50 anos de emoções - 2004

Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções segue em seus últimos posts que contam ano após ano a trajetória de Roberto Carlos na Música Popular Brasileira. São 50 posts contando os fatos que cercaram o período musical de RC.

2004 teve início

com Saddam Hussein se tornando o novo preso político do Pentágono, nos Estados Unidos. Em 8 de fevereiro, George W. Bush deu uma entrevista ao canal NBC e afirmou que o ditador iraquiano não escondia armas químicas no país.



Em 11 de março, o mundo voltou seus olhos para Madrid. A capital da Espanha foi cenário de uma sequência de ataques terroristas a trens da rede ferroviária. Foram 10 explosões simultâneas, feitas por islâmicos que queriam repetir na cidade o sucesso do Al Qaeda três anos antes nos Estados Unidos. Houve 1.700 feridos e 191 pessoas morreram, no ataque que ocorreu entre as 7:39 e as 7:42.



Em setembro, outra cidade receberia a atenção mundial por causa de ações terroristas. Um grupo separatista da Chechênia invadiu uma escola em Beslan. Dois dias depois, o ataque teve fim com um tiroteio entre terroristas e forças de segurança. 344 civis foram mortos, dentre eles, 186 crianças.



O último mês do ano trouxe uma catástrofe no Sudeste da Ásia. Um terremoto seguido de um tsunami no Oceano Índico causou a morte de 398 mil pessoas, atingindo principalmente a Somália. Segundo cientistas, foi o segundo tsunami em 600 anos.

O governo Lula começou a ter suas primeiras acusações de corrupção dentro do Partido dos Trabalhadores. O presidente anunciou que cortaria "da própria carne" para achar os corruptos. E precisaria, mas isto é um assunto para os próximos posts.

A Copa do Brasil mais uma vez apresentou uma surpresa do futebol brasileiro. O modesto Santo André, do interior de São Paulo, chegou à final do torneio, diante do Flamengo. Depois de um empate em 2 a 2 no Palestra Itália (com gols de Osmar e Romerito para o time do ABC e Roger e Athirson fazendo os gols rubro-negros), o Ramalhão fez história no Maracanã, ao vencer por 2 a 0, com gols de Sandro Gaúcho e Élvis.

O Campeonato Brasileiro chegou a mais uma edição de pontos corridos, revelando-se um torneio com várias disputas simultâneas: além do título, passou-se a disputar as vagas na Libertadores (os quatro primeiros se classificam), as da Copa Sul-Americana e também a briga para não cair para a Segunda Divisão. Mais uma equipe de tradição foi rebaixada: o Grêmio, que terminou em último lugar dentre os 24 participantes. O torneio apresentou seu novo recordista na artilharia: Washington, que fez 34 gols com a camisa do Atlético Paranaense, vice-campeão.



O Santos chegou ao seu segundo título brasileiro numa disputa intensa com o rubro-negro do Paraná. O Atlético era líder até a penúltima rodada, mas a derrota para o Vasco no Rio de Janeiro e a vitória santista diante do São Caetano deixaram o "Peixe" em primeiro lugar. Na última rodada, a vitória do Santos sobre o Vasco, por 2 a 1, garantiu a conquista.

Roberto Carlos chegou aos 30 anos de especiais na Rede Globo, e abriu seu programa encontrando personagens da estrada. A dupla Pedro e Bino (respectivamente, Antônio Fagundes e Stênio Garcia), do seriado Carga pesada, encontrou-se com RC. Depois, o programa apresentou um show gravado no Claro Hall.

Os convidados foram os amigos Erasmo Carlos e Wanderléa (cada um cantou sozinho as músicas Santa Música e Foi assim, respectivamente) e depois o trio interpretou Sentado à beira do caminho. Mas a convidada que roubou a cena este ano foi Ivete Sangalo. Além de interpretar Faz tempo sozinha e fazer dueto com RC em Além do horizonte, a dupla protagonizou um momento emocionante ao cantar Se eu não te amasse tanto assim.

RC começou um ambicioso projeto de restaurar sua obra em caixas de CDs. O final de ano apresentou a reunião em caixa dos oito discos lançados na década de 1960. Além da remasterização do áudio, veio também a reprodução original das capas e contracapas de seus LPs.

