quarta-feira, 29 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1964



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções continua a recordar, ano a ano, a trajetória de Roberto Carlos no cenário musical brasileiro. Trata-se de uma retrospectiva para mostrar também os fatos que marcaram cada parte deste 50 anos pelo Brasil e pelo mundo.

1964 foi um ano no qual a corrida espacial prosseguiu na Guerra Fria. A União Soviética lançou, em outubro, seu foguete Vokshod 1, que em 24 horas e 17 minutos de voo deu 16 voltas ao redor da Terra. A viagem de risco (como foi tudo feito às pressas, os pilotos da espaçonave não vestiam trajes espaciais e o foguete não tinha banco ejetor nem abertura de escape na sua cápsula) aconteceu no mesmo dia da posse de Leonid Brejnev no cargo de secretário-geral do Partido Comunista da URSS. Em território africano, mais um país iniciava a luta por sua independência em relação a Portugal: Moçambique, através de campanhas da Frente de Liberação de Moçambique (a FRELIMO).

Enquanto a África conseguia mais um passo para sua liberdade, o Brasil conhecia os primeiros passos de um retrocesso político. O tom populista de João Goulart incomodava alguns poderosos brasileiros, que temiam a ameaça do comunismo no país. Um grupo de militares conspirou um golpe, que eclodiu na madrugada do dia 31 de março para o dia primeiro de abril.

Apoiados por setores conservadores da sociedade brasileira, da Igreja Católica e com financiamento dos Estados Unidos, os militares iniciaram um levante nos principais estados, prendendo políticos de esquerda, como Miguel Arraes (governador de Pernambuco) e João Dória (governador de Sergipe) e obrigando outras pessoas a fugirem do país - dentre eles, o próprio presidente João Goulart, que depois de uma fuga para o Rio Grande do Sul, conseguiu partir para o exílio.

No poder, os militares baixaram os primeiros atos institucionais. No Ato Institucional Número 1 (de 9 de abril), foram determinadas as suspensões dos direitos constitucionais a princípio durante seis meses, além de pessoas consideradas opositoras ao regime terem seus direitos cassados por 10 anos. O ato sugeria que os "subversivos" fossem presos ou até mesmo deixassem o Brasil.

O Congresso foi fechado, e também foi determinado que as eleições presidencias acontecessem de maneira indireta. O primeiro colégio eleitoral encaminhou o nome do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, que tomou posse em 11 de abril de 1964.

Os Beatles desembarcavam nos Estados Unidos, detendo 14 posições dentre as 100 músicas mais tocadas na revista de música Billboard quando Roberto Carlos lançava mais um LP regado de canções no ritmo do "iê-iê-iê". Ao final do ano de 1964, vinha seu terceiro disco, intitulado É proibido fumar. Eis as canções:

LADO A

1 - É proibido fumar, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Um leão está solto nas ruas, de Rossini Pinto

3 - Rosinha, de Oswaldo Audi e Julio Athayde

4 - Broto do jacaré, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

5 - Jura-me, de Jovenil Santos

6 - Meu grande bem, de Helena dos Santos

LADO B

1 - O calhambeque (Road Hog), de Gwem e John Laudermilk, com versão de Erasmo Carlos

2 - Minha história de amor, de José Messias

3 - Nasci para chorar (Born to cry), de Dion de Mucci, com versão de Erasmo Carlos

4 - Amapola, de Joseph Lacalle, com versão de Roberto Carlos

5 - Louco não estou mais, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

6 - Desamarre meu coração (Unchain' my heart), de Agnes Jones e Fred James, com versão de Roberto Carlos

Logo em seguida, Roberto usaria estas canções em estradas do mercado exterior, através do disco Roberto Carlos canta a la juventud. Nele, RC cantaria as 12 canções de É proibido fumar com versões em espanhol.

Em seu repertório lançado em 1964, Roberto Carlos mais uma vez recorreu a compositores de seu início de carreira, como Jovenil Santos, Helena dos Santos e José Messias. Ao lado de repertório romântico, casos de Rosinha e Meu drande bem, RC encontrou espaço para narrar historinhas mais irreverentes, como Um leão está solto nas ruas e Broto do jacaré.

A presença de Erasmo Carlos permanecia forte em seu repertório, e proporcionou um sucesso, que Roberto definiu muito bem em seu Roberto Carlos Especial de 1983: "Um cara estacionou um calhambeque na minha porta com palavras em português". Era O calhambeque, mais uma das muitas histórias que só acontecem com RC.

Erasmo também versionou Born to cry, que se tornou o protesto Nasci para chorar, na qual Roberto cantava o lamento de um homem que relatava o defeito de ser triste.

Roberto decidiu se arriscar a trazer para o português alguns sucessos estrangeiros. De Lacalle, Amapola se tornou lindíssima também no Brasil. E o sucesso Unchain' my heart, de Ray Charles, encerrou o lado B de É proibido fumar como Desamarre meu coração.

Além de Broto do jacaré, Roberto e Erasmo apresentaram uma canção metalinguística do repertório de RC. Em Louco não estou mais, são citadas as canções Louco por você, Malena, Susie, Splish splash, Baby, meu bem, Chore por mim, Mr. Sandmam, Brotinho sem juízo, Linda e Triste e abandonado.

A brasa estava aquecida através de Roberto Carlos. E nem bombeiro podia apagar, como dizem os versos da música que dá título ao LP de 1964.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na década de 1960.

Abraços a todos, Vinícius.

É PROIBIDO FUMAR - Roberto e Erasmo

É proibido fumar
Diz o aviso que eu li
É proibido fumar
Pois o fogo pode pegar

Mas não adianta o aviso olhar
Pois a brasa que agora eu vou mandar
Nem bombeiro pode apagar
Nem bombeiro pode apagar

Eu pego uma garota e canto uma canção
E nela dou um beijo com empolgação
Do beijo sai faisca e todo mundo grita
Que o fogo pode pegar

Nem bombeiro pode apagar
O beijo que eu dei nela assim
Nem bombeiro pode apagar
Garota pegou fogo em mim

Sigo incendiando bem contente e feliz
Nunca respeitando o aviso que diz
Que é proibido fumar...
Que é proibido fumar...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1963



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções traz um novo ano da carreira de Roberto Carlos. O blogue Emoções de Roberto Carlos está comemorando o cinquentenário de sua carreira refazendo anualmente sua trajetória até os dias de hoje.

Hoje é a vez de relembrarmos o ano de 1963. O ano no qual os Estados Unidos chegariam ao fim sem seu presidente. No dia 22 de novembro, John F. Kennedy foi assassinado com tiros disparados contra ele enquanto seu carro passava por Dallas. Na época, ele estava fazendo campanha para se reeleger na cadeira presidencial americana.

O mundo continuava a passar por novas mudanças no território africano, desta vez com a Guiné e o Cabo Verde querendo sua libertação de Portugal. No início do ano eclodiu a "Guerra de Libertação da Guiné-Bissau". O Iraque e o Vietnã também passaram por golpes militares. Em meio à busca pela paz, a igreja nomeou Giovanni Battista Montini como o Papa Paulo VI.

No Brasil, a tentativa de deixar o presidente João Goulart atado a um parlamentarismo (iniciada no ano anterior) deixou o país numa crise política, com vários nomes passando pelo cargo de primeiro-ministro (um deles seria Tancredo Neves, que fará parte da história algumas décadas depois). Diante da situação, foi realizado um plebiscito, que deu ao país o direito de continuar no regime presidencialista. Mas a história ainda mudaria, e isto será um dos assuntos para o próximo post.

