quinta-feira, 29 de maio de 2008

Casa, esquinas e quintais - 8



Olá, amigos.

A série Casa, esquinas e quintais continua a apresentar neste blogue canções da discografia de Roberto Carlos que mostram partes de um lar. E a música de hoje é uma das que traz uma visão panorâmica e amargurada sobre os momentos vividos dentro de casa.

Afinal, quando ela deixa de ser o sinônimo do conforto e a garantia de ser um lugar para viver, vêm apenas as lembranças de momentos bons deixados para trás. E, ao aparecerem novamente na memória de uma pessoa, trazem o desenrolar de uma história que chegou ao fim, algumas vezes, de maneira melancólica.

Esta canção que encerra o LP de 1976 é até o momento a mais recente música que RC gravou de autoria de Getúlio Côrtes - compositor muito associado à época da Jovem Guarda na discografia de Roberto, em especial por ter escrito canções em linguagem próxima de narração de histórias em quadrinhos, como Pega ladrão, O sósia e O feio. Getúlio só apareceu de maneira "mais recente" no disco lançado em 1995, quando foi feita uma nova leitura de Quase fui lhe procurar (gravada originalmente em 1968, no LP O inimitável), e também na inclusão da emblemática Negro gato (do LP de 1966) em seus shows, apresentada por RC como um "sinal de que a terapia tá dando certo".

Dez anos depois de dar voz às desventuras do negro gato que tem uma vida de amargar, Roberto cantou um novo enfoque do repertório de Getúlio Côrtes. Uma canção mais madura, falando das nostalgias que se tem quando passa por cômodos que hoje não fazem mais parte do cotidiano de alguém - e que, por motivo de força maior, hoje aparecem apenas na lembrança. E como lembrança musical, hoje este blogue apresenta uma música não muito lembrada na discografia de Roberto Carlos, mas que merece toda nossa consideração com o grande "negro gato" Getúlio Côrtes.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em um número presente no DVD Antologia apresentado no ano em que gravou a música com a qual encerramos o post de hoje.

Abraços a todos, Vinícius.

POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR - Getúlio Côrtes

Então cheguei sozinho e quis rever a nossa casa
O desalinho dos cabelos disfarcei
O muro mal pintado, algumas flores escondidas
Degraus empoeirados, a varanda esquecida

No meio de uma sala, o tapete
No fim do corredor, a porta do nosso quarto que guardava
Antigas frases e atitudes inseguras
Todos os erros, os nossos gestos incontidos
Seus apuros e segredos

Depois de tanto tempo
Eu lhe encontro se escondendo
Atrás de frases repetidas pra justificar
A sua decisão de separar as nossas vidas
Por isso acomodei, sem ter razão pra contornar

Você se fez senhora
Somente por respeito e por escrito
Mas fica o dito por não dito
E as suas mágoas eu respeito

Mas não aceito o argumento
De que agora se arrepende
E por motivo de força maior
É melhor partir

Se alguém me acompanha
Deve saber
Que às vezes só ganha
Quem sabe perder

Depois de tanto tempo
Eu lhe encontro se escondendo
Atrás de frases repetidas pra justificar
A sua decisão de separar as nossas vidas
Por isso acomodei, sem ter razão pra contornar

Você se fez senhora
Somente por respeito e por escrito
Mas fica o dito por não dito
E as suas mágoas eu respeito

Mas não aceito o argumento
De que agora se arrepende
E por motivo de força maior
É melhor partir

Se alguém me acompanha deve saber
Que às vezes só ganha quem sabe perder...

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelas sábias palavras! O disco de 1976, na minha opinião, foi um dos melhores. Além da canção citada; há VOCÊ EM MINHA VIDA; O PROGRESSO; OS SEUS BOTÕES;
MINHA TIA..Ano que deixou saudade. E o vídeo "Un Millón De Amigos", é muito bonitinho.
Um forte abraço.
Leda Martins.

Anônimo disse...

Faço minhas as palavras da Leda.

Esse disco de 1976 é possuidor de temas inesquecíveis.

Mais uma vez o Vinicius está de parabéns.

Abraços robertocarlisticos!

Anônimo disse...

Vinícius

essa sua série é muito interessante mesmo. Nós nunca paramos pra perceber que Roberto Carlos está presente em todas as coias boas da nossa vida! Em toda parte, em todos os detalhes!

Essa música é filosofia pura, é a realidade do povo brasileiro!

E pensa na frase: Se alguém me acompanha, deve saber que às vezes só ganha, quem sabe perder..."

Isso seria muito legal se todos aprendessem e seguissem esse dizer. Teríamos menos ambição e egoísmo e mais felicidade!

Obrigado meu amigo por isso!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Anônimo disse...

o bom dessa série, é que sempre fica a pergunta: o que virá depois dessa?

Fabiano Cavalcante
www.aplauso.zip.net

James Lima disse...

Demias, Vina!
Parabéns!