quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Roberto Carlos em capítulos - O DONO DO MUNDO



Olá, amigos.

A série Roberto Carlos em capítulos apresenta hoje o primeiro grande privilégio de uma obra de teledramaturgia brasileira. Trata-se da primeira vez que uma trilha de novela teve uma música escrita e interpretada por Roberto Carlos.

O privilégio coube à novela O DONO DO MUNDO, a novela mais polêmica e talvez a mais problemática assinada por Gilberto Braga. Exibida no horário das 20h30 a partir de 20 de maio de 1991, ela seguiu uma linha de pensamento do autor iniciada em Vale tudo sobre valer a pena ser honesto no Brasil. Em especial num país que, àquela época, convivia com a corrupção da Era Collor.



A trama começa quando o cirurgião plástico Felipe Barreto (vivido por Antônio Fagundes) aposta com seu sócio Júlio (vivido por Daniel Dantas) que vai possuir a noiva dele, Márcia (papel de Malu Mader) antes do noivo. Ele vence a aposta, Walter (interpretado por Tadeu Aguiar) comete suicídio, e depois de ser abandonada por Felipe, a mocinha começa um plano para destruí-lo, com a ajuda da cafetina Olga Portela (a cargo de Fernanda Montenegro).

Uma trama pautada pela vingança, num cenário de alta sociedade, com vilões muito bem construídos pelo talento de Gilberto Braga seria sinônimo de sucesso. Entretanto, o dramaturgo não imaginava que, mesmo no início da década de 1990, a virgindade ainda era um tabu.

A audiência despencou sensivelmente, a ponto de ser ultrapassada pelo SBT. A emissora de Silvio Santos exibia no mesmo horário a novela mexicana Carrossel, ambientada numa escola primária.



Em vez do público se solidarizar e torcer por Márcia, ela foi rejeitada por ter se deixado levar facilmente pela lábia de um homem. Do outro lado, Felipe Barreto não era antipatizado por um simples motivo: o charme de Antônio Fagundes, que fazia seu primeiro vilão depois de muitos bonzinhos.

Gilberto Braga se espantou na época, e disse que o público era contraditório: "Gostava de Thaís [vivida por Letícia Sabatella], uma prostituta, e adorava Olga, uma cafetina. No entanto, odiava a heroína. Passei oito meses tentando fazer com que gostassem dela!".

Com o auxílio do escritor Sílvio de Abreu, Gilberto reescreveu algumas cenas e reformulou o perfil de alguns personagens. Um deles foi Beija-Flor (papel de estreia de Ângelo Antônio na TV Globo), que antes era um "surfista de trem", prática comum no Rio de Janeiro, e se tornou símbolo de honestidade. Seu romance com a prostituta Thaís era embalado pela música Codinome Beija-Flor, que deu nome ao personagem de Ângelo Antônio.

Uma recomendação que Silvio deu a Gilberto foi: "Amarre Márcia no tronco e a faça levar uma surra, até que o público fique com pena dela". Assim, a personagem de Malu Mader vai para a cadeia e começa seu calvário. Além de Herculano (papel de Stênio Garcia), outro homem aparece para disputar o amor dela - Otávio. O personagem foi criado para colocar no ar o grande trunfo que a TV Globo conseguira na luta pela audiência: após seu grande sucesso em Pantanal, Paulo Gorgulho foi contratado, e surgiu para tentar salvar a trama.

Como Felipe Barreto não recebia antipatia do público, ele deixou de ser vilão para se tornar um malvado arrependido. Mas, na última semana (a novela terminou em 4 de janeiro de 1992, com a audiência já consolidada no horário, Gilberto Braga realizou sua vingança particular: Felipe nunca tinha se arrependido de nada, apenas enganou a todos, até o público.

Ele terminava a trama num altar, se casando com uma mocinha filha de um rico fazendeiro, e seu padrinho de casamento era o amigo Júlio, Triunfalmente, Felipe encerrava sua participação dizendo: "é virgem!". E, num close , o personagem piscava o olho e dava um sorriso cínico para milhões de espectadores.

A voz de Roberto Carlos era tema de Rodolfo, vivido por Kadu Moliterno. Um dos raros privilegiados por ter música de Roberto e Erasmo cantada por RC como tema dele em uma novela.



Segue a letra! Na foto, a capa do LP O dono do mundo, com Glória Pires - ela fazia o papel de Stella, mulher de Felipe Barreto. Na época, Gilberto Braga foi criticado por não dar um personagem de maior destaque à atriz na trama.

Abraços a todos, Vinícius.

SUPER HERÓI
- Roberto e Erasmo

Quando você precisar
Alguma coisa de mim
É só me telefonar
Que eu irei correndo

Meu telefone eu deixei
Na cabeceira da cama
Não importa a hora que for
Me chama

Já não sou mais seu amor
Mas me preocupo contigo
Saiba que sou
Seu melhor amigo

Eu sou um super herói
Esqueço a dor que me dói
Pra te tirar
De qualquer perigo

Não se culpe, eu aprendi
Que o sentimento ninguém domina
Te agradeço, eu fui feliz
Mas o meu sonho de amor termina

Se acaso você chorar
E precisar do meu ombro
Estou nos restos do amor
Que ficou nos escombros

Mesmo ferido demais
Eu te direi sempre sim
Chame quando
Precisar de mim

Não se culpe, eu aprendi
Que o sentimento ninguém domina
Te agradeço, eu fui feliz
Mas o meu sonho de amor termina

Chame quando
Precisar de mim

Chame quando
Precisar de mim...

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