terça-feira, 16 de junho de 2009

50 anos de emoções - 1988




Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções continua sua epopeia de contar, a cada post, um trecho dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos. São muitas emoções narradas em meio século de estrada do cantor na Música Popular Brasileira.

O ano de 1988 apresentou o primeiro lado negativo da tecnologia: surgiu o primeiro vírus de computador. O mundo também assistiu à ascensão da primeira mulher no poder num estado muçulmano moderno, com Benazir Bhutto se tornando a primeira-ministra do Paquistão.

O Brasil passou por transformações consideráveis em sua geopolítica. Na parte geográfica, foram elevados à categoria de estados os territórios do Amapá e de Roraima e, na parte central do país, foi criado Tocantins. A política brasileira tentou expandir seus negócios ao formar o Mercado Comum do Sul (Mercosul), ao lado de Argentina, Uruguai e Paraguai. Ainda neste ano, os governos brasileiro e argentino negociaram uma parceria de livre comércio no Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento.

Em Brasília, foi reunida a Assembleia Constituinte e, a 5 de outubro de 1988, a República Federativa do Brasil passou a ter uma nova Constituição. O regime presidencial foi mantido, e a escolha do presidente da República, dos governadores, prefeitos, senadores, deputados estadual e federal e vereadores seriam escolhidos por voto direto e secreto. A obrigatoriedade de voto continuava acima de 18 anos, mas pessoas de 16 e 17 anos tinham direito ao voto facultativo. Foram instituídos os sistemas de eleições majoritárias em dois turnos, na eventualidade do candidato em primeiro lugar não conseguir a maioria dos votos válidos.

A censura foi definitivamente abolida, e os trabalhadores foram beneficiados com o direito ao Sistema Único de Saúde (o SUS). Também foram estabelecidas garantias de aposentadoria a trabalhadores rurais mesmo sem contribuição ao INSS, proibição de comercialização de sangue e derivados, demarcações de terras indígenas e leis de proteção ao meio ambiente.

Neste contexto, a 22 de dezembro de 1988, o Brasil perderia seu maior líder na busca pela valorização do meio ambiente. O seringalista Chico Mendes foi assassinado com dois tiros de escopeta em sua casa em Xapuri, no Acre. Chico era perseguido por seu ideal de preservar a Amazônia, ideias opostas às dos donos de terra da região.

O país continuava tendo uma recessão econômica, a ponto de um desempregado brasileiro cometer o desatino de sequestrar um avião. Além de matar o copiloto, sua intenção era jogar o Boeing no Palácio do Planalto. O sequestro não deu certo, e o rapaz foi morto em Goiânia, depois de pousar.

A rixa entre o Clube dos 13 e a Confederação Brasileira de Futebol tornou possível um sistema de Campeonato Brasileiro bem mais enxuto. Passada a confusão da Copa União do ano anterior, no ano de 1988 o torneio começou com 24 clubes e um sistema de acesso e rebaixamento mais claro - quatro clubes caíam para a Série B e dois voltavam à Série A. Mas, os organizadores decidiram inovar na pontuação: as partidas passaram a valer três pontos por vitória. Caso houvesse um empate, um ponto ia para cada equipe e era realizada uma cobrança de pênaltis - na qual o vencedor ganhava um ponto a mais.

Os primeiros rebaixados em campo foram Santa Cruz, Criciúma e os cariocas América e Bangu. No ano seguinte, o campeão Internacional de Limeira (de São Paulo) e o vice Náutico disputaram a Primeira Divisão.

Mais uma vez, o Brasil teve de esperar até o início do ano seguinte para conhecer quem seria o melhor time do ano anterior. Em fevereiro de 1989, o Bahia sagrou-se campeão brasileiro de 1988. No primeiro jogo, os baianos venceram o Internacional por 2 a 1 (com dois gols de Bobô e Leomir marcando o gol colorado) na Fonte Nova. No segundo jogo, realizado no Beira-Rio, o empate em 0 a 0 foi suficiente para o tricolor baiano conquistar seu primeiro título nacional.

Roberto Carlos surpreendeu seu público ao lançar dois discos no ano de 1988. O primeiro deles veio em maio, num registro fonográfico do show Detalhes. Roberto Carlos ao vivo trouxe dez números apresentados no Canecão da turnê iniciada em 1987. Eis o repertório:

LADO A

1 - Abertura

2 - Detalhes (trecho) / Proposta

3 - Emoções

4 - Lobo mau / Eu sou terrível / Amante à moda antiga

5 - Canzone per te

6 - Outra vez

LADO B

1 - Seu corpo / Café da manhã / Os seus botões / Falando sério / O côncavo e o convexo / Eu e ela

2 - Detalhes

3 - Imagine, com participação de Gabriella

4 - Ele está pra chegar / Detalhes (trecho)

Numa época na qual era incomum ter registro ao vivo em disco, Roberto mostrou uma parte de como eram seus shows nesta época. Os momentos nos quais mesclava texto e música estiveram presentes, até mesmo no extenso pout-pourri que abriu o lado B do LP. Também ficaram para a posteridade sua interpretação de Imagine, na companhia da cantora Gabriella, além de, pela primeira vez, aparecer sua hoje corriqueira interpretação de Detalhes na qual canta acompanhado de um violão.

No Roberto Carlos Especial de 1988, RC teve a companhia de sua "afilhada musical" Kátia, com quem cantou Qualquer jeito (sucesso que ele e Erasmo fizeram para ela), de Rosana - na época muito bem sucedida nas rádios - com quem cantou um pout-pourri mesclado de sucessos dela e dele. RC também conversou com o piloto Ayrton Senna. O amigo Erasmo Carlos esteve presente num dueto que não ficou restrito ao programa de televisão. Oito anos depois de RC participar do disco Erasmo Carlos convida... na faixa Sentado à beira do caminho, Erasmo participou do disco de Roberto com Papo de esquina. Eis as demais músicas do LP:

LADO A

1 - Se diverte e já não pensa em mim, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Todo mundo é alguém, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

3 - Se você disser que não me ama, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Como as ondas do mar, de Marcos Valle e Carlos Colla

5 - Se o amor se vai (Si el amor se va), de Roberto Livi e Bebu Silvetti, com versão de Roberto Carlos e Carlos Colla

LADO B

1 - Papo de esquina, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos (com participação de Erasmo Carlos)

2 - Eu sem você, de Mauro Motta e Carlos Colla

3 - O que é que eu faço, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Toda vã filosofia, de Guilherme Arantes

5 - Volver, de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera

RC agregou mais um compositor à sua lista - Guilherme Arantes, presente com Toda vã filosofia. Marcos Valle (irmão de Paulo Sérgio, já corriqueiro nos discos de RC) conseguiu dar voz à sua música através de RC, e na companhia de Carlos Colla. Colla também inaugurou uma parceria com o produtor musical Mauro Motta.

Ele foi coautor também de Roberto Carlos, em uma presença latina no disco brasileiro de RC. Cada vez mais dialogando com o cancioneiro espanhol, Roberto dedicou duas faixas a músicas latino-americanas. A primeira foi a versão de Si el amor se va, que na letra dele e de Carlos Colla se tornou Se o amor se vai. A segunda encerrou o LP - uma leitura para a primorosa Volver, um retorno ao universo de Carlos Gardel 15 anos depois de El día que me quieras. Estas músicas fariam parte de um grande momento de Roberto Carlos, mas isto é um assunto para o próximo post.

A safra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos rendeu bem mais que um papo de esquina. No ano de 1988, veio a engajada Todo mundo é alguém e também uma nova leva de canções amorosas - só que todas falando de fim de amor. O disco abriu com Se diverte e já não pensa em mim, uma letra dolorosa apresentada no especial tendo Luiza Brunet como musa.

O sambinha O que é que eu faço, apesar do ritmo mais animado, também já dava traços de um relacionamento desgastado, no qual ele dizia que voltava "num empurrão". Só que a canção que causou mais polêmica foi a terceira do lado A.

O motivo: no clipe apresentado no Roberto Carlos Especial, RC estava acompanhado de Isabela Garcia. Foi o suficiente para especularem que ela era "um novo amor" e Myriam Rios e ele já tinham se separado. Uma pena, pois o brilho desta bela música merecia um destaque maior dentre as canções de fim de amor compostas por Roberto e Erasmo. Afinal, para eles a pessoa tem de dizer mais de uma vez se não ama.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em apresentação de Volver no exterior.

Abraços a todos, Vinícius.

SE VOCÊ DISSER QUE NÃO ME AMA - Roberto e Erasmo

Se você disser que não me ama
Tem que me dizer mais de uma vez
Tem que me fazer acreditar
Em coisas que eu não quero ouvir

Tem que dizer tudo que eu detesto
Que não me suporta, que eu não presto
Tem que repetir por muitas vezes
Que não quer saber de mim

Tem que me dizer coisas horríveis
Inacreditáveis, impossíveis
Coisas que um homem não suporta
Ter que ouvir de uma mulher

Tem que me dizer que eu vá embora
Me botar daquela porta afora
E mesmo assim não sei se desse jeito
Em tudo isso vou acreditar

Tem que disfarçar o seu desejo
E não se excitar quando eu te beijo
Porque qualquer pequeno gesto seu
É um bom motivo pra eu ficar

Se você disser que não me ama
Tem que me dizer mais de uma vez...

Se você disser que não me ama
Tem que me dizer mais de uma vez...

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