terça-feira, 14 de julho de 2009

50 anos de emoções - 2000



Olá, amigos.

Depois de todos os momentos lindos vividos no Maracanã, a série 50 anos de emoções volta às suas atividades, mostrando o último ano de Roberto Carlos no século XX. Estava começando mais uma década na trajetória de RC.

O ano de 2000 começou com um importante momento de reflexão feito pela Igreja Católica. O Papa João Paulo II pediu perdão por todos os erros cometidos pela Igreja Católica nos últimos dois mil anos. Foram ressaltados erros como a perseguição às outras religiões (em especial aos judeus) e as práticas das Cruzadas e da Inquisição.



O ano também trouxe algumas tragédias no céu e na terra. Em julho, 113 pessoas morreram em um acidente com um Concorde da Air France, que caiu em Paris após dois minutos no ar. Em agosto, o submarino nuclear Kursk afundou no Mar de Barents.

O Peru entrou em crise, quando o presidente Alberto Fujimori renunciou ao cargo de presidente do país. Convivendo com uma série de escândalos em seu governo, ele aproveitou a viagem para assistir à convenção da APEC na China para renunciar ao cargo e pedir asilo político no país.



Mas o final de ano preparava um acontecimento que iria afetar o mundo no início do século XXI. Em 13 de dezembro, George W. Bush foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos da América, em vitória sobre o democrata Al Gore. As consequências de sua eleição começarão a ser detalhadas nos próximos posts.



No início de ano a coisa ficou literalmente preta para o Brasil. Um duto da Petrobrás sofreu um vazamento e derramou 18 mil litros de óleo na Baía de Guanabara. Mas no ano ainda vazariam outros esgotos, em várias áreas nacionais.

A comemoração pelos 500 anos de descobrimento do Brasil foi desastrosa na cidade de Porto Seguro - terra por onde chegaram as naus da viagem comandada por Pedro Álvares Cabral. A réplica do navio sofreu problemas técnicos e maculou uma data tão importante para o país.

Dois escândalos de corrupção vieram à tona. Em São Paulo, Nicéa Pitta denunciou um esquema de corrupção acontecido na prefeitura da capital durante a gestão de seu ex-marido, Celso Pitta. E após meses foragido da polícia, o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto foi preso. Atualmente, o Lalau está em prisão domiciliar por conta do esquema político que teve com o ex-senador Luís Estevão.



O ano de 2000 ficou marcado como a primeira tentativa de um Mundial de Clubes de verdade, reunindo equipes de várias regiões diferentes. Sediado no Brasil, o torneio trouxe Corínthians (representante do país-sede), Vasco (campeão da Libertadores de 1998), o árabe Al-Nassr (vencedor da Supercopa da Ásia), o inglês Manchester United (então campeão da Copa dos Campeões), o espanhol Real Madrid (campeão do Mundial Interclubes em 1998), o australiano South Melbourne (que foi o melhor na Copa dos Campeões da Oceania), o mexicano Necaxa (vencedor da Concacaf) e o marroquino Raja Casablanca (vencedor da Liga dos Campeões da África).

Do grupo que jogou em São Paulo, o vencedor foi o Corínthians. Do grupo que atuou no Rio de Janeiro, saiu o Vasco. Em 14 de janeiro de 2000, os dois brasileiros decidiram o título de melhor do mundo. Após um 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, o atacante Edmundo desperdiçou a última cobrança de pênalti vascaína. Com o chute para fora, o Corínthians venceu a série por 4 a 3 e conseguiu ser o único clube sul-americano que ganhou um título mundial mesmo sem jamais ter vencido uma Taça Libertadores.

O Palmeiras perdeu a chance de ser bicampeão da Taça Libertadores da América. Após dois empates em 0 a 0 (o primeiro na Bombonera e o segundo no Palestra Itália), a equipe perdeu nos pênaltis por 4 a 2 para o Boca Juniors. O Boca chegava à sua terceira conquista sul-americana.

Pela terceira vez, o Cruzeiro sagrou-se campeão da Copa do Brasil. O time arrancou um 0 a 0 diante do São Paulo no Morumbi, e mesmo sofrendo um gol de Marcelinho Paraíba aos 20 minutos do segundo tempo, a equipe encontrou forças para virar o placar com gols de Fábio Júnior e Geovanni.

A entrada do Gama na Justiça Comum para voltar a ter direito de disputar a Primeira Divisão fez com que a Confederação Brasileira de Futebol ficasse impedida de organizar o Campeonato Brasileiro. A solução foi entregar ao Clube dos 13 a responsabilidade de organizar um torneio nacional para o segundo semestre. Surgiu a Copa João Havelange, que reuniu 116 times divididos em quatro módulos. Além do Gama, foram alçados à elite Fluminense (que vinha da Série C), Bahia, Juventude e América Mineiro.

