domingo, 2 de novembro de 2008
Roberto Carlos, intérprete - TRÊS IRMÃS
Olá, amigos.
Hoje este blogue apresenta mais um momento curioso no qual uma canção apresentada ao público pela primeira vez através da voz de Roberto Carlos surge na leitura de outro artista em uma trilha de novela. A história se repete na teledramaturgia, pois no início do ano a grade de programação global trouxe a safra do Roberto Carlos, intérprete nas três novelas da noite - Desejo proibido, Beleza pura e Duas caras.
Atualmente, o repertório das trilhas da TV Globo vem bebendo da fonte da safra do Roberto - como foi mostrado neste blogue no post sobre a novela A favorita (uma novela "favorita" de RC) e no post anterior, sobre a novela Negócio da China, escrita por Miguel Falabella para o horário das 18h. E, graças à novela das 19h, o público teve a certeza de que Roberto Carlos também "dá praia".
As chamadas para a novela que iria estrear em 15 de setembro na faixa das sete da programação da TV Globo anunciavam isto - "em setembro vai dar praia". Afinal, tratava-se do dia em que os espectadores começariam a acompanhar mais uma trama assinada por Antônio Calmon - que tanto no cinema (com Menino do Rio e Garota dourada) quanto na televisão (Top Model, Vamp e Corpo dourado) usou o universo praiano e jovial para contar suas histórias.
Não é diferente na novela Três irmãs. As três irmãs do título são herdeiras da família Jequitibá - um nome muito respeitado na cidade de Caramirim, por tudo o que eles trouxeram para o lugarejo. Elas são filhas de Virgínia Jequitibá (vivida por Ana Rosa, atriz que está em sua novela de número 56), dona da farmácia que tem o mesmo nome do sobrenome da família, e que foi abandonada pelo marido Augusto (participação especial de José Wilker). Sua razão de viver (em especial depois do falecimento de Augusto em um incêndio) passou a ser suas três filhas - Dora, Alma e Suzana.
Dora (interpretada por Cláudia Abreu) é a irmã mais velha, uma mulher fútil e vaidosa que convive com um trauma: a morte de seu marido Arthur (participação especial de Alexandre Borges) num acidente de carro. Sua sogra, a arquivilã Violeta Áquila (ótima interpretação de Vera Holtz), a acusa de ter causado o acidente que matou seu filho. Ela se envolve com Bento (papel de Marcos Palmeira), um médico muito batalhador que chega à cidade de Caramirim depois de ter perdido a esposa, que faleceu no parto dos seus filhos.
Alma (vivida por Giovanna Antonnelli) é uma ginecologista renomada no Rio de Janeiro, mas acaba retornando à cidade natal para ajudar a mãe, que sofre um Acidente Vascular Cerebral. Lá se envolve novamente com o ex-noivo Galvão (papel de Bruno Garcia), um oportunista, mas seu amor se divide com Gregg (interpretado por Rodrigo Hilbert), seu grande amor de infância, que retorna à cidade após passar um bom tempo disputando campeonatos de surfe em Bali, na Indonésia.
A irmã caçula é Suzana (a cargo de Carolina Dieckmann), professora primária da Escola de Caramirim e que também se destaca como surfista. Ela tem um relacionamento confuso com Xande (vivido por Dudu Azevedo), no qual ela está mais com ele em função de gratidão, já que ele tem um defeito nas pernas em virtude de um atropelamento que ele sofreu para salvar a vida dela. Entretanto, ela se envolve amorosamente com Eros (papel de Paulo Vilhena), um apaixonado por surfe que acaba tendo de ir para a cidade depois que sua mãe, a jornalista de moda Walkíria (participação de Maitê Proença) resolve tirar suas regalias. Mas em Caramirim o rapaz descobre também a identidade de seu pai - o surfista Sandro (interpretado por Marcello Novaes).
