segunda-feira, 22 de junho de 2009

50 anos de emoções - 1991



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções apresenta mais um ano da estrada musical de Roberto Carlos. Esta é a nossa forma de homenagear o cinquentenário do cantor, comemorados em 2009.

No ano de 1991, a Guerra do Golfo prosseguiu, com ofensivas aliadas contra o exército iraquiano. O Iraque perderia centenas de soldados no decorrer da guerra. O golpe de misericórdia aconteceu em 25 de fevereiro, quando a Operação Tempestade no Deserto teve vitória dos aliados. O Kuwait, enfim, foi libertado do domínio de Saddam Hussein.

Com o enfraquecimento definitivo do socialismo, a aliança militar do Pacto de Varsóvia (iniciada em 1955) chegou ao fim. Vários países conseguiram sua independência no Leste Europeu. Letônia, Ucrânia, Bielorrússia, Quirguízia, Armênia e Croácia foram alguns deles. No último dia do ano, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se dissolveu.

O presidente Fernando Collor passou o ano tentando ter o apoio do PSDB, mas teve o apoio negado pelo governador paulista Mário Covas e pelo presidente do partido, Franco Montoro. As denúncias de falcatruas envolvendo pessoas ligadas a Collor - a ministra Zélia Cardoso de Mello e o tesoureiro Paulo César Farias - começaram a aparecer, e viriam com mais intensidade no ano seguinte. Mas isto é um assunto para um dos próximos posts.

Depois de dois times de menos expressão chegarem ao vice-campeonato, a terceira edição da Copa do Brasil trouxe a ascensão de um time outrora desconhecido do grande público. O modesto Criciúma, de Santa Catarina, foi a primeira surpresa do torneio, e também o primeiro campeão que se valeu do regulamento. Um dos critérios de desempate é o "gol marcado fora de casa". E, após conseguir empatar com o Grêmio no Olímpico em 1 a 1 (gol de Vilmar para os catarinenses e de Maurício para os gaúchos), o placar de 0 a 0 no Estádio Heriberto Hulse deu o título para o time treinado por Luiz Felipe Scolari.

O Campeonato Brasileiro trouxe mais um torneio com o número de participantes considerado ideal pela FIFA - 20 equipes. Mas o rebaixamento do Grêmio (que terminou o campeonato em penúltimo lugar) teria consequências desastrosas para os anos seguintes da competição. Isto é um assunto para os próximos posts.

Pela terceira vez consecutiva, o São Paulo chegou à final do torneio - e, assim como em 1990, numa final paulista. O adversário foi o surpreendente Bragantino, treinado por Carlos Alberto Parreira. Mas, desta vez, os são-paulinos conseguiram chegar ao título, após uma vitória por 1 a 0 (com gol de Mário Tilico) no Morumbi e um empate em 0 a 0 no Marcelo Stefani, em Bragança Paulista. Foi o terceiro título brasileiro do São Paulo.

"O artista mais amado do Brasil faz 50 anos hoje: Roberto Carlos". A fala do apresentador Celso Freitas começou o Globo repórter de 19 de abril de 1991. A TV Globo apresentou o programa Roberto Carlos: uma vida de emoções, recontando a trajetória de vida e de arte de RC, com amigos como seu Zé Nogueira, os maestros Chiquinho de Moraes, Charles Callello e Eduardo Lages, Ronaldo Bôscoli, Luiz Carlos Miéle, Luiz Carlos Ismail, Carminha, Caetano Veloso, Julio Iglesias e, claro, os amigos Erasmo Carlos e Wanderléa. Roberto respondeu a perguntas de fãs e conversou com a repórter Glória Maria numa entrevista exclusiva. Ao final, a TV Globo apresentou um show ao vivo do Ibirapuera, em São Paulo, com direito a, no fim, acontecer um "parabéns pra você".