O país passava por novas transformações em outras áreas. Na televisão, a TV Tupi realizou a primeira transmissão em cores, no formato NTSC - mas este tipo de transmissão se consolidaria a partir da década seguinte. Sua concorrente, a TV Excelsior, transmitiria neste ano a primeira novela diária da história da teledramaturgia: 2-5499 ocupado, texto original argentino adaptado por Dulce Santucci e protagonizada por Glória Menezes e Tarcísio Meira. Na parte das histórias em quadrinhos, Maurício de Sousa cria a personagem que o consagraria - Mônica.

E a beleza do Brasil teve destaque em dois momentos mundiais. A primeira delas veio através da gaúcha Ieda Maria Vargas. Ela trouxe para o Brasil o título de Miss Universo.

Em um cenário mais tradicional para o país, o futebol novamente encheu os olhos para todo o mundo. Pelé, Coutinho, Pepe e os demais jogadores do Santos trouxeram para o Brasil mais uma vez a honra de ter o melhor time da América do Sul e, em seguida, ser considerado "o campeão do mundo".

Em setembro, o Santos foi campeão da Taça Libertadores da América ao superar o argentino Boca Juniors - com uma vitória por 3 a 2 no Maracanã e outra por 2 a 1 no estádio La Bombonera. Na disputa pela Copa Intercontinental, o título veio mais difícil. Na primeira partida, em Milão, a equipe santista foi derrotada por 4 a 2 pelo Milan. No Rio, o Santos devolveu o placar de 4 a 2, o que forçou a um jogo-desempate. E novamente o Santos venceu no Maracanã, com o gol de Dalmo marcando 1 a 0 para o alvinegro praiano.

Em 1963, Roberto Carlos aderia definitivamente à "música jovem", contando histórias de brotos e de carrões, em letras maliciosamente deliciosas. E assim chegava ao seu primeiro sucesso em LP, trazendo no repertório as seguintes canções:

LADO A

1 - Parei na contramão, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Quero me casar contigo, de Carlos Alberto, Adilson Silva e Cláudio Moreno

3 - Splish splash, de Bobby Darin, com versão de Erasmo Carlos

4 - Só por amor, de Luiz Ayrão

5 - Na lua não há, de Helena dos Santos

6 - É preciso ser assim, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

LADO B

1 - Onde anda o meu amor, de Hélio Justo e Erly Muniz

2 - Nunca mais te deixarei, de Paulo Roberto e Jovenil dos Santos

3 - Professor de amor (I gotta know), de Mart Williams e Paul Evans, com versão de Marcos Moran

4 - Baby, meu bem, de Hélio Justo e Tito Santos

5 - Oração de um triste, de José Messias

6 - Relembrando Malena, de Rossini Pinto

Aos poucos, Roberto também começava a ter em seu repertório nomes que figurariam em seus discos com frequência, como Helena dos Santos, o casal Erly Muniz e Hélio Justo, Luiz Ayrão e Rossini Pinto. Mas um deles seria fundamental em todas as suas décadas de carreira.

Apresentados alguns anos antes, Roberto e Erasmo Carlos iniciaram uma parceria que teria grandes serviços prestados à Música Popular Brasileira. A admiração por ídolos como Elvis Presley e, mais tarde, os Beatles, faria com que a afinidade entre eles ficasse mais forte a ponto de proporcionarem músicas.

Neste primeiro LP com a participação dele, a parceria ainda aparece timidamente. Os dois assinam a Bossa Nova É preciso ser assim, mas Erasmo é responsável pelos dois primeiros estouros de Roberto Carlos como cantor. Foi ele quem escreveu para RC a história do Splish splash, até hoje contada por todos os que ouvem Roberto.

E em 1963 veio a primeira parceria bem sucedida da marca Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Anunciada aos quatro ventos por Erasmo, que ao saber do sucesso do amigo de fé em São Paulo, gritou da janela: "Olha lá o Robertão tá em primeiro lugar em São Paulo com o Parei na contramão, e a música é minha!".

Sem parar na contramão, Roberto Carlos começava de vez um grande trajeto. Com muitas histórias para contar nos próximos posts desta série.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em um raro momento tocando bateria.

Abraços a todos, Vinícius.

PAREI NA CONTRAMÃO - Roberto e Erasmo

Vinha voando no meu carro quando vi pela frente
Na beira da calçada um broto displicente
Joguei o pisca-pisca para a esquerda e entrei
A velocidade que eu vinha não sei
Pisei no freio obedecendo ao coração
E parei... parei na contra-mão

O broto displicente nem sequer me olhou
Insisti na buzina mas não funcionou
Segue o broto seu caminho sem me ligar
Pensei por um momento que ela fosse parar
Arranquei à toda e sem querer
Avancei o sinal... o guarda apitou

O guarda muito vivo de longe me acenava
E pela cara dele eu vi que não gostava
Falei que foi cupido quem me atrapalhou
Mas minha carteira pro xadrez levou

Acho que esse guarda nunca se apaixonou
Pois minha carteira o malvado levou
Quando me livrei do guarda o broto não vi
Mas sei que algum dia ela vai voltar
E a buzina desta vez eu sei que vai funcionar...

sábado, 25 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1962



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções traz hoje mais um capítulo dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, que o cantor completa neste 2009. O primeiro evento destas comemorações aconteceu no domingo (dia de aniversário de RC): em Cachoeiro de Itapemirim, Roberto iniciou sua nova temporada de shows, trazendo uma safra de canções de todas as décadas de sua carreira. Décadas que serão todas lembradas, ano após ano, aqui no Emoções de Roberto Carlos.

Hoje, é a vez do ano de 1962. Em meio ao embate da Guerra Fria, o mundo assistiu com bastante receio à "Crise dos Mísseis de Cuba". Em retaliação aos Estados Unidos pela instalação de mísseis nucleares na Turquia no ano anterior e a uma tentativa americana de invadir Cuba, a União Soviética instalou mísseis nucleares na região caribenha. No dia 14 de outubro, os americanos divulgaram fotos de um voo secreto sobre território cubano no qual apontariam um abrigo com 40 mísseis nucleares.

O então primeiro-ministro soviético Nikita Kruschev declarou que se tratavam de mísseis construídos com o intuito de defender Cuba de novas tentativas de invasão, numa indireta aos Estados Unidos (que no ano anterior tentaram invadir o país para derrubar o regime de Fidel Castro, com a ajuda de refugiados da ditadura de Fulgêncio Batista). Depois de duas semanas e do pavor de toda a população dos Estados Unidos (que, a toque de caixa, construiu abrigos em todas as suas casas), no dia 28 a União Soviética aceitou retirar os mísseis de Cuba e os Estados Unidos concordaram em retirar os mísseis da Turquia. O presidente John Kennedy conseguiu, então, rechaçar o risco de ter a menos de 150 km dos Estados Unidos um arsenal de mísseis nucleares. Outras medidas seriam tomadas em relação ao conflito bélico das duas potências, mas isto é um assunto para o próximo post.

A África prosseguiu em sua tardia independência colonial, e em julho deste ano a Argélia e a Uganda se tornaram independentes das metrópoles da França e do Reino Unido, respectivamente. O Brasil teve uma considerável alteração geográfica. Anexado ao Brasil desde que foi comprado à Bolívia em troca da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, o Acre foi elevado a estado em 15 de junho.

1962 seria o marco do lançamento do primeiro LP dos Beatles - Please, please me. Era o início fonográfico de uma história fugaz, mas intensa, e que afetaria também a carreira de um cantor brasileiro chamado Roberto Carlos. Mas isto é um assunto para os próximos posts.

