terça-feira, 11 de novembro de 2008
Roberto Carlos e o cinema - 4
Olá, amigos.
Hoje passamos a recordar filmes que tiveram canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos em sua trilha. Começamos a série com uma incursão da música dos dois no universo de Nelson Rodrigues.
Lançado em 1980, Os 7 gatinhos foi a versão cinematográfica da peça de mesmo nome. A história trazia Noronha (vivido por Lima Duarte), um pai de família que prostitui as quatro filhas mais velhas - Aurora, Débora, Hilda e Arlete (Ana Maria Magalhães, Sônia Dias, Sura Berditchevsky e Regina Casé, respectivamente) para juntar dinheiro e fazer o enxoval de Silene (papel de Cristina Aché), a filha caçula, que estuda em colégio interno e é um exemplo de pureza. Além desta trama, ainda há o envolvimento da filha mais velha, Aurora com o cafajeste Bibelot (feito por Antônio Fagundes).
O universo sórdido tem uma reviravolta quando Silene retorna à casa acompanhada do inspetor do colégio. Dr. Portela (papel de Ary Fontoura), conta aos pais da menina que ela foi expulsa por matar uma gata. O apodrecimento da família começa, e leva a uma tragédia. No elenco ainda estão Thelma Reston (como a Gorda, esposa de Noronha), Cláudio Corrêa e Castro (como Dr. Bordalo), Sady Cabral (como o Seu Saul) e Maurício do Valle (interpretando um deputado).
Apesar do bom elenco, o filme diluiu a crueldade da história com cenas desnecessárias e que só eram mencionadas no texto de Nelson Rodrigues - caso da cena em que Arlete é "atacada" pelo deputado. A diluição deve-se à direção de Neville d'Almeida, cujos filmes são marcados pelo forte apelo erótico e que, muitas vezes, reduz suas histórias a uma sucessão de baixarias - vide Rio Babilônia e as refilmagens asquerosas de Matou a família e foi ao cinema e Navalha na carne. O diretor faria uma outra incursão ao universo de Nelson Rodrigues, com a filmagem de A dama do lotação, protagonizado por Sônia Braga e um grande sucesso de bilheteria nacional.
Ao ser exibido no Festival de Gramado, Os 7 gatinhos proporcionou uma cena inusitada: durante a sua exibição, um membro da secretaria de Cultura do governo do Rio Grande do Sul protestou aos berros contra a "sacanagem" presente no filme. Thelma Reston recebeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante neste festival.
Roberto e Erasmo estão presentes na trilha com três músicas. Duas delas já tinham sido lançadas anteriormente em discos de Roberto Carlos - Cavalgada (de 1977) e A primeira vez (de 1978). A terceira canção, interpretada por Erasmo Carlos, é tocada na abertura e aparece em versão instrumental no decorrer do filme, gravada pelo conjunto A Cor do Som - um retrato fiel do universo de Nelson Rodrigues
Segue a letra! Na foto, o cartaz do filme - que traz a cena antológica em que Bibelot tira a calcinha da colegial Silene.
Abraços a todos, Vinícius.
OS SETE GATINHOS - Roberto e Erasmo
Almas enganadas, sonhos de isopor
Carnes mal amadas
Simulando sensações de amor
E de cor ...
Quantos tão minguantes, risos de histeria
Tons de fantasia
De família que ninguém queria, mas que existia
Todos se amavam, ninguém dizia...
Bem que eu falei
Sangue se pode evitar
Vidas maltratadas, céu por testemunha
Fel de sobremesa
Misturando liberdade presa
Com pobreza...
Mundos tão distantes, escassez de abraços
Véu de nostalgia
Na família que ninguém queria, mas que existia
Todos se olhavam. ninguém se via...
Bem que eu falei
Sangue se pode evitar...
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3 comentários:
Não ví esse filme; mas a trilha sonora..sem palavras.
Beijos,
Leda Martins.
Olá,Vinícius!
Desconhecia a existência dessefilme mas gostei de saber do enredo e, obviamente, do facto de nele entrado músicas do Rei e do Tremendão.
Abração
Esse filme e uma obra marcante no cinema nacional com nelson rodrigues fora de serie a trilha para fechar com chave de ouro so poderia ser entregue a dois fora de serie erasmo e roberto carlos um grande filme .
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