quinta-feira, 11 de março de 2010
Roberto Carlos em bom português - ÍNDIA
Olá, amigos.
Encerrando a série "Roberto Carlos em bom português", chegamos ao disco de 2005, que traz a mais recente versão interpretada por Roberto Carlos.
Trata-se de Índia, versão de JOSÉ FORTUNA para a guarânia de Manuel Ortiz Guerrero e Jose Assunción Flores. Assim como Fascinação, Meu primeiro amor e Yolanda, creio que esta seja uma das músicas internacionais mais "brasileiras" do nosso cancioneiro.
O paulista de Itápolis José Fortuna foi pioneiro na música brasileira ao trazer para o português a letra desta guarânia. A gravação da dupla Cascatinha e Inhana para esta música e para Meu primeiro amor (também versionada por Fortuna) em 1952 foram os primeiros passos da entrada deste gênero no Brasil.
Autor de muitos estilos - modas de viola, valsas, fox, rancheiras, sambas-canção - José teve sua primeira canção gravada em 1944, Moda das flores, escrita em parceria com Raul Torres e gravada pela dupla Raul Torres e Florêncio. Em 1947, passou a se apresentar ao lado de seu irmão, Euclides Fortuna, formando a dupla Zé Fortuna e Pitangueira. Mais tarde, a dupla se tornaria trio, com a entrada de sanfoneiros (até, em definitivo, entrar Zé do Fole). Eles se apresentaram nesta formação por 25 anos.
Gravado por vários artistas de todas as épocas e de todos os estilos, Fortuna é autor de canções como Anahy, Fronteriça e Solidão. Algumas músicas chegaram a ter 30 gravações diferentes. Índia, por exemplo, também foi gravada por Ângela Maria, Paulo Sérgio e Gal Costa.
Além da sua relação com a música, Fortuna trabalhou também no teatro e na literatura de cordel. São 30 livros publicados e 42 peças (e em todas ele atuou). É dele a Companhia Teatral Maracanã, que durante anos se apresentou em circos, no interior do país e em algumas cidades da América do Sul - por receber vários prêmios, a companhia passou a ser conhecida também como Os Reis do Teatro.
A companhia teatral se desfez em 1975, e José Fortuna voltou a se dedicar exclusivamente à música, participando de festivais de música sertaneja até 1983, ano em que a doença de chagas o levaria aos 60 anos. Sua obra traz duas mil músicas, além de 800 letras inéditas.
Comprovando que boa música não tem idade, Roberto Carlos incluiu Índia em seu disco de 2005. E, no bom português de José Fortuna, RC trouxe para a música brasileira uma nova interpretação do amor pela índia de sangue tupi.
Segue a letra! Na foto, José Fortuna.
Abraços a todos, Vinícius.
ÍNDIA (India) - Manuel Ortiz Guerrero e Jose Assunción Flores (versão de José Fortuna)
Índia, teus cabelos nos ombros caídos
Negros como a noite que não tem luar
Teus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse teu olhar
Índia da pele morena, tua boca pequena
Eu quero beijar
Índia, sangue tupi
Tem o cheiro da flor
Vem, que eu quero te dar
Todo meu grande amor
Quando eu for embora para bem distante
E chegar a hora de dizer-lhe adeus
Fica nos meus braços só mais um instante
Deixa os meus lábios se unirem aos teus
Índia , levarei saudade da felicidade
Que você me deu
Índia, a tua imagem
Sempre comigo vai
Dentro do meu coração
Flor do meu Paraguai
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2 comentários:
O que chamam de traduçao da música original de Ortiz Guerrero é um absurdo! Tal vez a ideia do amor por uma moça de origem guarani seja a mesma, mas os versos foram modificados de tal modo que nao tem relaçao com a versao original. A letra original da música retrata muitas imagens de diversos lugares do Paraguay. Para um paraguaio que vê essa letra, é uma vergonha.
Essa versão retrata do amor do soldado brasileiro no pós-guerra (Guerra do Paraguai) onde havia muita fome na população paraguaia (majoritariamente feminina) e muitos soldados brasileiros tiveram romances com mulheres daquele país, mas era um amor impossível no século XIX.
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