sexta-feira, 1 de maio de 2009

50 anos de emoções - 1965



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções chega ao ano de 1965. Um ano especialíssimo para a carreira de Roberto Carlos, em sua juventude musical.

1965 teve uma alteração na maior potência mundial. Os Estados Unidos tiveram uma alteração no seu poder, com o início do mandato de Lydon B. Johnson, pela segunda vez ocupando a cadeira presidencial norte-americana. A União Soviética teve mais um grande feito na corrida especial com os Estados Unidos: a sonda espacial Venera chegou ao planeta Vênus. Este foi o primeiro artefato a pousar suavemente num planeta.

No Brasil, a Ditadura Militar dava mais um passo no caminho do totalitarismo político no país. Em 27 de outubro, foi instituído o Ato Institucional Número 2, que causava a extinção de todos os partidos políticos. O Ato também permitiu ao presidente decretar "estado de sítio" por 180 dias sem consultar o Congresso e punições a cassados políticos que se manifestassem contra o regime. Em novembro, o governo instituiu uma nova legislação partidária, que fixou dois partidos: Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Em meio à insegurança política, o país assistia à certeza de uma ascensão de uma cantora. No primeiro Festival da Música Popular Brasileira (exibido pela TV Excelsior), Elis Regina emocionou o país com sua interpretação para a canção Arrastão, parceria de Edu Lobo com Vinícius de Moraes.

A televisão teria um momento importantíssimo para o seu futuro no país. Em 26 de abril de 1965, começava a funcionar no Rio de Janeiro a Rede Globo de Televisão. Ela teria mais tarde um papel fundamental na carreira de Roberto Carlos. Mas isto é um assunto para um dos próximos posts.

A TV Record já investia em programas musicais, como O fino da Bossa (programa apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues) e o mensal Show do dia 7, no qual todos os contratados da emissora apresentavam quadros mesclando números musicais e teatro. Mas uma imposição da Federação Paulista de Futebol, proibindo a exibição de partidas do Campeonato Paulista aos domingos, fez com que a TV Record estreasse uma nova atração musical em sua grade.

E em 22 de agosto de 1965, estreou Jovem Guarda, um programa que aqueceu a brasa das tardes de domingo, mostrando tantas alegrias de um grupo de jovens que cantava o ritmo do "iê-iê-iê" - este estilo que ficava cada vez mais intenso a cada música dos Beatles divulgada no mundo. Para liderar o grupo de jovens, coube a responsabilidade a um trio de talentos - a dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos e a ternura de Wanderléa.

Nos domingos da TV Record desfilaria muita música e talentos não só da Jovem Guarda (como Martinha, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Os Vips, Renato e seus blue caps, e tantos outros), como também de outros estilos musicais. Todos apresentados por Wanderléa, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. "E tudo isso era um todo... Um todo chamado Jovem Guarda!".

Era Roberto Carlos cantando sua juventude. Como dizia a capa de seu LP lançado em maio de 1965 - Roberto Carlos canta para a juventude, que trouxe as seguintes canções:

LADO A

1 - História de um homem mau (Ol' man mose), de Louis Armstrong e Zilner Trenton Randolph, com versão de Roberto Rei

2 - Noite de terror, de Getúlio Côrtes

3 - Como é bom saber, de Helena dos Santos

4 - Os sete cabeludos, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - Parei... olhei, de Rossini Pinto

6 - Os velhinhos, de José Messias

LADO B

1 - Eu sou fã do monoquíni, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Aquele beijo que te dei, de Édson Ribeiro

3 - Brucutu (Alley-Oop), de Dallas Franzier, com versão de Rossini Pinto

4 - Não quero ver você triste, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - A garota do baile, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

6 - Rosita, de Francisco Lara e Jovenil Santos

Neste LP, RC mais uma vez mesclou canções românticas, como Aquele beijo que te dei e Parei... olhei com situações narradas em ritmo de aventura, casos de Noite de terror e até de Brucutu, uma curiosa canção que fala sobre um personagem de história em quadrinhos da época. Sua safra em parceria com Erasmo seguia a mesma dicotomia, trazendo tanto situações amorosas como em A garota do baile como a aventura de Os sete cabeludos.

Seu LP trouxe até espaço para uma ousadíssima homenagem ao monoquíni - na época dos maiôs, o monoquíni era revolucionário, pois tratava-se um maiô que deixava à mostra a silhueta feminina. E Roberto Carlos dizia para a juventude: Eu sou fã do monoquíni.

RC estaria presente mais uma vez no ano de 1965. Ao finzinho do ano, viria o LP batizado com o nome do programa que ele apresentava na TV Record. Era o grito de liberdade de RC no "iê-iê-iê" de seu LP Jovem Guarda, com o seguinte repertório:

LADO A

1 - Quero que vá tudo pro inferno, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Lobo mau (The wanderer), de Earnest Mareska, com versão de Hamilton Di Giorgio

3 - Coimbra, de Raul Ferrão e José Galhardo

4 - Sorrindo para mim, de Helena dos Santos

5 - O feio, de Getúlio Côrtes e Renato Barros

6 - O velho homem do mar, de Roberto Rei

LADO B

1 - Eu te adoro, meu amor, de Rossini Pinto

2 - Pega ladrão, de Getúlio Côrtes

3 - Gosto do jeitinho dela, de Othon Russo e Niquinho

4 - Escreva uma carta, meu amor, de Pilombeta e Tito Silva

5 - Não é papo pra mim, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

6 - Mexerico da Candinha, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Em Jovem Guarda, as bem humoradas canções de Getúlio Côrtes estiveram presentes em dois momentos - em O feio, na parceria com Renato Barros, e na historinha de Pega ladrão. As lágrimas azuis passaram emocionadas em letras como as de Escreva uma carta, meu amor, Sorrindo para mim, e Eu te adoro, meu amor, confirmando as presenças de Rossini Pinto e Helena dos Santos, além de apresentar Pilombeta aos ouvintes de Roberto Carlos.

