sábado, 5 de abril de 2008

A Bossa Nova de Roberto Carlos - 8


Olá, amigos.

Em seu penúltimo post, a série "A Bossa Nova de Roberto Carlos" traz hoje uma gravação simbólica que reúne o acontecimento de um "fenômeno" pelo qual passou tanto a obra de RC quanto o movimento musical que há 50 anos passou a ter destaque na Música Popular Brasileira. Afinal, ambos, com o decorrer de sua estrada, passaram a ter reconhecimento internacional.

A Bossa Nova ganhou dimensões internacionais a ponto de suas canções receberem versões na língua inglesa, e de artistas como Stan Getz e até mesmo Frank Sinatra figuraram como intérpretes de música do gênero. A música interpretada por Sinatra, "Garota de Ipanema" (que, em inglês, se tornou "The girl from Ipanema") é atualmente uma das mais tocadas no mundo.

Já Roberto Carlos investiu em outro idioma - a língua hispânica. Especialmente após a década de 1970, seus discos lançados no final de ano no Brasil eram lançados no início do ano seguinte com as músicas versionadas para o espanhol.

Isto fez com que sua carreira se solidificasse no mercado latino a ponto de, ao final da década de 1980, ele começar a colocar nas faixas de seus discos músicas exclusivas para o exterior - casos de "Adónde andarás, Paloma", "Me has echado al olvido" e "Abre las ventanas a el amor". Algumas destas gravações fizeram parte também dos discos lançados aqui no Brasil, geralmente ocupando a última faixa de cada LP.

A rotina de shows e de discos para o mercado latino renderam algumas "marcas" a RC. No ano de 1982, Roberto recebeu o prêmio Globo de Cristal, oferecido pela gravadora CBS (atual Sony & BMG) aos artistas que ultrapassam os 5 milhões de discos vendidos fora de seu país de origem.

Mas o mais importante de todos, certamente, foi o Grammy de Melhor Cantor Latino-Americano, no ano de 1988, por conta do álbum "Volver" (que, além da música de Carlos Gardel e Alfredo Lepera, que dá nome ao disco, trouxe algumas versões em espanhol de músicas lançadas no LP de 1987). Sua rotina internacional de gravações de discos durou até 1993 - e rendeu o grande sucesso de "Mujer pequeña" (versão latina para a salsa "Mulher pequena", lançada para o Brasil no LP de 1992).

Após quatro anos sem se dedicar a lançamentos para os súditos que vivem na América Latina, RC fez um disco lindo intitulado "Canciones que amo", trazendo suas leituras para belas canções no idioma hispânico. Mas, dentre seu repertório na língua espanhola, Roberto cedeu espaço à homenagem a dois artistas internacionais.

O maestro Antônio Carlos Jobim e o poetinha Vinícius de Moraes foram reverenciados em sua universalidade quando Roberto Carlos, em seu disco de 1997, dedicou uma das faixas a cantar uma versão em castelhano de uma das canções da dupla. Num trio fantástico da Música Popular Brasileira, aparece nos créditos, ao lado de Tom e Vinícius, o nome de Roberto Carlos, que é responsável pela letra em espanhol. A canção de hoje faz parte do show que Roberto realizou em maio do ano passado na cidade de Miami (nos Estados Unidos), e certamente fará parte do disco e do DVD "Roberto Carlos en vivo", previsto para ser lançado em turnê internacional a partir do mês que vem. O mundo passará a conhecer em nova linguagem a insensatez universal que Tom e Vinícius (aliados ao castelhano de RC) fizeram durante a Bossa Nova.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em uma das fotos presentes no livreto do disco "Canciones que amo", lançado também no Brasil ao final de 1997.

Abraços a todos, Vinícius.

INSENSATEZ - Tom Jobim e Vinícius de Moraes (versão de Roberto Carlos)

Ah, que insensatez
Hiciste tú, corazón más sin cuidado
Por un gran dolor, lloro tu amor
Un amor tan delicado

Ah, porque razón
Hacer sufrir quien sólo amor te ha dado
Ah, mi corazón
Sólo hace así quien no sabe ser amado

Va, mi corazón
Dile a tu amor que tu estás arrepentido
Que lo que pasó fue insensatez
Y que ahora has comprendido

Va, mi corazón, y con amor
Sincero y apasionado
Va, pide perdón, pues por amor
Uno siempre es perdonado...

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