sábado, 21 de junho de 2008

Roberto Carlos em cena aberta



Olá, amigos.

Hoje este blogue abre a cortina para apresentar mais um momento em que o repertório de Roberto Carlos está em diálogo com a arte cênica brasileira, em uma nuance que comprova que sua obra vai além dos horizontes do cinema e da televisão. Afinal, RC é um artista que consegue apresentar em letra e música também o sentimento apontado na peça que mostramos hoje: a fragilidade.

Em cartaz no teatro de Arena do Espaço SESC (em Copacabana, no Rio de Janeiro), a peça O que eu gostaria de dizer apresenta um cuidadoso trabalho de grupo reunindo o diretor Marcio Abreu e os atores Luis Melo, Bianca Ramoneda e Marcio Vito, em torno de personagens que falam sobre o desgaste nas relações humanas. Além de textos criados pelos próprios atores (num processo que, segundo o relato deles, durou um mês e meio na pequena cidade de São Luís do Purunã, localizada no estado do Paraná), a peça ainda descobriu trechos do livro O homem ou é tonto ou é mulher, do poeta português Gonçalo Tavares.

No texto transcrito no programa da peça - e falado no palco por Luis Melo, que interpreta um personagem que decide ficar estagnado a uma situação - as palavras de Gonçalo Tavares são as seguintes: "Não há melhor lugar para estar do que estar contente. Só percebi isso tarde demais, apesar de ainda ser muito novo. Um dia, fui para o pólo mais frio por causa do calor, e lá não me senti bem. Num outro dia, fui para o pólo mais quente, por causa do frio, e também lá não me senti bem. Decidi, então, deixar de andar de um lado para outro. É preferível a angústia nos momentos em que estamos parados do que quando viajamos".

A safra de Roberto e Erasmo aparece na ação que envolve os outros dois personagens da peça. Há um casal formado por uma mulher que quer terminar o relacionamento e um homem que deseja manter a vida a dois. Em meio a esta discussão da relação, os dois começam a falar e a cantarolar uma música gravada originalmente por Roberto Carlos para seu LP de 1969.

A inclusão da música condiz com o que é mostrado em cena, e serve para mostrar não só a incompatibilidade do casal, mas também ilustra coisas que gostaríamos de dizer em alguns instantes das nossas relações. E é na estupidez cantada por RC cerca de 40 anos atrás que uma das tramas de O que eu gostaria de dizer se baseia para contar mais uma história vivida no palco da dramaturgia brasileira.

Segue a letra! Na foto, Luis Melo em cena da peça, que virou capa da revista Off, um guia de programação teatral do Rio de Janeiro.

Abraços a todos, Vinícius.

SUA ESTUPIDEZ - Roberto e Erasmo

Meu bem, meu bem
Você tem que acreditar em mim
Ninguém pode destruir assim
Um grande amor

Não dê ouvidos à maldade alheia
E creia
Sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo

Meu bem, meu bem
Use a inteligência uma vez só
Quantos idiotas vivem só
Sem ter amor

E você vai ficar também sozinha
E eu sei porque
Sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo

Quantas vezes eu tentei falar
Que no mundo não há mais lugar
Pra quem toma decisões na vida
Sem pensar

Conte ao menos até três
Se precisar conte outra vez
Mas pense outra vez
Meu bem, meu bem, meu bem, eu te amo

Meu bem, meu bem
Sua incompreensão já é demais
Nunca vi alguém tão incapaz
De compreender

Que o meu amor é bem maior que tudo
Que existe
Mas sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo

Que te amo...
Que eu te amo...

4 comentários:

James Lima disse...

Vinícius,

Você é um cara tão cheio de cultura que nos traz todas as "participações", mesmo que apenas na trilha sonora, do rei no cinema e no teatro.

E essa canção Sua estupidez, fantástica, né?

Parabéns
Um abraço
James Lima
Teresina-PI

Anônimo disse...

Parabéns por sua cultura, Vinícius!
É uma matéria muito interessante!
Beijos!
Leda Martins.

Anônimo disse...

Olá Vinícius,
Como sempre o meu "compadre" e amigo encanta-nos com os seus textos bem interessantes, originais e impecavelmente bem escritos.
Tudo o que a Roberto Carlos diz respeito o amigo Vinícius lá está em cima do acontecimento!...
Obrigada, por toda esta informação que aqui traz e que muito nos ajuda a enriquecer os nossos conhecimentos.
Um grande abraço

Anônimo disse...

muito oportuna esta postagem, valeu.

Fabiano Cavalcante