sábado, 14 de março de 2009

Aquela canção pro Roberto - 3



Olá, amigos.

A série Aquela canção pro Roberto recorda uma citação que Roberto Carlos recebeu de um artista considerado "maldito" na Música Popular Brasileira. Graças a exemplos como o apresentado hoje, percebe-se que artistas de todos os ritmos, todos os acordes e todos os sons do Brasil trazem alusão a RC.

Roberto Carlos também foi lembrado por ITAMAR ASSUMPÇÃO, compositor, arranjador, instrumentista e produtor musical paulista, que começou a ter destaque no ano de 1975, quando venceu o Festival de Campinas com a música Luzia. No mesmo ano, ele apresentou a música Nego Dito no Festival Feira da Vila, em Vila Madalena, bairro da cidade de São Paulo.

Itamar seria mais lembrado por sua participação no movimento "vanguarda paulistana", que teve seu berço no Teatro Lira Paulistana. De lá, também surgiram o músico Arrigo Barnabé e a banda Sabor de veneno. As letras com forte crítica e as canções de pouco apelo comercial caracterizaram sua obra, num estilo que misturava reggae, samba, funk e rock.

São de sua autoria as músicas Canto em qualquer canto, que recebeu gravação de Mônica Salmaso, Código de acesso, que foi interpretada por Zélia Duncan e Aprendiz de feiticeiro, canção que teve destaque na voz de Cássia Eller. Assumpção saiu de cena para brilhar em um palco muito mais iluminado no ano de 2003, deixando oito LPs (quatro na década de 1980, em que cantou com acompanhamento da banda Iscas de Polícia, e quatro nos anos 90, quando passou a cantar acompanhado pelo grupo Orquídeas do Brasil). Todos foram lançados de forma independente, e dentre eles destacam-se os três volumes de Bicho de sete cabeças e Ataulfo Alves por Itamar Assumpção (que lhe rendeu o prêmio de melhor disco do ano de 1996 pela Associação Paulista de Críticos de Arte).

Mas a canção em que Itamar Assumpção fala de Roberto Carlos veio num disco póstumo, lançado no ano seguinte ao seu falecimento. Vasconcelos e Assumpção - isso vai dar repercussão trouxe Itamar interpretando sete composições de sua autoria, gravadas com o acompanhamento do percussionista Naná Vasconcellos.

E a nossa série Aquela canção pro Roberto mostra hoje um sujeito avisando para a mulher que quer se casar com ele sobre a dificuldade que é um casamento. Ainda mais porque ele não é Roberto Carlos - como falam os versos bem humorados de Itamar Assumpção.

Segue a letra! Na foto, Itamar Assumpção.

Abraços a todos, Vinícius.

LEONOR - Itamar Assumpção

Devagar com esse andor, Leonor
Casamento é muito caro
Sou compositor, cantor, também sou autor
Falo mais de flor que dor, Leonor
Mas não sou Roberto Carlos

Não tenho carro de boi, Leonor
Nem outro tipo de carro
Meu cachê é um horror, Leonor
Não sobra nem pro cigarro

Não tenho nem gravador, Leonor
Meu São Benedito é de barro
Meu menu é feijão com arroz
Que divido com mais dois, Leonor

Quando não falta trabalho
Viver somente de amor, Leonor
É tão lindo quanto precário
Tem que morar de favor, Leonor
Lá no bairro do Calvário

O que eu tinha de valor, Leonor
Dois gatos, três agasalhos
Cachecol de lã, gibis do Tarzan
Gibis de terror, cobertor
Quatro jogos de baralho

Um macacão furta-cor, Leonor
Uma colcha de retalhos
O que não está no penhor, Leonor
Foi pra casa do Carvalho

Foi pra casa do Carvalho...

Um comentário:

James Lima disse...

Rapaz, não conhecia essa canção.

Muito bacana essa série. Perdi os dois primeiros posts porque estava de aula, mas já pude lê-los e, como eu esperava, cá estou para te dar os parabéns. Tudo o que fazes é brilhante.

Um Forte Abraço
Até Mais !
James Lima