Neste ano, o Brasil teria visibilidade no cenário artístico universal. Dirigido por Anselmo Duarte, o filme O pagador de promessas (baseado na peça homônima de Dias Gomes e trazendo em seu elenco Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo del Rey e Norma Bengell) venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O filme seria mais tarde também indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas sem sucesso.

O país também emocionaria por mais um feito futebolístico. Quatro anos mais velha e com o desfalque de Pelé (contundido na segunda partida), a Seleção Brasileira conseguiu pela segunda vez vencer a Copa do Mundo. Capitaneado por Garrincha e tendo nomes como Nílton Santos, Amarildo e Vavá, o Brasil venceu na final a Tchecoslováquia por 3 a 1 e voltou do Chile com mais uma conquista da Taça Jules Rimet.

Mas, se Pelé não pode ir até o final da Copa do Mundo pela Seleção, através do Santos ele conseguiria uma nova conquista mundial. O primeiro passo viria em agosto. O histórico time santista seria o primeiro time brasileiro a sagrar-se campeão da Taça Libertadores da América (na época, era a terceira edição do torneio). Na final diante do uruguaio Peñarol, após uma vitória por 2 a 1 no Uruguai e uma derrota por 3 a 2 no Brasil, o time venceu o jogo de desempate no Estádio Monumental de Nuñez, na Argentina, pelo placar de 3 a 0, com dois gols de Pelé e um de Caetano.

Com o título continental, o Santos teve direito a disputar a Copa Intercontinental (na época erroneamente chamada de Mundial Interclubes), que era num formato diferente do atual torneio. Hoje em dia, todos os seus jogos são disputados no Japão. Naquela época, o melhor da América do Sul e o campeão da Europa disputavam o título em duas partidas - uma no país sul-americano e outra na região europeia. Na primeira partida, o Santos venceu o português Benfica pelo placar de 3 a 2 (com dois gols de Pelé e um de Coutinho). E na segunda, nova vitória do alvinegro praiano, uma goleada por 5 a 2 (com três gols de Pelé, um de Pepe e um de Coutinho) sobre o Benfica de um jogador chamado Eusébio, que mais tarde chamaria atenção nos holofotes esportivos. Mas isto também é assunto para um dos próximos posts.

Mesmo com o insucesso de seu primeiro LP Louco por você, Roberto Carlos continuou investindo em sua carreira musical. Já definitivamente afastado do estilo da Bossa Nova, RC começava a cantar estilos mais dançantes e baladas irresistíveis.

Em 1962, ele chegou ao mercado fonográfico através de dois compactos simples. Num deles, Roberto interpretou as baladas Fim de amor (versão de Beto Ruschel para o sucesso Run around Sue, de Earnest Maresca e Dion DiMucci) e Malena, de Rossini Pinto.

Mas no outro viria um fator importantíssimo em sua carreira. Ao lado da doce Triste e abandonado (assinada por Erly Muniz e Hélio Justo), Roberto Carlos gravaria a primeira canção escrita somente por ele. E Susie seria a primeira de tantas histórias que acontecem com ele. Mal ele sabia que ainda viria tanta história para contar.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos "meio amarelado pelo tempo" numa foto da época.

Abraços a todos, Vinícius.

SUSIE - Roberto Carlos

Pertinho de onde eu moro
Tem um broto encantador
A primeira vez que a vi
Pensei logo em amor

Olhei muito pro brotinho
Mas de nada adiantou
É um broto tão difícil
Não deu bola, nem ligou

Mesmo assim continuei
Insistindo em seu olhar
Na esperança de um dia
Esse brotinho me amar

Seu nome é Susie
E é um amor
Quero seu carinho
Seja como for...

Já fiz tudo que podia
Para despertar sua atenção
Já peguei minha guitarr
E até cantei uma canção

Já pintei minha lambreta
Com uma cor extravagante
Escolhi no guarda-roupa
O pulôver mais berrante

E passei acelerando
Bem pertinho da janela
Vi alguém se aproximando
E, que surpresa, era ela

Seu nome é Susie
E é um amor
Quero seu carinho
Seja como for...

Foi aí que a esperança
Começou a me nascer
Quando passei devagarinho
E vi o brotinho aparecer

Parei minha lambreta
Saltei...
Me aproximei
Conversei...

E resultado:
O brotinho eu amarrei
Susie é o broto mais bonito
Que até hoje eu namorei

Seu nome é Susie
E é meu amor
Eu tenho seu carinho
Também seu calor...

Também seu calor...
Também seu calor...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1961




Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções traz mais um ano da vida artística de Roberto Carlos. O blogue Emoções de Roberto Carlos homenageia o cinquentenário da carreira de RC contando ano por ano sua trajetória na música.

Hoje nossa linha do tempo chega a 1961, ano que ficaria marcado não só no mundo, como também no universo. A 12 de abril, o astronauta Yuri Gagarin se tornaria o primeiro homem a viajar pelo espaço. A viagem de Gagarin foi vista por muitos como mais um episódio da Guerra Fria entre União Soviética e Estados Unidos - as duas superpotências disputavam áreas de influência e faziam corridas armamentistas e tecnológicas como forma de medir forças. Na tecnologia, a ida do russo para o espaço foi uma vantagem para o soviético.

Aqui na Terra, outro símbolo da Guerra Fria começaria a se perpetuar. Em 13 de agosto, foi erguido o Muro de Berlim, que dividia a Alemanha em Alemanha Ocidental ("controlada" pelos americanos) e Oriental (subserviente aos interesses soviéticos). E, desde janeiro, os Estados Unidos começaram a ter nova direção em sua política - o presidente John Kennedy.

Após a transição política prevista no início de 1961 para o Brasil, o país teve nos últimos meses do ano de se adaptar a uma nova alteração em sua cadeira presidencial. Em janeiro, Jânio Quadros, o candidato da "vassourinha", tomou posse. Sua gestão trouxe algumas medidas controversas - agradou as famílias recatadas com a proibição do uso de biquínis nas praias e o veto a lança-perfumes, mas tomou uma atitude considerada "de esquerda" quando condecorou Che Guevara.

Dizendo-se pressionado por "forças ocultas terríveis", Jânio renunciou a 25 de agosto de 1961, abrindo uma crise política no país. Em seu lugar, tomou posse João Goulart, que seria um dos motivos de preocupação política em terras brasileiras. Um assunto para um dos próximos posts.

Mesmo com pouca repercussão em seus compactos de 1959 e 1960, Roberto Carlos conseguiu gravar o primeiro LP de sua carreira. Naquele ano, a Columbia buscava um substituto para Sérgio Murilo, um dos pioneiros do rock brasileiro e que tinha se transferido para outra gravadora.

Levado por Chacrinha e Carlos Imperial, RC foi lançado com boas perspectivas. O então diretor da CBS, Roberto Côrte Real comentou sobre sua aposta em Roberto:

"Quando gravamos o primeiro teste na fita, todos os companheiros da Columbia foram unânimes em afirmar que tínhamos um novo artista com grandes possibilidades de ser bem recebido pelo público brasileiro".

Em outra parte do texto de contracapa do disco, Côrte Real deu uma declaração premonitória. Seguem as palavras dele:

"Afirmamos que, com este LP, Roberto Carlos venha a figurar nas paradas novamente, pois tem oportunidade de demonstrar sua grande musicalidade e personalidade interpretativa".

