sexta-feira, 29 de maio de 2009
50 anos de emoções - 1979
Olá, amigos.
A série 50 anos de emoções continua sua saga, apresentando em cada post um ano de carreira de Roberto Carlos. Com o post de hoje, a série encerra mais uma década de RC.
O ano de 1979 trouxe alguns acenos pela paz. Os Estados Unidos e Portugal voltaram a ter relações diplomáticas com a China. Também em território norte-americano Egito e Israel assinaram um acordo de paz.
No entanto, neste ano o Irã voltou a pegar em armas. O governo dos xás ficava cada vez mais impopular, principalmente pela pressão vinda do Ocidente, e o Xá Reza Pahlevi foi deposto depois de 38 anos no poder. Em seu lugar, ascendeu ao poder o Aiatolá Ruhollah Khomeini, um líder xiita que instaurou o islamismo no país.
O Iraque também passaria por uma grave alteração política. O presidente iraquiano Hasan al-Bakr renunciou e, em seu lugar, chegou ao poder o vice-presidente Saddam Hussein. Era o início de uma longa ditadura iraquiana.
Em 28 de março de 1979, o mundo voltou suas atenções para a Pensilvânia, quando em Three Mile Island teve um grande acidente nuclear, no qual cinco mil habitantes ficaram contaminados pela radioatividade. O vazamento aconteceu devido a problemas elétricos e mecânicos na central nuclear de lá.
Em 15 de março, houve a última troca presidencial do ciclo dos militares. O general João Baptista Figueiredo assumiu a presidência, prometendo fazer do Brasil uma democracia. No dia 28 de agosto, ele sancionou a Lei da Anistia, que permitiu a volta de pessoas que tiveram seus direitos cassados durante o regime militar. Pessoas como Fernando Gabeira e Betinho tiveram permissão para regressar ao país. Em 22 de novembro, Figueiredo fez uma reforma política na qual permitiu o pluripartidarismo. A Arena e o MDB foram extintos.
O Campeonato Brasileiro de 1979 foi o último torneio a ser organizado pela Confederação Brasileira de Desportos. A FIFA havia determinado que haveria um desmembramento de todos os esportes, e o torneio passaria a ser organizado pela Confederação Brasileira de Futebol. Este campeonato entraria para a história como o mais inchado de toda história: foram 94 clubes a disputar o título de melhor do Brasil.
A forma de abrigar todos os clubes foi, na primeira fase, dividir 80 times em oito grupos de dez. Na segunda fase, 12 clubes de expressão começavam a participar do torneio, ao lado dos 44 clubes classificados da fase anterior. O campeão Guarani e o vice Palmeiras entraram só na terceira fase, quando 16 clubes se dividiram em quatro grupos e cada um dos vencedores do grupo ia para a semifinal. O regulamento apresentou uma situação curiosa: o Palmeiras ficou em terceiro lugar mesmo tendo jogado somente cinco partidas.
A final ocorreu nos dias 20 e 23 de dezembro, e consagrou o Internacional como o maior campeão da década, com três títulos nacionais. O time gaúcho foi campeão após derrotar o Vasco nas duas partidas finais - por 2 a 0 no Maracanã (com dois gols de Chico Spina) e por 2 a 1 no Beira-Rio (Jair e Falcão marcaram para o colorado e Wilsinho descontou para o Vasco). O Inter de 1979 entrou para a história como o único campeão invicto da história do Campeonato Brasileiro. Em 23 partidas, foram 16 vitórias em sete empates.
Convivendo com uma grave crise financeira, a TV Tupi tentou recuperar a audiência ressuscitando a época dos festivais de Música Popular Brasileira. O Festival de MPB foi organizado, e deu o primeiro lugar à música Quem me levará sou eu, de autoria de Manduka e Dominguinhos e interpretada por Fagner. No segundo lugar, Walter Franco foi premiado pela música Canalha, de sua autoria. E, em terceiro lugar, Oswaldo Montenegro começou a ser conhecido ao interpretar com José Alexandre sua canção Bandolins. O festival apresentou também músicas novas de Gilberto Gil (Palco, defendida pelo grupo A cor do som) e a fantástica Para Lennon & McCartney (dos irmãos Márcio e Lô Borges e de Fernando Brant), na voz de Simone.
Ao contrário da TV Tupi, a Rede Globo continuava sua ascensão, recebendo vários prêmios no exterior. O Roberto Carlos Especial daquele ano teve como tema o "circo eletrônico", forma de celebrar os 15 anos da TV Globo. Além de começar o programa visitando vários estúdios da emissora, RC dedicou blocos aos artistas da TV e recordou alguns números de especiais anteriores.
