terça-feira, 28 de outubro de 2008

E Roberto Carlos cantou... - 12


Olá, amigos.

Com o post de hoje, este blogue encerra a série E Roberto Carlos cantou.... A série surgiu a partir de uma idéia do amigo Everaldo Farias, que disse ser interessante mostrar algumas canções que RC interpretou somente nos palcos (a série, publicada originalmente no fotolog /rei_rc, agora volta a ser publicada a partir da série O meu coração é como um palco, criada no Blog Roberto Carlos Braga, por James Lima). Para isto, foram pesquisadas listas de repertórios de seus shows a partir de 1970 (ano de A 200 km por hora, seu primeiro grande espetáculo na casa de shows Canecão) - bem, ao menos os inícios de temporadas de cada uma de suas empreitadas novas no palco.

A última música deste repertório mostra que já faz um tempo considerável que Roberto Carlos não inclui em seu cronograma musical canções que antes já não gravara anteriormente em estúdio - a exceção é restrita a apresentações realizadas no exterior, nas quais ele interpreta Aquarela do Brasil. Nos shows brasileiros, a última visita de RC a outros repertórios data do show Luz, de 1994.

Naquele início de ano (período no qual, inclusive, seus shows passaram a ser patrocinados pela cerveja Brahma - que se referia a Roberto como "Ele - o número 1"), RC decidiu cantar uma música que não era de seu repertório porque ela havia emocionado o público ao final do ano anterior. Em seu Roberto Carlos Especial de 1993, houve a luxuosíssima participação de Chico Buarque, e uma fantástica interpretação de uma das letras feitas para O que será? (o tema foi feito por Chico originalmente para o filme Dona Flor e seus dois maridos, dirigido por Bruno Barreto, e a partir da melodia, foram escritas três letras diferentes, com a intenção de pontuar a história baseada no livro de Jorge Amado).

Em homenagem ao artista que RC afirma ser "um dos maiores, senão o maior compositor de todos os tempos", a turnê Luz teve entre seus fachos o brilho de Francisco Buarque de Hollanda. No entanto, a música não durou muito tempo no repertório do show. Na época, Roberto disse que se perdia muito na letra, e que a solução foi sacrificá-la alguns shows depois da inclusão.

Uma pena, pois a magia da letra de Chico fica ainda mais extensa na voz de Roberto. E, nesta música, certamente, ocorre um magistral momento de encontro entre compositor e intérprete, mas que prossegue inédito em estúdio.

Segue a letra! Na foto, Roberto e Chico no Roberto Carlos Especial de 1993.

Abraços a todos, Vinícius.

O QUE SERÁ? (À FLOR DA PELE) - Chico Buarque

O que será que me dá?
Que me bole por dentro, será que me dá?
Que brota à flor da pele, será que me dá?
E que me sobe as faces e me faz corar...

E que me salta os olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar

O que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita...

O que será, que será
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardante que não sacia

Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia

E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite...

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar

Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar

E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi um momento muito especial esse encontro entre o Rei e o Chico Buarque.
Beijos,
Leda Martins.

Diego Bachini Lima disse...

eu tenho esse arquivo em mp3... realmente um momento histórico Vinícius. Parabens Pelo Blog, muito bom...
Diego Bachini Lima (RCI; RCB)