domingo, 28 de junho de 2009

50 anos de emoções - 1994



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções continua a enumerar os 50 anos de carreira de Roberto Carlos. Post a post, estão sendo apresentados os anos do cinquentenário de RC no cenário musical.

1994 foi um ano importantíssimo na África do Sul: em 9 de fevereiro, Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro do país. Houve duas resoluções sobre embargo econômico: o presidente Bill Clinton decretou o fim ao embargo que o Vietnã sofria desde 1975. Já o Haiti começou a sofrer embargo total, de acordo com resolução da ONU.

Sarajevo passou o ano convivendo com massacres na guerra da Bósnia. O maior deles veio em fevereiro, quando 68 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. Foi necessário que as forças da ONU assumissem o controle do aeroporto da capital bósnia.

O Brasil deu um grande passo no combate à inflação. Em primeiro de julho de 1994, começou a circular a nova moeda do Brasil: o real. O Plano Real fez a inflação despencar vertiginosamente, a ponto de a moeda brasileira se equiparar ao dólar (e em alguns momentos valer mais do que a moeda americana). O bem sucedido plano econômico faria com que o ministro Fernando Henrique Cardoso vencesse as eleições presidenciais ainda no primeiro turno.

O país assistiu à abreviação da carreira de um dos grandes ídolos do país. Em primeiro de maio de 1994, o piloto Ayrton Senna morreu após seu carro bater na curva Tamburello, durante o Grande Prêmio de San Marino. Eram suas primeiras corridas pela Williams, equipe de destaque no cenário da Fórmula 1.

A Seleção Brasileira foi disputar a Copa do Mundo querendo o que Senna estava disputando: o tetracampeonato mundial. E ele veio. O "futebol de resultados" pensado por Carlos Alberto Parreira deu o título ao Brasil, 24 anos depois do tri. Na primeira fase, o Brasil venceu a Rússia por 2 a 0, Camarões por 3 a 0 e empatou em 1 a 1. Nas oitavas-de-final, a adversária foi a seleção anfitriã do torneio - e a vitória por 1 a 0 valorizou ainda mais a classificação. Nas quartas, a Seleção Brasileira protagonizou um emocionante jogo com a Holanda, vencendo por 3 a 2. Após passar pela Suécia com uma vitória por 1 a 0 nas semifinais, o Brasil foi credenciado para disputar a final.

Após 120 minutos em 0 a 0, pela primeira vez a Copa do Mundo foi decidida nos pênaltis. Baresi chutou por cima a primeira cobrança. Márcio Santos cobrou mal e permitiu defesa de Pagliuca. Albertini fez 1 a 0 para a Itália. Romário empatou para o Brasil. Evani deixou os italianos em vantagem. Branco empatou novamente. Massaro cobrou e Taffarel defendeu. Dunga fez 3 a 2 para o Brasil. Roberto Baggio chutou por cima do travessão o título da Itália. O Brasil voltava a ser campeão do mundo, e trouxe a faixa: "Senna, aceleramos juntos. O tetra é nosso".

O São Paulo perdeu a chance de ser novamente o melhor da América do Sul. Na final da Taça Libertadores da América, o time foi derrotado pelo Vélez Sarsifield por 1 a 0. No segundo jogo, o tricolor paulista conseguiu fazer 1 a 0 no Morumbi. Mas, nos pênaltis, os argentinos venceram por 5 a 3.

O Grêmio chegou ao seu segundo título na Copa do Brasil, contra o surpreendente Ceará (que, na semifinal, eliminou o não menos surpreendente Linhares, do Espírito Santo). Após empate sem gols em Fortaleza, os gremistas venceram o Ceará por 1 a 0 no Estádio Olímpico.

O Campeonato Brasileiro voltou a ter 24 clubes e o esquema de acesso e descenso. O regulamento foi um pouco discutível: os 24 clubes se dividiam em seis grupos de quatro e jogavam em turno e returno. Os 16 mais bem colocados se classificavam e jogavam contra todos, mas com a classificação dividida em dois grupos. Enquanto isto, os oito piores disputavam uma repescagem, na qual os dois últimos eram rebaixados e os dois primeiros iam para a fase final - quartas, semi e final.