Roberto Carlos iniciou uma nova turnê nos palcos - e, desta vez, com um título bem condizente com o que ele é. Coração estreou em fevereiro de 1991, com o seguinte roteiro:

Abertura (ao final dela, Roberto Carlos canta um trecho de "Fera ferida" antes de entrar no palco)
Cenário
Se você disser que não me ama
Meu ciúme
Por ela
Amazônia
Quero paz
Café da manhã
Além do horizonte
Aquarela do Brasil
Pot-pourri "O coração dos compositores": Coração vagabundo / Carinhoso / Só louco / Explode coração
Mexerico da Candinha (em dueto com "Robertinho Carlinhos")
Detalhes (músicas incidentais: Como é grande o meu amor por você, Sentado à beira do caminho e Não quero ver você triste)
Se você pensa
Música suave
Emoções
Potu-pourri de encerramento: Ele está pra chegar / Amigo / As curvas da Estrada de Santos / O show já terminou


Desta vez, além de cantar as canções que em letra e música contaram sobre seu coração, ele interpretou "o coração dos compositores", num interessantíssimo bloco que trouxe Caetano Veloso, Pixinguinha, Dorival Caymmi e Gonzaguinha. "Não vou mudar, esse caso não tem solução, sou fera ferida, no corpo, na alma e no coração". O trecho de Fera ferida que RC cantava antes de entrar no palco deixava claro como o então cinqüentão seguia cantando de acordo com sua verdade, independente de pessoas que insistiam em dizer que era hora de mudar.

O repertório de Coração trouxe canções de um Roberto Carlos mais maduro. As canções eram basicamente das décadas de 1970 (Além do horizonte e Café da manhã) e 1980 (Amazônia e Se você disser que não me ama).

Logo no início houve espaço para músicas do LP do ano anterior, como Meu ciúme, de Michael Sullivan e Paulo Massadas. Ainda envolvido pela paixão ecológica (e usando a mesma pena do LP de 1989), Roberto cantou os problemas da Floresta Amazônica em Amazônia e repudiou a violência em Quero paz.

No momento mais interessante e mais inusitado do show, o público viu uma conversa de RC para RC. Graças a efeitos especiais, Roberto Carlos ficou lado a lado com "Robertinho Carlinhos", uma reprodução perfeita de sua imagem na época da Jovem Guarda exibida em telão móvel. Com muita irreverência, os dois conversaram e levaram ao público a magia que a tecnologia (quando bem utilizada) traz para todos nós.

Este show tem um valor muito especial para este que vos escreve. Eu tinha 8 anos quando Roberto Carlos foi a Vitória (pertinho de Cachoeiro) e, pela primeira vez, estive em contato com a emoção que é ver um show de Roberto Carlos ao vivo. Depois viriam muitas outras, felizmente...

A Música Popular Brasileira assistia à ascensão repentina de duplas sertanejas, mas um sertanejo mais moderno, que se assemelhava mais ao country americano. Mostrando a característica constante de dialogar com sucessos do momento, Roberto Carlos abriu espaço para o sertanejo em seu programa de fim de ano.

O Roberto Carlos Especial daquele ano também aconteceu em duas partes. No programa, batizado Viva a luz, RC teve a companhia de Cláudia Raia e Glória Maria à tarde, ao vivo no Teatro Fênix. Além de campanha sobre os direitos da criança e do adolescente (e abordar temas como o teste do pezinho), Roberto recebeu alguns convidados - o grupo Kid Abelha, com quem cantou Não vou ficar, e Mário Lago, com quem dividiu os vocais para Atire a primeira pedra e Ai, que saudades da Amélia. Também foi convidada a dupla Zezé di Camargo & Luciano, que cantou a música É o amor.

Na noite de 25 de dezembro, Roberto Carlos voltou à TV Globo, para emocionar mais seu público. Neste show, a parte sertaneja ficou por conta de Chitãozinho & Xororó. Os três cantaram Amazônia. Os outros convidados foram Erasmo Carlos (os dois cantaram um pout-pourri de músicas da Jovem Guarda), Fagner (com quem cantou Mucuripe) e Fafá de Belém. Fafá teve o privilégio de participar de um LP de Roberto Carlos. Assim como Maria Bethânia e Erasmo Carlos, ela dividiu os vocais para uma faixa de RC - a canção Se você quer (versão de Roberto Carlos e Carlos Colla para Si piensas... si quieres..., de Roberto Livi e Alejandro Vezzani).

