sábado, 5 de abril de 2008

As cidades de Roberto Carlos - SANTOS


Olá, amigos.

A série As cidades de Roberto Carlos continua no estado de São Paulo, mas em uma cidade que, além de ser considerada a "capital simbólica de São Paulo" todo dia 13 de junho (em um decreto do então governador paulista Cláudio Lembo no ano de 2006, esta transferência da capital por um dia foi instituída como forma de homenagear o patrono da Independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva), é citada em uma música assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Ou melhor, a canção não é feita para a cidade em si, e sim menciona as curvas de sua estrada, da Estrada de SANTOS.

A cidade, que tem em funcionamento o maior porto da América Latina, teve sua fundação no ano de 1543, quando o povoado que antes morava na região chamada Enguaguaçu se transferiu para o local onde hoje é Santos - e em seus primórdios, a vila fundada pelo fidalgo Brás Cubas recebeu o nome de Todos os Santos. A partir da segunda metade do século XVI, Santos passaria por algumas transformações: lá foram criadas a Alfândega e o arsenal de defesa (como forma de proteger seu porto, alvo constante de ataque de piratas), além da chegada de padres jesuítas.

Com a ascensão econômica de São Paulo de Piratinga, a vila santista perdeu sua lucratividade, que só seria recuperada depois do Decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas (a medida tomada por Dom João VI completou 200 anos no último dia 24), que valorizou o setor econômico da vila (Santos só se tornou cidade no ano de 1839). Com a bem sucedida produção cafeeira do Brasil - e mais especificamente do estado de São Paulo - ela passaria a ser não só um centro econômico, mas também conviveria com um crescimento populacional instantâneo, em especial no período após a abolição da escravatura, época em que chegaram imigrantes italianos e japoneses. No entanto, o progresso acarretou no surgimento de doenças, em especial as causadas pelos constantes alagamentos e pela falta de saneamento básico nas ruas próximas ao Porto de Santos (em 1889, a cidade sofreu com uma epidemia de febre amarela, na qual foram contabilizadas 700 mortes). No ano de 1892, o problema seria resolvido, com a fundação do Porto Organizado, pelos empresários Eduardo Guinle e Cândido Gaffrée, e com a resolução da questão do saneamento básico, num plano realizado pelo engenheiro Saturnino de Brito que colocou canais de drenagem em toda a cidade.

Em função de abrigar o maior porto do Brasil, Santos se tornou "área de segurança nacional" após o golpe militar de 1964, e seus habitantes não tiveram mais o direito de eleger prefeito - somente em 1983, período de abertura política, a cidade voltaria a ter voto direto. Atualmente, a cidade se destaca na parte turística, por conta de praias como Pompéia e Boqueirão.

Santos entrou para a obra de Roberto Carlos não por sua presença na cidade, e sim por uma passagem de carro pela Estrada de Santos que acabaria em música. Alguns anos depois de ter lançado a canção, que se tornaria um clássico de seu repertório e receberia uma excelente gravação da cantora Elis Regina, Roberto contou como se inspirou para criar a música assinada com Erasmo:

"Uma noite eu estava descendo a serra de Santos para fazer um show no Guarujá. De repente, uma idéia antiga começou a crescer dentro de mim. Eu sempre imaginava um cara num carro, sozinho, procurando desabafar toda a dor de um amor perdido. É uma história de um rapaz que não tinha mais ninguém e só a velocidade poderia ajudá-lo a encontrar um novo amor. Quando voltei do show, não fui dormir antes de terminar a música".

A "insônia" foi responsável pelos versos que cantaram a história de um andarilho, que através da velocidade, tentava esquecer um amor antigo. Felizmente, a música da segunda faixa do lado B do LP de 1969 nunca mais foi esquecida, e as curvas da Estrada de Santos continuam a ser trafegadas por ouvintes da boa música.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos posando em frente a um de seus carros.

Abraços a todos, Vinícius.

AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS - Roberto e Erasmo

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na Estrada de Santos
E você vai me conhecer

Você vai pensar que eu
Não gosto nem mesmo de mim
E que, na minha idade
Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho
O tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda
Por favor, me acuda, eu vivo muito só

Se acaso numa curva
Eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo, corrijo num segundo
Não posso parar

Eu prefiro as curvas da Estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive e vi pelo espelho
Na distância se perder

Mas se amor que eu perdi
Eu novamente encontrar
As curvas se acabam e na Estrada de Santos
Não vou mais passar

Não, não vou mais passar
As curvas se acabam
E na Estrada de Santos
Eu não vou mais passar...

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