A cidade de Caramirim convive com uma iminente ameaça: Violeta Áquila tem interesse em derrubar a praia e as casas simples para transformar o local em uma "Miami brasileira". Para isto, conta com o apoio de Galvão, do prefeito Nelson Santana (vivido por Aloísio de Abreu) e do atrapalhado trio de bandidos Vidigal, Chuchu e Valéria (formados por Luiz Gustavo, Otávio Augusto e Graziella Moretto). Os três têm também interesse em eliminar a menina Duda (estréia da atriz Daniella Récco), herdeira única de uma grande fortuna, que vai para Caramirim ajudada por Alma.
O lugarejo tem também outros personagens de destaque em uma cidade litorânea - como o pescador Pacífico (vivido por Roberto Bonfim), os donos da pousada da cidade Jacaré e Janaína (respectivamente, Aílton Graça e Solange Couto), o dono de uma cantina italiana Orlando (papel de Tato Gabus Mendes), a dona de lanchonete Liginha (ótima oportunidade do público ter acesso ao talento de Malu Galli), o médico Alcides (boa atuação de Marcos Caruso) e a enfermeira Florinda (vivida por Débora Duarte). E é o lugar no qual chega uma figura misteriosa: Waldete, ou "Waldete com dábliu" (interpretada por Regina Duarte), uma mulher que chega a Caramirim disposta a se vingar de quem lhe fez mal no passado. Ela se instala como governanta na casa de Violeta, como parte inicial de seu plano para reconstrução de vida.
Um dado curioso: a Regina foi oferecido o papel de Virgínia (mais tarde oferecido a Renée de Vielmond e a Nívea Maria, que também recusaram, até chegar às mãos de Ana Rosa), mas ela preferiu viver Waldete, afirmando que é um tipo de personagem que jamais fez em sua carreira. Além da especulação imobiliária e do risco de uma cidade perder sua história, Antônio Calmon aborda também temas como dengue (a cidade sofre com a epidemia da doença, cada vez mais cotidiana nos verões do Brasil) e gravidez na adolescência - através da personagem Natália (interpretada por Cecília Dassi).
Assim como é sua trama, a novela Três irmãs apresenta uma trilha ensolarada, a começar pela gravação de Mart'nália para Don't worry, be happy como tema de abertura e estendendo-se às músicas Midnight bottle, na voz de Colbie Caillat e Barbara Ann, gravada por The Beach Boys. Na safra brasileira, há números muito curiosos, como o encontro entre os conjuntos Titãs e Os Paralamas do Sucesso (em duas canções - Sonífera ilha e Meu erro), a interpretação de Léo Jaime para Maior abandonado, sucesso do Barão Vermelho e, em especial, a leitura que Caetano Veloso fez para Moça, canção assinada por Wando.
Dentre esta série de canções, surge também uma nova leitura de música apresentada originalmente a público através da voz de Roberto Carlos. Faixa de abertura do LP O inimitável (de 1968), uma canção assinada por Antônio Marcos reaparece numa gravação de Liah para cantar o tema de Gregg. O rapaz volta à cidade de Caramirim para tentar recomeçar sua relação com Alma. Talvez prometendo nunca mais deixá-la tão só.
Segue a letra! Na foto, a logomarca de Três irmãs, a ensolarada novela das 19h.
Abraços a todos, Vinícius.
E NÃO VOU MAIS DEIXAR VOCÊ TÃO SÓ - Antônio Marcos
Se a vida inteira você esperou um grande amor
E de triste até chorou
Sem esperanças
De encontrar alguém
Fique sabendo que eu também
Andei sozinho
E sem ninguém pra mim
Fiquei sem entregar o meu carinho
Se na tua estrada não houve flor
Foi só tristeza, enfim
E em cada dia, sem ter amor
Foi tudo tão ruim
Vou confessar então, meu coração
Não quer mais existir
Meus olhos vermelhos
Cansados de chorar querem sorrir
Ah, por isso foi que eu decidi
Não fico nem mais um minuto aqui
Eu vou buscar o meu amor, o meu amor
Eu nunca tive alguém, agora vou
Olhar você meu bem
Guarde o meu coração
Que nunca mais eu vou deixar você tão só
E nunca mais eu vou deixar você tão só
E nunca mais eu vou ficar também tão só...
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Um comentário:
Uma das canções que mais gosto do disco de 1968; como tema de novela; poderia ser interpretada pelo próprio Rei.
Beijos,
Leda Martins.
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