Mas a tônica de seu LP daquele ano era o neosertanejo. Esta vertente saltava aos olhos, afinal, na capa do disco aparecia Roberto Carlos com um chapéu de vaqueiro. Eis o repertório:

LADO A

1 - Todas as manhãs, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Primeira dama, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

3 - Se você quer (Si piensas... si quieres...), de Roberto Livi e Alejandro Vezzani (versão de Roberto Carlos e Carlos Colla), com participação de Fafá de Belém

4 - Não me deixe, de Marcos Valle e Carlos Colla

5 - Oh, oh, oh, oh, de Roberto Livi e Salako

LADO B

1 - Luz divina, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Pergunte pro seu coração, de Michael Sullivan e Paulo Massadas

3 - Diga-me coisas bonitas, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Mudança, de Biafra, Aloysio Reis e Nilo Pinta

Além de Se você quer, a presença latina também esteve presente na última faixa do lado A do LP - a música Oh, oh, oh, oh, que Roberto tinha lançado no disco Pajaro herido, no ano anterior. Carlos Colla continuou figurando em LPs de RC, desta vez tendo a companhia de Marcos Valle na música Não me deixe (na qual Roberto, durante o solo, dá um assobio afinadíssimo). Sullivan e Massadas deram a Roberto a música Pergunte pro seu coração, que entraria na trilha musical de Pedra sobre pedra, novela das 20h30 da TV Globo.

No dia de lançamento do LP de 1991, Roberto Carlos foi entrevistado no final do Jornal Nacional. Na entrevista, ele disse que estava muito feliz de ter gravado uma canção específica - o "presente" veio de Biafra, Aloysio Reis e Nilo Pinta, chamado Mudança.

A safra de Roberto e Erasmo trouxe a primeira canção que RC destinou a seu novo amor - ele ainda demoraria para apresentar a pedagoga Maria Rita ao público, mas Primeira dama já era uma declaração de amor em letra e música. As canções introspectivas dos anos anteriores deram lugar a mensagens de esperança amorosa, como em Diga-me coisa bonitas. A mensagem religiosa apareceu também em ritmo country, na canção Luz divina.

Roberto Carlos dialogava com o estilo neosertanejo, e apresentava uma versão sua para este ritmo em evidência na época. E trazia a dor da solidão vista pela chuva no parabrisa de um carro.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em Coração.

Abraços a todos, Vinícius.

TODAS AS MANHÃS - Roberto e Erasmo

Todas as manhãs quando eu acordo
Eu me lembro de você
Todos os momentos do meu dia
Não consigo te esquecer

Diga, meu amor
O que é que eu faço
Pra não me lembrar do seu abraço
Eu preciso te esquecer

Entro no meu carro, ligo o rádio
Uma canção me traz você
Tudo que eu vejo de bonito
Se parece com você

Diga, meu amor
O que é que eu faço
Eu preciso arrebentar de vez os laços
Que me prendem a você

Chuva fina no meu parabrisa
Vento da saudade no meu peito
Visibilidade distorcida
Pela lágrima caída
Pela dor da solidão

E a chuva no meu parabrisa
Vento de saudade no meu peito
Visibilidade distorcida
Pela lágrima caída
Pela dor da solidão

Sempre nos lugares onde vou
Alguém pergunta de você
Paro num sinal e olho a rua
Na esperança de te ver

Diga meu amor
O que é que eu faço
Tudo faz lembrar você por onde eu passo
E eu preciso te esquecer

E a chuva fina no meu parabrisa
Vento de saudade no meu peito
Visibilidade distorcida
Pela lágrima caída
Pela dor da solidão...

Um comentário:

ELIAS disse...

POIS EU VOU FAZER O COMENTARIO . SOU FÃ DAS CANÇÕES DO ROBERTO CARLOS, E TENHO UMA COLETÂNEA DO REI. SÓ QUE DO TEMPO QUE OUÇO AINDA NÃO CONSEGUI ESSA MUSICA CHUVA FINA. MAS PROCURANDO NA REDE , CONSEGUI A LETRA. GOSTEI DEMAIS DE LER O TEXTO DESSE SITE, PARABÉNS AO IDEALIZADOR . TUDO O QUE SE REFERE AO REI DAS CANÇÕES EU QUERO PRA MIM.SOU COMPOSITOR AMADOR E DE TANTO ESCREVER ACABEI FICANDO COM MAIS MUSICAS ATÉ DO MEU ÍDOLO. UMAS TRES MIL CANÇÕES JÁ ESCREVI . A MAIORIA SEM TITULO E SEM REGISTRO EM CARTÓRIO.