sábado, 30 de agosto de 2008

Canciones en vivo - JESUS CRISTO




Olá, amigos.

A série Canciones en vivo vai chegando aos seus últimos posts, trazendo o show que Roberto Carlos realizou no Opera House, em Miami, em maio do ano passado. O registro deste show se tornou o Roberto Carlos en vivo, disco lançado nas lojas ao final de julho - e que, em setembro, trará também um DVD com esta apresentação feita para o mercado latino-americano.

A canção de hoje é um dos poucos números apresentados em português, e traz a música com a qual geralmente RC encerra seus shows no Brasil. Entretanto, suas apresentações fora do país possuem uma peculiaridade. Roberto Carlos dá aos públicos mundo afora o privilégio de um bis.

Isto faz com que o post de hoje não seja o último da série Canciones en vivo, pois RC ainda tinha muita história pra cantar ao público brasileiro. A música lançada no LP de 1970 (que ainda receberia uma versão para o castelhano através da dupla Buddy & Mary McCluskley, intitulada Jesucristo) também passou pelo Opera House e, para delírio dos brasileiros presentes neste show de Miami, em sua língua original.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no momento das rosas, em um show do Brasil.

Abraços a todos, Vinícius.

JESUS CRISTO - Roberto e Erasmo

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui

Olho pro céu e vejo
Uma nuvem branca que vai passando
Olho na terra e vejo
Uma multidão que vai caminhando

Como essa nuvem branca
Essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo
É Você meu Pai

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui

Toda essa multidão
Tem no peito amor e procura a paz
E apesar de tudo
A esperança não se desfaz

Olhando a flor que nasce
No chão daquele que tem amor
Olho pro céu e sinto
Crescer a fé no meu Salvador

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui

Em cada esquina eu vejo
O olhar perdido de um irmão
Em busca do mesmo bem
Nessa direção caminhando vem

É meu desejo ver
Aumentando sempre essa procissão
Para que todos cantem
Na mesma voz essa oração

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui

Jesus Cristo, Jesus Cristo
Jesus Cristo, eu estou aqui...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Canciones en vivo - AMIGO



Olá, amigos.

Em seus últimos posts, a série Canciones en vivo continua enumerando as músicas presentes no mais recente disco lançado por Roberto Carlos. Ao final de julho, chegou às lojas do mundo todo Roberto Carlos en vivo, registro fonográfico de show realizado por RC em Miami no ano de 2007. Os registros desta apresentação basicamente feita em castelhana prosseguirão no início de setembro, quando chega ao Brasil o DVD deste espetáculo (que há exata uma semana adentrou no mercado dos Estados Unidos).

A canção mostrada hoje é uma daquelas que Roberto Carlos jamais pode deixar de cantar em uma apresentação destinada ao público latino-americano. Quando escreveu esta música para abrir o seu LP de 1977, RC não sabia que a bela declaração de amizade dedicada a Erasmo Carlos ganharia tamanhas dimensões - em especial depois de meados de 1978, ano no qual a versão em castelhano foi gravada para seu LP destinado ao mercado exterior.

Alguns anos depois do sucesso da canção, o público mexicano encaixou uma nova forma de pedir "a bênção, João de Deus". Em visita de João Paulo II, milhares de pessoas saudaram com sorrisos e abraços festivos a chegada do então Papa ao México. Maravilhado com a canção, João Paulo solicitou a letra, para acompanhá-la enquanto o coro de mexicanos a interpretava.

E num show que traz seus melhores recuerdos de músicas cantadas ao público latino, nada melhor do que interpretar esta homenagem à amizade que ultrapassou barreiras como a do idioma. Em castelhano, Roberto saúda do palco do Opera House, em Miami, todos os hermanos del alma presentes na casa de espetáculos dos Estados Unidos.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em apresentação para a TV estrangeira, em número do DVD Antologia - ela foi apresentada no mesmo dia em que cantou La distancia.

Abraços a todos, Vinícius.

AMIGO - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Tú eres mi hermano del alma
Realmente el amigo
Que en todo camino y jornada
Estás siempre conmigo

Aunque eres un hombre
Aún tienes alma de niño
Aquel que me da su amistad
Su respeto y cariño

Recuerdo que juntos pasamos
Muy duros momentos
Y tú no cambiaste por fuertes
Que fueran los vientos

Es tu corazón
Una casa de puertas abiertas
Tu eres realmente el más cierto
En horas inciertas

En ciertos momentos dificiles
Que hay en la vida
Buscamos a quien nos ayude
A encontrar la salida

Y aquella palabra de fuerza
Y de fe que me has dado
Me da la certeza que
Siempre estuviste a mi lado

Tú eres mi amigo del alma
En toda jornada
Sonrisa y abrazo festivo
A cada llegada

Me dices verdades tan grandes
Com frases abiertas
Tú eres realmente el más cierto
De horas inciertas

No preciso ni decir
Todo eso que te digo
Pero es bueno así sentir
Que eres tú mi gran amigo

No preciso ni decir
Todo eso que te digo
Pero es bueno así sentir
Que yo tengo un gran amigo...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Canciones en vivo - LA DISTANCIA



Olá, amigos.

Este blogue retoma hoje a série Canciones en vivo, que enumera as faixas do mais recente trabalho fonográfico lançado por Roberto Carlos para o mercado brasileiro. Trata-se de Roberto Carlos en vivo, disco que traz um registro de show realizado em Miami no mês de maio de 2007 - a partir do dia 2 de setembro, chegará às lojas o DVD deste show apresentado por RC em palcos americanos.

Assim como Detalles, na gravação do show do Opera House, RC também fez a concessão de cantar um trecho desta letra original em português (feita em parceria com Erasmo para seu LP lançado no Brasil em 1972). Por trazer uma letra mais dolorosa, a música também não vem fazendo parte dos mais recentes repertórios dos shows de RC - entretanto, ela segue recebendo suas interpretações no exterior, onde é extremamente bem sucedida.

O repertório de Roberto Carlos en vivo tem destas curiosidades. Canções que "não podem faltar" em shows no Brasil não necessariamente fazem parte de seu repertório cantado no exterior (casos de Além do horizonte e Como é grande o meu amor por você). E músicas de seu repertório que evitava cantar (em função de serem letras tristes), ele vem interpretando em suas apresentações fora do país - além da de hoje, já vimos nesta série que ele cantou no show a música Desahogo (versão para Desabafo).

E graças ao disco Roberto Carlos en vivo, o público brasileiro agora tem acesso à bela interpretação que RC faz em seus shows para a música mostrada hoje - lançada com letra em espanhol em meados de 1973. E na distância podemos ouvir uma nova interpretação do momento em que Roberto contou quando seu silêncio foi maior e o fez na distância morrer todo dia - agora, com seu público sabendo.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em uma apresentação da música de hoje, no registro audiovisual presente no DVD Antologia (compilação de registros audiovisuais de apresentações de RC em canais de televisão do exterior), lançado apenas para o mercado latino. Um dado curioso: embora tenha se apresentado na década de 1980, Roberto canta sobre o playback da gravação original - o que causa relativo estranhamento ao ver o Roberto dos anos 80 com voz da década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

LA DISTANCIA (À distância...) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Nunca más oiste tú hablar de mi
En cambio yo seguípensando en ti
De toda esta nostalgia que quedó
Tanto tiempo ya pasó
Y nunca te olvidé

Cuantas veces yo pensé volver
Y decir que de mi amor nada cambió
Pero mi silencio fue mayor
Y en la distancia muero dia a dia
Sin saberlo tú

O que restou do nosso amor ficou
No tempo esquecido por você
Vivendo do que fomos ainda estou
Tanta coisa já mudou, e eu não te esqueci

Cuantas veces yo pense volver
Y decir que de mi amor nada cambió
Pero mi silencio fue mayor
Y en la distancia muero dia a dia
Sin saberlo tú

Pensé dejar de amarte de una vez
Fue algo tan dificil para mi
Si alguna vez, mi amor, piensas en mi
Ten presente al recordar
Que nunca te olvidé

Cuantas veces yo pensé volver
Y decir que de mi amor nada cambió
Pero mi silencio fue mayor
Y en la distancia muero dia a dia
Sin saberlo tú...

sábado, 23 de agosto de 2008

É uma bossa, mora!



Olá, amigos.

Roberto Carlos e Caetano Veloso: É, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊS.

