sábado, 23 de outubro de 2010

Roberto Carlos em capítulos - PECADO CAPITAL (1975-1976 e 1998-1999)



Olá, amigos.

A série Roberto Carlos em capítulos mostra em seu post de hoje a comprovação de que a obra de RC atravessa os tempos da música e da teledramaturgia do Brasil. A ponto de duas versões de uma mesma novela terem canções de sua autoria.



PECADO CAPITAL foi uma trama escrita pelas linhas tortas do Regime Militar. Em 1975, a censura vetou a exibição de "Roque Santeiro" na noite de estreia, 28 de agosto de 1975. Supreendida com o veto, a TV Globo providenciou uma versão compacta do sucesso de Selva de pedra para ser exibido enquanto se preparava uma nova trama para o horário. Após a recusa de três sinopses - uma delas era Saramandaia, do próprio Dias, a autora Janete Clair (então escrevendo para o horário das 19 horas a novela Bravo!), se ofereceu para escrever uma sinopse convincente para os censores.

E ela apresentou Pecado capital, no ar a partir de 24 de novembro de 1975. Toda ela feita com o mesmo elenco que estava escalado para Roque Santeiro. A história tinha início quando o taxista Carlão (papel de sucesso de Francisco Cuoco) se via no dilema de se deparar com uma quantia de dinheiro de um assalto deixada em seu carro. Ao ver os problemas de saúde de seu pai, Raimundo (vivido por Gilberto Martinho), Carlão não resiste em usar o dinheiro pelo bem dele.

Mas com o tempo, o taxista acaba se apossando da grande quantia e tem uma ascensão social que o faz comprar sua própria frota de táxis. A melhora em seu poder aquisitivo o aproxima de Eunice (interpretada por Rosamaria Murtinho) e o afasta da namorada Lucinha (personagem de Betty Faria), uma operária batalhadora.



Do outro lado da história, está o empresário Salviano Lisboa (papel de Lima Duarte), um viúvo milionário que tem seis filhos: Vitória, Vinícius, Vicente, Virgílio, Vilma e Válter, mas vive na completa solidão, até conhecer Lucinha, que se torna modelo das confecções de sua indústria têxtil. A novela teria grandes índices de audiência.

O último capítulo, exibido em 5 de junho de 1976, trouxe duas grandes notícias na primeira página. De um lado, a morte de Carlão, assassinado nas obras do metrô da Carioca por bandidos envolvidos no assalto. Do outro, era anunciado o casamento de Salviano Lisboa com Lucinha.



A obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos surgiu na telinha como forma de mostrar a rebeldia de uma das filhas de Salviano Lisboa. Vilminha (personagem de Débora Duarte) tinha este comportamento em virtude de problemas psicológicos causados por um trauma de infância. E, por isto, acreditava que dali pra frente, tudo seria diferente.



Segue a letra! Na foto, Betty Faria e Francisco Cuoco, nos papéis de Lucinha e Carlão.

SE VOCÊ PENSA - Roberto e Erasmo

Se você pensar que vai fazer de mim
O que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo
Vai ter que mudar
Daqui pra frente
Tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
Seu orgulho não vale nada, nada

Você tem a vida inteira pra viver
E saber o que é bom e o que é ruim
É melhor pensar depressa e escolher
Antes do fim

Você não sabe
E nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
Bom mesmo é ser feliz e mais nada, nada

Nada, nada...

*****



Mas a história de 1975/1976 merecia ser reescrita. E, por isto, 22 anos depois, o horário das 18h foi aberto para uma nova leitura da trama de Pecado capital. A história de Janete Clair foi contada novamente através da leitura de sua discípula - a novelista Glória Perez. Glória foi colaboradora de Janete na última novela que a Nossa Senhora das Oito escreveu - Eu prometo, que foi finalizada por sua colaboradora, pois a autora original se viu impossibilitada diante do agravamento de seu câncer.



A nova versão prometeu muito impacto na escalação de seu elenco. Depois do grande sucesso como o sensual par romântico Nando e Milena da novela Por amor, Eduardo Moscovis e Carolina Ferraz foram chamados para viver Carlão e Lucinha. E Francisco Cuoco, que tinha sido o taxista na versão de 1976, se tornou o antagonista da novela - o empresário Salviano Lisboa.



Mas o resultado ficou abaixo do esperado. Além do fato de a trama escrita originalmente para as 20h ter sido reescrita para a faixa das 18h, a autora Glória Perez incluiu muitas tramas paralelas que tiraram um pouco da identidade da história de Janete Clair. Para completar, a sintonia entre Francisco Cuoco e Carolina Ferraz não aconteceu, e obrigou a novela a ter um novo rumo.

Vera Fischer entrou na trama no papel de Laura, exclusivamente para fazer par de Salviano Lisboa. Mas nem esta mudança de planos recuperou a audiência. Ela serviu apenas para mudar o final da novela. Salviano e Laura terminaram juntos no final exibido em 8 de maio de 1999.

Lucinha reatou com Carlão, mas nem isto impediu que ele morresse no final da trama. O taxista, que era assassinado por um dos bandidos do assalto e morria abraçado à mala de dinheiro nas obras da estação de metrô da Carioca em 1976, teve o mesmo fim em 1999. Só que com a diferença de ser amparado por Lucinha, sua eterna namorada, e em frente ao metrô da recém-inaugurada Estação Cardeal Arcoverde, em Copacabana. Numa participação afetiva, Lima Duarte (o Salviano Lisboa da primeira versão) interpretou o bandido que matou Carlão na segunda versão.

Roberto Carlos e Erasmo Carlos apareceram como compositores em dois momentos desta Pecado capital. Na voz de Nana Caymmi e Erasmo Carlos, uma das canções foi tema de Vitória (papel de Thaís de Campos), filha mais velha de Salviano. E a outra, na voz dos Titãs, teve o privilégio de expor em letra e música os dramas do cotidiano de Lucinha e Carlão.



Seguem as letras! Na foto,

Abraços a todos, Vinícius.

NÃO SE ESQUEÇA DE MIM - Roberto e Erasmo

Onde você estiver
Não se esqueça de mim
Com quem você estiver
Não se esqueça de mim

Eu quero apenas estar
No seu pensamento
Por um momento pensar
Que você pensa em mim

Onde você estiver
Não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor
Que te faça feliz

Se resta em sua lembrança
Um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver
Não se esqueça de mim

Não se esqueça de mim...

*****

É PRECISO SABER VIVER - Roberto e Erasmo

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão

É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver

Toda pedra do caminho
Você deve retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar

Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver

É preciso saber viver...
É preciso saber viver...
É preciso saber viver, saber viver...

Um comentário:

CON disse...

Amigo que maravilha...viajei aqui...
Saudades que me deu daquele tempinho.
RC é mesmo atemporal amigo, ele é único!
Parabéns pela matéria!
Beijos azuisss