segunda-feira, 27 de abril de 2009

50 anos de emoções - 1963



Olá, amigos.

A série 50 anos de emoções traz um novo ano da carreira de Roberto Carlos. O blogue Emoções de Roberto Carlos está comemorando o cinquentenário de sua carreira refazendo anualmente sua trajetória até os dias de hoje.

Hoje é a vez de relembrarmos o ano de 1963. O ano no qual os Estados Unidos chegariam ao fim sem seu presidente. No dia 22 de novembro, John F. Kennedy foi assassinado com tiros disparados contra ele enquanto seu carro passava por Dallas. Na época, ele estava fazendo campanha para se reeleger na cadeira presidencial americana.

O mundo continuava a passar por novas mudanças no território africano, desta vez com a Guiné e o Cabo Verde querendo sua libertação de Portugal. No início do ano eclodiu a "Guerra de Libertação da Guiné-Bissau". O Iraque e o Vietnã também passaram por golpes militares. Em meio à busca pela paz, a igreja nomeou Giovanni Battista Montini como o Papa Paulo VI.

No Brasil, a tentativa de deixar o presidente João Goulart atado a um parlamentarismo (iniciada no ano anterior) deixou o país numa crise política, com vários nomes passando pelo cargo de primeiro-ministro (um deles seria Tancredo Neves, que fará parte da história algumas décadas depois). Diante da situação, foi realizado um plebiscito, que deu ao país o direito de continuar no regime presidencialista. Mas a história ainda mudaria, e isto será um dos assuntos para o próximo post.

O país passava por novas transformações em outras áreas. Na televisão, a TV Tupi realizou a primeira transmissão em cores, no formato NTSC - mas este tipo de transmissão se consolidaria a partir da década seguinte. Sua concorrente, a TV Excelsior, transmitiria neste ano a primeira novela diária da história da teledramaturgia: 2-5499 ocupado, texto original argentino adaptado por Dulce Santucci e protagonizada por Glória Menezes e Tarcísio Meira. Na parte das histórias em quadrinhos, Maurício de Sousa cria a personagem que o consagraria - Mônica.

E a beleza do Brasil teve destaque em dois momentos mundiais. A primeira delas veio através da gaúcha Ieda Maria Vargas. Ela trouxe para o Brasil o título de Miss Universo.

Em um cenário mais tradicional para o país, o futebol novamente encheu os olhos para todo o mundo. Pelé, Coutinho, Pepe e os demais jogadores do Santos trouxeram para o Brasil mais uma vez a honra de ter o melhor time da América do Sul e, em seguida, ser considerado "o campeão do mundo".

Em setembro, o Santos foi campeão da Taça Libertadores da América ao superar o argentino Boca Juniors - com uma vitória por 3 a 2 no Maracanã e outra por 2 a 1 no estádio La Bombonera. Na disputa pela Copa Intercontinental, o título veio mais difícil. Na primeira partida, em Milão, a equipe santista foi derrotada por 4 a 2 pelo Milan. No Rio, o Santos devolveu o placar de 4 a 2, o que forçou a um jogo-desempate. E novamente o Santos venceu no Maracanã, com o gol de Dalmo marcando 1 a 0 para o alvinegro praiano.

Em 1963, Roberto Carlos aderia definitivamente à "música jovem", contando histórias de brotos e de carrões, em letras maliciosamente deliciosas. E assim chegava ao seu primeiro sucesso em LP, trazendo no repertório as seguintes canções:

LADO A

1 - Parei na contramão, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

2 - Quero me casar contigo, de Carlos Alberto, Adilson Silva e Cláudio Moreno

3 - Splish splash, de Bobby Darin, com versão de Erasmo Carlos

4 - Só por amor, de Luiz Ayrão

5 - Na lua não há, de Helena dos Santos

6 - É preciso ser assim, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos

LADO B

1 - Onde anda o meu amor, de Hélio Justo e Erly Muniz

2 - Nunca mais te deixarei, de Paulo Roberto e Jovenil dos Santos

3 - Professor de amor (I gotta know), de Mart Williams e Paul Evans, com versão de Marcos Moran

4 - Baby, meu bem, de Hélio Justo e Tito Santos

5 - Oração de um triste, de José Messias

6 - Relembrando Malena, de Rossini Pinto

Aos poucos, Roberto também começava a ter em seu repertório nomes que figurariam em seus discos com frequência, como Helena dos Santos, o casal Erly Muniz e Hélio Justo, Luiz Ayrão e Rossini Pinto. Mas um deles seria fundamental em todas as suas décadas de carreira.

Apresentados alguns anos antes, Roberto e Erasmo Carlos iniciaram uma parceria que teria grandes serviços prestados à Música Popular Brasileira. A admiração por ídolos como Elvis Presley e, mais tarde, os Beatles, faria com que a afinidade entre eles ficasse mais forte a ponto de proporcionarem músicas.

Neste primeiro LP com a participação dele, a parceria ainda aparece timidamente. Os dois assinam a Bossa Nova É preciso ser assim, mas Erasmo é responsável pelos dois primeiros estouros de Roberto Carlos como cantor. Foi ele quem escreveu para RC a história do Splish splash, até hoje contada por todos os que ouvem Roberto.

E em 1963 veio a primeira parceria bem sucedida da marca Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Anunciada aos quatro ventos por Erasmo, que ao saber do sucesso do amigo de fé em São Paulo, gritou da janela: "Olha lá o Robertão tá em primeiro lugar em São Paulo com o Parei na contramão, e a música é minha!".

Sem parar na contramão, Roberto Carlos começava de vez um grande trajeto. Com muitas histórias para contar nos próximos posts desta série.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos em um raro momento tocando bateria.

Abraços a todos, Vinícius.

PAREI NA CONTRAMÃO - Roberto e Erasmo

Vinha voando no meu carro quando vi pela frente
Na beira da calçada um broto displicente
Joguei o pisca-pisca para a esquerda e entrei
A velocidade que eu vinha não sei
Pisei no freio obedecendo ao coração
E parei... parei na contra-mão

O broto displicente nem sequer me olhou
Insisti na buzina mas não funcionou
Segue o broto seu caminho sem me ligar
Pensei por um momento que ela fosse parar
Arranquei à toda e sem querer
Avancei o sinal... o guarda apitou

O guarda muito vivo de longe me acenava
E pela cara dele eu vi que não gostava
Falei que foi cupido quem me atrapalhou
Mas minha carteira pro xadrez levou

Acho que esse guarda nunca se apaixonou
Pois minha carteira o malvado levou
Quando me livrei do guarda o broto não vi
Mas sei que algum dia ela vai voltar
E a buzina desta vez eu sei que vai funcionar...

Um comentário:

Everaldo Farias disse...

Rapaz,

A discografia RC é tão fascinante, que outro dia, em um especial de rádio, ouvi Nunca mais te deixarei e me apaixonei por essa canção! Também gosto muito de Na lua não há, da saudosa Helena dos Santos!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço!