sábado, 19 de abril de 2008

Roberto Carlos 67



Olá, amigos.

Chegou um dos dias mais bonitos do calendário musical brasileiro. Pela 67ª vez, renovamos nossos votos de felicidade, paz, saúde... enfim, de parabéns a ROBERTO CARLOS. O artista que nos ajuda a falar muitas coisas que, em palavras, às vezes não sabemos dizer.

Quando fez um disco com canções da safra de RC (sozinho ou na companhia de Erasmo Carlos), a cantora Nara Leão disse ser fascinada pelos vários "Roberto-Erasmo" que existem. E, de fato, a pluralidade do cancioneiro gravado por Roberto Carlos é das coisas mais fascinantes - em especial por se tratar de um cantor que transpõe para canção toda sua verdade.

A verdade de sua paixão que vai além dos horizontes da velocidade. De calhambeque, Cadillac, caminhão, lambreta, homenageando os velhos caminhoneiros e os taxistas que circulam por nosso cotidiano. Voando pela vida, a 120, a 150, 200km por hora, preferindo curvas das Estradas de Santos mesmo que as constantes paradas na contramão fizessem com que a saída mais cômoda fosse sentar à beira do caminho.

Vieram alguns percalços, o "não" do movimento da Bossa Nova e depois o sinal verde para a brasa se aquecer e tornar as tardes de domingo mais jovens entre as guitarras, os sonhos e as emoções da Jovem Guarda. Viriam os brotos, as paixões declaradas entre o céu e o inferno, tendo a Lua como testemunha e contando com sete cabeludos para topar qualquer parada. Em ritmo de aventura, a máquina quente de RC se apressava para tornar este tempo mais intenso, cantando amores que pareciam singelos, mas um deles se tornaria a grande declaração de amor feita em letra e música.

Mas a Jovem Guarda envelheceu aos olhos e ouvidos da nossa música. Veio a chance de respirar novos ares, e da província de San Remo, Roberto se consagrou inimitável ao trazer para o Brasil um dos maiores troféus da canção mundial. Do exterior também veio a influência do soul, presentes em seus últimos discos da década de 1960 e no início dos anos 70.

E os inesquecíveis anos 70 trouxeram a pérola feita a quatro mãos com Erasmo - Detalhes. Uma música que relatou fielmente o sentimento de despeito ao final de uma relação amorosa. Justo escrita por um artista que se mostraria com o passar das décadas um artista com o amor sempre presente em sua obra - e em todos os sentidos que esta singela palavra com quatro letras consegue trazer.

O amor erótico, sem preconceitos, adentrou na música brasileira. Primeiro, de maneira tímida, apenas como uma proposta, para, em seguida, tecer detalhes de cama e mesa, contando os botões da blusa e desenhando cada parte do corpo em que encontra o amor, o descanso e a paz infinita. Na paz de um sorriso, o sonho realiza de tal forma que tudo pára quando se faz um amor quente de 20 dezembros e 10 fevereiros no mesmo verão.

O amor ao próximo, o louvor às questões religiosas. Versos de quem deseja a paz universal através da guerra de meninos armados apenas de um hino que anuncia que Ele, o Homem, está pra chegar. O destino da fé, nos passos pela montanha, dizendo a Jesus Cristo, o salvador, que está aqui, na certeza de que Ele é a verdade. E Roberto recorreu também a outros detalhes religiosos - Nossa Senhora do Brasil (e em seguida todas as Nossas Senhoras), rezou uma oração em letra e música tendo o terço na mão. Contou passagens bíblicas como o Apocalipse, mostrando um momento contemporâneo de acordes dissonantes da ascensão da violência e do crime para implorar por paz na Terra. Em alto e bom som, RC canta mensagens de paz aos corações. Lamentavelmente, muita gente ainda não o ouviu porque não quis ouvir - estes estão surdos...

As "mensagens" apareceram em outras facetas, como a da igualdade que faz com que todo mundo seja alguém aos olhos de Deus - heróis calados nas mais variadas rotinas. E um destaque especial a mostrar o panorama ecológico, questionando as vantagens do progresso, a insônia causada pelas conseqüência deixadas na Amazônia, o desaparecimento das baleias. E, algumas décadas depois, uma visão menos apaixonada da ecologia, e a reflexão de que os seres humanos não são perfeitos. Ainda...

Roberto de tantos amores e de tantas homenagens a seus familiares, que passaram a fazer parte de nossa família através de suas canções. Quem não sente afeição pela titia Amélia que o ajudou no início do seu trajeto rumo ao sonho de cantor profissional? Quem não quis o colo carinhoso de Lady Laura? E quem não iria querer passar as mãos pelos cabelos brancos do querido, velho e amigo pai? Canções muito peculiares à primeira vista, mas que depois se revelaram homenagens universais a pais, mães, tias e filhos.

Roberto Carlos de amores antigos, atuais, a todas as modas, pois amor é uma coisa que nunca está fora de moda. Amor sem se preocupar com estética, revelando corações existentes atrás de mulheres mais baixas, acima do peso, escondidas atrás de óculos e acima dos 40 anos - todas elas são verdadeiros símbolos sexuais.

E do amor sem limite... Da chegada do grande amor de uma vida para tomar conta de seu coração pra sempre. Todo mundo pode perguntar o por que de só pensar nela, o por que de dedicar seus discos a ela. Podem até enxergar como obsessão. Mas, não, não, não importa o que os outros pensam, afinal, é com ela que veio a grandeza do amor e a certeza de que o amor é mais do que se pensa.

E o Roberto Carlos que um dia desejou ter um milhões de amigos conseguiu milhares deles, que o aplaudem em cada detalhe de sua vida. O primeiro da lista vem de uma amizade que completa 50 anos.

Erasmo Carlos, o irmão camarada com quem dividiu sonhos, desejos e a busca por escrever em suas letras e músicas sempre exatamente aquilo que buscava transmitir. "O meu amigo Erasmo Carlos" e parceiro de obras primorosas que enfeitam ainda mais a safra que chamamos de Música Popular Brasileira.

Roberto, este que vos escreve já lhe falou de tudo. Mas tudo o que foi escrito nestas muitas homenagens prestadas em fotologs, blogues, ainda é pouco diante da gratidão que sinto por sua música fazer parte da minha vida. Que neste e nos próximos anos venha ainda muita história para contar desse mundo tão próximo do nosso dia-a-dia. E que o palco ainda traga estas emoções todas e tão bonitas, vividas, reais, e que você as receba sempre com o coração aberto.

E sempre na certeza de que, se choramos ou se sorrimos com suas canções, o importante são sempre as emoções que vivemos na sua companhia. Como já disse uma música sua lançada no LP que chegou às lojas em 1981.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na foto usada para a contracapa do disco e do DVD Duetos, que reúne os encontros musicais de seus especiais na TV Globo - momentos tão bonitos apresentados por ele para nós.

Abraços a todos, Vinícius.

EMOÇÕES - Roberto e Erasmo

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo

São tantas já vividas
São momentos que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que contei aqui

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei, já sofri
Mas não deixo de amar

Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções
Eu vivi

São tantas já vividas
São momentos que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que contei aqui

Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo

Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais

Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi
Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi...

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu Amigo Vinicius Faustini,

mestre da pena, da caneta e das teclas. Parabéns pelo texto, e mesmo atrasadíssimo, meu mais caloroso aplauso por esse blogue fantástico.

Um Grande Abraço,

Fabiano Cavalcante
www.aplauso.zip.net

Anônimo disse...

Linda homenagem, Vina, você mandou ver! Parabéns a nosso rei e a todos nós por termos um astro desse na música brasileira e em nossa vida!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

Anônimo disse...

Oi Vinícius!
Parabéns por suas lindas palavras! Que venham mais 67 anos!!!
Um forte abraço!
Leda Martins.

James Lima disse...

Bicho, to morrendo de vergonha.
Mais uma vez tu me humilhou. Eu não me preparei pra matéria de aniversário.

Dá uma olhada lá.

Ah, o outro endereço vai ficar parado como o seu está hoje.

Abraços