Roberto Rei apareceu desta vez como autor, trazendo uma história parecida com a História de um homem mau - agora vivido em O velho homem do mar. Na única versão do LP, Roberto se declarava um Lobo mau, em mais uma irreverente canção sobre um homem que se diz "o tal" com as mulheres. Numa ida a outro estilo musical, RC encontrou uma belíssima canção de safra portuguesa, e trouxe para sua interpretação a homenagem Coimbra, como sempre, adequando a música ao seu estilo.

O acervo de composições feitas em parceria com Erasmo Carlos trazia novos momentos, com a espontaneidade de quem vive com o coração em ritmo de aventura. Roberto rechaçava papos sobre casamento nos versos de Não é papo pra mim, fazia piada com as críticas que sua música e suas roupas sofriam de algumas revistas de fofoca em Mexerico da Candinha. E, em especial... Aquecia o inverno de suas fãs nos versos de Quero que vá tudo pro inferno.

Era o primeiro ano de uma "festa de arromba" - termo muito bem definido por Roberto e Erasmo, na canção gravada por Erasmo Carlos em seu LP A pescaria. Uma comemoração que não iria parar, e que agora é rememorada nesta data dos 50 anos da carreira de Roberto Carlos.

Para encerrar este post, seguem dois momentos característico do ano de 1965 para RC. O primeiro, uma faixa intimista pinçada do LP Roberto Carlos canta para a juventude, na qual a música somente sublinha palavras que o cantor declama aos corações, pedindo o sorriso de quem não quer ver ninguém triste. O outro, da faixa que abre o LP Jovem Guarda, no qual Roberto era porta-voz dos jovens que viviam intensamente seus amores. E o resto que fosse para o inferno.

Segue a letra! Na foto, o Brasa em momento do programa Jovem Guarda. Mora?

Abraços a todos, Vinícius.

NÃO QUERO VER VOCÊ TRISTE - Roberto e Erasmo

O que é que você tem, conta pra mim
Não quero ver você triste assim
Não fique triste o mundo é bom
A felicidade até existe

Enxugue a lágrima, pare de chorar
Você vai ver, tudo vai passar
Você vai sorrir outra vez
Que mal alguém lhe fez, conta pra mim
Não quero ver você triste assim...

Olha, vamos sair
Hum... pra que saber aonde ir
Eu só quero ver você sorrir
Enxugue a lágrima, não chore nunca mais
E olha que céu azul, azul até demais

Esqueça o mal, pense só no bem
Que assim a felicidade um dia vem
Agora uma canção, canta pra mim
Não quero ver você triste assim

*****

QUERO QUE VÁ TUDO PRO INFERNO - Roberto e Erasmo

De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
Se você não vem e eu estou a lhe esperar
Só tenho você no meu pensamento
E a sua ausência é todo o meu tormento
Quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno

De que vale a minha boa vida de playboy
Se entro no meu carro e a solidão me dói
Onde quer que eu ande tudo é tão triste
Não me interessa o que de mais existe
Quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno

Não suporto mais você longe de mim
Quero até morrer do que viver assim
Só quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno
Oh, oh,
E que tudo mais vá pro inferno...

E que tudo mais
Vá pro inferno!

*****

P.S.: por falar em Não quero ver você triste, hoje estreia nos cinemas o documentário Paulo Gracindo - O bem amado, tributo a este grande ator que passou por rádio, teatro, cinema e televisão. Um dos momentos do filme traz o encontro entre Paulo e Roberto Carlos, no Roberto Carlos Especial de 1974. Em seu primeiro programa pela TV Globo, RC teve o privlégio de ver o ator declamando Não quero ver você triste.

6 comentários:

Brasil Empreende disse...

Ola visitei seu blog e gostei muito e gostaria de convidar para acessar o meu também e conferir a postagem desta semana: Sim ao futebol-arte!
Sua visita será um grande prazer para nós.
Acesse: www.brasilempreende.blogspot.com
Atenciosamente,
Sebastião Santos.

James Lima disse...

Eita, Vinícius !

To adorando essa série !

A cada dia que passa você nos surpreende mais ! Eu adoro os dois discos de 1965, e achei muito bacana você relembrar outros acontecimentos daquele ano.

Um Forte Abraço e Obrigado pelo apoio de sempre
James Lima
www.robertocarlos.vai.la

Everaldo Farias disse...

Rapaz, essa série tá de arrasar mesmo!

E esse ano foi fundamental, decisivo para a coroação de sua majestade!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

PILOMBETA COMPOSITOR disse...

Boa noite, eu sou Compositor PILOMBETA,de Escreva Uma Carta Meu Amor e Tudo que Sonhei, com RC.
Adorei a matéria ainda não tenho blog mas em breve terei, mas qq coisa.
Acesse:
google: pilombeta compositor
orkut: pilombeta compositor

Um forte abraço.

Pilombeta.

PILOMBETA COMPOSITOR disse...

Boa noite, eu sou o Pilombeta compositor de"Escreva uma carta meu amor" e "Tuddo que sonhei" com RC.
Adorei a matéria, qq coisa vc me acha.
Acesse:
google: pilombeta compositor
orkut: pilombeta compositor

Um forte abraço,
Pilombeta.

PILOMBETA COMPOSITOR disse...

Boa noite, eu sou Pilombeta compositor de "Escrava uma carta meu amor" e "Tudo que sonhei".
adorei a matéria.
Acesse:
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Um forte abraço,
Pilombeta.