quarta-feira, 16 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 90



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos apresenta mais uma década da carreira artística do parceiro de Roberto Carlos. Uma passagem pela discografia do Tremendão é a homenagem deste blogue a seus 50 anos de carreira, celebrados neste 2010.

Mas os ANOS 90 da carreira de Erasmo Carlos trouxeram as consequências da segunda metade da década anterior. Ao se comprometer em lançar discos no mesmo ritmo de seu parceiro Roberto Carlos, Erasmo acabou colecionando insucessos comerciais e viu boas inspirações serem desperdiçadas por não compor com tanta rapidez.

Algum tempo depois de a SBK lançar Sou uma criança, a gravadora foi fechada, e Erasmo Carlos passou um tempo aparecendo somente como coautor de músicas dos discos de Roberto Carlos. Somente em 1992, ele conseguiria chegar a uma gravadora.

Naquele ano, Erasmo Carlos foi contratado pela Sony Music, mesma gravadora de Roberto Carlos, e voltou a lançar um LP. Homem de rua chegou às lojas tendo como maior promessa a regravação de A carta, na qual Erasmo dividia os vocais com o cantor Renato Russo.

Mas logo a faixa-título passou a ter mais destaque, por ter sido incluída na novela De corpo e alma, escrita por Glória Perez para o horário das 20h30 da TV Globo. No entanto, o destino sepultou esta música. Ela era o tema do personagem Bira, vivido por Guilherme de Pádua. Em 28 de dezembro de 1992, na saída das gravações da novela, Guilherme assassinou sua colega de cena, a atriz Daniella Perez (filha de Glória, e que fazia o par romântico de Bira, Yasmin), a 18 golpes de tesourada. O crime, cometido com a ajuda da esposa dele, Paula Thomaz, chocou o país e, além do personagem desaparecer, não havia mais clima para Erasmo Carlos incluir a música nos shows.

Mas não foi só este episódio que selou o destino do LP. A má vontade da Sony Music em divulgá-lo foi imensa. Segundo Erasmo, prometeram um clipe de A carta com ele e Renato Russo, mas nada ficou concreto. As outras faixas também não davam margem a muita coisa. De músicas assinadas por ele e Roberto Carlos vinham também as inéditas Deixe-me outro dia e Fases da lua e uma regravação de Fera ferida. No lado intérprete de Homem de rua, mais uma vez veio uma excelente lista de compositores - além de Raul Sampaio e Benil Santos em A carta, tiveram presença Jorge Ben (agora Jorge Benjor, autor de A namorada), Gilberto Gil (O jornal), as duplas Márcio Greyck e Cobel (Até quando) e Sá e Guarabyra (A terra é dos homens), além de uma versão para Nikita, sucesso de Elton John, que no português se tornou Moscovita, música com ecos políticos em época de derrocada do socialismo e dissolução da União Soviético.

Erasmo Carlos voltou a ter destaque na crítica musical três anos depois, quando foram celebrados 30 anos do início do programa Jovem Guarda. Sua festa de arromba voltava a acontecer, presente no rádio, na televisão e nos jornais. Em vez do cinema, o registro fonográfico de Erasmo apareceu numa coletânea intitulada 30 anos de Jovem Guarda - Os reis do iê-iê-iê, reunindo desde nomes tarimbados do movimento, como Wanderléa, Martinha, The Fevers, Os Incríveis, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso e Os Vips até nomes menos ligados a ele, como Sérgio Reis, Marcos Roberto, Zé Ricardo e Vanusa. Como Roberto Carlos não participou, sua participação foi suprida por Caetano Veloso. O convidado tropicalista fez uma releitura ótima de O calhambeque . Erasmo participou nos cinco discos, com regravações de Festa de arromba, O caderninho, Minha fama de mau, Vem quente que eu estou fervendo e Gatinha manhosa.

Em 1996, Erasmo Carlos voltou a lançar um disco pela PolyGram. Com o sugestivo nome de É preciso saber viver, e tendo na foto a companhia de seu neto Rafael, Erasmo mostrava que estava num período de recomeço, de renovação. E recorreu a antigas canções gravadas originalmente por ele ou por Roberto Carlos. Das 14 faixas, apenas uma não teve sua autoria - Como é grande o meu amor por você, assinada só por Roberto.

O grande destaque deste disco foi a música de abertura. Do fundo do meu coração, lançada originalmente em 1986 por Roberto Carlos, voltava num ritmo mais leve 10 anos depois, e Erasmo dividia os vocais com a cantora Adriana Calcanhotto. Além desta faixa, a gravação de Detalhes teve certo sucesso por estar na trilha da novela Vira lata. Mas o fracasso da trama de Carlos Lombardi para as 19h da TV Globo não poupou nem aquela que é considerada a obra-prima de Roberto e Erasmo.

O disco soou como uma agradável compilação de músicas que Erasmo decidiu reler por ter carinho por elas. Abra seus olhos, Fases da lua, Grilos, A pescaria, Vou ficar nu pra chamar sua atenção, É preciso saber viver, Amar pra viver ou morrer de amor, Joia, Amores indecisos, Geração do meio e História dos meus sonhos fazem parte da lista.

Este seria seu segundo e último disco solo na década de 1990. Mas ainda viria muita renovação para o artista no século XXI. Panorama previsível para um artista que sabe amar pra viver ou morrer de amor, como disse em 1982 e disse de novo em 1996.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no Roberto Carlos Especial de 1998. Nesta década, o Tremendão marcou presença em todos os programas.

Abraços a todos, Vinícius.

AMAR PRA VIVER OU MORRER DE AMOR - Roberto e Erasmo

Vamos reviver nativos sentimentos
Vamos editar os bons momentos
Depois passar o filme por aí

Vamos evitar veneno em nosso vinho
Não deixar que as setas se embriaguem
Do sangue que semeia nosso chão

Guerra, mas só se for
Guerras de amor
Mísseis de flores, flores, flores
Bombas de isopor

De repente, mergulhar com otimismo
E nadar nas águas turvas do abismo
Evitar que mais de mil persigam um só
Viemos do mesmo pó
Fim ao desamor

Amar pra viver
Ou morrer de amor

Amar pra viver
Ou morrer de amor...

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