Num deles, o cantor abriu espaço para vários humoristas, contracenando com Jô Soares (no papel do Professor Sardinha), Agildo Ribeiro (que fez o Professor Pelophitas, enquanto RC fazia o papel da Múmia Paralítica), Chico Anysio (no papel de Salomé) e o grupo Os Trapalhões. Em outro, Roberto abriu espaço para misturar poesia e música, convidando os atores Francisco Cuoco, Paulo Gracindo, Dina Sfat e Vera Fischer para declamarem poemas de Vinícius de Moraes, Manoel Bandeira e Ronaldo Bôscoli.
RC também apresentou uma vertente de autor, contracenando com Christiane Torloni numa cena que mostrava o cotidiano de um casamento em crise. A cena foi sublinhada pela canção Às vezes penso, primeira música de seu maestro Eduardo Lages - com letra de Paulo Sérgio Valle - a ter gravação de Roberto Carlos. Supõe-se que a cena foi inspirada no casamento de Roberto e Nice, que havia se desfeito no ano anterior.
Na parte musical, RC cantou Detalhes tendo a companhia dos pianistas João Castro Martins e Arthur Moreira Lima. Pela primeira vez, ele dividiu os vocais com Maria Bethânia, num encontro que teve um dado raríssimo: foi a única vez que RC dividiu os vocais para interpretar uma canção que ele gravara originalmente para o LP daquele ano: Desabafo.
Do novo LP também foram apresentadas as canções Na paz do seu sorriso, Me conte a sua história e O ano passado.
No ano seguinte a homenagear sua mãe em Lady Laura, Roberto Carlos homenageou seu pai, o seu Robertino, na canção Meu querido, meu velho, meu amigo. No clipe da música, três gerações apareceram: Roberto Carlos com seu pai, Robertino, e seu filho, Segundinho.
O LP anual de Roberto Carlos trouxe dez músicas. A partir de 1979, seus discos de inéditas passariam a ter, no máximo, este número de canções. Eis o repertório:
LADO A
1 - Na paz do seu sorriso, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos
2 - Abandono, de Ivor Lancellotti
3 - O ano passado, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos
4 - Esta tarde vi llover, de Armando Manzanero
5 - Me conte a sua história, de Maurício Duboc e Carlos Colla
LADO B
1 - Desabafo, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos
2 - Voltei ao passado, de Mauro Motta e Eduardo Ribeiro
3 - Meu querido, meu velho, meu amigo, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos
4 - Costumes, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos
5 - Às vezes penso, de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle
Pelo terceiro ano consecutivo, Roberto Carlos abriu a voz para uma música de Armando Manzanero - a belíssima Esta tarde vi llover. Em meio às várias duplas de seus compositores (os constantes Maurício Duboc e Carlos Colla e Mauro Motta e Eduardo Ribeiro e os estreantes Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle), RC abriu espaço para uma música feita por um só artista: a triste Abandono, de Ivor Lancellotti.
O LP abriu com a doce Na paz do seu sorriso e teve uma nova canção que falava sobre ecologia: a primorosa O ano passado. Além de Meu querido, meu velho, meu amigo, Roberto e Erasmo assinaram Costumes, na qual RC falava sobre a dificuldade em esquecer coisas de um dia-a-dia de um casal.
Mas a canção mais marcante do LP veio através de um desabafo. A música que abre o lado B do disco de 1979 colocou o dedo na ferida de um homem que se vê sufocado em um relacionamento.
Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos no último ano da década de 1970.
Abraços a todos, Vinícius.
DESABAFO - Roberto e Erasmo
Por que me arrasto aos seus pés
Por que me dou tanto assim
E por que não peço em troca
Nada de volta pra mim?
Por que é que eu fico calado
Enquanto você me diz
Palavras que me machucam
Por coisas que eu nunca fiz?
Por que é que eu rolo na cama
E você finge dormir?
Mas se você quer eu quero
E não consigo fingir
Você é mesmo essa mecha
De branco nos seus cabelos
Você pra mim é uma ponta
A mais nos meus pesadelos
Mas acontece que eu
Não sei viver sem você
Às vezes me desabafo
Me desespero porque
Você é mais que um problema
É uma loucura qualquer
Mas sempre acabo em seus braços
Na hora que você quer
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2 comentários:
Vinícius, eu adoro Roberto Carlos desde muito nova, por influência da minha tia. Tô louca pra ver o show dele com as "divas" da música brasileira que vai ao ar domingo! :D
Bicho, adoro essa foto !
Quanto ao ano de 79, foi o especial que mais curti. Um dos mais completos: Traz o ator, o cantor e o compositor Roberto Carlos. Os quadros de humor também são nota 10 !
Em relação ao disco daquele ano, também um dos melhores da carreira do homem, e a capa então... Nem se fala.
Um Forte Abraço
James Lima
www.robertocarlos.vai.la
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