quinta-feira, 1 de maio de 2008

As décadas de Roberto Carlos - Anos 2000




Olá, amigos.

Com o post de hoje, este blogue encerra sua série As décadas de Roberto Carlos, que falou sobre cada uma das décadas em que RC teve destaque em letra, música e obra no cenário musical. Hoje, mostramos a atual década que estamos vivendo - os anos 2000, o primeiro decênio do século XXI.

Ao contrário do que muitos especialistas tecnológicos anteviam, o bug do milênio não aconteceu no universo cibernético. As precauções foram tomadas para que não houvesse um "retrocesso" na memória dos computadores - que, em vez de passar de 1999 para 2000, corria o risco de retornar a 1900, causando transtornos em vários setores. Artigo de luxo em seus primeiros anos de existência, o computador hoje é comercializado em preços mais populares. A conexão através da Internet também se popularizou, e hoje a conexão denominada "banda larga" é presente em boa parte do mundo - o que torna instantânea a repercussão de qualquer acontecimento no universo.

Buscando cada vez mais a comunicação através de "um clique", a rede mundial de computadores viu o surgimento de endereços eletrônicos destinados a relacionamentos - o mais popular desta década é o Orkut. Este que vos escreve é um dos que agradece pela criação da Internet, pois, se não fosse por ela, hoje vocês não estariam lendo este texto na tela de computador.

O sistema da Internet proporcionou outros avanços. Pouco tempo depois de substituir os discos de vinil, o Compact Disc (CD) já parece estar com os dias contados, graças ao surgimento das músicas formatadas em MP3 - com a conexão no modo "banda larga", já se pode baixar gravações de discos e até mesmo DVDs (o DVD tornou definitivamente obsoleto o VHS) em poucos minutos, e de graça. Este é o ônus do avanço tecnológico para gravadoras e artistas, que perdem muito dinheiro de direitos autorais, e vêem a venda do mercado fonográfico despencar ano a ano. O reflexo deste panorama pode ser visto, inclusive, nos números de Roberto Carlos - seus lançamentos anuais vendiam cerca de 1,5 milhão de cópias na década de 1980, e seu trabalho de 2005 chegou ao número de 350 mil cópias vendidas (o que é considerado um ótimo índice de vendas no panorama das gravadoras brasileiras).

Definido pela ONU como o Ano Internacional da Paz, o ano de 2000 teve, no mês de dezembro, um fato que comprometeria o ideal de um período pacífico: o eleitorado norte-americano elegeu George W. Bush para o cargo de presidente dos Estados Unidos. Assim como ocorrera com o pai na década anterior, Bush conviveu com atritos militares contra países do Oriente Médio.

O primeiro deles veio em 11 de setembro de 2001. Muçulmanos adestrados pelo afegão Osama bin Laden, líder do Al-Qaeda seqüestraram aviões que atingiram o Pentágono (base militar norte-americana) e as torres gêmeas do World Trade Center (considerado o centro da economia americana). O clima de terrorismo tomou conta da cena deste início de milênio, e Bin Laden se tornou o homem mais procurado do mundo - e o responsável por destruições dignas de efeitos especiais do cinema americano.

Dois anos depois, W. Bush seguiu os passos do pai, e voltou suas atenções contra o Iraque, num ataque repudiado por vários países e que terminou numa vitória inglória: após as mortes de ambos os lados e a humilhação que soldados americanos fizeram prisioneiros do Iraque passar, enfim o ditador Saddam Hussein foi capturado - era o fim de uma ditadura de 34 anos. No ano de 2006, Saddam foi condenado à forca, e as imagens de sua execução vazaram na Internet, num espetáculo lamentável. E as armas de destruição de massa que eram o pretexto para a ocupação dos Estados Unidos no Iraque não foram encontradas.