As emoções das estradas desses dois ícones da Música Popular Brasileira aterraram ontem no Rio de Janeiro, terra do Galeão, de Ipanema e do Corcovado tão cantados por este artista que pintou os vários tons do Rio de Janeiro. Só que as atenções musicais deste 22 de agosto que entrou para o registro musical do país se direcionaram para uma casa de espetáculos: o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em meio às festas pelos 50 anos da Bossa Nova, esse movimento que fez um país inteiro aprender a ser desafinado, foi promovido o encontro entre Roberto Carlos e Caetano Veloso para apresentarem seus pontos de vista sobre a obra de Antônio Carlos Jobim, o maestro soberano de tantos serviços prestados à nossa música. E o caminho de pedra até a chegada definitiva ao local do show devia ser seguido à risca.

Do táxi tomado em Copacabana (por precaução de não pegar o metrô até lá, vai que um cambista mais ousado me assalta ao me ver mais engomadinho rumo ao teatro), passando pelo trânsito de sexta-feira que cruzou a cidade do Rio de Janeiro até a frente do Municipal, foram cerca de 20 minutos. Eram 20h quando abriram as portas do local. Ao chegar no salão, pensei: "sim, vou ver o show".

Feito um Mazzaroppi na cidade grande, passei o tempo todo andando e olhando pra cima, pros lados, conhecendo cada detalhe de um teatro tão monumental que eu no máximo tinha visto na TV. Só que era pra ver duas pessoas que eu já conhecia de muitos, outros carnavais e cinzas. Como era de se esperar, o show marcado pras 21h, mas esta foi a hora usada pro público adentrar no recinto.

Burbúrios, rumores, cumprimentos entre as pessoas de todas as histórias, que de todas as maneiras conseguiram estar lá naquele lugar tão disputado via bilheteria, Internet e telefone. Curiosamente, não demorou mais do que meia hora para chegar o terceiro sinal. Antecedido por Nelson Motta, que falou sobre a iniciativa do Itaú Brasil em propor este encontro, este feito para a história da nossa música. Depois as luzes se apagaram, e Nelson tentou ir para um dos cantos do teatro, mas descobriu que por onde ia sair não tinha saída. Até alguém ajudá-lo com uma lanterna, demoraram alguns instantes, mas nada que atrapalhasse o que iria acontecer.

Com o pano fechado, veio um registro musical no qual Tom cantava descontraidamente falando de seus amigos João Gilberto e Vinícius de Moraes. E logo em seguida da gravação terminada, o pano abriu e ganhamos a imagem de Caetano e Roberto lado a lado, ambos sentados em banquinhos e apresentando pra nós a Garota de Ipanema que Tom e Vinícius trouxeram aos olhares do mundo.

Começava a bossa de Caetano e Roberto, num cenário que trazia ao fundo uma foto de Tom quando era jovem, olhando, zelando por aqueles artistas que tinham influência dele e da Bossa Nova, e agora voltavam ao ponto de partida de sua trajetória para dizerem da onda que se ergueu no mar. Sim, Wave foi a segunda música, na noite das estrelas com as quais contamos ontem para relembrar Tom Jobim.

Em seguida, os dois deixaram a orquestra de Jacques Morelembaum acompanhada de Daniel Jobim, a presença "jobiniana" na noite. Num momento de retorno às raízes da família, o neto de Tom deu voz às Águas de março, que trouxeram promessa de vida para os corações das 2.300 pessoas que estavam lá.

Caetano retornou ao palco, relendo Tom através de uma peculiaridade que faz parte de ambos os repertórios: o intimismo. No ar introspectivo do baiano, vieram seus pontos de vista para Por toda minha vida, Meditação e Inútil paisagem. Mas entre os tantos intimismos, Caetano nos reservou uma suave interpretação para Ela é carioca, uma das muitas mulheres que passaram pelos versos de Tom. Nos dois últimos números de sua parte, vieram os ápices de sua interpretação.

Primeiro, ao resgatar do LP Canção do amor demais (lançado por Elizeth Cardoso e considerado por muitos o "marco zero" da Bossa Nova) a forte Caminho de pedra, recriada num arranjo divino, tão divino quanto a "divina" Elizeth e quanto a música permite e pede. Depois de fascinar a platéia com esta música menos conhecida, ele encerra sua participação com O que tinha de ser - que, apesar da mudança de sexo da gravação mais conhecida ("porque já eras meu (...) porque és o meu homem e eu tua mulher" viraram "porque já eras minha (...) porque sou o teu homem e tu minha mulher), mostrando que esta maravilha foi, de fato, escrita para os irmãos Viana Teles Veloso cantarem.

Num momento instrumental brasileiro, veio Surfboard, na competente feitura de Jacques Morelembaum e tendo espaço para a orquestra formada por cordas, banda e por Daniel Jobim. Depois, desceu um telão e apareceu a imagem de Tom jovem, dedilhando ao piano, ao som de Estrada do sol. Enquanto isso, nos bastidores, se via (apesar da pouca luz) a mudança dos músicos. Era a senha para o retorno de Roberto Carlos ao palco. Ao finzinho da apresentação do telão, já se podia ver o foco trazendo RC vestido de azul, de novo indo cantar músicas do artista feito de azul.

Sobe o telão. Roberto rapidamente falou sobre o "atrevimento" que em 1997 o fez colocar sua marca em uma canção de Tom e Vinícius. E sua parte teve início com a Insensatez em castelhano. As caras mudaram nas posições da banda (entraram Wanderley no piano, Dedé na percussão, Norival na bateria, Darcio no baixo, Paulinho na guitarra e Eduardo Lages agora era o maestro). A insensatez que em qualquer idioma tem a sua poesia agora chegava aos palcos.

Tom apareceu mais uma vez no segundo número "solo" de Roberto. No telão, ele tocou Lígia, e apareceu o primeiro trecho do encontro dos dois gravado para o Roberto Carlos Especial de 1978, presente no disco e no DVD Duetos. Da segunda estrofe em diante, Roberto cantou sozinho as desilusões da mulher que deu título a esta canção.

As canções do amor demais da safra de Tom Jobim tiveram espaço para outra compositora na voz de RC. Era Dolores Duran, com toda a ânsia amorosa que suas letras trouxeram para a discografia brasileira. E o Roberto, que décadas atrás contou e cantou sobre as flores do jardim da nossa casa, agora dedicava sua voz às flores da janela que sorriam e cantavam, nos versos de Por causa de você.

E o capixaba que adotou o Rio de Janeiro como uma de suas cidades do coração trouxe para o Municipal suas versões para os cartões postais desta Cidade Maravilhosa. Num arranjo fenomenal feito pelo maestro Eduardo Lages (que estava também ao piano neste momento) veio o cantinho e o violão de Corcovado - para este que vos escreve e que tem o privilégio de ver o Redentor pela janela, agora tenho uma nova visão da beleza do Corcovado. Não satisfeito com a beleza do primeiro arranjo, o maestro ainda faz a proeza de emendar com Samba do avião, para o cantor que interpreta com a alma cantar através da letra de Tom como é ver o Rio de Janeiro, com o Cristo de braços abertos sobre a Guanabara enquanto o avião aterra no Galeão.

A parte de RC encerrou com Eu sei que vou te amar. Esta canção definitiva que Tom e Vinícius fizeram para todos os apaixonados que têm tanto para falar e com palavras não sabem dizer. E não só o momento lindo teve a bela interpretação de RC como o apresentou declamando o Soneto da fidelidade durante a parte instrumental - recordando não só uma das gravações, que trouxe o Vinícius lendo este poema, como também trazendo Roberto declamando ótimo texto (em números típicos de seus grandes shows).

Roberto chamou Caetano de volta, e os dois cantaram mais uma mulher de Tom. No jeito maroto que só Roberto Carlos sabe colocar nas suas interpretações, ele disse: "Caetano, arranjei um amor no Leblon...". E a Tereza da praia gravada originalmente por Dick Farney e Lúcio Alves renasceu na voz de grandes discípulos da bossa de Tom Jobim.

Veio a reta final do show. Os dois cantaram Chega de saudade, mas a saudade já ia chegando com o iminente fim daquele show histórico, daquela apresentação impecável de dois grandes artistas se curvando diante da maestria de Tom Jobim. Veio A felicidade, aquela que diz que "tristeza não tem fim, felicidade sim". Um paradoxo (ao menos para este que vos escreve) estes versos, afinal, felicidades como esta jamais acabam.

Fechou o pano, em meio ao coro de aplausos de 2.300 felizardos que conseguiram o privilégio de estar lá na noite de ontem. Aos poucos surgiram os pedidos de "bis", devidamente atendidos para uma música que, segundo o Roberto, eles cantariam diretamente para o Tom. Se todos fossem iguais a você na voz de dois cantores que fazem existir a verdade, a verdade de que a boa Música Popular Brasileira se renova a cada encontro como o que acontecera neste 22 de agosto de 2008.

A emoção era tanta que os dois voltaram para mais um bis. E Chega de saudade foi a escolhida pela segunda vez, desta vez amparada pelo coro que cantava a vontade de que aquele momento não se tornasse mais uma boa saudade.

Mas felicidade, sim, tinha fim até nos palcos. O show já terminava, e todos nós voltávamos à realidade. Este que vos escreve ficou mais um pouco, não com esperança de falar com o Roberto (tarefa tranqüila apenas para quem tem pulseira azul, não fitinha azul do Senhor do Bonfim como o meu pulso tem). Eu precisava dar um abraço no maestro que tenho a felicidade de conhecer e de acompanhar tanto como maestro de Roberto Carlos quanto como o pianista, arranjador e produtor Eduardo Lages.

Depois de algumas informações, descobri que os músicos saíam pelos fundos do Municipal. Esbaforido, fui para lá, e todo ansioso perguntei a um sujeito que, pelas roupas, era cover de Roberto Carlos: "vem cá, o Eduardo já foi embora?". Ele respondeu, espantado: "Que Eduardo?". Eu respondi: "O Eduardo Lages, porra! Você é cover do Roberto e não conhece os músicos do cara, bicho?". Mais surreal que esta conversa, foi ver os repórteres Vesgo e Wellington Muniz (o imitador do Silvio Santos) do programa Pânico da TV vestidos de terno branco e camisa azul clara - e o Wellington ainda usando uma peruca com cabelo parecido com o de Roberto Carlos.

Desceu o Eduardo, com sua esposa Mércia. Logo que os cumprimentei, ele perguntou: "Vinícius, vem cá, é seu aniversário?". Eu disse que, sim, depois da meia-noite seria, pois o aniversário é dia 23. O primeiro abraço pelos meus 25 anos veio das mãos de um maestro - do maestro Eduardo Lages, responsável pela trilha de muitos dos tantos anos que tenho de vida. Em seguida, recebi o carinho da Mércia, essa mulher tão simpática que tive o prazer de conhecer graças à família Lages.

Conseguimos um táxi, e fomos do Municipal a Copacabana conversando - sobre o show de ontem, sobre o disco dele que está prestes a ser lançado... Os dois me deixaram na porta de casa, e eles iam a Ipanema, para a casa de Caetano Veloso, para saber as fofocas da apresentação do Municipal.

Certamente, teriam somente coisas positivas por receber e por dizer. Das muitas emoções vividas nas águas de março que chegaram ao final de agosto - e em tempo do meu aniversário. Este que vos escreve gostaria de dizer mais coisas, mas com palavras só sabe exclamar:

É UMA BOSSA, MORA!

E, ansiando para que estes momentos não se tornem mera saudade, o post de hoje encerra com a canção que foi interpretada duas vezes no show de ontem. Afinal, chega de saudade, pois Tom Jobim sempre deve ser reverenciado - ainda mais em momentos como o de ontem.

Segue a letra! Na foto, um registro modesto feito por este que vos escreve.

Abraços a todos, Vinícius.

CHEGA DE SAUDADE - Tom e Vinícius

Vai minha tristeza,
E diz a ela que
Sem ela não pode ser

Diz-lhe, numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso
Mais sofrer

Chega de saudade
a realidade é que
Sem ela não há paz

não há beleza
É só tristeza
E a melancolia que não sai de mim
Não sai de mim, não sai

Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Roberto Carlos e Caetano Veloso - Rio, 22 de agosto de 2008



Olá, amigos.

Hoje se escreve mais um capítulo antológico da história da Música Popular Brasileira. Dentro de algumas horas, ROBERTO CARLOS e CAETANO VELOSO chegarão ao palco do Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, unidos por uma celebração musical.

Por algumas horas, os pés de Roberto e Caetano irão tocar nas areias brancas do universo musical de TOM JOBIM, e vão molhar seus cabelos na água azul do mar das águas de março fechando o verão. Janelas e portas vão se abrir pra eles interpretarem e cantarem somente o que não pode mais se calar. Noutras palavras, uma reunião de artistas muito românticos e unidos por essa força estranha no ar. Os vários tons com as muitas facetas do repertório de Tom.

Tom da certeza de um amor que supera as ausências e desventuras para viver "por toda a minha vida". Da insensatez que se arrasta, na saudade das flores da janela que sorriam e cantavam "por causa de você". Do pedido de reconciliação, que vem entre peixinhos e beijinhos ou do singelo pedido para que dê a mão e os dois saiam para seguir essa estrada de sol - afinal, só tinha de ser com você...

Tom do Rio, de um Rio visto da janela do avião, contando e cantando as horas de estar no Galeão e ver a Cidade Maravilhosa, seja num cantinho e num violão para ver o Corcovado, seja para ver as curvas das mulheres. E em meio a tantas, eis que ele e Vinícius de Moraes enxergaram uma garota de Ipanema. Ela é carioca, ela é carioca, basta o jeitinho dela andar. Mas ele andou por várias outras, Lígia, Ana Luiza, Luiza, Ângela, e novamente viu uma garota - e as vozes de Dick Farney com Lúcio Alves louvaram a beleza de Tereza, a Tereza da praia que não é de ninguém a não ser da Música Popular Brasileira.

Tom do Brasil, Tom Brasileiro, que hoje reúne dois artistas considerados por estudiosos do cancioneiro tupiniquim como outros tons dos mil tons geniais de nossa música. De um lado, Roberto Carlos, o menino de Cachoeiro que começou a ter destaque quando aqueceu a brasa da Jovem Guarda. Do outro, Caetano Veloso, o menino de Santo Amaro que um nos apresentou a Tropicália e um dia nos disse "é proibido proibir".

Ambos cedem espaço em suas carreiras, para relerem em cena aberta toda a Bossa, a fossa e a "nossa" safra criada por Antônio Carlos Jobim. Caetano não cantará sozinho suas jóias nem Roberto cantará as mulheres que não ousa dizer o nome. Hoje, 22 de agosto de 2008, é a vez de contemplarmos no Municipal as tantas pérolas criadas em alto e bom tom na Música Popular Brasileira. E dizermos que agora já sabemos da onda que se ergueu no mar e das estrelas que esquecemos de contar. Como já disse uma canção do artista que Roberto Carlos e Caetano Veloso reverenciam hoje.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Caetano Veloso no Estúdio Amigo, em dia de ensaio para o show que ocorrerá logo mais (e que terá novo post especial escrito por este que vos escreve).

Abraços a todos, Vinícius.

WAVE - Tom Jobim

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho

O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade
Da segunda, o cais e a eternidade

Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...

P.S.: um dado curioso. De comum acordo, Roberto Carlos e Caetano Veloso vestirão roupa azul no show. Um tom condizente com um artista que é feito de azul...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Canciones en vivo - CONCAVO Y CONVEXO




Olá, amigos.

A série Canciones en vivo prossegue a enumerar as faixas do mais recente trabalho que Roberto Carlos lançou para o mercado brasileiro. Ao final do mês passado, chegou às lojas Roberto Carlos en vivo, registro fonográfico do show que RC apresentou na casa de espetáculos Opera House, em Miami, em maio de 2007. Ontem, chegou ao mercado latino-americano o DVD com o registro audiovisual desta apresentação - e está previsto para 2 de setembro que o novo DVD de RC aporte em terras brasileiras.

No décimo-segundo número da noite, RC novamente cantou uma música de alta dose de sensualidade que há um bocado de tempo não inclui em sua safra interpretada no Brasil - e ela traz um jeito mais malemolente de falar sobre o amor (bem como Cama e mesa, ou Cama y mesa, mostrada no terceiro post da série Canciones en vivo). Ao encerrar Propuesta, Roberto falou ao público latino-americano: "O primeiro passo já havia sido dado. O segundo foi um pouco mais fácil...".

10 anos depois, RC traria a seu público detalhes de um amor que em formas e carícias têm uma coincidência total, como se fosse um encaixe entre o côncavo e o convexo. Lançada originalmente em seu LP de 1983, esta música foi apresentada ao mercado latino-americano em meados do ano de 1984. E, em Roberto Carlos en vivo, RC mostrou ao público que a proposta (ou la propuesta) de um amor até o amanhecer teria fantásticas conseqüências na década seguinte.

Segue a letra! Na foto, um dos registros para o ensaio fotográfico de seu LP de 1983 - e que chegou ao mercado latino em castelhano no início de 1984.

CONCAVO Y CONVEXO (O côncavo e o convexo) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Nuestro amor es así
Y al hacerlo tu y yo
Todo es más bonito

Y en él se nos da
Todo eso que está
Y lo que no se há escrito

Cuando nos abrazamos
Tantas cosas sentimos
No hace falta ni hablar

Un encuentro perfecto
Entre el tuyo y mi pecho
Nuestra ropa no va

Nuestro amor es así
Para tí, para mí
Como una receta

Nuestras curvas se hallan
Nuestras formas entallan
En medida perfecta

Este amor de los dos
Es locura que trae
Éste sueño de paz
Bonito por demás

Y cuando nos besamos
Al amar olvidamos
La vida allá afuera

Cada parte de tí
Tiene forma ideal
Y si estás junto a mí

Coincidencia total
De cóncavo y convexo
Así es nuestro amor
En el sexo...

P.S.: nos próximos posts, este blogue se dedicará a falar sobre o show histórico. Sobre o grande momento da Música Popular Brasileira que Roberto Carlos e Caetano Veloso nos proporcionarão daqui a dois dias. Quando os dois ícones da nossa música farão a reverência musical ao maestro soberano Tom Jobim. E este que vos escreve terá o privilégio de assistir ao show, no Teatro Municipal, no dia 22 de agosto (coincidentemente, véspera do meu aniversário). Aguardem as cenas dos próximos capítulos...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Canciones en vivo - PROPUESTA



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo retorna suas atividades, trazendo faixa por faixa as canções apresentadas no disco Roberto Carlos en vivo, novo trabalho de Roberto Carlos que chegou às lojas no mês passado. Agora está previsto para o início do mês que vem um desdobramento deste lançamento - a partir de 2 de setembro, o mercado brasileiro receberá o DVD com o registro audiovisual do show que RC fez em Miami em maio de 2007.

Neste show em que mostrou ao público as várias facetas de sua carreira, Roberto abriu espaço também para apresentar um pouco da sensualidade de sua obra. O público presente no Opera House ouviu a "confissão" de que depois do fim da Jovem Guarda a ingenuidade (que já não existia tanto na época do movimento) agora deixava de existir também nas canções que assinava com Erasmo Carlos.

E "el primer paso" seria uma música lançada originalmente no Brasil em 1973, mas que chegaria ao exterior nos primeiros meses de 1974, através do LP El día que me quieras. A partir daquele instante, Roberto Carlos abria ao universo latino o leque de canciones mais sensuais, com versos que trouxeram palavras cuidadosamente escolhidas numa canção de amor. De acordo com o maestro Eduardo Lages, esta é uma das canções mais aplaudidas nos shows que Roberto Carlos faz no exterior.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

PROPUESTA (Proposta) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Yo te propongo
Que nos amemos
Nos entreguemos
Y en el momento
Que el tiempo afuera
No corra más

Yo te propongo
Darte mi cuerpo
Después de amar y mucho abrigo
Y más que todo
Despues de todo
Brindarte a ti mi paz

Yo te propongo
De madrugada
Si estás cansada
Darte mis brazos
Y en un abrazo
Hacerte a ti dormir

Yo te propongo
No hablar de nada
Seguir muy juntos
La misma senda
Y continuar
Después de amar
Al amanecer

Al amanecer...

sábado, 16 de agosto de 2008

Post especial - DORIVAL CAYMMI, 94 anos



Olá, amigos.

Este blogue dedica hoje um post especial ao compositor que durante toda sua trajetória na Música Popular Brasileira apresentou ao Brasil o que é que a Bahia tem em letra e música. Às 6h de hoje, DORIVAL CAYMMI encerrou sua carreira aqui na Terra depois de 94 anos bem vividos e de belos serviços prestados ao nosso cancioneiro.

Nascido em 1914, Caymmi começou sua carreira aos 19 anos, participando de programas da Rádio Clube da Bahia. Os temas de suas músicas chamaram atenção do radialista Gilberto Martins, que cedeu ao compositor e cantor o programa Caymmi e suas canções praieiras.

Anos mais tarde, viria o primeiro grande sucesso - O que é que a baiana tem? - que seria uma das canções mais associadas à estonteante Carmem Miranda e percorreria o mundo graças à "Pequena Notável". Outra canção que chegaria ao exterior seria Você já foi à Bahia?. Ela fez parte de um filme dos estúdios Walt Disney, com direito a ser "interpretada" pelo Pato Donald.

Com sua malemolência tipicamente brasileira, Caymmi cantou O samba da minha terra, e declarou que quem não gosta de samba ou é ruim da cabeça ou doente do pé - e, certamente, bom sujeito não é. Seu samba ganharia a homenagem de artistas de vários movimentos e de vários estilos - como o ícone da Bossa Nova João Gilberto (que gravou o Samba da minha terra)e a tropicalista Gal Costa, responsável pelo primoroso tributo Gal canta Caymmi. Nos anos 60, viria um encontro marcante dos gênios da nossa música: o LP Vinícius e Caymmi no Zum Zum - e mais tarde o conjunto Quarteto em Cy nos presentearia interpretando canções de Vinícius de Moraes e Dorival Caymmi.

Graças a ele, nós conhecemos o genioso João Valentão e ficamos de mal com a Marina (e descobrimos que quando zangamos não sabemos perdoar). Com ele passamos a ter Saudades da Bahia (mesmo que nunca tenhamos ido lá) e de outras partes (a Praia de Itapoã, com a letra de Saudade de Itapoã), de figuras que passam por terras baianas (como a Mãe Menininha do Gantois, através da letra de Oração de Mãe Menininha) e de comidas típicas de sua terra (Vatapá).

Caymmi também enxergou musicalidade na literatura de seu conterrâneo, o saudoso Jorge Amado, e na adaptação de Gabriela para a novela da TV Globo, o país cantou Modinha para Gabriela sempre que via a personagem homônima protagonizada por Sônia Braga em 1975 - para a qual também escreveria as canções Horas e Adeus. O passeio musical pelo universo de Jorge Amado se repetiria no ano de 2001 - quando, em parceria com o filho Danilo Caymmi, escreveu Caminhos do mar. Interpretada por Gal Costa (que cantou também a "modinha" de 1975), a canção foi tema da novela Porto dos milagres, livre adaptação de Aguinaldo Silva para os livros Mar Morto e A descoberta da América pelos turcos.

E foi no mar que ele enxergou límpidas águas musicais. O compositor que trouxe a simples comprovação de que o mar "quando quebra na praia é bonito" também encontrou nos mares canções como Canoeiro, Marcha dos pescadores, Suíte dos pescadores e, nos versos de O bem do mar, afirmou que o pescador tem "dois amô", um na terra e um no mar.

Mais tarde, seus filhos também o acompanhariam neste barco - Danilo, Nana e Dori - e sua neta Stella Caymmi escreveria como "assim se conta na beira do cais" a biografia de Dorival Caymmi, intitulada O mar e o tempo. Era a literatura contando a história do artista que pegou um ita no Norte e veio pro Rio morar (como diz a letra de Peguei um ita no norte). O artista que um dia escreveu É doce morrer no mar sai de cena sob os aplausos para sua música que mexe com o juízo do homem que vai trabalhar (tanto quanto a vizinha que passa com seu vestido grená, apontada na letra de A vizinha quando passa, recentemente muito bem relida na voz de Roberta Sá), e tem como última morada justamente o bairro no qual reside uma das mais belas praias de terras brasileiras: Copacabana - para quem ele dedicou (em parceria com Carlos Guinle) a música Sábado em Copacabana. E, por um acaso do destino, ele nos deixa hoje, aos 94 anos, em pleno sábado de Copacabana.

Roberto Carlos adentrou no universo de Dorival Caymmi em 1972. Em seu LP daquele ano, o então recente pai de família RC recriou a seu modo uma canção de ninar com toda a doçura do universo de Caymmi - este baiano que tanto conseguiu nos passar os encantos de suas músicas tão simples e tão apaixonantes. No acalanto de Caymmi, hoje este blogue recorda a homenagem de Roberto ao artista de "insensato" coração - que Dorival nos apresentou nos versos de Só louco, uma das canções interpretadas por RC no número "O coração dos compositores" (ao lado das músicas Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, Coração vagabundo, de Caetano Veloso, e Explode coração, de Gonzaguinha), presente no show Coração.

Segue a letra! Na foto, um registro do Roberto Carlos Especial de 1975, no qual RC recebeu Silvio Caldas e Dorival Caymmi - e, na frente do autor, Roberto interpretou a canção abaixo.

Abraços a todos, Vinícius.

ACALANTO - Dorival Caymmi

É tão tarde, a manhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você, meu bem
Dorme anjo, o boi pega neném

Lá no céu deixam de cantar
Os anjinhos foram se deitar
Mamãezinha precisa descansar
Dorme anjo, papai vai lhe ninar

Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta

Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esse menino
Que tem medo de careta

Boi, boi, boi...

P.S.: este blogue retorna no dia 18 a série Canciones en vivo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Canciones en vivo - ACRÓSTICO




Olá, amigos.

Retomando a série Canciones en vivo, hoje este blogue apresenta mais um breve momento que, em meio ao repertório cantado em espanhol, traz uma nuance interpretada em português na safra que Roberto Carlos apresentou em seu show de maio do ano passado, no Opera House, em Miami. Trata-se de uma música que até o lançamento de Roberto Carlos en vivo ainda era inédita em discos lançados no exterior por RC.

Desde 1997 sem fazer a rotina que marcou sua discografia - lançar um disco no final de ano para o Brasil e no ano seguinte chegar ao mercado latino com versões em espanhol destas canções - Roberto ainda chega aos poucos no exterior, através da importação de seus discos e também de fãs latinos que baixam suas músicas pela Internet. Por isso, uma música que foi apresentada ao público brasileiro em 2003 ainda permanece inédita em shows e em registro fonográfico.

Mas agora o mercado latino tem o privilégio de escutar uma canção mais recente da safra que Roberto Carlos assinou. Uma parte do repertório que fala detalhes de seu amor sem limite, um amor taxado como "pra sempre". Uma canção que não tem tradução para seu sentimento, e que foi interpretada no palco americano em português, assim como na faixa do disco Pra sempre, de 2003.

Este momento, que fez com que Roberto fosse ovacionado pelo público latino, foi antecedido por uma explicação sobre a música. Este post encerra com a declaração que RC fez antes da canção (naturalmente traduzida do espanhol para o português):

"Eu tenho o privilégio de dizer que conheço realmente o que é um grande amor. Um amor verdadeiro, infinito. E o privilégio de saber a diferença entre a paixão e o amor. A paixão é uma reação física, uma reação química, com direito a adrenalina e todo. Já amor, não. O amor é um sentimento, uma força, uma energia, capaz de fazer esse sentimento ser eterno. Não há dúvida que estou falando de Maria Rita".

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos apresentando a canção mostrada hoje no show realizado na casa de espetáculos Canecão em 12 de junho de 2007. A foto foi tirada por este que vos escreve.

Abraços a todos, Vinícius.

ACRÓSTICO - Roberto Carlos

Mais que a minha própria vida
Além do que eu sonhei pra mim
Raio de luz
Inspiração
Amor, você é assim

Rima dos versos que eu canto
Imenso amor que eu falo tanto
Tudo pra mim
Amo você assim

Meu coração
Eternamente
Um dia te entreguei

Amo você
Mais do que tudo, eu sei
O sol
Raiou pra mim quando eu te encontrei

P.S.:

BOAS NOVAS!

O DVD Roberto Carlos en vivo já está pra chegar. Nos Estados Unidos o registro audiovisual do show que Roberto Carlos realizou em Miami no ano passado adentrará nas lojas no dia 19 de agosto.

E o DVD aportará em terras brasileiras a partir de 2 DE SETEMBRO. Mais um produto trazendo muitas emoções, independente do idioma que RC esteja cantando.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Post especial - ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO



Olá, amigos.

Este blogue hoje dedica um post especial ao retorno na telas brasileiras de um dos personagens mais emblemáticos do nosso cinema. Trata-se de ZÉ DO CAIXÃO, o coveiro que se veste com roupas pretas e aterroriza com suas maldades desde 1964 (ano em que chegou ao cinema o primeiro filme no qual sua figura pitoresca apareceu).

O personagem surgiu por obra de José Mojica Marins, um descendente de espanhóis criado em São Paulo e que desde menino tinha interesse em trabalhar no universo cinematográfico - em seu início, fazendo filmes inspirados nos bangue-bangues ou voltados para o público infantil. Até que um sonho o fez despertar para um crucial rumo de sua trajetória no cinema.

Numa noite, ele era arrastado por um homem de preto cujo rosto ele não via. O homem o levava até o cemitério, e terminava o trajeto em frente a um túmulo onde estava o nome e a data de nascimento de Mojica. Ao se aproximar, José via que o homem que o segurara tinha seu próprio rosto.

Mojica então decidiu levar seu sonho abominável para as telas. Seu único terno preto, uma capa de Exu e uma cartola alugada da Casa do Artista, surgia então o personagem Zé do Caixão.

À meia-noite levarei sua alma apresentou ao cinema brasileiro, em 1964, a figura de Josefel Zanatas, o agente funerário que anseia por achar a mulher ideal, a mulher superior com a qual irá gerar um filho perfeito. Com cenas rodadas numa sinagoga abandonada, o filme teve grande sucesso financeiro e proporcionou a divisão da crítica - uns achavam ridículo, outros o achavam genial.

Dois anos depois, Zé do Caixão sobreviveu à batalha de À meia-noite levarei sua alma, e sua batalha prosseguiu em Esta noite encarnarei no teu cadáver. Naquela altura, a figura de José Mojica Marins passou a ser "confundida" com a de Zé do Caixão, e ele começou a ser conhecido em São Paulo por seus testes "macabros" nos estúdios. Voluntários que queriam participar de seus filmes passavam por torturas físicas e psicológicas, em desafios dos mais variados, como deitar em lugares cheios de aranhas e de cobras e comer baratas vivas.

Zé do Caixão chegou ao universo televisivo através de dois programas da TV Bandeirantes - Além, muito além do além e O estranho mundo de Zé do Caixão. Este último se tornaria título do terceiro filme no qual apareceria seu personagem - dividido em três episódios, e em um deles apresentando a figura do elegante professor Oaxiac Odéz (este que vos escreve recomenda que os leitores leiam este nome de trás para frente, a título de curiosidade). A censura, que já o perseguia desde os primeiros filmes, liberou O estranho mundo de Zé do Caixão com 20 minutos de corte.

No ano de 1969, Mojica realizou um novo filme - O ritual dos sádicos. Entretanto, a censura o interditou por completo, e ele só deixaria de ficar no ineditismo 16 anos depois - dessa vez com novo título: O despertar da besta. José Mojica Marins ainda realizaria outros filmes no estilo de terror que tanto o consagrara - Finis hominis e o curiosíssimo Delírios de um anormal (no qual um homem tinha delírios de que a mulher amada era objeto de desejo de Zé do Caixão - pretexto para Mojica apresentar várias cenas que antes foram vetadas pela censura).

Após passar alguns anos participando como ator de filmes de outros diretores, seu retorno à direção aconteceu em 1974. O produtor Anibal Massaini Neto decidiu fazer uma "versão brasileira" do terror americano O exorcista - até hoje um dos mais cultuados filmes sobre tiradores de demônio. E em Exorcismo negro, criador e criatura tiveram seu embate: José Mojica Marins ficou frente a frente com o diabólico Zé do Caixão. O filme foi um dos mais bem realizados da safra de Mojica (que desde suas primeiras realizações acostumou-se a fazer filmes com baixo orçamento), e tem em seu elenco atores de destaque na época, como Jofre Soares, Marcelo Picchi e Alcione Mazzeo.

Nos anos seguintes, Mojica deixou de lado Zé do Caixão e apresentou outra vertente de sua cinematografia - a pornochanchada e os filmes de sexo explícito, nos quais ele assinava a direção sob o pseudônimo de J.Avelar. Somente a partir de 1993 seu trabalho voltaria a ter o devido reconhecimento, quando seus filmes foram reexibidos nos Estados Unidos. Zé do Caixão virou "Coffin Joe" e passou a ter adeptos no país norte-americano e em alguns países europeus.

Em 1993, Mojica retornou à televisão como apresentador do Cine trash, um programa que exibia filmes de terror na TV Bandeirantes (mais tarde passado para as noites da emissora, devido a "recomendações" do horário). Além de realizar oficinas de filmes trash (caracterizados por terem temática de terror e por, propositalmente, não usarem grandes efeitos especiais), ele fez algumas participações em programas de televisão, clipes musicais e até no cinema - uma delas foi no filme Ed Mort, de Alain Fresnot, lançado em 1997. Atualmente, Mojica apresenta o programa de entrevistas O estranho mundo de Zé do Caixão, no Canal Brasil (na TV por assinatura NET).

E agora, cerca de 40 anos depois do início cinematográfico de Zé do Caixão, José Mojica Marins conseguiu, enfim, realizar o que considera o último e decisivo filme da trilogia iniciada com À meia-noite levarei sua alma e continuada com Esta noite encarnarei no teu cadáver. Depois de conviver com tropeços financeiros e com as várias mudanças do panorama do cinema brasileiro, chegou às telas na semana passada o derradeiro filme da saga de Josefel Zanatas - o homem que praticou atrocidades e não mediu esforços para encontrar a "mulher superior" que, assim como ele, não tem medos nem crenças, e é digna de gerar seu filho.

Desta vez, José Mojica Marins recebeu um orçamento à altura de seu fantástico cinema (cerca de R$ 2 milhões) para levar ao cinema Encarnação do demônio. O filme traz a volta de Zé do Caixão, que sai da cadeia depois de 40 anos encarcerado, cada vez mais sedento por sua obsessão - e não medindo esforços para encontrar seu objeto de desejo. O personagem retorna em grande estilo, com fortes cenas de rituais sádicos e até práticas como a autofagia. No elenco, Mojica tem as participações de Jece Valadão (em seu último trabalho), Adriano Stuart, Cristina Aché, Rui Rezende e Milhem Cortaz e as participações de Luís Melo e a impagável atuação do diretor José Celso Martinez Correia - além de trazer uma série de mulheres bonitas que acompanham e servem Zé do Caixão.

Tendo direito a efeitos maiores que seus filmes anteriores, Mojica reapresenta cenas de seus filmes anteriores, para relembrar os demônios que acompanharam Zé do Caixão em todos esses anos de carceragem. Lamentavelmente, nesta primeira semana de Encernação do demônio, Zé do Caixão teve um público bem aquém do que o bom cinema de terror brasileiro merece - foram cerca de seis mil espectadores. Espera-se que ainda haja tempo de um sucesso de público.

Poucos devem se lembrar, mas em 1969 Roberto Carlos teve um encontro inusitado com esta grande figura da cena artística brasileira. Ele foi a um dos programas de José Mojica Marins, e foi sabatinado pelo criador de Zé do Caixão. Para relembrar este encontro e louvar o retorno cinematográfico de um ícone mundial do terror, este blogue traz a letra de uma das faixas cantadas por RC em seu LP Roberto Carlos canta para a juventude. É nossa forma de registrar esse momento que vai além - muito além do além.

Segue a letra! Na foto, o registro do "hipnotismo" que Roberto Carlos sofreu de José Mojica Marins. Esta foto aparece no livro Maldito - a vida e o cinema de José Mojica Marins, biografia do criador de Zé do Caixão (que volta às telas com Encarnação do demônio), feita por André Barcinski e Ivan Finotti.

Abraços a todos, Vinícius.

NOITE DE TERROR - Getúlio Côrtes

Fazia noite fria eu logo fui dormir
Soprava um vento frote eu não pude mais sair
Pensei com meus botões: um bom livro eu vou ler
E um trago de uísque que é para me aquecer

Mas uma coisa vejam
Me aconteceu
Uma mão gelada
Em meu ombro bateu

Gritar eu quis, porém
A voz não me saiu
E o livro que eu lia até de minha mão sumiu
Tremi de cima abaixo sem sair do lugar
Quando de repente eu ouvi alguém falar
Bem junto de mim esse alguém me falou bem assim
Eu sou o Frankestein

Tomou conta de mim tamanha tremedeira
Mas nada quis ouvir, pois corri pela ladeira
Mas de repente então mudou-se o panorama
Quando dei por mim eu estava em minha cama

Alguém bate na porte
Vou logo ver quem é
Deve ser meu broto
Pois fantasma não dá pé

Mas quando a porta abri fiquei logo a tremer
Senti por todo corpo um frio percorrer
Fiquei no chão colado com cabelo arrepiado
Maior foi o meu pavor pois não era o meu amor

E esse alguém que eu vi
Me falou novamente assim:

Voltei...

***
No próximo post, este blogue retoma a série Canciones en vivo, falando sobre a música Acróstico.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Canciones en vivo - MUJER PEQUEÑA




Olá, amigos.

A série Canciones en vivo traz hoje mais um post com uma canção que faz parte do disco Roberto Carlos en vivo. Trata-se do novo trabalho de Roberto Carlos, que chegou às lojas no final do mês passado, trazendo o registro fonográfico de um show apresentado em Miami no ano de 2007 - e apresenta o repertório formato majoritariamente por músicas em castelhano.

A canção mostrada hoje (nona faixa do disco, e oitava interpretada no show - a primeira faixa é destinada à abertura instrumental) tem não só a letra hispânica como também passeia por um ritmo muito difundido na música latino-americana.

Surgida em Cuba durante a década de 1960, a SALSA surgiu influenciada especialmente pelo ritmo do mambo (estilo de música muito popular na década anterior), mas adicionando características de ritmos afro-caribenhos - além do mambo, tem traços da rumba e do son motuno de Cuba, do calipso de Trinidad e Tobago, do merengue da República Dominicana e da cumbia colombiana. O estilo tem também espaço para influências do rock americano e do reggae da Jamaica.

Tudo temperado para formar boa música e uma sonoridade que colocasse uma mistura de ritmos com sabor "latino-americano". Daí decidiram colocar este nome, que, na língua castelhana, significa "tempero". A salsa teve seus primeiros passos em Nova Iorque e seguiu para países de língua espanhola - seus expoentes são Frankie Ruiz, Celia Cruz e, em especial, Tito Puente.

Com o decorrer das décadas, a salsa foi se tornando mais popular, o que para muitos foi definido como uma traição ao movimento - o ritmo, que era das ruas, foi reduzido a características meramente comerciais. Também ganhou destaque a "salsa erótica", vista por críticos musicais como machistas. Atualmente, destacam-se como artistas do gênero a orquestra Guayacán, o grupo Niche e o cantor Joe Arroyo, todos da Colômbia, além do surgimento do estilo "salsa y merengue" - popularizado na década de 1990, num fenômeno que chegou até o Brasil graças à novela Salsa e merengue, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, que a TV Globo exibiu em 1997 no horário das 19h. Nesta época, o ex-Menudo Ricky Martin era o grande expoente.

Roberto Carlos navegou no estilo da salsa numa canção muito peculiar. Para seu LP de 1992, RC decidiu escrever com Erasmo uma homenagem às mulheres de baixa estatura. Em seu especial daquele ano, Roberto confessou que achava que ia escrever para uma minoria, mas uma pesquisa comprovou que na época havia "mais de 20 milhões de mulheres abaixo de 1,60m" no Brasil.

A homenagem às baixinhas seria também o carro-chefe de seu LP lançado para o mercado latino no início de 1993. E viria a ser um dos sucessos que jamais poderiam deixar de figurar em suas apresentações para o público latino-americano - agora presentes também na sua discografia brasileira, através do lançamento de Roberto Carlos en vivo.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos cantando a música abaixo em apresentação na televisão latina, num registro presente no DVD Antología, lançado somente para o mercado exterior.

Abraços a todos, Vinícius.

MUJER PEQUEÑA (Mulher pequena) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Cuando una mujer pequeña
Viene a hablarme al oído
Mi corazón dispara
Y hasta siento que hace ruido

En la punta de sus pies
Se me cuelga como loca
Mira al cielo y me sonrie
Cuando la beso en la boca

Luego del beso en la boca
Una mano ella desliza
Por los pelos de mi pecho
Y dentro de mi camisa

Cuando todo se enardece
Ay esa mujer me usa
Yo quisera que se abriese
Un botón de esa blusa

No hay ropa que se auante
Ni botón que se mantenga
Ese amor que hoy sentimos
Nada hay que lo contenga

Yo te quiero así, pequeña
De ese beso que me agita
Cosa de mujer sabrosa
Con un aire de chiquita

Ay, ay, ay
Esa voz dulce y serena
Esa cosa delicada
Cosa de mujer pequeña

Ay, ay, ay
Esa voz dulce y serena
Esa cosa delicada
Cosa de mujer pequeña...

sábado, 9 de agosto de 2008

Canciones en vivo - O CALHAMBEQUE



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo chega ao seu sétimo post na seqüência de canções presentes no disco Roberto Carlos en vivo. O álbum, que chegou às lojas no final do mês passado, traz um registro do show que Roberto Carlos realizou na casa de espetáculos Opera House, localizada na cidade norte-americana de Miami, em maio de 2007.

O post de hoje apresenta uma das canciones que, mesmo em meio a um repertório basicamente cantado em castelhano, chegou aos ouvidos do público na língua portuguesa. Apesar de estar no trânsito com tantas canções na língua hispânica, o calhambeque chegou em sua apresentação no exterior "com palavras em português" (assim como acontecera em 1964, quando, como recordou RC em seu especial de 1983, Erasmo havia estacionado o carango na sua porta).

Um dado curioso é que Roberto chegou a gravá-la no idioma hispânico - e na versão assinada por J.Quirós e gravada por RC para o disco Roberto Carlos canta a la juventud, O calhambeque recebeu dois títulos diferentes. Algumas edições de discos latinos batizam a música de La carcachita, e outras dão à "música do calhambeque" o título de Mi cacharrito. Inclusive, nos créditos deste Roberto Carlos en vivo, em vez de trazer o habitual título de Road hog (música da qual Erasmo fez a versão em 1964) ao lado do título em português, aparece o nome Mi cacharrito, tanto nos créditos do fundo do CD quanto na listagem da contracapa do livreto e também na letra da canção.

Outra curiosidade vem da apresentação realizada no Opera House. Ao final da interpretação dela, Roberto arranha um "portunhol" para pedir desculpas pois agora vai embora. Entretanto, nem mesmo a confusão entre o português e o espanhol fazem com que o público acredite que o show vai terminar com aquela canção.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em uma apresentação no Brasil tendo o calhambeque azul ao fundo.

Abraços a todos, Vinícius.

O CALHAMBEQUE (Road hog) - Gwen e John Laudermilk (versão de Erasmo Carlos)

Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia
Pois há muito tempo um conserto ele pedia
E como vou viver sem um carango pra correr
Meu Cadillac, bib, bip
Quero consertar meu Cadillac

Com muita paciência o rapaz me ofereceu
Um carro todo velho que por lá apareceu
Enquanto o Cadillac consertava eu usava
O calhambeque, bib, bip
Quero buzinar o calhambeque

Saí da oficina um pouquinho desolado
Confesso que estava até um pouco envergonhado
Olhando para o lado com a cara de malvado
O calhambeque, bib, bip
Buzinei assim o calhambeque

E logo uma garota fez sinal para eu parar
E no meu calhambeque fez questão de passear
Não sei o que pensei mas eu não acreditei
Que o calhambeque, bib, bip
O broto quis andar no calhambeque

E muitos outros brotos que encontrei pelo caminho
Falavam que estouro, que beleza de carrinho
E fui me acostumando e do carango fui gostando
O calhambeque, bib, bip
Quero conservar meu calhambeque

Mas o Cadillac finalmente ficou pronto
Lavado, consertado, bem pintado, um encanto
Mas meu coração na hora exata de trocar
O calhambeque, bib, bip
Meu coração ficou com o calhambeque

Bem, con mis desculpas, sei lá como se dice
Pero ahora yo me voy
Si, me voy
Bye...
Bye...
Bye...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Canciones en vivo - EL DÍA QUE ME QUIERAS



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo continua sua trajetória, enumerando as 17 canções interpretadas por Roberto Carlos em seu mais recente trabalho - Roberto Carlos en vivo (o álbum tem uma faixa a mais, trazendo um trecho da abertura instrumental de sua apresentação). O disco é um registro de show apresentado no Opera House, em Miami, em maio do ano passado, e traz RC em interpretações de seu repertório apresentado no exterior.

A canção de hoje já havia sido mostrada anteriormente neste blogue, através da série América, América, que falou sobre a presença de músicas em castelhano no disco que Roberto Carlos lançou para o mercado brasileiro. Entretanto, como trata-se de um dos maiores sucessos latinos de Roberto Carlos, ela não poderia ficar ausente de um show dedicado ao público latino-americano.

Antes de cantá-la na casa de espetáculos norte-americana, Roberto contou ao público um pouco de como esta canção chegou ao seu repertório. Naturalmente, as palavras que seguirão foram traduzidas, em seu show no Opera House RC falou destes detalhes com palavras em espanhol.

"Um dia me atrevi a gravar uma canção, a cantar uma canção de Gardel. Sem dúvida, um atrevimento...". Após breve pausa, RC pede a seu público latino: "Com licença...".

E, com uma interpretação intimista, amparado pelo belo arranjo do maestro Eduardo Lages, RC atreve-se a cantar mais uma vez no palco uma das maiores canções assinadas por Carlos Gardel. Repetindo a "ousadia" que chegou ao Brasil ao final de 1973 e que em 1974 deu nome ao LP que chegou ao mercado latino.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em registro da década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

EL DÍA QUE ME QUIERAS - Carlos Gardel e Alfredo Le Pera

Acaricia mi ensueño
El suave murmullo de tu suspirar
Como rie la vida
Si tus ojos negros me quierem mirar

Y si es mio el amparo
De tu risa leve, es como un cantar
Ella aquieta mi herida
Todo, todo se olvida

El día que me quieras
La rosa que engalana
Se vestirá de fiesta
Con su mejor color

Al viento, las campanas
Dirán que ya eres mia
Y locas las fontanas
Se contarán tu amor

La noche que me quieras
Desde el azul del cielo
Las estrellas celosas
Nos mirarán pasar

Y un rayo misterioso
Hará nido en tu pelo
Luciérnaga curiosa
Que verá que eres mi consuelo...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Canciones en vivo - DESAHOGO




Olá, amigos.

A série Canciones en vivo prossegue a enumerar o repertório do disco Roberto Carlos en vivo, disco que RC apresentou ao público brasileiro na semana passada. Trata-se do primeiro registro fonográfico de um show realizado no exterior - gravado ao vivo em maio de 2007 na casa de espetáculos Opera House, em Miami.

Além de mostrar para os ouvintes versões em castelhano de suas canções, o que aparece neste show realizado no exterior é como Roberto aos poucos vem mudando os sentimentos que vieram à tona desde que sua esposa Maria Rita encerrou sua trajetória aqui na Terra (no ano de 1999). A canção de hoje faz parte de uma safra que RC não estava interpretando em suas apresentações no Brasil - por ter em seus versos um recorte de problemas amorosos envolvendo um casal.

Em suas primeiras apresentações após o "retorno" à sua rotina como cantor (no ano 2000), Roberto dedicava seu repertório exclusivamente a canções de amor bem sucedidas - isto influiu inclusive em suas músicas inéditas, nos discos Amor sem limite (gravado em 2000) e Pra sempre (lançado em 2003) e também na única canção inédita de seu disco de 2005, a guarânia Arrasta uma cadeira. A música de hoje chegou a ser incluída nos primeiros passos da turnê de Amor sem limite, mas logo foi retirada, pois RC dizia que "esta canção não tem nada a ver com esse show". Aos poucos, ele vem incluindo músicas que falam sobre desavenças amorosas em seu repertório brasileiro - representada atualmente pela música Outra vez, de autoria de Isolda.

Entretanto, o público de seus shows no exterior tem acesso a assistir ao vivo à interpretação de Roberto Carlos para uma de suas mais emblemáticas canções que discorrem sobre as brigas de um casal. Primeira faixa do lado B de seu disco de 1979, a música assinada em parceria com Erasmo recebeu versão da dupla Buddy & Mary McCluskley e chegou ao mercado latino em meados de 1980, no LP intitulado Mi querido, mi viejo, mi amigo (presente na caixa Pra sempre em espanhol - Volume I, lançada no Brasil no ano passado).

E graças ao lançamento de Roberto Carlos en vivo, novamente o público brasileiro tem acesso à interpretação de RC para seu desabafo - ou, numa tradução hispânica mais ao pé da letra, seu "desafogo". Esta é uma das faixas mais fortes de seu novo trabalho, graças ao arranjo grandioso que o maestro Eduardo Lages deu a ela - com direito a ter um inspiradíssimo solo de trompete feito pelo Gil.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em apresentação na TV em 1979 (ano no qual esta música foi lançada no Brasil).

Abraços a todos, Vinícius.

DESAHOGO (Desabafo) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

Por que me arrastro a tus pies?
Por que me doy tanto a ti?
Y por que no pido nunca
Nada a cambio para mi

Por que me quedo callado
Cuando me sabes herir
Con todos esos reproches
Que no merezo de ti

Por que en la cama doy vueltas
Mientras tú finges dormir
Pero si quieres, yo quiero
Y no consigo fingir

Te has convertido en la punta
Que clava mis sentimientos
Te has convertido en la sonda
Mas triste de mis lamentos

Pero resulta que yo
Sin ti no sé lo que hacer
A veces me desahogo
Me desespero porque

Tú eres el grave problema
Que yo no sé resolver
Y acabo siempre en tus brazos
Cuando me quieres tener...

domingo, 3 de agosto de 2008

Canciones en vivo - DETALLES



Olá, amigos.

A série Canciones en vivo apresenta hoje mais um post, enumerando as canções do mais recente disco lançado por Roberto Carlos. Depois da espera de mais de um ano, chegou às lojas Roberto Carlos en vivo, registro fonográfico do show que RC realizou em maio do ano passado no palco do Opera House, em Miami.

Hoje é a vez de o público brasileiro saber que a canção mais presente em suas temporadas no Brasil também permanece em seu repertório apresentado ao público latino-americano. E seja em português ou em castelhano, com "lh" ou com "ll", os detalhes tão pequenos escritos por Roberto e Erasmo para seu LP de 1971 são coisas muito grandes para se esquecer em qualquer idioma.

Detalhes chegou ao exterior primeiro em compactos lançados em algumas regiões da América Latina. Mas ainda em 1972 passaria a figurar num LP - é a faixa de encerramento do disco Un gato en la oscuridad (este LP foi remasterizado e lançado em CD no Brasil no ano passado, na caixa Pra sempre em espanhol - Volume I). Através deste disco, RC voltava a cantar suas músicas também na língua espanhola, sete anos depois de ter iniciado sua trajetória latina com o LP Roberto Carlos canta a la juventud. Com o LP Un gato en la oscuridad, Roberto começava a tradição de lançar um disco por ano ao mercado latino - lançando em meados do ano um álbum que trazia basicamente versões em espanhol de suas músicas lançadas no Brasil no fim de ano anterior.

Como Miami também é reduto de muitos brasileiros que vão tentar a sorte grande nos Estados Unidos, Roberto democratiza seu repertório, seja interpretando suas músicas na língua portuguesa (e incluindo em sua lista o "hino brasileiro" Aquarela do Brasil) ou mesclando o castelhano com o português. É o caso de Detalles, que, a certa altura de sua apresentação ao violão, se torna Detalhes e delicia los brasileños presentes em solo americano.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na década de 1970, em foto presente no encarte da compilação 30 grandes canciones.

Abraços a todos, Vinícius.

DETALLES (Detalhes) - Roberto e Erasmo (versão de Buddy & Mary McCluskley)

No ganas al intentar
El olvidarme
Durante mucho tiempo en tu vida
Yo voy a vivir

Detalles tan pequeños de los dos
Son cosas muy grandes para olvidar
Y a toda hora van a estar presentes
Ya lo verás

Si otro hombre apareciera
Por tu ruta
Y esto te trajese recuerdos míos
La culpa es tuya

El ruido enloquecedor de su auto
Será la causa obligada o algo así
Inmediatamente tú vas
A acordarte de mí

Yo sé que otro debe estar hablando
A tu oído
Palabras de amor como yo te hablé
Pero yo dudo

Yo dudo que él tenga tanto amor
Y hasta la forma de mi decir
Y en ésa hora tú vas
A acordarte de mí

En la noche envuelta en el silencio
De tu cuarto
Antes de dormir tu buscas
Mi retrato

Mas da moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer
Você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer
À pessoa errada

Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir
Na longa estrada
Do tempo que transforma todo o amor
Em quase nada

Mas quase também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso, de vez em quando, você vai
Vas a acordarte de mi...

No ganas nada al intentar
El olvidarme
Durante mucho mucho tiempo en tu vida
Yo voy a vivir

No ganas al intentar
El olvidarme
No... no...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Canciones en vivo - CAMA Y MESA



Olá, amigos.

Ele chegou! Na manhã de 30 de julho de 2008, este que vos escreve teve o prazer de fazer mais uma vez o ritual de ir à loja de discos para comprar o novo disco de Roberto Carlos. Como a loja na qual o disco já estava à venda ficava em outro bairro, fui de ônibus até o shopping que a abriga.

Com um misto de calma, alegria e ansiedade, subi de escada rolante até o terceiro piso. Cheguei ao local, passando primeiro pela parte de livros, até chegar ao espaço musical, que fica lá aos fundos. Dei um "bom dia" cordial aos vendedores, e segui rumo à parte destinada a discos de Roberto Carlos. Os olhares foram primeiro na parte em que os discos ficam enfileirados. Olhei-os um pouco, mas logo meu olhar se direcionou para a parede na qual ficam expostos alguns discos. E eis que estava lá - ROBERTO CARLOS EN VIVO.

Coloquei-o em minhas mãos, com um suspiro de alívio. Depois fui procurar o vendedor, que me encaminhou onde iria pagar. E lá percebi que o Roberto Carlos en vivo estava em mais destaque ainda, e eu, ansioso, não o tinha visto lá. Como supersticioso que também sou, troquei o meu disco por um dos outros que estavam na outra prateleira. Vai que aquele tem alguma coisa diferente...

Comprei. Atravessei os andares, a porta, peguei o trajeto para o outro lado da rua, e entrei num ônibus rumo à minha casa. Cheguei. Primeiro li os créditos detalhe por detalhe. E chegou a hora de ouvir o disco.

Deitado na minha cama. Ouvindo com todo o carinho e com todo o prazer de ouvir novamente um trabalho bem feito de Roberto Carlos. Saboreando o Natal que chegou em julho e falando em espanhol, que pegou outro idioma para cantar desde suas emoções até sua vontade de ter um milhão de amigos. O artista que faz desabafos, fala sobre distâncias que podem ser amenizadas com uma volta no calhambeque. Ele, que faz propostas em músicas tão perfeitas quanto a união do côncavo e do convexo. Ele, que escreve acrósticos para amadas, amantes e mulheres pequenas ou de qualquer estatura. E que neste novo trabalho apresenta sucessos que antes eram restritos às apresentações no exterior - versões ao vivo das belas Un gato en la oscuridad e El día que me quieras.

São detalhes de uma vida, contadas por este amigo que faz parte da vida de cada um há um bocado de tempo. E que torna saboroso cada instante dos 79 minutos e 22 segundos e das 18 faixas deste registro ao vivo gravado em Miami.

Obrigado, Roberto. Gracias, Roberto! Por este disco que comprova a universalidade da sua voz e das suas músicas.

E nesta comemoração de um disco que traz áudio e arranjos perfeitos ao lado da voz de Roberto, que está cada vez melhor, nada mais justo que falar das delícias vindas em letra e música. Lançada no Brasil como primeira faixa do lado B de seu LP de 1981, esta canção recebeu versão em castelhano de Luiz Gomez Escolar para o disco lançado no início de 1982 e se tornou um dos grandes sucessos de RC no exterior.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos a apresentando num programa de televisão do exterior (em registro capturado do DVD Antologia, que reuniu participações de RC na TV).

Abraços a todos, Vinícius.

CAMA Y MESA (Cama e mesa) - Roberto e Erasmo (versão de Luiz Gomez Escolar)

Quiero ser tu canción
Desde el principio al fin
Quiero rosarme en tus labios
Y ser tu carmín

Ser el jabón que te suaviza
El baño que te baña
La toalla que deslizas por tu piel mojada

Yo quiero ser tu almoada
Tu edredón de seda
Besarte mientras sueñas
Y verte dormir

Yo quiero ser el sol que entra
Y da sobre tu cama
Despertarte poco a poco
Hacerte sonreir

Quiero estar en el más suave toque de tus dedos
Entrar en lo más íntimo de tus secretos
Quiero ser la cosa buena liberada o prohibida
Ser todo en tu vida

Todo lo que me quieras dar
Quiero que me lo des
Yo te doy todo lo que un hombre
Entrega a una mujer

Y más allá de ese cariño
Que siempre me das
Me imagino tantas cosas
Quiero siempre más

Tú eres mi dulce desayuno
Mi pastel perfecto
Mi bebida preferida
El plato predilecto

Yo como y bebo de lo bueno
Y no tengo hora fija
De mañana tarde o noche
No hago dieta

Y ese amor que alimenta a mi fantasía
Es mi sueño es mi fiesta es mi alegría
La comida más sabrosa mi perfume mi bebida
Es todo en mi vida

Todo hombre que sabe querer
Sabe dar y pedir a la mujer
Lo mejor y hacer de ése amor
Lo que come que bebe que da que recibe

El hombre que sabe querer
Y se apasiona por una mujer
Convierte su amor en su vida
Su comida y bebida en la justa medida

El hombre que sabe querer
Sabe dar y pedir a la mujer
Lo mejor y hacer de ése amor
Lo que come que bebe que da que recibe

Pero el hombre que sabe querer
Y se apasiona por una mujer
Convierte su amor en su vida
Su comida...