O xará de Roberto Carlos encerrou seu texto de apresentação dizendo:

"Temos a certeza de que Roberto Carlos também encontrará o seu lugar na linha de frente dos jovens e talentosos artistas da nova geração".

Não seria em 1961 que RC encontraria seu lugar na linha de frente dos jovens. O disco Louco por você vendeu, em sua época, somente 512 cópias. 50 anos depois, ele jamais foi relançado na discografia de Roberto Carlos - atualmente, o LP original é avaliado em R$ 3 mil.

Tendo basicamente a autoria de Carlos Imperial, Roberto Carlos apresentou em Louco por você sua voz em vários estilos, nas seguintes faixas:

LADO A

1 - Não é por mim - de Carlos Imperial e Fernando César
2 - Olhando estrelas (Look for a star) - de Mark Anthony, com versão de Paulo Rogério
3 - Só você - de Edson Ribeiro e Renato Côrte Real
4 - Mr. Sandman - de Pat Ballard, com versão de Júlio Nagib
5 - Ser bem - de Carlos Imperial
6 - Chore por mim (Cry me a river) - de Arthur Hamilton, com versão de Júlio Nagib

LADO B

1 - Louco por você (Careful, careful) - de Paul Vance e Lee Pockriss, com versão de Carlos Imperial)
2 - Linda - de Bill Caesar, com versão de Carlos Imperial
3 - Chorei - de Carlos Imperial
4 - Se você gostou - de Carlos Imperial e Fernando César
5 - Solo per te - de A. Minco, com versão de Renato Côrte Real
6 - Eternamente (Forever) - de Bob Marcucci e Peter Angelis, com versão de Carlos Imperial

Logo na faixa-título de seu primeiro LP, Roberto Carlos já dizia uma certeza. De que é cada vez mais louco por todos que acompanham sua carreira. Há 50 anos!

Segue a letra! Na foto, a capa de Louco por você.

Abraços a todos, Vinícius.

LOUCO POR VOCÊ (Careful, Careful) - Paul Vance e Lee Pockriss (versão de Carlos Imperial)


Beija, meu amor
Seu beijo todo dia eu quero ter
Sou cada vez mais louco
Louco, louco por você

Carinhos, meu amor
Eu tenho pra lhe dar e quero ser
Muitas vezes mais louco
Louco, louco por você

Eu quero gritar para o mundo ouvir
Como sou feliz assim
Vivo a cantar, vivo a sorrir
Com o amor que vai dentro de mim

Saiba, meu amor
A vida inteira eu quero viver
Dizendo que sou louco
Louco, louco por você

Beija, meu amor
Seu beijo todo dia eu quero ter
Sou cada vez mais louco
Louco, louco por você

Carinhos, meu amor
Eu tenho pra lhe dar e quero ser
Muitas vezes mais louco
Louco, louco por você

Eu quero gritar
Para o mundo ouvir como sou feliz assim
Vivo a cantar, vivo a sorrir
Com o amor que vai dentro de mim

Saiba, meu amor
A vida inteira eu quero viver
Dizendo que sou louco
Louco, louco por você

Louco por você...
Louco por você...

terça-feira, 21 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1960



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções chega a uma nova década, e à segunda parada dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos. Era o início daqueles que mais tarde seriam definidos como "os inesquecíveis anos 60".

1960 foi um ano de muitas mudanças políticas em todo o planeta. Somente no mês de agosto se tornaram independentes (em ordem cronológica) Benin, Burkina Faso, Chade, Costa do Marfim, Congo e Gabão - além de em julho ter acontecido a independência de Madagascar, e em novembro ser a vez da Mauritânia.

Mas as transições políticas também vieram de forma amigável em alguns cantos do mundo. Nos Estados Unidos, chegou à presidência John F. Kennedy. Aqui no Brasil, Jânio Quadros foi o vencedor das eleições presidenciais para substituir Juscelino Kubistcheck - que em 21 de abril de 1960 fundou a nova capital, Brasília (aniversariante de hoje). Ambos teriam destinos não muito agradáveis, mas isto será dito com detalhes nos próximos posts. Em setembro, o Iraque seria cenário da formação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (a OPEP).

A música passou por alguns momentos que começaram a dar mais destaque ao tal de rock. Elvis Presley se alistou no Exército em janeiro, e, dois meses depois, os Beatles se apresentaram pela primeira vez em Hamburgo, na Alemanha.

A Bossa Nova, que cantava um Rio de Janeiro ensolarado, com seus barquinhos e as garotas de Ipanema ao som de sambas de verão passava a dividir espaço com o rock brasileiro, de nomes como Sérgio Murilo, Tony Campello e Celly Campello. Mas Roberto Carlos ainda tentava seguir no estilo da Bossa Nova em mais um compacto de 1960.

Desta vez, o jovem cantor interpretava duas músicas escritas por Carlos Imperial. Uma delas fazia alusão ao nome do LP de Elizeth Cardoso que é considerado por muitos como o marco da Bossa Nova - Canção do amor demais. Na voz de RC, Imperial apresentou a todos a Canção do amor nenhum.

Mas a canção do lado A deste compacto foi uma música maliciosa cantada em tom de ingenuidade, e que cita os famosos joelhos de Nara Leão. Era Roberto Carlos falando em letra e música com um brotinho sem juízo.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em 1960.

Abraços a todos, Vinícius.

BROTINHO SEM JUÍZO - Carlos Imperial

Brotinho, toma juízo
Ouve o meu conselho
Abotoa esse decote
Vê se cobre esse joelho

Para de me chamar
De meu amor
Senão eu perco a razão
Esqueço até quem eu sou

Brotinho não me aperte
Quando comigo dançar
Tira a mão de meu pescoço
Não tente seu rosto colar

Para de beliscar a minha orelha
Porque se o sangue subir
Eu faço o que me dá na telha

E você vai se dar mal
Vai
Vai haver um carnaval
Vai

Brotinho, não custa nada
Um pouquinho esperar
Um dia com véu e grinalda
Certinha você vai casar

Então você vai me agradecer
Porque eu fui tão bobinho com você

Porque eu fui tão bobinho com você...

domingo, 19 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1959



Olá, amigos.

No dia em que Roberto Carlos completa 68 anos de vida, este blogue inicia uma série para recordar seus 50 anos de carreira. Neste e nos próximos 49 posts, reviveremos ano a ano desta trajetória, com todos os detalhes de uma vida e de todo o contexto no qual o mundo de Roberto Carlos.

50 anos de emoções tem seu primeiro passo em 1959. No ano seguinte ao primeiro título da Copa do Mundo da Seleção Brasileira, o país ainda vivia sob a felicidade dos "anos dourados", graças ao bem sucedido momento musical brasileiro chamado Bossa Nova e, principalmente, às benfeitorias que o presidente Juscelino Kubistcheck trazia ao Brasil.

O marco do "50 anos em cinco" de JK veio ainda no início do ano, em 23 de janeiro de 1959: a inauguração da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. Meses depois deste progresso terrestre, o Brasil acompanhou a inauguração da ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo, no dia 6 de julho.

Entretanto, a expansão brasileira trouxe uma grave consequência. O "presidente bossa-nova" se viu na necessidade de decretar moratória ao Fundo Moratório Internacional, para que o Plano de Metas do Governo Federal não fosse comprometido.

O mundo tinha seus olhos voltados para Cuba, onde a ditadura de Fulgêncio Batista caía por terra para a ascensão de um jovem herói naquele território. Fidel Castro chegava ao poder, e nomeava seu companheiro de revolução Ernesto Che Guevara a presidente do Banco Nacional de Cuba.

O cenário da fantasia assistia ao surgimento de dois ícones que fazem parte do universo infantil até os dias de hoje. Em 1959, a boneca Barbie apareceu nas prateleiras de todo o mundo, e no Brasil as tirinhas de Maurício de Sousa (na época um repórter policial que tinha como passatempo ser desenhista) passaram a ser conhecidas através dos personagens Bidu e Franjinha.

No ano em que o Brasil perdeu Dolores Duran e Heitor Villa Lobos, Roberto Carlos adentrou definitivamente no cenário da Música Popular Brasileira. Após um começo de carreira cantando em boates desde 1957, RC teve sua primeira oportunidade fonográfica há exatos 50 anos.

Afilhado musical de Carlos Imperial, Roberto foi apresentado em disco no ano de 1959, através de duas músicas. Fortemente influenciado pela Bossa Nova, RC surgiu com um estilo vocal bem semelhante a João Gilberto. Em uma das canções (feita por Carlos Imperial), o cantor interpretava Fora do tom, uma sátira ao movimento bossa-novista - cuja letra citava músicas como Desafinado, Esse seu olhar e Se todos fossem iguais a você.

Na canção que ocupou o lado A do compacto, Roberto Carlos apareceu também como compositor. Ele, em parceria com Carlos Imperial, apresentou uma versão "bossa-novista" para a história de João e Maria.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos (o aniversariante de hoje) em um registro fotográfico da época.

Abraços a todos, Vinícius.

JOÃO E MARIA - Roberto Carlos e Carlos Imperial

Li no almanaque a versão
Nova da história do João
Levou Maria ao bosque passear
E borboletas lindas apanhar
Mariazinha não sabia, não,
Das intenções do João

A verdade está no almanaque
Pois o tal passeio foi de araque
Mariazinha não gostou, não
Do papelão do João

Mas o fim não está no almanaque
Sei que a Mariazinha
Voltou de Cadillac
João, coitado, ficou abandonado
Com as borboletas na mão
Coitadinho do João

Era uma vez João...
Era uma vez João...
Era uma vez João...
Joãozinho...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Roberto 50



Olá, amigos.

O Emoções de Roberto Carlos hoje fala um pouco sobre a expectativa da nova turnê de Roberto Carlos, que será iniciada daqui a dois dias, com Roberto se apresentando em sua terra. A primeira parada das comemorações pelos 50 anos de carreira acontecerá em Cachoeiro de Itapemirim, no dia 19 de abril (no qual ele completa 68 anos).

Daqui a dois dias, saberemos como é o novo show de Roberto Carlos, e quais são as músicas que têm a responsabilidade de sintetizar numa noite 50 anos de muitas emoções. A turnê começa em Cachoeiro e se estende a 20 cidades diferentes, em todos os cantos do país. Numa delas, o craque da música se encontrará com o palco que abriga tantos craques há mais de 50 anos - no dia 11 de julho, o estádio do Maracanã trará, em vez de gritos de torcida, as muitas emoções a serem cantadas pelas várias torcidas que gostam de RC.

E daqui a dois dias, este blogue começará uma homenagem bem ambiciosa a Roberto Carlos. No dia 19, começa a série 50 anos de emoções, que contará em cada post um ano da vida artística de RC. Que venham muitas felicidades ao Roberto no palco em que se apresentará depois de amanhã. Afinal, seu coração é como um palco, e tem tantas histórias vividas, como disse uma canção de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle gravada no LP de 1990.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em sua coletiva de imprensa deste ano.

Abraços a todos, Vinícius.

CENÁRIO - Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle

O meu coração é como um palco
Tantas as histórias já vividas
Dramas, romances, comédias, paixões
Um entrar e sair de ilusões
Sem saber se é pra rir ou chorar

Já tentei mudar o meu cenário
E esse coração tão solitário
Mas cada vez que as luzes
Se acendem sobre mim
De novo a mesma história, o mesmo fim

São lágrimas de amor que a maquiagem
Disfarça, mas não muda o personagem
Sorrisos tantas vezes encenados
Deixados da lado na vida

Esse coração como um teatro
Vive em busca de um final perfeito
E agora em cena aberta eu vejo
Como ainda te desejo
Querendo ser feliz meu coração te pede bis

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Caminho das Índias



Olá, amigos.

A poucos dias do aniversário de 68 anos de Roberto Carlos, este blogue hoje abre espaço para mais uma ligação de RC com um produto da teledramaturgia brasileira. Mais uma vez, a obra de RC faz parte de uma novela, atração de televisão que ele tanto gosta de acompanhar.

Desta vez, Roberto está presente na novela das 21h, em um texto de Glória Perez. Caminho das Índias é mais uma novela com todos os ingredientes de uma história contada pela autora. Conforme aponta o título, a trama apresenta uma nova cultura, com costumes diferentes do Ocidente. Depois de abordar o Marrocos em O clone (de 2001), desta vez o universo visto pela escritora é o da Índia.

De lá, ela mostra aos espectadores a cultura, os vestimentos, as expressões ("Hare baba", "nahim", dentre outras). E também uma história de amor impedida pelo hinduísmo. Maya (vivida por Juliana Paes) é uma mulher pertencente a uma família de uma casta de comerciantes. Ela está na idade de se casar, e seus pais, Manu e Kochi (interpretados por Osmar Prado e Nívea Maria, respectivamente) desejam encontrar um marido de uma mesma casta para que eles se casem.

Só que Maya já está envolvida amorosamente com Bahuan (papel de Márcio Garcia), filho de Shankar (participação especial de Lima Duarte). Embora tenha conseguido nobreza, Bahuan é um dalit, um "intocável", pessoa considerada impura, e caso uma pessoa de uma outra casta passe por um destes, não pode tocar nem em sua sombra, pois eles são "a poeira aos pés do Deus Brahma). Sem saber deste envolvimento com Bahuan, os pais de Maya arranjam um casamento dela com Raj (interpretado por Rodrigo Lombardi), filho de Opash e Indira (Tony Ramos e Eliane Giardini, respectivamente).

Raj é um empresário "cidadão do mundo", que, no Brasil, se envolveu com Duda (vivida por Tânia Khalil). No entanto, a família dele não permitiria um casamento com ela, para que a família de Opash não rompa a tradição dos casamentos arranjados entre castas. No Brasil, o rapaz indiano tem como sócios os irmãos Raul e Ramiro (interpretados, respectivamente, por Alexandre Borges e Humberto Martins), que dirigem a empresa Cadore.

Os dois estão em pé de guerra, e Raul passa também por um casamento em crise com Sílvia (interpretada por Débora Bloch). Yvone (papel de Letícia Sabatella), uma amiga dela de infância, retorna ao Brasil e fica hospedada em sua casa. Num primeiro momento, Raul a hostiliza, mas ela, que é uma psicopata, começa a envolver o marido da amiga, até convencê-lo a simular a própria morte para os dois fugirem até Dubai. Yvone se assemelha muito com a personagem Alicinha, que Cristiana Oliveira fez na novela O clone.

Já Ramiro é casado com a fútil Melissa (vivida por Christiane Torloni) e pai da rebelde Inês (papel de Maria Maya) e de Tarso (interpretado por Bruno Gagliasso). Ramiro tenta fazer com que Tarso siga nas empresas Cadore, mas os mimos de Melissa e a imposição do pai fizeram com que ele desenvolvesse um quadro de esquizofrenia. Nesta luta, ele terá o apoio da namorada Tônia (papel de Marjorie Estiano) e do doutor Castanho (ótima interpretação de Stênio Garcia).