Os anos 2000 mostraram o fim de outras "eras" na política internacional. Em 2004, morreu o líder árabe Yasser Arafat. E, 49 anos depois de chegar ao poder, o líder Fidel Castro saiu da presidência de Cuba, pelo agravamento de seus problemas de saúde. No entanto, o contexto político da América Latina apresentou dois políticos que se destacam por suas atitudes polêmicas: Evo Moralez, presidente da Bolívia, e Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

O terror não se restringiu à região dos Estados Unidos: em Madrid, no ano de 2004, um atentado assustou os espanhóis, e, na escola primária de Beslan, na Rússia, crianças se tornaram reféns de bandidos em momentos que comoveram o universo. Mas a maior comoção certamente viria no ano de 2005: faleceu o Papa João Paulo II, que durante seu pontificado acenou com a tentativa de uma paz entre os católicos e outras religiões. No mês seguinte, o cardeal Joseph Ratzinger se tornou o Papa Bento XVI - e ficou marcado por declarações infelizes como o veto ao uso de preservativos e o não-reconhecimento aos muçulmanos.

O início de década no Brasil trouxe uma das melhores atitudes que o presidente Fernando Henrique Cardoso tomou em seus oito anos de mandato: condecorar Roberto Carlos com uma medalha de honra ao mérito. Depois de ter em seu segundo mandato convivido com oscilações do dólar e as crises das bolsas norte-americanas, FHC não conseguiu eleger seu candidato - o seu ex-ministro da Saúde, José Serra.

Nas eleições de 2002, o petista Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o aval para sentar na cadeira mais importante do país, em uma vitória vista por muitos como "a primeira alternância de poder depois de 502 anos de Brasil". Realizando projetos como o Fome Zero, Lula foi alvo de muitas críticas até mesmo de antigos aliados, que enxergavam em algumas de suas medidas uma continuidade do que tinha sido realizado na "Era FHC".

Alianças políticas com sinônimos de "coronelismo", casos de José Sarney e Antônio Carlos Magalhães, fizeram com que alguns políticos da área mais radical do Partido dos Trabalhadores rompessem as relações políticas e criassem o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), liderado por Heloísa Helena. O governo Lula teria outro momento de abalo: em 2005, o deputado Roberto Jefferson denunciou a existência do "mensalão" - quantia que alguns deputados receberiam para apoiar a aliança do governo em votações no Congresso. "Cortando na própria carne", o governo assistiu ao afastamento do ministro da Casa Civil, José Dirceu, do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e de outros deputados que faziam parte da base do governo.

Mesmo com outros incidentes políticos, como a Máfia dos Sanguessugas (quadrilha que desviava dinheiro público originalmente liberado para a compra de ambulâncias) e o episódio do homem que trazia dólares em sua cueca, Lula conseguiu se reeleger na corrida eleitoral de 2006, em vitória sobre o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Agora tendo à frente da Casa Civil a ministra Dilma Rousself, a tônica do segundo mandato é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A década ainda não acabou mas já trouxe episódios tristes "herdados" do final do século passado. A violência urbana segue amedrontando a população - as trocas de tiros entre traficantes e policiais que fazem parte do dia-a-dia do Rio de Janeiro e ações da facção PCC aterrorizando os moradores de São Paulo foram alguns dos destaques da mídia, além de constantes rebeliões em presídios de todos os cantos do país. Na saúde, o Brasil convive com a batalha contra o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, que assola a capital fluminense.

Outros episódios violentos chamaram atenção da população. No Rio de Janeiro, o ano 2000 foi marcado pelo seqüestro do ônibus 174, no bairro do Jardim Botânico. Em 2001, o apresentador e dono do SBT Sílvio Santos conviveu com dois dramas em poucos dias: sua filha Patrícia foi alvo de seqüestradores e, dias depois de ela ser libertada, foi a vez dele se tornar refém do bandido.

No ano seguinte, a adolescente Suzanne von Richtofen, ao lado de seu namorado e do irmão dele, matou os pais num crime premeditado em São Paulo. E nos anos de 2007 e 2008, foi a vez de crianças se tornarem símbolos de uma sociedade marcada pela violência e pela mesquinhez: no ano passado, o menino João Hélio ficou preso ao cinto de segurança de seu carro, e bandidos ansiosos pelo roubo arrastaram o menino por metros nas ruas do Rio de Janeiro. E, no mês passado, a menina Isabela Nardoni comoveu o país depois que foi misteriosamente jogada da janela do apartamento em que moravam seu pai, a madrasta e seus irmãos, num crime acontecido em São Paulo e até o momento sem esclarecimentos.