Dos 25 clubes, classificavam-se os 12 primeiros para as oitavas-de-final. Lá, eles encontrariam a companhia do campeão e do vice da Segunda Divisão (respectivamente, Paraná e São Caetano) e do campeão da Terceira Divisão (o Malutrom). Chegaram à final o Vasco e o surpreendente São Caetano, que passou por favoritos como Fluminense, Palmeiras e Grêmio.

Neste momento, Roberto Carlos atrapalhou o futebol brasileiro. Como Palmeiras e Vasco ainda estavam disputando duas competições ao mesmo tempo (Copa Mercosul e Brasileirão), houve uma alteração nas tabelas, de forma ao ano do futebol acabar em 23 de dezembro. Entretanto, uma das datas coincidia com a exibição do Roberto Carlos Especial na TV Globo. A solução foi um remanejamento de datas.

Nos dias 27 e 30 de dezembro estavam previstos os jogos finais do Brasileiro. Após empate em 1 a 1 no Palestra Itália (César abriu o placar para o time do ABC paulista e Romário empatou para os vascaínos), o segundo jogo, em São Januário, terminou numa tragédia. O placar estava em 0 a 0 quando, aos 23 minutos do segundo tempo, uma briga entre torcedores causou uma confusão e parte do alambrado cedeu. O número de feridos chegou a 168, e instalou-se uma verdadeira enfermaria no estádio do Vasco - visivelmente superlotado. Após duas horas de paralisação, decidiu-se que não teria mais a realização do jogo.

Depois de dias de negociações, foi batido o martelo de que deveria acontecer uma nova partida, em 18 de janeiro de 2001. Em virtude do constante ataque que a Rede Globo fez a ele e ao Vasco, o presidente Eurico Miranda surpreendeu a emissora ao colocar o time cruzmaltino ostentando o símbolo do SBT no peito e nas costas dos uniformes de seus jogadores. O time de coração de RC chegou ao seu quarto título brasileiro com uma vitória por 3 a 1 - gols de Juninho, Jorginho Paulista e Romário, com Adãozinho descontando para o Azulão.



Em 20 de dezembro de 2000, o Vasco já tinha proporcionado um dos momentos mais mágicos da história do futebol. Após vencer por 2 a 0 em São Januário e perder por 1 a 0 no Palestra Itália, o time chegou ao terceiro jogo da final da Copa Mercosul precisando vencer o Palmeiras em São Paulo. No primeiro tempo, o alviverde paulista foi para o intervalo com uma vitória de 3 a 0, construída com gols de Arce, Magrão e Tuta. Num avassalador segundo tempo, nem mesmo o fato de estar com um jogador a menos (Júnior Baiano tinha sido expulso) comprometeu as coisas. O Vasco virou a partida para 4 a 3, com três gols de Romário - o últimos aos 48 minutos do segundo tempo - e um de Juninho Paulista. Muitos consideram este jogo como "A virada do milênio".

Após cerca de um ano de ausência, Roberto Carlos voltou à sua rotina de artista. Ainda tinham muitas emoções para ser vividas. 11 de novembro de 2000 marcou o retorno de RC aos olhos do público, em uma apresentação em Recife. O público do Geraldão conheceu em primeira mão duas músicas que viriam no novo disco - Amor sem limite (que batizaria o disco e o show) e a religiosa Tu és a verdade, Jesus. Amor sem limite veio com o seguinte repertório:

Emoções
Como vai você
Desabafo
Amor sem limite
Como é grande o meu amor por você
Eu te amo, te amo, te amo
Jovens tardes de domingo
Texto sobre a Jovem Guarda (ao som de O diamante cor-de-rosa)
Nossa canção
Eu sou terrível / O taxista / As curvas da Estrada de Santos / 120... 150... 200 km por hora / Todas as manhãs / Caminhoneiro / Por isso corro demais / Parei na contramão / O calhambeque
Olha
Tu és a verdade, Jesus
Luz divina / Nossa Senhora
Eu te amo tanto
Amor sem limite


"Recife foi a primeira cidade onde fiz meu primeiro show após o sucesso do segundo disco. O Geraldão tem me dado muita alegria. Pensei em Cachoeiro do Itapemirim,mas optei por Recife”. No número que recordava, em imagens projetadas no telão, o período da Jovem Guarda, Roberto disse "Eu era feliz e não sabia". Em alguns momentos do show, Roberto chorava copiosamente, e a emoção foi maior quando a imagem de Maria Rita apareceu no telão.

Na canção Outra vez, de Isolda, Roberto fez uma alteração: em vez de usar o passado, cantando "você foi...", ele começava com "você é...", na ideia de um amor sempre presente. A ideia de "amor sem limite" foi o parâmetro da escolha do repertório. Como é grande o meu amor por você, que diz que nem mesmo o infinito consegue ser maior que o amor e a distância que não vai impedir o encontro em Eu te amo, te amo, te amo. A interpretação das músicas Luz divina e Nossa Senhora, temáticas religiosas feitas com Erasmo na década de 1990, ressaltou a religiosidade, da qual ele ficou mais próximo no tempo em que o casal ficou junto. A apresentação de Eu te amo tanto ao piano e de Amor sem limite encerraram o show intimista que marcou a volta de Roberto Carlos ao palco.

A vontade de cantar o amor em sua forma eterna faria com que Roberto retirasse durante a turnê a música Desabafo. Neste show em Recife, ele apresentou-a dizendo: "Esta música não tem nada ver com esse show, nem sei por que ela está aqui".

Números musicais do show Amor sem limite fizeram parte do Roberto Carlos Especial deste ano - ao lado de músicas do novo disco e falas de RC em entrevistas. Este foi um dos poucos especiais sem convidados (antes, somente o de 1980 foi assim).

O disco novo de Roberto Carlos causou um primeiro impacto pela foto dele na capa. Com os cabelos grisalhos, seu rosto (mostrado bem próximo) parecia mais envelhecido, abatido, e o olhar de quem tinha chorado. Foto condizente com o intimismo das faixas de Amor sem limite.



1 - O grande amor da minha vida, de Roberto Carlos

2 - Amor sem limite, de Roberto Carlos

3 - O grude (um do outro), de Roberto Carlos

4 - O amor é mais, de Roberto Carlos

5 - Eu te amo tanto, de Roberto Carlos

6 - Tudo, de Martinha

7 - Tu és a verdade, Jesus, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

8 - Mulher pequena, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

9 - Quando digo que te amo, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

10 - Momentos tão bonitos, de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle

O disco trouxe três gravações antigas de RC - Mulher pequena, de 1992, Quando digo que te amo, de 1996 e Eu te amo tanto, de 1998. Todas que fazem parte da lista de músicas feitas para Maria Rita.

Até mesmo a safra de outros compositores (Tudo e Momentos tão bonitos) trouxe músicas que falam de um amor pleno, bem-sucedido. O intimismo ao falar de seu amor foi tanto que Roberto nem aceitou a coautoria de Erasmo Carlos - o amigo só está presente na safra inédita em Tu és a verdade, Jesus.

A frase "Dedico este disco, com todo meu amor, à Maria Rita" explicitou que cada uma das canções era um recorte do amor que os dois tiveram. Um amor que encontrava uma só definição: AMOR SEM LIMITE. Como diz a faixa que dá título ao retorno de Roberto Carlos.

Segue a letra! Na foto do início de post, Roberto Carlos ao final do show de Recife. Porque ali, ali no palco é o seu lugar.

Abraços a todos, Vinícius.

AMOR SEM LIMITE - Roberto Carlos

Quando a gente ama alguém de verdade
Esse amor não se esquece
O tempo passa, tudo passa, mas no peito
Esse amor permanece

E qualquer momento longe é demais
A saudade atormenta
Mas qualquer minuto perto é bom demais
E o amor só aumenta

Vivo por ela
Ninguém duvida
Porque ela é tudo
Na minha vida

Eu nunca imaginei que houvesse no mundo
Um amor desse jeito
Do tipo que quando se tem não se sabe
Se cabe no peito

Mas eu posso dizer que sei o que é ter
Um amor de verdade
E um amor assim eu sei que é pra sempre
É pra eternidade

Vivo por ela
Ninguém duvida
Porque ela é tudo
Na minha vida

Quem ama não esquece quem ama
O amor é assim
Eu tenho esquecido de mim
Mas dela eu nunca me esqueço

Por ela esse amor infinito
O amor mais bonito
É assim nosso amor sem limite
O maior e mais forte que existe

Vivo por ela
Ninguém duvida
Porque ela é tudo
Na minha vida

Vivo por ela
Ninguém duvida
Porque ela é tudo
Na minha vida...

P.S.: seguindo sugestão do amigo James Lima (responsável pelo blogue Roberto Carlos Braga), este que vos escreve decidiu colocar mais algumas fotos a cada post, para ilustrar melhor tudo o que quer passar em cada texto sobre RC. O fato da série ser uma retrospectiva acabou favorecendo a variedade de imagens. O Emoções de Roberto Carlos vai continuar a experimentar este novo formato, mas seria muito bom saber do leitor o que acha desta nova face. Comentários, por favor!

2 comentários:

Everaldo Farias disse...

Vina,

a lista do show tá incompleta: faltam canções como Detalhes e Outra vez. Também tivemos a ordem errada, pois Desabafo veio após Amor sem limite e foi substituída por Como é grande o meu amor por você em apresentações posteriores!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço a todos!

James Lima disse...

Vina,

Muito bom !

As postagens estão mais ágeis e simples que antes. E, como sempre, você continua um belo de um escritor, viu?

Um Forte Abraço
James Lima
http://www.robertocarlosbraga.blogspot.com/