quinta-feira, 26 de junho de 2008

POST ESPECIAL - Silvinha




Olá, amigos.

Hoje este blogue dedica um post especial a uma cantora que encerrou sua carreira aqui na Terra ontem, aos 56 anos. Na festa de arromba que foi a Jovem Guarda, SILVINHA integrou um estilo bem diferente do "iê-iê-iê" habitual. Enquanto boa parte dos "jovem-guardistas" era influenciado pelo ritmo do conjunto britânico Beatles, ela trazia sua maneira de cantar mais próxima da roqueira Janis Joplin.

Sua estréia em disco ocorreu em 1967, com um compacto que trazia duas músicas assinadas por Carlos Imperial: Vou botar pra quebrar e Feitiço de broto. No mesmo ano, ela participaria do LP do conjunto Peruzzi e sua Banda Jovem, ao lado do artista que mais tarde se tornaria seu marido - Eduardo Araújo.

No ano de 1968, Silvinha lançou seu primeiro LP, onde se destacaram as canções Professor particular (de Paulo Silvino e Carlos Imperial), Banho de sorvete (de Carlos Imperial e Nenéo) e Playboy (versão de Alf Soares para música original de Gene Thomas). No ano seguinte, veio seu segundo disco, Caminho sobre as nuvens, repleto de versões de músicas em italiano e em inglês - casos da canção que dá título ao disco (versão de Hyldon Souza para Cammino sulle nuvole, de Panzeri, Pace e Colomnello) e de Adeus (versão de Fred Jorge para Goodbye, de John Lennon e Paul McCartney).

Após o fim da Jovem Guarda, Silvinha ficou até o ano de 1971 sem lançar um novo disco - suas participações ficavam restritas a compactos (muitas vezes com a participação de Eduardo Araújo). No seu LP daquele ano, além de canções escritas por Eduardo Araújo, há algumas presenças surpreendentes em seu repertório: a dupla Tom e Dito (com a canção Deixa o cinza deste inverno passar) e novas leituras das músicas Paraíba (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e Risque (de Ary Barroso).

Nos anos seguintes, Silvinha continuou lançando gravações em compacto (com direito, inclusive, a dedicar mais uma vez sua voz à safra de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira - na canção Baião). Em 1976, viria o LP Sou filho desse chão, totalmente feito em parceria com o marido, e agora voltados para uma linha mais sertaneja tanto no repertório quanto na interpretação. A parceria amorosa se repetiria em uma parceria artística cinco anos depois, no LP Eduardo & Silvia Araújo, trazendo exclusivamente canções de Eduardo (assinadas geralmente com Lula Martins).

Sua carreira solo se tornaria bissexta nesta época, com participações musicais se restringindo a compactos simples - em 1978, lançando Noites vazias (de Eduardo Araújo) e Mãe Terra (dela com o marido), e em 1983, apresentando uma releitura de Que as crianças cantem livres (escrita por Taiguara) e a gravação de Desejo desejado (de José Maurício Machline e Filó).

Seu último LP data de 1984. Intitulado Grita coração, o disco traz na lista de compositores os nomes de Jane Duboc (na canção Cidade grande, feita em parceria com Luca Salvia), além da releitura de Sal da Terra, de autoria de Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Sua presença nos palcos passou a acontecer de maneira mais espaçada, somente em shows e eventos que recordam a Jovem Guarda - caso da compilação 30 anos de Jovem Guarda, na qual interpretou Banho de lua, sucesso de Celly Campello.

Sua voz passou a gravar jingles publicitários e a fazer como backing vocal em discos de artistas como Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Rick & Renner e Fábio Júnior, além da discografia de Roberto Carlos. No palco, o público só pôde ver suas apresentações em eventos que reuniam integrantes da Jovem Guarda para celebrar o aniversário do movimento - a "data oficial" é 22 de agosto de 1965. Nestes shows, Sylvinha (que nos últimos anos incluiu o Y em seu nome) interpretava duas canções da safra de Roberto Carlos: Splish splash e Custe o que custar.

Roberto Carlos apareceu na discografia de Silvinha alguns anos depois do fim da Jovem Guarda. Na faixa que abre o LP dela de 1971, a dupla manteve o estilo "jovem-guardista" de cantar com irreverência sobre coisas que achavam ultrapassadas. E acharam o tom perfeito na voz rascante da cantora, que mesmo após o movimento, manteve sua voz inspirada no estilo da roqueira Janis Joplin.

Segue a letra! Na foto, o LP no qual Silvinha lançou a canção abaixo.

Abraços a todos, Vinícius.

VOCÊ JÁ MORREU E SE ESQUECEU DE DEITAR - Roberto e Erasmo

Você já morreu, meu amigo
Porém se esqueceu de deitar
Você está parado no tempo e não vê
E não vê o tempo passar

As coisas já mudaram bastante
Ninguém mais esconde a verdade
Não seja covarde e viva a vida
A vida com realidade

Tire o paletó de lamê e a calça Saint-Tropez
Que assim dá na vista
Abandone a carruagem, tire a maquiagem
Põe o carro na pista

Não tente envelhecer sua mente
No corpo ela é imprudente
Um barato não vai fazer mal
Não seja tão convencional

Cuidado, esse calor que mata
Você ainda usa gravata
Você ainda usa galocha
E a sua tradição é de rocha

Tire o paletó de lamê e a calça Saint-Tropez
Que assim dá na vista
Abandone a carruagem, tire a maquiagem
Põe o carro na pista

Você já morreu, meu amigo...
Você já morreu, meu amigo...
Você já morreu, meu amigo...

P.S.: amanhã este blogue retoma a série América, América, em seu terceiro post.

5 comentários:

Anônimo disse...

Marcando presença.

Fabiano Cavalcante

James Lima disse...

Embora o Eduardo Araújo não goste do RC, e eu não simpatize muito com sua pessoa, o carisma, a voz e a simpatia de Sylvinha são coisas que nunca nos fugirão da memória. Agora ela estréia num palco muito mais iluminado.

Que Deus a tenha em um bom lugar e a abençoe.

James Lima
Blog *Roberto Carlos Braga* [LUTO]
www.robertocarlos.vai.la

Anônimo disse...

Vinícius,

Merecida homenagem a Silvinha. Que Deus conforte a família dela e a conceda paz!

Muito legal saber da canção, uma verdadeira filosofia!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

Anônimo disse...

Uma grande perda...Que Deus conforte sua família.
Leda Martins.

Rosangela Amorim disse...

Concordo com o Everaldo! Uma merecida homenagem à Silvinha!
Que ela descanse em Paz lá no céu, pertinho de Deus!
Um abraço!

Rosangela Amorim / BH