sábado, 12 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 70



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos continua, apresentando mais uma década artística do parceiro de Roberto Carlos. Esta é a homenagem do blogue ao aniversário do amigo de fé e irmão camarada de RC.

Os ANOS 70 começaram com a parceria da dupla se estendendo ao cinema. No filme Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa, eles e Wanderléa deram um sabor a mais para o público que sentia saudade das jovens tardes de domingo. Por brigas de gravadoras, infelizmente não saiu o LP com a trilha na íntegra - as músicas cantadas foram distribuídas nos discos de cada intérprete.

A leitura de Erasmo Carlos para Aquarela do Brasil foi uma das mostradas no filme que esteve no disco Erasmo Carlos e Os Tremendões (a outra foi Vou ficar nu pra chamar sua atenção, de Roberto e Erasmo), de 1970. Além delas, Saudosismo (de Caetano Veloso) e Teletema (de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar) apareceram no disco do cantor. Mas os grandes destaques foram mesmo as canções assinadas pela dupla Roberto e Erasmo Carlos: Coqueiro verde e Sentado à beira do caminho.

O que era promessa em 1970 se concretizou em 1971. Com Carlos, Erasmo, o amigo de RC apresentou um trabalho completamente diferente dos seus anteriores. Além de uma primorosa safra de compositores que deram músicas para ele gravar (Jorge Ben, Caetano Veloso , os irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle e Taiguara), as canções abordavam temas inéditos para a safra dele e Roberto. Discurso hippie (Gente aberta), canções políticas (Mundo deserto e É preciso dar um jeito, meu amigo), música com temática religiosa (Sodoma e Gomorra) e até uma ode à maconha (Maria Joana) em música com arranjo do tropicalista Rogério Duprat. O disco caiu no esquecimento.

1972 trouxe mais um disco da safra de Erasmo. Sonhos e memórias 1941/1972 seguiu à risca seu título. Da memória da infância de No Largo da Segunda-feira até a utópica Meu mar, vieram recordações pessoais como em Minha gente e Vida antiga, o desabafo Preciso encontrar um amigo, uma homenagem às raízes musicais em Bom dia, rock'n roll e uma versão mais roqueira para É proibido fumar. Brigas de casais também fizeram parte da safra musical, nas músicas Sábado morto e Grilos, além da doce Sorriso dela. A penúltima canção do lado B é Mundo cão, feita por Erasmo e Roberto para o filme Os machões, de Reginaldo Faria. Erasmo Carlos trabalhou como ator nesta comédia e foi premiado com a Coruja de Ouro do Instituto Nacional de Cinema daquele ano.

Dois anos depois, Erasmo voltaria a lançar um LP. A faixa-título 1990 - Projeto SalvaTerra olhava para o futuro, assim como na bem humorada Haroldo, o robot doméstico. Mas a canção que fez sucesso pelo bom humor foi Sou uma criança, não entendo nada, que Erasmo Carlos fez a partir de um poema de Giuseppe Ghiaroni. Ainda vieram faixas em homenagem às origens musicais, com A lenda de Bob Nelson e uma leitura de Negro gato. Lamentavelmente, não ficou tão conhecida a primorosa Cachaça mecânica, assinada por Roberto e Erasmo.

No ano de 1976, Erasmo Carlos apresentou um LP com letras mais questionadoras. Desde a foto interna do disco, que traz vários Erasmos numa briga de bar generalizada até letras da faixa-título (A banda dos contentes) e Análise descontraída, ambas dele e de Roberto, e a singela Queremos saber. Destacam-se também a nova versão para Paralelas, de Belchior, e Filho único, música que Roberto e Erasmo fizeram sob encomenda para a novela Locomotivas, da TV Globo.

1978 traria o último disco de Erasmo Carlos na década. A linha de repertório de Pelas esquinas de Ipanema não foi muito diferente dos LPs anteriores. Houve espaço para novos compositores - Victor Martins, Sérgio Fayne, Paulo Soledade Filho e Antônio Adolfo - e uma música de sua autoria assinada em parceria com o produtor musical Liminha. Favelas e motéis era uma abordagem sobre o cotidiano carioca, enfoque estendido à faixa-título. Nas demais canções assinadas com RC, veio a mística A terceira força e a psicológica canção Meu ego.

Mas nenhuma delas superou o impacto da faixa que abriu o LP. A esposa Narinha estudava Biologia em 1978. Erasmo achou que os estudos dela davam música. E, assim, Roberto Carlos e Erasmo Carlos escreveram a canção mais definitiva da dupla sobre ecologia - Panorama ecológico. O assunto ganharia mais destaque da imprensa na década seguinte.

Erasmo Carlos chegaria aos anos 80 se adequando também aos novos panoramas das gravadoras. E seu sucesso do primeiro ano da década aconteceria através de uma música lançada em 1970. Uma música emblemática, indispensável em seus shows. Mas isto é assunto para o próximo post.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no início da década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

SENTADO À BEIRA DO CAMINHO - Roberto e Erasmo

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim

Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto o seu olhar, que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Vem a chuva e molha o meu rosto, então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos desta chuva se confundem com meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro, e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu
Estou morrendo lentamente

Só você não vê que eu não posso mais
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você
Sentado à beira do caminho

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Lararalaralaralara laralara
Larararalaralaralara laralara...

*****

O Emoções de Roberto Carlos deseja um FELIZ DIA DOS NAMORADOS a todos os amados e amantes que acessam este blogue.

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