sábado, 5 de abril de 2008

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo - 6


Olá, amigos.

A série Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo, que relata em letra e música os momentos motorizados do repertório de Roberto Carlos, chega ao ano em que ele teve um ritmo diferente e passou por uma estrada diferente.

Já coroado com o título alegórico de "Rei" e se apresentando semanalmente no programa Jovem Guarda, Roberto conquistou novas dimensões à sua obra, que rasgou a tela do cinema brasileiro. No ano de 1967, RC protagonizou seu primeiro filme, intitulado Roberto Carlos em ritmo de aventura.

Com direção de Roberto Farias, o filme traz RC em aventuras musicais diante de um enredo um tanto quanto irreverente para a época. O cantor está gravando um filme, mas é constantemente impedido por bandidos que querem colocar suas músicas em "cérebros eletrônicos" (uma inovação em tempos pré-Internet) - capitenados por Brigite, vivida por Rose Passini.

Para ser o vilão do filme é escalado Pierre, um ator ressentido, pois há 50 filmes faz o papel de bandido, e, em todos, morre no fim - e quer mudar a história matando o "mocinho" Roberto Carlos. Uma homenagem a José Lewgoy, intérprete do personagem, conhecido como o eterno vilão do cinema nacional, responsável pelos papéis de bandidos das chanchadas realizadas pela extinta companhia de cinema Atlântida.

RC ainda convive com as inseguranças do diretor do filme, Roberto (papel a cargo de Reginaldo Faria, irmão do diretor de Roberto Carlos em ritmo de aventura), que perde o roteiro e faz mudanças constantes na história. Tudo isso tendo como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro e tendo na trilha muita música interpretada por Roberto Carlos.

Além de sucessos como Quero que vá tudo pro inferno, Negro gato e Namoradinha de um amigo meu (que sublinha uma cena fantástica, na qual um helicóptero adentra o Túnel do Pasmado, no bairro de Botafogo), foram lançadas 12 músicas inéditas gravadas por Roberto Carlos. E este disco trouxe duas músicas que passaram pela velocidade.

A primeira é a que abre o LP (de mesmo nome do filme), que traz um dado curioso. Durante as filmagens, Roberto estava brigado com Erasmo Carlos, e a briga de um ano fez com que boa parte das canções em que ele aparece como compositor (Como é grande o meu amor por você, De que vale tudo isso, Quando e E por isso estou aqui) tenha apenas seu nome nos créditos.

A exceção é a faixa inaugural de Roberto Carlos em ritmo de aventura. Depois de fazer as pazes com Erasmo através da frase "eu já te perdoei", Roberto estava com uma melodia e pediu para que o parceiro fizesse uma letra que sabia que ele "faz em 10 minutos".

Deste reencontro, surgiu uma canção definitiva, que mostrava uma velocidade quentíssima. E Roberto Carlos apressava o ritmo da aventura, sem medo do perigo, e em busca de mais trajetos musicais.

Segue a letra! Na foto, uma caricatura de RC "a caráter" de uma das cenas do Roberto Carlos em ritmo de aventura.

Abraços a todos, Vinícius.

EU SOU TERRÍVEL - Roberto e Erasmo

Eu sou terrível
E é bom parar
De desse jeito
Me provocar

Você não sabe
De onde eu venho
O que eu sou
E o que tenho

Eu sou terrível
Vou lhe dizer
Que ponho mesmo
Pra derreter

Estou com a razão no que digo
Não tenho medo nem do perigo
Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível, e é bom parar
Porque agora vou decolar
Não é preciso nem avião
Eu vôo mesmo aqui do chão

Eu sou terrível
Vou lhe contar
Não vai ser mole
Me acompanhar

Garota que andar do meu lado
Vai ver que eu ando mesmo apressado
Minha caranga é máquina quente
Eu sou terrível, eu sou terrível...

Eu sou terrível, eu sou terrível...

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