O futebol brasileiro segue com a mesma tendência apontada nos anos 90: os jogadores começam a despontar e logo acertam sua transferência para o exterior - mas, desta vez, além de Itália, França, Inglaterra e Japão, os mercados dos países árabes e do Leste Europeu também são consideradas vitrines para jogadores que querem uma convocação para a Seleção Brasileira. Em 2007, o país assistiria a mais uma consagração de um artilheiro: o atacante Romário chegou ao gol mil de sua carreira, marcado de pênalti na partida em que o time que defendia, o Vasco, derrotou o Sport por 3 a 1, no estádio de São Januário.

Nas duas Copas do Mundo realizadas até agora, a Seleção Brasileira alternou um grande momento com uma desilusão terrível. Em 2002, o time comandado por Luiz Felipe Scolari partiu rumo ao primeiro torneio realizado simultaneamente em dois países (Japão e Coréia) sob fortes críticas - em especial pelo treinador ter preterido o atacante Romário e apostar em Ronaldo, que vinha de constantes contusões. Tendo jogadores como Rivaldo, Denílson, Cafu, Roberto Carlos (sim, homônimo de RC) e Ronaldinho Gaúcho, o Brasil retornou da Ásia com mais um título, após a vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, com dois gols de Ronaldo.

Já em 2006, sob o comando de Carlos Alberto Parreira, a Seleção Brasileira apresentou desde o início um futebol aquém do que a constelação de craques prometia trazer aos olhos do futebol mundial. Aliado a jogadores de destaque no torneio anterior, vinham promessas como Kaká, Adriano e Robinho, e o melhor jogador do mundo, Ronaldinho Gaúcho. Mas, após vitórias inexpressivas na primeira fase e nas oitavas-de-final, o Brasil novamente caiu aos pés da França comandada por Zidane, e voltou da Alemanha depois da derrota por 1 a 0 nas quartas-de-final. A Itália venceria a seleção francesa nos pênaltis e seria campeã.

A televisão brasileira, tão marcada por suas experiências na teledramaturgia, inseriu em seu início de milênio a "novela da vida real". Seguindo formato da televisão holandesa, entrou no ar a partir de 2002 o Big Brother Brasil, atração na qual 12 participantes (mais tarde o número foi elevado para 14) ficam confinados em uma casa durante meses, e vence o que é mais simpático aos olhos do público. Até o atual momento, são oito edições deste reality show - linha de espetáculo muito difundida na TV brasileira.

No mesmo estilo passaram pelo controle remoto outros programas - a Casa dos artistas (SBT), No limite (TV Globo) e O aprendiz (TV Record) são alguns deles. E, depois da tentativa de ressuscitar o Festival da Música Popular Brasileira, a TV Globo importou um formato de reality show com aspirantes a cantores - o Fama, que durou apenas três edições. Aproveitando também um programa estrangeiro, o SBT também investiu em buscar novos talentos para a música, no programa Ídolos (agora, os direitos do programa estão com a TV Record). Em 2003, um ícone da televisão nos deixou: Roberto Marinho, dono das Organizações Globo.

A música mundial trouxe novamente a presença do hip-hop dentre os ritmos favoritos, mas cedeu espaço a um rock considerado mais melódico, feito por bandas como Dragonforce, Edguy e Rhapsody of Fire. Também teve destaque a música feita por artistas que seguem um "jeito de ser" muito peculiar: os EMO - musicalmente, derivado do estilo punk, mas que trazem em suas letras um tom mais emocional, apresentado pelas bandas Simple Plan e Paramore.

