar...

P.S: a canção de hoje já foi mostrada no blogue na série As cidades de Roberto Carlos, quando escrevemos sobre a cidade de Santos. É só olhar nos nossos arquivos

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