A final foi mais uma vez entre paulistas. E o Palmeiras chegou ao seu quarto título, consagrando o time de Wanderley Luxemburgo formado por craques como Rivaldo, Edílson, Evair e Edmundo. As duas partidas foram no Pacaembu. Na primeira, Rivaldo (duas vezes) e Edmundo marcaram para o Palmeiras, com Marques descontando para os corintianos. Marques e Rivaldo fizeram os gols da segunda partida, e o 1 a 1 selou a conquista palmeirense.

Roberto Carlos estreou uma nova turnê. Patrocinado pela Brahma - que criou o slogan "Ele - o número 1" - Roberto estreou o show Luz em 3 de março, com o seguinte repertório:

Abertura
A montanha / Fé / A guerra dos meninos / Ele está pra chegar / Luz divina
Emoções
Cama e mesa
Outra vez
Mulher pequena
Olha
Festa de arromba / É proibido fumar / Lobo mau / O calhambeque
O côncavo e o convexo
Apresentação da banda
Símbolo sexual
Fera Ferida
Detalhes
Coisa bonita
O que será (À flor da pele)
Obsessão
Nossa Senhora
Cenário
Luz divina


Após o sucesso do encontro com Chico Buarque em seu Roberto Carlos Especial de 1993, RC incluiu O que será (À flor da pele) em seu repertório. Mas, como ele se perdia na letra de Chico, ela foi logo retirada. Na interpretação para Fera ferida, Roberto afirmou que estava cantando diferente das gravações dele, de Maria Bethânia e de Caetano Veloso.

O teor religioso foi o momento mais bonito desta turnê. Além do pout-pourri que começava o show, através de uma "mensagem". Durante Nossa Senhora, RC dizia: "que as bênçãos de Nossa Senhora caiam sobre todos, como uma cascata de luz". E uma cascata descia no palco, de maneira sensacional.

Infelizmente, Roberto não teria mais um amigo de fé para ajudá-lo em suas trajetórias de palco. Em dezembro de 1994, Ronaldo Bôscoli encerrou sua carreira aqui na Terra depois de lutar contra um câncer na próstata, deixando um "casamento a três" (Roberto, Miéle & Bôscoli) para a história.

Roberto Carlos recebeu mais uma homenagem do cenário musical. No LP Rei, foram reunidas várias gravações de roqueiros para a obra de RC. Alguns deles estiveram presentes no Roberto Carlos Especial, cantando suas versões para a safra de Roberto e Erasmo. O Skank cantou É proibido fumar, o Barão Vermelho cantou Quando e Cássia Eller interpretou Parei na contramão. Mais tarde, eles se juntaram a Roberto e Erasmo Carlos para cantar Lobo mau. O Tremendão também cantou as músicas Mesmo que seja eu e Pega na mentira.

A parte musical ainda trouxe a dupla Zezé di Camargo & Luciano, que apresentou a música Você vai ver e depois cantou com Roberto a música Sentado à beira do caminho e o cantor Fábio Jr., que depois de interpretar Alma gêmea, fez dueto com RC em Esqueça. Fábio havia feito uma leitura para o sucesso de Roberto do ano de 1966, e ela estava presente na trilha de A viagem, novela das 19h da TV Globo.

Assim como aconteceu no ano anterior, o especial deu destaque ao humor. Tom Cavalcante fez o papel de um fã de Roberto Carlos e, infiltrado, conseguiu subir ao palco para ficar ao lado de RC. Lá, ele fez imitações de Fagner, Maria Bethânia e Julio Iglesias.

Em seu programa de fim de ano, Roberto também apresentou músicas de seu novo disco. Eis o repertório:

LADO A

1 - Alô, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Quero lhe falar do meu amor, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

3 - O taxista, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Custe o que custar, de Édson Ribeiro e Hélio Justo

LADO B

1 - Jesus Salvador, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Meu coração ainda quer você, de Mauro Motta, Robson Jorge e Paulo Sérgio Valle

3 - Quando a gente ama, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

4 - Silêncio, de Beto Surian

5 - Eu nunca amei alguém como eu te amei, de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle

Em um disco feito basicamente com arranjos programados por computador, Roberto acrescentou mais um compositor à sua lista: Beto Surian, autor da bela Silêncio. Paulo Sérgio Valle apareceu como autor de duas faixas - Meu coração ainda quer você (em parceria com o produtor Mauro Motta e o instrumentista Robson Jorge) e Eu nunca amei alguém como eu te amei (tendo como coautor o maestro Eduardo Lages).

RC regravou uma canção de seu repertório - Custe o que custar, lançada em compacto e que depois se tornou uma das faixas da compilação San Remo 68 - com uma alteração na última estrofe. Em vez da original "Será, meu Deus, enfim, que eu não tenho paz", ele cantou "Somente em Deus, enfim, é que eu encontro a paz".

A religiosidade continuou presente, na faixa Jesus Salvador, uma letra cheia de fervor e de embasamento bíblico. O romantismo da safra de Roberto e Erasmo prosseguiu em Quando a gente ama e em Quero lhe falar do meu amor (esta última trouxe inspiração das músicas árabes).

Se em 1984 e em 1993, Roberto homenageou os caminhoneiros, 1994 foi o ano de valorizar outros artistas que trabalham sobre rodas. O motorista de táxi foi o personagem de O taxista. No refrão, RC cantava "não tô no palco, mas no asfalto eu sou um artista".

Mas o destaque foi a faixa que abriu o LP de 1994. Com excelente interpretação, Roberto desabafava pela insistência do telefone em tocar.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no show Luz.

Abraços a todos, Vinícius.

ALÔ - Roberto e Erasmo

Diga logo de uma vez o que você quer de mim
Não me torture mais
Não me faça mais sofrer
Insistindo em me dizer que pensa em mim demais

Quando você fica só e precisa ouvir a voz
De quem te ama
Não suporta a solidão, pega o telefone e então
Me chama

E quando eu digo alô, fala de amor
Às vezes chora e mexe com meu coração
Me faz pensar que ainda me ama e alimenta essa ilusão
Que acaba nas semanas que você me esquece

Quando eu penso que esqueci
O telefone entra rasgando a madrugada a enlouquecer
O coração dispara, a mesma história vejo acontecer
E atordoado eu digo alô, e é você

Diga logo de uma vez o que você quer de mim...

Quando você fica só
E precisa ouvir a voz de quem te ama
Não suporta a solidão, pega o telefone e então
Me chama

E quando eu digo alô
Fala de amor, às vezes chora e mexe com meu coração
Me faz pensar que ainda me ama e alimenta essa ilusão
Que acaba nas semanas que você me esquece

Quando eu penso que esqueci
O telefone entra rasgando a madrugada a enlouquecer
O coração dispara, a mesma história eu vejo acontecer
E atordoado eu digo alô, e é você...

E quando eu digo alô...

2 comentários:

James Lima disse...

1994 foi o ano mais bonito do século XX. E sabe porque? Porque eu nasci ! kkkkkkkkk

De qualquer forma, mais um ano maravilhoso para o Rei. O Especial de fim de ano foi um dos melhores, e "Alô" era suuuper bem tocada, né?

Bacana também que, nesse ano, o Roberto fez uma campanha publicitária para a Brahma.

Um Forte Abraço
James Lima
http://robertocarlosbraga.blogspot.com

Everaldo Farias disse...

Rapaz,

Em 19/04/1994, vi Roberto pela primeira vez em show! Fiquei boquiaberto, extasiado!

Alô foi muito tocada, e quando ouvi pela primeira vez fiquei maluco para comprar o disco que só sairia duas semanas depois.

Rapaz, esse ano foi belíssimo, o show luz era um megaevento! Ele falara que iria cantar Fera ferida como cantava em casa, era um momento intimista!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço a todos!