segunda-feira, 8 de junho de 2009

50 anos de emoções - 1984



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções continua apresentando, post a post, cada um dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos. Hoje, chegamos aos 25 anos deste meio século da estrada de RC na Música Popular Brasileira.

O ano de 1984 apresentou uma revolução tecnológica: a Apple lançou o computador MacIntosh, que popularizou a parte gráfica e passou a ser usado em tratamento de vídeos, de imagens e de som. Até hoje, o Mac se destaca dentre os computadores.

No dia 26 de setembro, Reino Unido e China realizaram um tratado muito favorável para o país asiático. Foi definido que Hong Kong passaria a pertencer à China no ano de 1997.

Em 1984, o Brasil viu a chance de volta à plena democracia ser desperdiçada no Congresso Nacional. A Emenda Constitucional Dante de Oliveira propunha que o povo brasileiro pudesse votar para presidente já na próxima eleição (em novembro do mesmo ano). Pelo país surgiram comícios, protestos e campanhas pelas Diretas Já. No entanto, mesmo com vitória por 298 votos a 65 (com três abstenções), os brasileiros não puderam votar para presidente. 112 deputados não compareceram, e a emenda não foi aprovada por falta de um quórum mínimo para a vitória.

Um Colégio Eleitoral formado por deputados e senadores decidiu o futuro do Brasil no dia 15 de novembro. Tancredo Neves, do PMDB, derrotou Paulo Maluf e passaria a ser o novo presidente a partir de 1985.

Na Taça Libertadores da América, o Grêmio novamente chegaria a final, mas desta vez não ficaria com o título. O argentino Independiente sagrou-se campeão após vencer o tricolor gaúcho por 1 a 0 no Estádio Olímpico e os times empatarem em 0 a 0 no Estádio Avellaneda. Foi o sétimo título da equipe argentina.

O Campeonato Brasileiro teve, pela primeira vez, uma final entre duas equipes do Rio de Janeiro. Fluminense e Vasco disputaram a final do torneio, e o tricolor carioca conquistou seu primeiro título. No primeiro jogo, o Fluminense venceu o Vasco por 1 a 0, com gol marcado por Romerito. A partida final terminou empatada em 0 a 0, resultado que levou a taça para as Laranjeiras.

Roberto Carlos começou seu especial tendo como fio condutor a música que puxou seu disco: Caminhoneiro, que, no dia de seu lançamento, tocou três mil vezes nas rádios do país. Roberto cantava a canção e, na estrada, encontrava o amigo Erasmo Carlos, dava carona à menina Simony (que, com a Turma do Balão Mágico, cantavam com ele a música É tão lindo, que RC interpretou em faixa para o LP deles). Numa parada num posto, Roberto e Erasmo encontravam o conjunto Blitz e cantavam sucessos da Jovem Guarda. Após estes primeiros momentos, o programa mostrava parte de um show gravado no Maracanãzinho.

Para seu disco daquele ano, RC tinha um novo produtor musical. Evandro Ribeiro (que produzira seus LPs nos últimos 20 anos) se afastou por motivos de saúde. Em seu lugar, o assistente de produção Mauro Motta - já conhecido do grande público por ser um dos "compositores de Roberto Carlos" - foi elevado ao cargo de produtor do LP. Curiosamente, a música de trabalho mudou de estilo: em vez de um tema amoroso, Roberto chegou às rádios cantando uma homenagem aos caminhoneiros. E, pela primeira vez, RC lançou um LP com nove músicas. Eis o repertório:

LADO A

1 - Coração, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Eu e ela, de Mauro Motta, Robson Jorge e Lincoln Olivetti

3 - Aleluia, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Lua Nova, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - Cartas de amor (Love letters), de Victor Young e Edward Heyman, com versão de Lourival Faissal

LADO B

1 - Caminhoneiro (Gentle on my mind), de John Hartford, Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Eu te amo (And I love her), de John Lennon e Paul McCartney, com versão de Roberto Carlos

3 - Sabores, de Mauro Motta e Cláudio Rabello

4 - As mesmas coisas, de Maurício Duboc e Carlos Colla

Além da presença de Mauro Motta na produção, seu nome apareceu em duas canções, e trazendo parceiros novos. Em Eu e ela, o público passava a conhecer um nome constante nos arranjos de RC a partir da segunda metada da década de 1980: Robson Jorge e Lincoln Olivetti. Os dois foram responsáveis pela inserção de teclados e instrumentos eletrônicos nos arranjos dos discos de Roberto. Em Sabores, a coautoria foi de Cláudio Rabello (autor de músicas bem sucedidas como Espelhos d'água, em parceria com Dalto). A dupla Maurício Duboc e Carlos Colla continuou presente, encerrando o disco trazendo a melancólica As mesmas coisas.

As versões também fizeram parte deste LP de RC. Primeiro, através da versão de Lourival Faissal para Love letters, que se tornou Cartas de amor. E a segunda, através das letras do próprio Roberto, que contou sobre ela no especial daquele ano:

"A obra de um homem pode ser imortal. Eu fiz uma versão de uma canção de John Lennon e Paul McCartney. E batizei com uma frase que Lennon disse muito em sua vida: EU TE AMO".

A música original era And I love her. Inicialmente, Roberto queria a presença de Paul na faixa do LP, mas, por questões de agenda, este grande encontro não aconteceu.

A safra de Roberto e Erasmo continuou trazendo belas músicas, a maioria delas apresentada logo no primeiro lado do LP. A canção escolhida para a abertura foi a sincera Coração. A mensagem religiosa se transformou em louvor nos versos de Aleluia. E na quarta faixa do lado A, uma grata surpresa: uma despretensiosa balada intitulada Lua Nova, mais uma das muitas canções que ainda merecem ser descobertas.

A música mais tocada deste ano de 1984 traz um detalhe: atualmente, ela é também creditada a John Hartford. O motivo é o seguinte: algum tempo depois, foi descoberta a semelhança entre a melodia de Caminhoneiro e da música Gentle on my mind em oito notas. Um ex-tecladista da banda de Roberto Carlos gravou um disco só de músicas instrumentais e, na edição, apareceu creditado como uma versão da música americana - por sinal, o primeiro grande sucesso de Hartford, que rendeu dois Grammy graças à gravação de Glen Campbell.

Com isto, houve um acordo para que, nas próximas edições, constasse o nome do autor dela como coautor da melodia de Caminhoneiro. E com 25 anos de carreira, Roberto Carlos continuava todo dia nesta estrada, correndo ao encontro de novas músicas para emocionar o seu público.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na boleia do caminhão que usou no clipe da canção.

Abraços a todos, Vinícius.

CAMINHONEIRO (Gentle on my mind) - John Hartford, Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão

Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
Do volante eu penso nela
Já pintei no parachoque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
Como bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração

Quando chove o limpador desliza
Vai e vem no parabrisa
E bate igual, meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel

É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração 'tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no parachoque
Um coração e o nome dela

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Olho o horizonte e vou em frente
Tô com Deus e vou contente
Meu caminho eu sigo em paz

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no parachoque
Um coração e o nome dela

O nome dela...
O nome dela...

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