sábado, 4 de julho de 2009

50 anos de emoções - 1997



Olá, amigos.

Estejamos todos ligados hoje na TV Globo às 14h30: será um prazer rever Roberto Carlos, desta vez no programa Caldeirão do Huck, de Luciano Huck. Enquanto RC não vem, este blogue traz mais um post da série 50 anos de emoções, que enumera a carreira de Roberto Carlos ano a ano.

O ano de 1997 ficou marcado pelo início do maior acordo da história da Europa. Em 7 de fevereiro, a cidade holandesa de Maastrich foi o cenário do tratado que culminou na criação da União Europeia. Além de questões como meio ambiente e saúde, o Tratado da União Europeia determinou a unificação monetária: chegou ao mercado o euro.

Os reféns da embaixada chinesa no Peru desde o final de 1996 foram libertados somente em abril de 1997. Uma ação militar do exército peruano libertou as 126 pessoas que ficaram sob o poder de revoltosos do Movimento Revolucionário Tupac Amaru. Em Nova Iorque, o professor palestino Ali Hassan Abu Kamal matou uma pessoa e feriu seis no 86º andar do Empire State Building. Em seguida, Kamal cometeu suicídio.

No ano em que começou o segundo mandato de Bill Clinton, o mundo assistiu ao início de uma crise econômica, quando a Bolsa de Valores de Hong Kong caiu 10,4%. Os problemas da economia chegaram ao Brasil, com a Bovespa chegando a ter queda de 14,9%.

O Brasil conheceu duas das grandes mudanças proporcionadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Na parte política, o Senado aprovou emenda constitucional para permitir a reeleição de presidente, governadores e prefeitos. Com os problemas enfrentados pelas estatais, FHC também permitiu a era das privatizações. A mais importante delas foi a da Companhia Vale do Rio Doce, leiloada por 3,3 bilhões de reais.

O Movimento dos Sem-Terra continuou seus protestos contra o governo, e chegou a colocar 40 mil integrantes nas ruas de Brasília para questionar a conduta do presidente. Brasília foi cenário de um crime que assustou a sociedade brasileira: cinco jovens de classe média colocaram fogo do corpo do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, que não resistiu às queimaduras.

O futebol brasileiro foi o pano de fundo de um escândalo de corrupção. Em 7 de maio de 1997, o Jornal Nacional denunciou o então presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (a CONAF), Ivens Mendes, de vender resultados de futebol em troca de financiamento para sua campanha política. Uma das gravações telefônicas mostrava ele pedindo "um, zero, zero" (cem mil reais) ao então presidente do Corínthians, Alberto Dualib. Em outra, Mendes pedia uma quantia de 25 mil reais para o presidente do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia, e chegava a acenar com a possibilidade do rubro-negro do Paraná ser favorecido no jogo contra o Vasco, pela Copa do Brasil. Naquele jogo, o Furacão venceu por 3 a 1, e o time vascaíno teve seu artilheiro Edmundo expulso.

Pela segunda vez em sua história no futebol, o Cruzeiro se tornou o melhor time da América, ao conquistar a Taça Libertadores. Depois do empate em 0 a 0 em Lima, o gol de Erivelton deu ao time cruzeirense a vitória diante do peruano Sporting Cristal. Entretanto, problemas internos foram cruciais para a equipe não repetir a glória no Japão. Depois de um fraco Campeonato Brasileiro, o treinador Paulo Autuori foi demitido, para a entrada de Nelsinho Baptista. A diretoria da Celeste mineira decidiu recorrer a uma tática muito questionável: contratar jogadores somente para a final do torneio. Vieram o zagueiro Gonçalves e os atacantes Donizete e Bebeto. Nem mesmo com estes reforços a equipe teve forças diante do alemão Borussia Dortmund, e foi derrotado por 2 a 0.

O Grêmio manteve sua fama de time "copeiro" e chegou ao terceiro título da Copa do Brasil. Após um empate em 0 a 0 com o Flamengo no Olímpico, o gol de Carlos Miguel aos 34 minutos do segundo tempo empatou em 2 a 2 o jogo no Maracanã (João Antônio marcou o primeiro gol gremista e Lúcio e Romário fizeram os gols rubro-negros) e deu à equipe a conquista, graças ao critério "gols marcados fora de casa".

O Campeonato Brasileiro começou com 26 clubes - uma virada de mesa para favorecer o rebaixado do ano anterior, Fluminense, permitiu que o tricolor e o Bragantino voltassem a disputar o torneio em 1997. A manobra não adiantou, porque o time das Laranjeiras voltou a fazer uma péssima campanha e terminou o ano em penúltimo lugar (caindo junto com o paulista União São João).

Dos 26 clubes, classificaram-se os oito primeiros, que seriam divididos em dois grupos de quatro times. No primeiro grupo, ficaram Vasco, Flamengo, Portuguesa e Juventude. No segundo, Palmeiras, Internacional, Atlético Mineiro e Santos. Vasco e Palmeiras foram credenciados para fazer a final do campeonato, com o time carioca tendo a vantagem de dois resultados iguais. A equipe vascaína conseguiu um empate em 0 a 0 no Morumbi e conseguiu manobra para contar com seu principal jogador: por ter recebido o terceiro cartão amarelo neste jogo, Edmundo ficaria de fora da final. Mas o artilheiro forçou sua expulsão e, com um julgamento feito às pressas, teve direito de jogar no Maracanã na semana seguinte. O novo empate em 0 a 0 deu ao Vasco seu terceiro título no Campeonato Brasileiro.

Edmundo quebraria dois recordes neste campeonato. O primeiro foi o de maior goleador em um só jogo na competição: ele marcou os seis gols do Vasco na vitória por 6 a 0 sobre o União São João, em São Januário (e ainda perdeu um pênalti). O atacante também superou Reinaldo, do Atlético Mineiro, e se tornou o maior goleador em uma edição de Campeonato Brasileiro. No início do ano seguinte, ele seria vendido para a Fiorentina, da Itália.

Roberto Carlos viveu uma das maiores emoções que um católico poderia receber. Na passagem do Papa João Paulo II pelo Brasil, RC foi um dos que o recepcionou no Aterro do Flamengo, e cantou para o pontífice as músicas Jesus Cristo e Nossa Senhora. Ao final, RC (na companhia de Maria Rita) foi recebido pelo Papa e recebeu dele uma medalha.

Seu apego à religiosidade continuava intenso, a ponto de no Roberto Carlos Especial de 1997, ele receber os padres Antônio Maria e Zezinho para cantar Oração à família. O especial também trouxe o amigo Erasmo Carlos (com quem cantou a música Sentado à beira do caminho), a apresentadora Angélica (eles dividiram os vocais em Música suave), a cantora Gal Costa (presente nos números de Jovens tardes de domingo, que ela gravara naquele ano para ser tema da novela Zazá, e Sua estupidez) e o conjunto Só Pra Contrariar (com quem cantou Amigo).

A fé foi o único registro em português de seu disco de 1997 - a música Coração de Jesus. Roberto Carlos lançaria o Canciones que amo somente para o mercado latino (para onde voltava com inéditas após quatro anos de ausência), mas o disco acabou sendo lançado também no Brasil. Eis o repertório:

1 - Abrázame así, de Mario Clavell

2 - Adiós, de Eddie Woods e Eric Mandriguera

3 - Niña, de Bebu Silvetti e Silvia Riera Ibañez

4 - Las muchachas de la Plaza España, de M. Ruccione e A. Marchionne

5 - El manicero, de Moisés Simons

6 - Coração de Jesus, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

7 - Mi carta, de Mario Clavell

8 - Esta tarde vi llover, de Armando Manzanero

9 - Insensatez, de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, com versão de Roberto Carlos

10 - Se me olvido otra vez, de Juan Gabriel

Além de Coração de Jesus, uma outra faixa trouxe compositores brasileiros, mas em uma situação curiosa. O próprio Roberto Carlos decidiu traduzir para o espanhol os belos versos de Insensatez, trazendo um utópico encontro na autoria de RC, Tom e Vinícius.

Assim como aconteceu em boa parte da década de 1990, RC incluiu uma releitura neste disco em castelhano. Esta tarde vi llover havia sido gravada no LP de 1979, e apareceu 18 anos depois com um arranjo bem intimista, ao contrário da grandiloquência da orquestra na primeira gravação.

Pela primeira vez em sua carreira, uma gravação de Roberto foi lançada em uma novela antes da chegada de seu disco às lojas. Em outubro, a novela Por amor estreou no horário das 20h30 da TV Globo, trazendo em sua trilha uma gravação inédita de Roberto Carlos. Tratava-se da música que em dezembro abriria o disco Canciones que amo. Ela foi o tema do casal Léo e Laura (interpretados, respectivamente, por Murilo Benício e Vivianne Pasmanter). Enquanto Roberto a interpretava em seu especial, num telão apareciam imagens do casal.

Ela era uma das canções que RC incluiu por afinidade com os tempos de garoto, quando ouvia música latina em Cachoeiro. E uma das pedidas foi a canção de Mario Clavell, que dizia que na vida não há nada melhor que dizer "sim" a um coração que pede carinho.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e o Papa João Paulo II.

Abraços a todos, Vinícius.

ABRÁZAME ASÍ - Mario Clavell

Abrázame así
Que esta noche yo quiero sentir
De tu pecho el inquieto latir
Cuando estás a mi lado

Abrázame así
Que en la vida no hay nada mejor
Que decirle que si al corazón
Cuando pide cariño

Abrázame así
Y en un beso te voy a contar
El más dulce secreto de amor
Que hay en mi corazón

Acércate a mí
Y esta noche vivamos los dos
La más linda locura de amor
Abrázame asi

Así, abrázame así...

3 comentários:

Everaldo Farias disse...

Vina,

Vale lembrar também que foi o primeiro lançamento de RC que não veio em vinil, apenas em cd!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

Everaldo Farias disse...

Vina,

Vale lembrar também que foi o primeiro lançamento de RC que não veio em vinil, apenas em cd!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!

James Lima disse...

Eu gosto bastante do especial do ano de 1997. O disco também foi um primor.

Em maio desse ano, Roberto esteve no Sílvio Santos, para receber 3 troféus imprensa, referentes a 93, 94 e 95.

Na ocasião, cantou "Comandante do seu coração", "Mulher de 40", foi entrevistado pelo anfitrião e relembrou o programa "Quem tem medo da verdade", no qual estiveram presentes em 1970.

Um Forte Abraço
James Lima
www.robertocarlosbraga.blogspot.com