sexta-feira, 20 de março de 2009

Aquela canção pro Roberto - 6



Olá, amigos.

A série Aquela canção pro Roberto apresenta uma canção que tem Roberto Carlos no título. E, assim como no post anterior, ela trouxe a interpretação de uma cantora de destaque no cenário musical brasileiro sobre versos de um compositor da "nova geração" que citam RC.

A cantora, é a imortal CÁSSIA ELLER. Ela, que em 1994 fez uma leitura de Parei na contramão no disco-tributo Rei, no mesmo ano iria participar do Roberto Carlos Especial. Além de mostrar ao público sua versão para a música de Roberto e Erasmo, ela ainda interpretou Lobo mau, num encontro histórico ao lado de Roberto, Erasmo, Barão Vermelho e Skank.

E, para falar de Roberto, Cássia cantou as palavras de NANDO REIS. No fim de 2006, o compositor relatou a experiência de ter ido pela primeira a vez a um show de RC. É este texto que apresentamos agora:

"Anteontem à noite fui ao show do Roberto Carlos. Sou seu fã desde pequeno e, por incrível que pareça, jamais havia assistido a um show seu. Devido à chuva e ao constante trânsito dessa cidade intransitável, quando cheguei o pano já havia subido. Do lado de fora do Credicard Hall ouvia os primeiros acordes da RC9, banda que acompanha o Rei desde os tempos da Jovem Guarda. Apressei o passo e ali nas escadas, antes mesmo de encontrar o meu lugar na platéia, pude ouvir um trecho da vinheta inicial, antes da entrada triunfal do artista. Como já é de costume, a primeira canção é Emoções.

Não sei há quantos anos, mas, pelo que reza a lenda, há muito tempo ele abre o show com essa música. Sua voz impecável, precisa e suave entoa os versos definitivos da canção-manifesto. Clássico. Eterno.

Durante uma hora e tanto, presenciei um desfile de melodias imortalizadas através dos discos sempre lançados no final do ano. Sentado na poltrona, vi uma espécie de resumo de minha própria vida sendo entoada pelo cantor, acompanhado por um coro de três mil e quinhentas vozes. Uma delas era de minha filha Sophia, estreante maravilhada tanto quanto eu. Com seu terno azul e cinto de fivelão destacado, Roberto cantou as canções que ele fez não só para mim, mas para cada um de nós. Reconhecer na voz do mundo aquilo que cala dentro de nós é a maior felicidade que um artista pode nos fazer alcançar.

Identificação sem espelho. Reconhecimento sem impressões digitais. Apenas pelo ar, apenas ao ver e respirar.

O fim do ano se aproxima com aquela velocidade que é sempre estonteante, quase preocupante. Como correu... o que aconteceu? Será que é uma impressão que revela o acúmulo da nossa cansada idade? Será que é a prova de que viver é também folhear as páginas invisíveis do tempo, e contá-las numa dúzia de meses? Acabou o show. Quase acabou o campeonato. O ano acabará mês que vem.

A sensação de conclusão é sempre satisfatória. Independentemente do resultado, poder fechar o segundo parênteses e olhar para os feitos como se estivessem afivelados dentro de um grupo nos permite pensar e olhar para o fruto dos esforços, numa perspectiva em ré. Para o que foi alcançado, o sorriso sereno e interno da gratificação. Para o que ficou faltando, o franzir da testa na preocupação. Mas é sempre bom olhar e reconhecer aquilo que é nosso feito, tem o nosso dedo, teve a nossa mão.

O campeonato acaba e os times vão se reestruturar. Na atual ciranda do mercado, chega a fatídica hora das listas de dispensas, das vendas para o exterior, das renovações de contratos. Os técnicos irão pedir reforços, a diretoria irá argumentar que não tem caixa para reforçar o plantel.

São poucos os times que manterão a base, menor ainda o número de jogadores que farão repetida uma escalação. A força da grana agirá de modo corrosivo e devastador. Quem der mais leva. E vai ficar a ver navios quem tiver sem nenhum tostão.

Foi-se o tempo em que o fim do ano era apenas o início das férias. Acabou-se o romantismo. Os procuradores, os empresários e os vigaristas estão salivando como hienas em busca de carne putrefata. Fecha-se a cortina do espetáculo, atrás do veludo escarlate está aberta a temporada das tenebrosas transações.

Ainda bem que há ainda a música de Roberto Carlos para não nos deixar esquecer uma majestosa lição: não há nada de conservador em ser fiel. Pelo contrário".

Fiel a Roberto Carlos, Nando Reis revelou, através da voz de Cássia Eller, que não é nenhum Roberto. Mas, às vezes, chega perto.

Segue a letra! Na foto, Cássia e Roberto no Roberto Carlos Especial de 1994.

Abraços a todos, Vinícius.

NENHUM ROBERTO - Nando Reis

Não quero nem saber aonde está você
Não que eu não saiba não
Não precisa me dizer que tudo pode acontecer
Não que eu não saiba não

Não sou nenhum Roberto, mas às vezes eu chego perto
Não que eu não saiba não
E que tudo é um mistério
O que me fez sorrir me faz tão sério
Não que eu não saiba não
O mesmo erro não se repetirá você verá

Não venha dizer pra mim
Dos erros do meu português ruim
Não que eu não saiba não
Não que eu não saiba não...

Não precisa me dizer, além do horizonte deve ter
Não que eu não saiba não
E que tudo é um mistério
O que me fez sorrir me fez tão sério
Não que eu não saiba não...

O mesmo erro não se repetirá
O mesmo erro não se repetirá você verá

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