Também veio ao mercado a primeira exibição de um show de carreira no formato de DVD. Era seu show Pra sempre que vinha em registro para os fãs. Gravado em São Paulo, Pra sempre ao vivo no Pacaembu trouxe o seguinte repertório:



1 - Abertura

2 - Pra sempre (trecho) / Emoções

3 - Eu te amo, te amo, te amo

4 - Amor perfeito

5 - Café da manhã

6 - Detalhes

7 - Ilegal, imoral ou engorda

8 - É proibido fumar

9 - O calhambeque (Road hog)

10 - O Cadillac

11 - Acróstico

12 - Por isso corro demais

13 - Como é grande o meu amor por você

14 - Olha

15 - Os seus botões

16 - Outra vez

17 - Pra sempre

18 - Força estranha

19 - Cavalgada

20 - É preciso saber viver

21 - Despedida

22 - Coração

23 - Jesus Cristo

"Esse show se chama Pra sempre, e fala do amor em sua forma... ETERNA". A escolha da música que deu nome ao disco no ano anterior como título do show era condizente com o repertório escolhido para a apresentação gravada no estádio do Pacaembu.

O amor em todas as formas veio desde o início, em canções como Eu te amo, te amo, te amo, Amor perfeito e Café da manhã. A sequência de canções que mostrou a ida do amor inocente dos tempos de Jovem Guarda (Por isso corro demais e Como é grande o meu amor por você), passou pela declaração de amor de Olha e chegou à sensualidade de Os seus botões comprovou a vontade de falar de amor. O pout-pourri terminou com um momento curioso: a confissão de que no momento atual não gostaria de cantar a música Outra vez, mas passava por cima por saber que o público gosta muito da canção.

O intimismo ficou presente na apresentação de Detalhes ao violão e na interpretação de Acróstico ao piano. Enquanto RC dedilhava as teclas do piano, ao fundo aparecia um telão com a letra da música. Logo após a escuridão no solo da música O Cadillac, surgia um Cadillac inflável atrás de Roberto.

Algumas músicas voltaram a fazer parte de seu repertório depois de muitos anos: Ilegal, imoral ou engorda, Despedida e Coração. Também retornou aos shows a grandiloquência de Cavalgada.

A Sony & BMG teve um recurso curioso para o lançamento deste trabalho de Roberto Carlos. Ele apareceu em dois formatos: o DVD sozinho ou a opção por DVD e CD juntos. As músicas Amor perfeito e Força estranha foram suprimidas do disco que vinha junto com o DVD.

No ano em que Roberto Carlos ganhou o prêmio de Excelência Musical concedido pelo Grammy Latino, ele mostrava sua força no palco em um belo registro para sua plateia. Afinal, de calhambeque ou de Cadillac, ele continuava a percorrer sua estrada musical.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos na companhia de seu Cadillac.

Abraços a todos, Vinícius.

O CADILLAC - Roberto e Erasmo

Peguei meu Cadillac
Mil novecentos e sessenta
E nele me sentia
Com metade de quarenta
Em meu Cadillac, meu Cadillac

Saí pela cidade me sentindo um jovenzinho
E na primeira esquina
Parei ao lado de um brotinho
Meu Cadillac, meu Cadillac

E o brotinho
Do meu lado
Ao sair deixou comigo
O meu passado

Fui à casa da Dorinha
Minha antiga namorada
E como nos velhos tempos
Parei em cima da calçada
Meu Cadillac, meu Cadillac

Veio um cara lá de dentro
Perguntou a que eu vinha
E cheio de intimidade
Perguntei pela Dorinha

E meio sério
Ele me disse
A Dorinha é minha agora
E é melhor você chama-la "dona Dora"

Meu Cadillac lindo, longo
Conversível, extravagante
Quase seis metros de um vermelho cintilante
Me lembro bem da minha juventude linda
Tudo era alegria eu me lembro bem ainda

A tarde vinha vindo
E pra casa eu voltava
Peguei o meu amor que no caminho me esperava
Em meu Cadillac, meu Cadillac

Depois de um longo beijo
Contei à ela as novidades
Que eu viajei no tempo e estava doido de saudade
Saudade dela, no meu Cadillac

Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque...

Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque...