sábado, 23 de maio de 2009

50 anos de emoções - 1976



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções continua sua saga, trazendo ano após ano cada pedaço da trajetória de Roberto Carlos. Esta é a nossa forma de comemorar o cinquentenário de carreira de RC.

O ano de 1976 trouxe mais uma mudança política em um dos países da América do Sul. Cerca de dois anos depois de assumir o poder, Isabelita Perón foi deposta por uma junta militar. Na América Central, o presidente cubano Fidel Castro passou a acumular também as funções de presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros do país. Na parte tecnológica, ocorreu o lançamento da Apple, que criaria os computadores MacIntosh.

Em território brasileiro, a censura continuava, beirando a xenofobia. Foi o caso do ministro Armando Falcão, que não permitiu que a TV Globo exibisse um espetáculo do Balé Bolshoi. O motivo foi o grupo de balé ser da União Soviética.

Mas o final de 1976 estaria reservado para uma tragédia passional. Na cidade litorânea de Búzios, o empresário Doca Street matou a tiros sua namorada Ângela Diniz. O crime gerou uma grande polêmica e fez com que se espalhasse por muros de todo o país a frase "Quem ama não mata".

13 anos depois do bicampeonato do Santos, enfim um clube brasileiro novamente ganhou a Taça Libertadores da América. O Cruzeiro se sagrou campeão na disputa contra o argentino River Plate. No primeiro jogo, realizado no Mineirão, os mineiros golearam por 4 a 1. Na segunda partida, os argentinos saíram vitoriosos pelo placar de 2 a 1. E um gol de Joãozinho a dois minutos do final fez com que o time brasileiro saísse de Santiago com uma vitória por 3 a 2 no jogo de desempate no Chile. Entretanto, o Cruzeiro não conseguiu trazer para o país um novo título do Mundial Interclubes. O Bayern de Munique, da Alemanha Ocidental, ganhou o torneio com uma vitória por 2 a 0 em seu estádio e um empate em 0 a 0 nos gramados de Minas Gerais.

E o Campeonato Brasileiro novamente teve campeão colorado. O time de Falcão, Manga, Caçapava e Elias Figueroa se tornou bicampeão brasileiro com uma vitória por 2 a 0 sobre o Corínthians, no Estádio Beira-Rio.

Roberto Carlos dedicou seu especial de 1976 a todos os músicos do Brasil. No primeiro bloco, RC teve a companhia de excelentes instrumentistas do país - o flautista Altamiro Carrilho, o gaitista Maurício Einhorn, o piston de Maurício Pereira (o Broa), as cordas de José Menezes, Paulo Moura com seu sax-soprano e o cravo de outro Roberto - Roberto de Regina. Após este time de músicos, RC deu espaço a um maestro, o soberano Antônio Carlos Jobim.

Roberto abriu espaço a artistas de uma geração anterior a ele, valorizando que todos lutaram pelos músicos. Foram primorosos duetos com Linda Batista, Moreira da Silva, Isaurinha Garcia, Carlos Galhardo e Orlando Silva. O programa teve espaço também para uma homenagem a Milton Carlos. O compositor teve duas canções gravadas por Roberto Carlos para o LP de 1976, mas não viveu para ouvir a interpretação de Roberto. Milton faleceu num acidente de carro. Além da Pelo avesso cantada no especial, RC gravou Um jeito estúpido de te amar, ambas de Milton Carlos em parceria com a irmã Isolda.

Mas o disco trouxe um repertório interessantíssimo, como vemos abaixo:

LADO A

1 - Ilegal, imoral ou engorda, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Os seus botões, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

3 - O progresso, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Preciso chamar sua atenção, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - O dia-a-dia, de Nenéo e Fred Jorge

6 - Pelo avesso, de Isolda e Milton Carlos

LADO B

1 - Você em minha vida, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - A menina e o poeta, de Wando

3 - Comentários, de Maurício Duboc e Carlos Colla

4 - Minha tia, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - Um jeito estúpido de te amar, de Isolda e Milton Carlos

6 - Por motivo de força maior, de Getúlio Côrtes

Mais uma vez, RC apresentava safra de outros compositores em seu repertório. Ao lado de Getúlio Côrtes e das duplas Maurício Duboc e Carlos Colla e das últimas parcerias de Isolda e Milton Carlos, vinha a aposta na dupla Nenéo e Fred Jorge e um curioso destaque a uma canção de Wando. Mais tarde, ele seria conhecido por canções românticas de gosto duvidoso, como Moça e Fogo e paixão.

O LP abriu com um irreverente rock intitulado Ilegal, imoral ou engorda. Em seguida, veio o erotismo, através da ousada Os seus botões. Também com um leve toque erótico estava a canção Preciso chamar sua atenção, sua versão para Vou ficar nu pra chamar sua atenção (gravada por Erasmo Carlos alguns anos antes), com letra menor e mais comportada. O lado B do disco trouxe a melancólica Você em minha vida, feita inspirada numa frase de Frank Sinatra sobre a atriz Ava Gadner. A sensibilidade de RC também abriu espaço para uma homenagem à sua tia, Amélia, nos versos de Minha tia.

Além de seu LP anual, Roberto Carlos também teve lançada uma compilação no meio do ano. San Remo 68 trouxe em 12 faixas canções apresentadas originalmente em compactos. O disco abria com a canção vitoriosa de San Remo no ano de 1968, mas trouxe outras canções bem interessantes:

LADO A

1 - Canzone per te, de Sergio Endrigo e Sergio Bardotti

2 - Eu daria a minha vida, de Martinha

3 - Maria, carnaval e cinzas, de Luiz Carlos Paraná

4 - Você me pediu, de Luiz Fabiano

5 - Com muito amor e carinho, de Eduardo Araújo e Chill Deberto

6 - Sonho lindo, de Maurício Duboc e Carlos Colla

LADO B

1 - Un gatto nel blu, de Toto Savio

2 - O show já terminou, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

3 - Ai, que saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago

4 - Custe o que custar, de Édson Ribeiro e Hélio Justo

5 - Eu amo demais, de Renato Corrêa

6 - Eu disse adeus, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

O repertório trouxe basicamente canções lançadas na época da Jovem Guarda, com compositores da época, como a dupla Hélio Justo e Édson Ribeiro, Renato Corrêa, Eduardo Araújo e Martinha. Mas também apresentou algumas tentativas de passear por outras praias, como na gravação de Maria, carnaval e cinzas, música defendida no festival de 1967, e na sua leitura do samba Ai, que saudades da Amélia. Além da faixa que abriu o LP, RC deu espaço para Un gatto nel blu, canção italiana que ele defendeu em San Remo no ano de 1973. Embora ela não tenha sido classificada, a gravação de Roberto fez sucesso em todo o mundo.

Somente duas músicas presentes em San Remo 68 foram assinadas por Roberto e Erasmo: a metalinguística O show já terminou e a triste Eu disse adeus (que, ao lado de Sonho lindo, curiosamente não fez parte do LP de 1973). A primeira terá sua letra apresentada agora ao final do post.

E do disco anual de 1976, este blogue deixa vocês com um tipo de canção que começaria a fazer parte da safra assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos: a ECOLOGIA. A partir deste ano, RC começaria a cantar sobre a vontade de ser civilizado como os animais.

Seguem as letras! Na foto, um dos registros para a contracapa do disco anual de 1976.

Abraços a todos, Vinícius.

O SHOW JÁ TERMINOU - Roberto e Erasmo

O show já terminou
Vamos voltar à realidade
Não precisamos mais
Usar aquela maquiagem
Que escondeu de nós
Uma verdade que insistimos em não ver

Não adianta mais
Chorar o amor que já tivemos
Existe em nosso olhar
Alguma coisa que não vemos
E nas palavras
Existe sempre alguma coisa sem dizer

E é bem melhor que seja assim
Você sabe tanto quanto eu
No nosso caso felicidade
Começa num adeus


Me abrace sem chorar
Sem lenço branco na partida
Eu também vou tentar
Sorrir em nossa despedida

Não fale agora
Não há mais nada
O nosso show já terminou

Nosso show já terminou...

*****

O PROGRESSO - Roberto e Erasmo

Eu queria poder afagar uma fera terrível
Eu queria poder transformar tanta coisa impossível
Eu queria dizer tanta coisa
Que pudesse fazer eu ficar bem comigo
Eu queria poder abraçar meu maior inimigo

Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares
Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares
E as baleias desaparecendo
Por falta de escrúpulos comercias
Eu queria ser civilizado como os animais

Eu queria ser civilizado como os animais

Eu queria não ver todo o verde da terra morrendo
E das águas dos rios os peixes desaparecendo
Eu queria gritar que esse tal de ouro negro
Não passa de um negro veneno
E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos

Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo
O comércio das armas de guerra da morte vivendo
Eu queria falar de alegria
Ao invés de tristeza mas não sou capaz
Eu queria ser civilizado como os animais
Eu queria ser civilizado como os animais
Eu queria ser civilizado como os animais

Não sou contra o progresso
Mas apelo pro bom senso
Um erro não conserta o outro
Isso é o que eu penso...

Um comentário:

James Lima disse...

Rapaz, esse blog tá supimpa !
Pena que o meu tempo ande tão raro !

Mas as fotos estão sendo escolhidas a dedo, e os textos, como sempre, fantásticos ! Parabéns !

Abração
James Lima
www.robertocarlos.vai.la