A discografia brasileira trouxe alguns seguidores deste estilo de ser, caso das bandas NX Zero e Detonautas. O pop/rock e o samba-reggae prosseguem tendo destaque nas rádios, além da proliferação constante dos funks cariocas - nos estilos musicais citados anteriormente, apareceram em evidência nomes como CPM 22, Jota Quest e MC Leozinho. No samba, ainda se destaca o nome de Zeca Pagodinho, em especial depois que ele se tornou garoto- propaganda da cerveja Brahma, e a entrada de Maria Rita, filha da cantora Elis Regina, na lista de intérpretes da Música Popular Brasileira. Ainda teve espaço para o movimento dos Tribalistas - disco formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

Mas a boa Música Popular Brasileira ainda sobrevive. Maria Bethânia vem apresentando discos fantásticos, com feituras muito bem trabalhadas e resultados fascinantes ao ouvido do grande público. O "mano" Caetano Veloso prossegue, agora aos 60, tentando se renovar em seu jeito tropicalista de ser, e recentemente lançou o álbum experimental . Depois de oito anos sem gravar um disco totalmente seu (neste meio tempo suas participações como cantor ou compositor eram esporádicas, em discos de outros artistas), Chico Buarque voltou a mostrar que é um grande compositor através do belo disco Carioca (que rendeu, em seguida, o disco Carioca ao vivo).

Os anos 2000 trouxeram também vôos solos de artistas ligados musicalmente a Roberto Carlos - naturalmente, isto não significa que ambos deixaram de lado seus trabalhos com RC. Respeitando a impossibilidade de Roberto Carlos colaborar com suas novas músicas, Erasmo Carlos teve a parceria de Marisa Monte e Carlinhos Brown (e o encontro com ela na faixa que fizeram - Mais um na multidão) e assinou canções sozinho para seu disco Pra falar de amor, em 2001 (dentre as faixas, houve espaço também para parceria com seu arranjador, José Lourenço) - na esteira do disco, veio o DVD Erasmo Carlos ao vivo (também em CD), em 2003. Depois, o Tremendão foi mais radical ainda: em 2004, Santa Música, as 12 faixas tiveram no crédito de autoria apenas o nome de Erasmo Carlos. E em 2007 viria mais um inspirado momento musical brasileiro que Erasmo apresentou: Erasmo Carlos convida - Volume II, segunda leva de encontros com artistas de todas as gerações e todos os estilos. Dedicando o disco ao parceiro Roberto, Erasmo dividiu vocais com contemporâneos como Chico Buarque e Milton Nascimento, e artistas de gerações posteriores, casos de Marisa Monte e Adriana Calcanhotto e dos grupos Kid Abelha, Los Hermanos e Skank.

Outro nome muito associado a RC que se destacou em trabalhos solo foi o maestro Eduardo Lages. Desde 2005, Eduardo vem apresentando grandes interpretações como pianista, arranjador e produtor. O primeiro trabalho, Emoções, foi dedicado à obra assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. No ano de 2006, com Cenário, ele abriu espaço para, além de músicas da safra de RC, fazer leituras para canções de Elvis Presley, Beatles, ABBA e Stevie Wonder. No ano passado, Lages gravou seu primeiro DVD (e seu terceiro disco), intitulado Com amor, gravado ao vivo no Teatro Municipal de Niterói e dedicado "ao maior cantor popular do Brasil... Roberto Carlos". Trabalhos que comprovam como RC está bem acompanhado.

Roberto Carlos começou a década voltando agora pra ficar, porque ali, ao lado da música e de seus milhões de amigos que o seguem desde o começo de sua carreira, é o seu lugar. No dia 11 de novembro de 2000, RC voltou a se apresentar num palco, trazendo um novo show que reflete explicitamente o que sente por sua amada Maria Rita - Amor sem limite. No mês seguinte, chegaria às lojas seu novo trabalho, um disco introspectivo também batizado de Amor sem limite, que em cada canção (assinada apenas por ele) se deitava em detalhes tão pequenos de uma relação a dois que gerava um amor sem limite, maior e mais forte que existe. Além da canção que dá nome ao disco, as faixas O grande amor da minha vida, O grude (um do outro), O amor é mais e a inclusão de três gravações anteriores a 2000 formavam uma safra de músicas dedicadas a Maria Rita: Eu te amo tanto, Quando digo que te amo e Mulher pequena. As canções feitas por outros autores (Tudo, de Martinha, e Momentos tão bonitos, de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle) assimilaram a tônica pretendida por RC para o seu álbum da volta - que ainda teve espaço para uma canção religiosa (assinada com Erasmo): Tu és a verdade, Jesus. A partir deste disco, Guto Graça Mello se juntou a Mauro Motta na produção musical de Roberto Carlos.