O tratamento a esquizofrênicos é a parte de "merchandising social" que Glória Perez sempre traz em suas histórias. Em Explode coração (de 1995), ela mostrou o problema das crianças desaparecidas e em O clone, sobre a dependência química.

Glória também aborda os maus tratos que os professores sofrem de alunos em escolas, através da professora Berê (feita por Sílvia Buarque). Nesta escola, quem faz as maiores armações é uma turma de pitboys liderada por Zeca (papel de Duda Nagle), filho de César e Ilana (ótimo casal feito por Antônio Calloni e Ana Beatriz Nogueira), pessoas fúteis e que só querem levar vantagem.

No elenco, ainda há nomes já presentes em outras novelas de Glória Perez (Totia Meirelles, Victor Fasano, Mara Manzan e Neuza Borges), atores bem sucedidos em humorísticos da TV Globo (Marcius Melhem e Dira Paes) e atores consagrados que voltaram a ter espaço na dramaturgia (Elias Gleizer e Eva Todor). Todos reunidos, desde 19 de janeiro de 2009, para contar a história de Caminho das Índias.

Roberto Carlos está presente na trilha de Caminho das Índias como compositor. Uma música sua em parceria com Erasmo Carlos gravada originalmente para o LP de 1977 está presente no dueto de Nana Caymmi e Erasmo Carlos. Um dado curioso: 10 anos atrás, esta mesma gravação fez parte da trilha de outra novela da TV Globo - Pecado capital, novela de Janete Clair que, em sua reedição, foi escrita pela própria Glória.

A música é tema dos encontros e desencontros de Maya e Bahuan. Entretanto, a trama dos personagens de Juliana Paes e Márcio Garcia não agradou o público, e a tendência é de que Maya acabe vivendo uma história de amor com Raj. Bahuan, então, se concentraria em sua obsessão de vingar-se de todas as humilhações que sofreu desde criança, por ser "intocável". Uma pena, pois esta bela música merecia ser tocada sempre.

Segue a letra! Na foto, o logotipo de Caminho das Índias.

Abraços a todos, Vinícius.

NÃO SE ESQUEÇA DE MIM - Roberto e Erasmo

Onde você estiver não se esqueça de mim
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim

Onde você estiver
Não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor
Que te faça feliz

Se resta em sua lembrança um pouco
Do muito que eu te quis
Onde você estiver
Não se esqueça de mim

Eu quero apenas estar
No seu pensamento
Por um momento pensar
Que você pensa em mim

Onde você estiver não se esqueça de mim
Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Que eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver, não se esqueça de mim...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 18



Olá, amigos.

No último post da série Aquela canção pro Roberto, este blogue narra a festa de arromba mais marcante na qual Roberto Carlos esteve presente. Afinal, ele apareceu não só como convidado, mas também como coautor da música gravada por ERASMO CARLOS.

Em 1965, o programa Jovem Guarda iluminava as "jovens tardes de domingo" da TV Record, em São Paulo. A festa apresentada por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa era maravilhosa demais para ficar somente na cabeça de artistas, técnicos e espectadores que veriam este movimento acontecer entre 1965 e 1968.

Por isto, Erasmo dedicou uma das faixas de seu LP A pescaria para contar de uma festa de arromba na qual ele foi parar junto com amigos do "iê-iê-iê". Lá são citados vários artistas e bandas presentes no palco do Teatro Record. Dentre eles, não podia faltar Roberto Carlos com seu novo carrão. E é com a festa de arromba cantada por Erasmo Carlos que encerramos a festa desta série Aquela canção pro Roberto.

Segue a letra! Na foto, Roberto e Erasmo em uma das tardes da Jovem Guarda.

Abraços a todos, Vinícius.

FESTA DE ARROMBA - Roberto e Erasmo

Vejam só que festa de arromba
Noutro dia eu fui parar
Presentes no local o rádio e a televisão
Cinema, mil jornais, muita gente, confusão

Quase não consigo
Na entrada chegar
Pois a multidão
Estava de amargar

Hey , hey
Que onda
Que festa de arromba

Logo que eu cheguei eu notei
Ronnie Cord com um copo na mão
Enquanto Prini Lorez bancava anfitrião
Apresentando a todo mundo Meire Pavão

Wanderléa ria
E Cleide desistia
De agarrar o doce
Que do prato não saía

Hey , hey
Que onda
Que festa de arromba

Renato e seus Blue Caps tocavam na piscina
The Clevers no terraço, jet black’s no salão
Os Bells de cabeleira não podiam tocar
Enquanto a Rosemary não parasse de dançar

Mas vejam quem chegou de repente
Roberto Carlos com seu novo carrão
Enquanto Tony e Demetrius fumavam no jardim
Sérgio e Zé Ricardo esbarravam em mim

Lá fora um corre-corre
Dos brotos do lugar
Era o Ed Wilson
Que acabava de chegar

Hey , hey
Que onda
Que festa de arromba ...

sábado, 11 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 17



Olá, amigos.

No penúltimo post da série Aquela canção pro Roberto, hoje mostra uma "festa de arromba" anunciada pelo amigo de fé e irmão camarada ERASMO CARLOS. Mas não é a famosa festa que enumerou os integrantes da Jovem Guarda.

Poucas pessoas têm conhecimento, mas em 1979 Erasmo fez uma nova festa, dedicada à Música Popular Brasileira. Só que com outro parceiro musical. Trata-se de Marco Antônio Ribas, ou MARKU RIBAS. O mineiro de Pirapora que viveu alguns anos na Jamaica e na Martinica (e, inclusive, conheceu o cantor Bob Marley) fez esta canção em seu terceiro LP - Cavalo das alegrias, lançado em 1979. Há algum tempo Marku não aparece com destaque na música brasileira, mas teve uma participação importantíssima no filme Batismo de sangue, onde viveu ninguém menos que o guerrilheiro Marighella.

Além da coautoria, Erasmo também dividiu os vocais com esse artista "maldito". A canção foi relançada atualmente na compilação Erasmo 65 - Na estrada, e é uma faixa muito interessante, que deveria ser mais lembrada aos ouvintes não só do cancioneiro de Erasmo, mas também por aqueles que reverenciam a Música Popular Brasileira.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto na década de 1980.

Abraços a todos, Vinícius.

BEIRA D'ÁGUA - Erasmo Carlos e Marku Ribas

Ê beira d'água
Tô na carreira do rio
Ê beira d'água
Tô na carreira...

Ê beira d'água
Tô na carreira do rio
Ê beira d'água
Tô na carreira...

Caetano pediu
Frita com farofa
Galinha d'Angola

O Chico falou
Pra pôr mais limão
Na sua batida

Mas o Roberto
Nem se tocou
Quando a morena
Sorrindo pra ele
Os olhinhos virou

Ê beira d'água...

Paulinho afinou
A sua viola
Animando a festa

E Milton cantou
Seu nascimento
Rimando com graça

E no terreiro
Foi o que se viu
Um flash danado
Todinho animado
Por Gilberto Gil

Ê beira d'água...

Vinícius chegou
Com seu recitado
Na ponta da língua

Jobim confirmou
Em um tom maior
A sua presença

E no fim da noite
Como ninguém
Sambando no apito
O rei do agito
Chegou Jorge Ben

Ê beira d'água...

