quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fora de catálogo - MINHA HISTÓRIA



Olá, amigos.

A série Fora de catálogo apresenta hoje mais uma canção que faria parte do repertório de Roberto Carlos, mas que acabou não fazendo parte dele. Mas, ao contrário das mostradas anteriormente, esta música não foi escrita especialmente para RC.

Numa reportagem sobre o LP de 1971, surgiu na imprensa a notícia de que ela faria parte do disco. O repórter acertou ao anunciar a inclusão de Como dois e dois, música de Caetano Veloso. Mas uma canção escrita por Chico (a partir de versão da canção Gesubambino, de Dalla e Pallotino) ficou de fora do LP.

Assim como Se eu quiser falar com Deus, bela canção de Gilberto Gil, esta música mostra uma análise diferente de Jesus. Notem pela letra que o narrador fala que seu pai (possivelmente, o José) "falava, cheirava e gostava de mar". Sua mãe (indica-se que seja Maria) ninava o filho "cantando cantigas de cabaré". E ao fim da música, a pessoa dizia sobre os ladrões e as amantes, seus colegas de copo e de cruz, que o conheciam pelo nome de Menino Jesus.

Um fato curioso é sobre o título desta música em português. Originalmente, Chico a batizaria de Menino Jesus (tradução do título original), mas a censura vetou. Só restou a ele colocar o nome de Minha história.



A música fez parte de seu LP Construção, na qual teve a primorosa faixa-título e as canções de protesto Deus lhe pague, Cordão e Samba de Orly. Além de ter a música de hoje que, certamente, ficaria linda na voz de Roberto Carlos. Mas, por sua letra, dá para entender o motivo dele não ter gravado.

Segue a letra! Na foto, Roberto e Chico na década de 1960.

Abraços a todos, Vinícius

MINHA HISTÓRIA (Gesubambino) - Dalla e Palotino (com versão de Chico Buarque)

Ele vinha sem muita conversa
Sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava
E gostava de mar

Sei que tinha tatuagem no braço
E dourado no dente
E minha mãe
Se entregou a esse homem
Perdidamente

Ele assim como veio partiu
Não se sabe pra onde
E deixou minha mãe com o olhar
Cada dia mais longe

Esperando, parada, pregada
Na pedra do porto
Com seu único velho vestido
Cada dia mais curto

Quando enfim eu nasci
Minha mãe
Embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim
Uma espécie de santo

Mas por não se lembrar de acalantos
A pobre mulher
Me ninava
Cantando cantigas de cabaré

Minha mãe não tardou
A alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais
Que uma simples criança

E não sei bem se por ironia
Ou se por amor
Resolveu me chamar
Com o nome do Nosso Senhor

Minha história é esse nome
Que ainda hoje carrego comigo
Quando vou bar em bar
Viro a mesa, berro, bebo e brigo

Os ladrões e as amantes
Meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome
De Menino Jesus

Um comentário:

Everaldo Farias disse...

Cara,

eu nunca levei a sério essa história de que o Roberto gravaria essa versão!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!