2001 apresentou um Roberto Carlos aos 60 anos mas se aproximando do público jovem - foi sua vez de lançar o Acústico MTV, com 14 releituras de sucessos colecionados por uma carreira extensa em grandes obras prestadas à Música Popular Brasileira. Seu primeiro DVD foi o trabalho mais "esperado" de sua carreira - gravado em maio, não pôde ser lançado antes por conta de um atrito entre a TV Globo (detentora dos direitos de imagem de RC desde 1974, ano em que apresentou seu primeiro especial anual) e a MTV (responsável pelo programa) e pelo perfeccionismo de Roberto, cada vez mais convivendo com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). O TOC fez com que ele alterasse versos de suas canções, caso de É preciso saber viver - na qual o verso "se o bem e o mal existem" foi substituído por "se o bem e o bem existem" até os shows do ano passado.

No ano seguinte, ainda descontente com as faixas de seu próximo trabalho, RC cancelou o trabalho que lançaria, e em seu lugar foi lançado um disco reunindo 11 canções de seu show realizado no Aterro do Flamengo, em comemoração pelos 90 anos do Bondinho do Pão de Açúcar, versões em remix de Se você pensa e O calhambeque, e a inédita Seres Humanos. O rap, assinado com Erasmo Carlos, mostrou um Roberto Carlos valorizando as coisas que o homem tem feito, como os progressos na ciência e as invenções do avião e do telefone. Causou polêmica também o verso "buscamos apoio nas religiões e procuramos verdades em suposições", além de dizer que todos nós somos filhos de Deus, independente das religiões.

Em 2003, veio um novo disco dedicado a interpretar canções de amor bem sucedidas. Outra coisa em comum nas músicas românticas foi que traziam assinatura apenas de Roberto Carlos - Todo mundo me pergunta, Acróstico, Com você, O encontro e a faixa que dá título ao disco: Pra sempre. A parceria com Erasmo Carlos, além da faixa que apareceu como um bônus no disco do ano anterior, veio também na nostálgica O Cadillac. O disco ficou completo com músicas de Mauro Motta e Carlos Colla, Lula Barbosa e Pedro Barezzi e Eduardo Lages e César Augusto (respectivamente, Como eu te amo, História de amor e Eu vou sempre amar você), também de amor que não rima com dor.

2004 traria pela primeira vez um registro de um show na íntegra de Roberto Carlos (o Ao vivo de 1988 trazia apenas 10 números, e o Acústico MTV não era um show de carreira dele): Pra sempre ao vivo no Pacaembu. No ano seguinte, novamente RC apresentaria um disco de estúdio, mas diferente de todos os discos de sua carreira: o trabalho apresentava basicamente leituras suas de canções de destaque em vários cenários musicais (Promessa, sua e de Erasmo, gravada por Wanderley Cardoso no período da Jovem Guarda, a neo-sertaneja Coração sertanejo, a guarânia Índia e a belíssima Loving you, do repertório de Elvis Presley), três regravações de seu repertório (Meu pequeno Cachoeiro, O baile da fazenda e O amor é mais) e a inédita (que demorou 14 anos para escrever com Erasmo Carlos) Arrasta uma cadeira, para dividir os vocais com a dupla Chitãozinho & Xororó. Em 2006, RC adiaria o lançamento de um novo trabalho inédito, mas deixaria seu público na companhia de bons momentos da sua carreira - o disco e o DVD Duetos, que apresenta encontros musicais que ele teve no decorrer de seus Roberto Carlos Especial na TV Globo.

Outros produtos seriam lançados para revisitar a carreira de RC: a coleção Pra sempre, reunindo sua obra entre as décadas de 1960 e 1990 (até o momento), além de duas caixas dedicadas a seus discos lançados apenas para o mercado latino (que, informalmente, se tornou seu lançamento de 2007, já que o "disco inédito" não aconteceu). Roberto também passou a investir em apresentações anuais (geralmente no mês de fevereiro) durante programações de um cruzeiro marítimo - o Projeto Emoções em Alto Mar. Roberto também investiu em mercados bem distantes da música - o gado, e, recentemente, associando seu nome à marca de perfumes Racco. Como apresentamos em um dos posts anteriores, o perfume feminino Emoções já está nas perfumarias de várias capitais do Brasil e do mundo.

A década de 2000 ainda não terminou, mas o que se pode ver é que, ano após ano, RC mostra o quanto guarda o que há de bom nele para dar a seu público quando ele chega a seus shows ou quando ele escuta seus discos. Grande demais é o amor sem limite entre Roberto Carlos e seus fãs, e não há destino que separe esta certeza. Como diz a canção que ele e Erasmo escreveram para a dupla da Jovem Guarda Os Vips gravar em 1965 e que, 40 anos depois, Roberto deu sua versão - lançada antes de dezembro, para fazer parte da trilha musical de América, então novela das 21h da TV Globo.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos durante sua apresentação no Acústico MTV.

Abraços a todos, Vinícius.

A VOLTA - Roberto e Erasmo

Estou guardando o que há de bom em mim
Para lhe dar quando você chegar
Toda ternura e todo meu amor
Estou guardando pra lhe dar

E toda vez que você me beijar
A minha vida quero lhe entregar
Em cada beijo, certo ficarei
Que você não vai me deixar

Grande demais foi sempre o nosso amor
Mas o destino quis nos separar
E agora que está perto o dia de você chegar
O que há de bom vou lhe entregar

Só vejo a hora de você chegar
Pra todo meu amor poder mostrar
Mas quando eu, de perto te olhar
Não sei se vou poder falar

Estou guardando o que há de bom e mim
Para lhe dar quando você chegar...

7 comentários:

Anônimo disse...

Nobre colega Vinicius,

Esperei que o tempo passasse e chegasse aos dias atuais para pabenizá-lo por essa viagem no tempo. Valeu o esforço e a dedicação dessa pesquisa.

Um grande abraço

Anônimo disse...

Sim, reforço o que foi dito pelo Marley, você fez uma pesquisa muito legal, um traçado entre o artista mais amado do país e os acontecimentos que nunca andam soltos da nossa realidade!

Nos anos 2000 tivemos poucas gravações em relação às demais décadas, mas tenho certeza que Roberto está em seu ápice, embora os saudosistas não veem assim. Falo no geral, ele tem prestigiados shows e gravações, poucas, porém de altíssima qualidade!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um abraço a todos!

James Lima disse...

Rapaz, bicho.
Tu faz uma retrospectiva doida da década todinha... hehehhe
Parabéns...
Abraços

Anônimo disse...

Uma linda viagem pelos anos...Saudade..surpresas e sua ótima narrativa nos encantou por cada década.
Um forte abraço, Vinícius.
Leda Martins.

Felipe Moura disse...

Show de bola, bicho!!!

Completissimo!

Abraços!

Felipe Moura
do Blog El Rey Roberto Carlos

Anônimo disse...

Completamente maravilhada com tudo o que aqui acabei de ler e mais ainda com a capacidade de síntese que o amigo Vinícius conseguiu fazer destes anos 2000. Nota-se bem, por alguns pormenores que aqui são relatados, quantas e quantas horas devem ter sido empregues em pesquisa.
Também a ligação entre a política e os acontecimentos a nível internacional, a nível do Brasil e o alvo desta matéria - Roberto Carlos e os anos 2000 - está magistralmente conseguida.
A canção "A Volta" encaixa aqui perfeitamente.
Parabéns "compadre" Vinícius.
Continue a maravilhar-nos com posts como estes.
Um abraço.

Edmilson @quino disse...

Sou fã de R*C desde 1977, onde acompanho sua carreira há décadas... Adoro esta música e fiquei surpreso em saber que é uma composição de R*C!