(FALADO)
- Parece noite de São João, cheio de estrela...
- E por falar em estrela...
- Ih, Fafá de Belém!
- Uma estrela radiante.
- E olha lá quem tá chegando...
- Maria Bethânia!
- Explode coração!
- Cê viu como a Gal Costa tá boa?
- Alerta geral
- Olha a Marrom!
- E quem tá chegando agora, silêncio, madame Marku!
- Erasmo, acho que você não esqueceu de ninguém

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 16



Olá, amigos.

No antepenúltimo post da série Aquela canção pro Roberto, hoje este blogue apresenta o momento no qual um artista importante do rock brasileiro citou Roberto Carlos em sua canção. Ao contrário de Lulu Santos, que mencionou RC dentre os artistas que fazem o rock, o artista de hoje dedicou uma canção pro Roberto.

CAZUZA foi um poeta que viveu pouco tempo, mas de maneira intensa na Música Popular Brasileira. Sua estrela no Barão Vermelho foi tanta que o "exagerado" teve de ir para uma carreira solo, e ao lado de sucessos como Bete Balanço e Pro dia nascer feliz, viriam pérolas como Brasil, Faz parte do meu show e O tempo não para.

Certa vez, Cazuza contou um pouco sobre suas influências musicais. Dentre elas, estava Roberto Carlos, sobre quem ele falou as seguintes palavras:

"O Roberto Carlos também é uma pessoa importantíssima para mim, porque faz parte da minha infância. Eu cresci amando a Jovem Guarda. Tinha tudo com a marca Calhambeque: roupa, merendeira, sapato. E um dos momentos mais emocionantes da minha vida foi quando, aos dez anos, meu pai me levou ao estúdio da Som Livre, onde o Roberto Carlos estava gravando. Ele me convidou para ir tomar um refrigerante numa padaria ali perto. Eu queria andar devagarinho para que as pessoas vissem que estava ali uma criança orgulhosa por estar ao lado dele. Outro dia, ele precisava do estúdio onde eu estava gravando, me ligou e disse: "Oi, meu Barão…" Eu respondi que não era mais do Barão, mas ele disse que vou ser sempre. E ele está certo. Eu vou ser sempre um Barão Vermelho. Ele é o Rei e me elegeu seu Barão".

Um ano depois da morte de Cazuza (ele nos deixou em 1990), foi lançado o LP Por aí..., que trazia canções não aproveitadas de seu último disco em estúdio - Burguesia, de 1989. Em uma delas vinha uma homenagem a Roberto Carlos. Com letra um tanto quanto controversa, Cazuza dizia em letra e música que tanto Roberto quanto ele estavam na estrada certa, na trilha louca de um poeta.

Segue a letra! Na foto, Cazuza.

Abraços a todos, Vinícius.

HEI, REI! - Cazuza e Roberto Frejat

Seus olhos são tristes
E fundos como os meus
E os meus cabelos
Já não têm mais caracóis

Você é um rei
E eu, um barão
Eternamente vermelho
Totalmente doidão

Nós dois cantamos o amor
E aprendemos a aceitar a dor
E a tua voz me acalma
O coração

Nós dois fumamos tranquilos
O cigarro proibido
Prometemos o céu
Pra cada homem ou mulher

Somos seres delicados
Somos dois exagerados

Hei, Rei!
Eu também errei
Estamos na estrada certa
A trilha louca do poeta

Você tem uma ideologia
Eu tenho outra opinião

Você é o pierrô-retrocesso
Com a graça de Deus
Tamos fazendo sucesso

Hei, Rei!
Eu também errei
Estamos na estrada certa
A trilha louca do poeta...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 15




Olá, amigos.

Em seus últimos posts, a série Aquela canção pro Roberto traz mais uma música na qual Roberto Carlos é citado em uma homenagem a artistas do cenário musical brasileiro. RC já participou da Festa da música tupiniquim de Gabriel, o Pensador, fez parte da homenagem a artistas brasileiros da Paratodos de Chico Buarque e teve seu lado de intérprete reverenciado em Pra ninguém, de Caetano Veloso.

Em 2000, foi a vez de LULU SANTOS incluir Roberto Carlos e Erasmo Carlos numa música que cita um estilo da Música Popular Brasileira. Em seu disco Lulu acústico, o cantor apresentou algumas inéditas. Dentre elas, veio uma ufanista música para louvar ritmos considerados americanos, mas também feitos no Brasil.

Numa letra provocativa que cita grupos de pop, funk e rock brasileiros, Lulu Santos considera Roberto e Erasmo os "neandertais" do rock no Brasil. É somente uma das características que ele vê no rock "Made in Brazil".

Segue a letra! Na foto, Lulu Santos na capa do LP no qual lançou uma releitura de O calhambeque. Mais tarde, Lulu ainda releria Se você pensa, na década de 1990.

Abraços a todos, Vinícius.

MADE IN BRAZIL - Lulu Santos

Dara-ram-dam-dam
A gente soa assim
Caricatura de americano
E não é de hoje que isso é assim

Já faz um tempo
Nego desce a Rua Augusta a 120 por hora
Na trilha sonora

Uuuu, e sempre haverá um vício
Uuuu, passou de dois mil
Ninguém faz igual a brasileiro
Rock do Brasil

Os Mutantes eram e serão demais
Já disse alguém até em uma música
E Roberto e Erasmo são neandertais

Embora aparentemente
O primeiro não se ligue mais nisso
Largou o feitiço
Na mão do Raul

Uuuu, e sempre haverá um vício
Uuuu, passou de dois mil
Ninguém faz igual a brasileiro
Pop do Brasil

Paralamas, O Rappa, Ira e Titãs
Jota Quest, Charlie Brown e Raimundos
Legião, Barão, e digo mais, Lobão
Los Hermanos, Ultraje, Penélope e Sepultura
Na linha dura

Uuuu, e sempre haverá um vício
Uuuu, passou de dois mil
Ninguém faz igual a brasileiro
Funk do Brasil

E tem muitos nomes que eu não disse aqui
Que com certeza já fizeram a glória
É questão de espaço e também de tempo
Ultimamente não sei bem porque
Anda me falhando a memória
Por isso fiz essa história

Uuuu, e sempre haverá um vício
Uuuu, passou de dois mil
Ninguém faz igual a brasileiro
Pop, rock, reggae, hip-hop do Brasil...

domingo, 5 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 14



Olá, amigos.

A série Aquela canção pro Roberto, nos seus últimos dias traz hoje um curiosíssimo diálogo entre compositores. Uma "conversa" que fica ainda mais interessante, pois ambas citam Roberto Carlos.

No post anterior, recordamos Paratodos, música escrita por Chico Buarque e que deu nome ao seu LP de 1993. Cinco anos depois, CAETANO VELOSO, em seu disco Livro, assinou uma resposta à música de Chico. A de 1993 louvou compositores, intérpretes e artistas, numa homenagem "para todos". E a de 1998 enumerou excelentes momentos dos artistas que fazem a Música Brasileira... mas, como intérpretes.

Assim como Saudosismo homenageou Fotografia, Sampa homenageou Ronda e Livros fez alusão a Chão de estrelas, Caetano dialogou com a ampla homenagem de Paratodos. Mas, lançando uma canção que não faz homenagem "pra ninguém". E, dentre os grandes momentos de intérprete de artistas como Nara, Milton, Paulinho, está lá Roberto Carlos, com sua belíssima interpretação para Madrasta (de Renato Teixeira e Beto Ruschel), última faixa do LP O inimitável.

