sábado, 5 de abril de 2008

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo - 3


Olá, amigos.

Prosseguindo a série "Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo", hoje chegamos ao terceiro post, relembrando os momentos de velocidade na estrada da carreira de Roberto Carlos. E, desta vez, Roberto contou sobre o momento em que dirigiu um carro um tanto quanto... exótico.

Na primeira faixa do lado B de seu LP É proibido fumar, lançado em 1964, um veículo antigo ganharia espaço em meio aos carrões que apareceram e apareceriam no decorrer de seu repertório. Já pelo nome da canção, o "estado" do veículo não era lá muito animador: o termo CALHAMBEQUE, segundo o Dicionário Aurélio, significa "carro velho e imprestável; automóvel antiquado; traste velho".

Nada muito animador aos olhos de um aficionado colecionador de carros como Roberto Carlos. Se não fosse por um detalhe: este automóvel, visto para muitos como insignificante, acabaria em música (e boa música) e traria muitas alegrias para RC.

No Roberto Carlos Especial de 1983, Roberto contou como este carro foi cruzar com seu destino: "Um cara estacionou um calhambeque na minha porta com palavras em português". Ele se referia ao amigo Erasmo Carlos, que fez a versão da música Road Hog, assinada por Gwen e John Loudermilk.

Na ascensão da "festa de arromba" da Jovem Guarda, Calhambeque seria o nome de uma grife com produtos associados à turma capitaneada por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. Além da famosa "Calça Calhambeque", ainda havia chapéus, anéis, blusões, todos temáticos dos participantes do movimento "jovem-guardista".

No ano seguinte ao disco É proibido fumar, esta faixa se tornou o primeiro momento em que uma música sobre velocidade atravessaria a fronteira do mercado latino com RC. Ela faz parte do LP Roberto Carlos canta a la juventud, e, na versão para o castelhano, recebeu o título de Mi cacharrito na versão assinada por J. Quirós.

E pensar que tudo começou porque, através da letra criada por Erasmo Carlos, Roberto Carlos teve de levar seu Cadillac a uma oficina. Mais uma história muito interessante da vida musical de RC.

Segue a letra! Na foto, um desenho do rosto de Roberto Carlos que foi utilizado num compacto lançado na Bolívia.

Abraços a todos, Vinícius.

O CALHAMBEQUE (Road Hog) - Gwen e John Loudermilk (versão de Erasmo Carlos)

Essa é uma das muitas histórias que acontecem comigo
Primeiro foi Susie, quando eu tinha lambreta
Depois comprei um carro, parei na contra-mão
Tudo isso sem contar o tremendo tapa que eu levei
Com a história do Splish splash
Mas esta história também é interessante...

Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia
Pois há muito tempo um conserto ele pedia
E como vou viver sem um carango pra correr
Meu Cadillac, bib, bip
Quero consertar meu Cadillac

Com muita paciência o rapaz me ofereceu
Um carro todo velho que por lá apareceu
Enquanto o Cadillac consertava eu usava
O calhambeque, bib, bip
Quero buzinar o calhambeque

Saí da oficina um pouquinho desolado
Confesso que estava até um pouco envergonhado
Olhando para o lado com a cara de malvado
O calhambeque, bib, bip
Buzinei assim o calhambeque

E logo uma garota fez sinal para eu parar
E no meu calhambeque fez questão de passear
Não sei o que pensei mas eu não acreditei
Que o calhambeque, bib, bip
O broto quis andar no calhambeque

muitos outros brotos que encontrei pelo caminho
Falavam que estouro, que beleza de carrinho
E fui me acostumando e do carango fui gostando
O calhambeque, bib, bip
Quero conservar meu calhambeque

Mas o Cadillac finalmente ficou pronto
Lavado, consertado, bem pintado, um encanto
Mas meu coração na hora exata de trocar
O calhambeque, bib, bip
Meu coração ficou com o calhambeque

Bem, vocês me desculpem, mas agora eu vou me embora
Existem mil garotas querendo passear comigo
Mas é tudo por causa do calhambeque, sabe
Bye...

Bye...
Bye...

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