Ao final da música, Caetano chega à reflexão de que melhor do que todo este ótimo repertório interpretado na música, só mesmo o silêncio. E melhor do que o silêncio só João. João Gilberto, responsável pelo destaque da Música Popular Brasileira através da Bossa Nova - que completou 50 anos no ano passado e, em um dos eventos, Caetano Veloso dividiu os vocais com Roberto Carlos para os dois cantarem a música de Tom Jobim.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Caetano Veloso no palco, no fim dos anos 80.

Abraços a todos, Vinícius.

PRA NINGUÉM - Caetano Veloso

Nana cantando Nesse mesmo lugar
Tim Maia cantando Arrastão
Bethânia cantando A primeira manhã
Djavan cantando Drão

Chico cantando Exaltação à Mangueira
Paulinho, Sonho de um carnaval
Gal cantando Candeias
E Elis, Como nossos pais

Elba cantando De volta pro aconchego
Silvio cantando Mulher
E Elisete cantando Chega de mágoa

Carmem cantando Adeus, batucada
Gilberto cantando Sobre todas as coisas
Cauby cantando Camarim
Orlando cantando Faixa de cetim
Milton, O que será?

Roberto, a Madrasta
Bosco, Rio de Janeiro
E Dalva, Poeira do chão

Melhor do que isso
Só mesmo o silêncio
E melhor do que o silêncio
Só João

Nara cantando Diz que fui por aí
Marisa, A menina dança
Aracy cantando a Camisa amarela
Amélia, Boêmio
Max, Polícia
Nora, Menino grande
Dolores, Não se avexe não

Melhor do que isso
Só mesmo o silêncio
E melhor do que o silêncio
Só João...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 13



Olá, amigos.

A série Aquela canção pro Roberto mostra mais uma música na qual RC aparece em meio aos nomes que fazem o que se chama de Música Popular Brasileira. Um privilégio para este cantor de Cachoeiro de Itapemirim, em especial porque se trata de uma canção de CHICO BUARQUE.

"Um dos maiores, senão o maior compositor de todos os tempos", foi assim que Roberto Carlos definiu Chico ao anunciar sua entrada no palco. Foi no ano de 1993 que aconteceu este encontro memorável num Roberto Carlos Especial. No programa exibido em 23 de dezembro, os dois cantaram O que será (À flor da pele). Um dueto que, infelizmente, não foi incluído no DVD que RC lançou no fim de 2006 - mas, na coletiva daquele, Roberto disse que há possibilidade de lançar um segundo DVD nestes moldes - e irá acontecer, no mês que vem, com o lançamento de Duetos 2.

E, no ano de 1993, Chico Buarque lançara mais um disco memorável em seu repertório. Mesclando regravações, como Pivete (onde, em vez do "pivete" mirar-se no ídolo Emerson Fittipaldi, mirava-se no exemplo do novo ídolo das pistas - Ayrton Senna), versões autorais de músicas como Sobre todas as coisas, Choro bandido e Piano na Mangueira (com participação de Tom Jobim), e novas músicas, como De volta ao samba e Biscate (dueto com Gal Costa), Chico trazia mais um disco que recebia aplausos.

Roberto Carlos estava presente justamente na faixa que deu título ao disco de Chico Buarque. Numa homenagem a músicos de várias épocas, ele foi lembrado na canção que Chico dedicou "para todos" os que fazem a Música Popular Brasileira.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Chico Buarque, no encontro que tiveram no Roberto Carlos Especial de 1993 - no qual Chico apresentou a música abaixo.

Abraços a todos, Vinícius.

PARATODOS - Chico Buarque

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios

Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste

Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Aquela canção pro Roberto - 12




Olá, amigos.

A série Aquela canção pro Roberto coloca hoje mais uma homenagem à Música Popular Brasileira a Roberto Carlos. Só que, a partir deste post, nós teremos canções que falam sobre festas musicais que têm participações de RC.

A primeira foi lançada por Gabriel, o Pensador. Numa canção irreverente, ele mesclou do axé ao sertanejo, com muita gente que ainda estava para chegar - e a festa, sugestivamente, acontecia na Rua Antônio Carlos Jobim.

RC não poderia faltar - ainda mais, trazendo a turma da Jovem Guarda, que vinha de outra festa. Uma festa de arromba da música tupiniquim.

Segue a letra! Na foto, Gabriel, o Pensador.

Abraços a todos, Vinícius.

FESTA DA MÚSICA TUPINIQUIM - Gabriel, o Pensador e DJ Memê

Há muito tempo tá rolando essa festa maneira
Da música popular brasileira ninguém me convidou mas eu queria entrar
Peguei o 175 e vim direto pra cá pra

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar

Na portaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil
Ele apenas sorriu
Acompanhado por Caetano, Djavan, Pepeu, Elba, Moraes, Alceu Valência
(Xá comigo! Da licença! Abre essa porta, cabra da peste)
E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste
Baby tá na área, senti firmeza! E aí Sandra de Sá!
_"Bye bye tristeza..."
Birinight á vontade a noite inteira
Olha o Ed Motta assaltando a geladeira
Olha quanta gata bonita e gostosa! Olha o Tiririca com uma negra cheirosa
Ué! Cadê os críticos?! Ninguém convidou? "Barrados no Baile uouou"
Não é festa do cabide mas o Ney tirou a roupa
Bzzz... Paulinho Moska pousou na minha sopa
Cidade Negra apresentou um reggae nota cem
Tá rolando um Skank também! E o Tim Maia até agora nem pintou
Mas o Jorge Benjor trouxe a banda que chegou "Pra animar a festa"

Festa da Música Tupiniquim...

A festa tá correndo bem
O lobão até agora não falou mal de ninguém
O Barão e o Titãs tão tocando Raulzito
A Rita Lee tá vindo ali...ãnh? Não acredito! Ela olhou pra mim e disse "baila comigo"
Eu senti aquele frio no umbigo
Mas é claro que adorei o convite e fui dançar ouvindo o som do Kid Abelha, Paralamas e a Blitz
(Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais...) "Segura o tchan, amarra o tchan"
(Xô, Satanás!) Há há! Lulu Santos acabou de chegar com a pimenta malagueta pro planeta balançar
O Chico César, Science, e o Buarque observam um pessoal dançando break no chão
E no andar lá de cima um do donos da festa. Tá na boa, tá em paz, tá tocando um violão:
"Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita"

Festa da Música Tupiniquim...

Essa festa é uma loucura
Olha lá o Carlinhos Brown com o pessoal do Sepultura vieram com os índios Xavantes
E a polícia veio atrás tentando dar flagrante E-e-e-ê! O índio tem apito e eu não entendi porquê
Começaram a apitar quando a polícia chegou mas a galera do Cachimbo da Paz nem escutou
Porque o Olodum tava fazendo um batuque maneiro
Até chegarem milhares de funkeiros
Eram tantas duplas que eu até me confundi
Chamei Leandro & Leonardo de MC! E o Zezé de Camargo & Lucianoficaram me zuando
E o funk rolando! Aah... vocês tinham que ver! Chitãozinho & Xororó gritando Uh! Tererê!
O pessoal da Jovem Guarda agitando sem parar
Estavam em outra festa mas vieram para cá
Passei ali por perto e ouvi o Roberto Carlos comentar: "Ê hei! Que onda, que festa de arromba!"
Todo mundo no maior astral mas rolou um boato que preocupou o pessoal
Diziam as más linguas, à boca pequena, que o Michael Jackson tava chegando pra roubar a cena
E foi aí que a Marina ouviu uma buzina e todos foram pra janela na maior adrenalina
Uma brasília amarela dobrava a esquina
Adivinha quem era?

Festa da Música Tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar