domingo, 27 de junho de 2010

Parada da Copa




Olá, amigos.

Este que vos escreve está enrolado à beça escrevendo textos da Copa do Mundo, no blogue O tempo e o placar... e na página eletrônica Almanaque Virtual. Por isto, o Emoções de Roberto Carlos será como os clubes de todo o mundo e vai ter uma parada para a Copa do Mundo.

Depois de 12 de julho, estaremos de volta!

Abraços a todos, Vinícius.

domingo, 20 de junho de 2010

A simplicidade de um Rei.



Olá, amigos.

Está sacramentado. Em 2011, a Sapucaí faz Roberto Carlos dar samba, 25 anos depois da Unidos do Cabuçu levar Roberto Carlos no reino da fantasia . A Beija-Flor de Nilópolis, escola de coração de RC, levará pra avenida A simplicidade de um rei.

Não há muito por falar. É bom deixar que a sinopse da escola diga tudo o que espera Roberto Carlos em fevereiro.

Abraços a todos, Vinícius,

*****

Me leva meu sonho em viagem, por uma estrada colorida, onde o tempo pede passagem e carrega, em sua bagagem, as lembranças que eu trago da vida.
E lá vou eu, bem longe, além do horizonte, vivendo esse momento lindo, a reconstruir meu castelo de sonhos entre emoções, como quem chora sorrindo.

Olha dentro dos meus olhos e vê quanta lembrança que na distância do tempo guardei. Ah! Como o tempo passa, é como se o trem que me trouxe, voltasse e dissipasse a fumaça, e eu então retornasse pras coisas que eu deixei.

Meu pequeno Cachoeiro, essas terras entre as serras, doce terra onde eu nasci, te confesso, você é a saudade que eu gosto de ter, e que mora pra sempre em mim; é como sentir você bem perto, é como estar desperto pra ver tudo igual como era antes, que nada se modificou, e ouvir de novo as águas cantantes do meu Itapemirim.

E é assim que o pensamento voa, vagueia assim, à toa, e até parece que eu voltei... Voltei a ser criança, a ser “Zunga” outra vez. Ah! Sentimento bem vindo... Vejo o meu cachorro me sorrir latindo, estou em frente ao portão, eu voltei, pra viver o sonho mais bonito que um dia alguém já sonhou, e sentir que o sol que atravessa essa estrada jamais se apagou.

Me vejo menino, correndo aos braços de minha mãe, pro seu abraço, e no carinho e afago, me envolver num laço, e adormecer, como sempre eu fazia. Olhar meu pai, e seus cabelos brancos, seu rosto marcado, a disfarçar o cansaço com um sorriso franco das verdades da vida e ouvir as suas histórias, lições que me fizeram crescer e, do jeito simples a esconder as dificuldades, tentando encher minha vida de fantasia ao enfeitar as coisas que eu via.

Ah! Quem dera... Poder fazer desse tempo, uma eterna primavera, desabrochar em flor pra sempre, o flamboyant no meu quintal, e deitar à sua sombra, e sentir aquela brisa mansa, que sopra enquanto lança o perfume do laranjal.

Vai e vem na minha mente, esse vento do tempo, e traz as ondas do rádio que um dia me embalaram ao som de tangos e boleros, velhos tempos... Belos dias...Onde o meu sonho crescia nas cordas de um violão. Hoje relembro e refaço aquela despedida, nas lágrimas soltas na estação, a partir na promessa de uma volta, como todos que um dia se vão e assim, na lembrança, colar os cacos do meu coração, me redimir e repartir essa dor e a saudade, nos versos de uma canção.

Assim, como naquele dia, eu me vejo, com aqueles olhos tristes, porém cheios de esperança, buscando encontrar a sorte, todas as coisas que um dia eu sonhei pra mim, e me deixo levar em ritmo de aventura, nas batidas do meu coração, igual a quando aqui cheguei, nesse Rio de Janeiro, no seu abraço aberto, hospitaleiro, na transviada inquietude daquela louca juventude, que andava na contra-mão.

Até parece que foi ontem... Aquelas tardes de domingo, de guitarras eletrizantes, que ecoavam como o ronco barulhento dos carangos, incendiando a multidão; era um ritmo alucinante e quente, o rock’n roll envolvente, uma brasa a aquecer meu coração... E eu que sempre fui tão inconstante, te juro, bicho, me rendi àquela paixão...

E não adianta nem tentar esquecer, o que durante muito tempo em minha vida passou a viver... Eu me lembro com detalhes, a velha calça desbotada, a jaqueta encouraçada e a brilhantina no cabelo. Meu mundo girava no vinil da vitrola, vivia voando no meu carro, à 120 por hora, a velocidade andava junto a mim, e sem saber quando, nem pra onde, me levava ao espaço, como “Sputnik” pelo ar.

Nas curvas e esquinas da vida, encontrei amigos, parceiros da mesma viagem, e seguimos juntos a mesma estrada, como bons companheiros, amigos de fé, irmãos camaradas, que eu não esqueço jamais. Aquele era o meu momento, nascia um novo tempo, agitando o mundo ao som do Iê Iê Iê, e com ele, um movimento: a Jovem Guarda, que assim, como do nada, me coroou o seu rei.

E eu então, me perguntava:

-Que rei sou eu?

Que rei que nada;.. Eu sou terrível! Um lobo mau, um negro gato de arrepiar, talvez um gênio... Nem pensar! Basta ver os erros do meu português ruim...

Avancei sinais, vivi em festas de arromba e, pra conquistar garotas, dispensei meu cadilac, me rendi a um calhambeque, fui o bom no Splish Splash dos beijos roubados no cinema, de garotas papo firme, namoradinhas dos amigos e dos brotos no portão... Foi quando me lembrei do passado, do romântico apaixonado que eu era, do meu velho violão, e da simplicidade de dizer ‘Eu Te Amo’ com a voz do coração.

Assim então, assumi meu reinado e proclamei, como um brado a esquecer a tristeza e ter a certeza de que a felicidade um dia vem, que daqui pra frente, tudo vai ser diferente, e que eu quero que vá tudo... Tudo pra quem ama com ternura, tudo, pra tudo que se quer bem.

Eh!... Esse mundo dá voltas... E, numa delas, lá ia eu e meu sonho viver, era uma força estranha, uma voz tamanha que me levava a cantar, a atravessar fronteiras, a romper barreiras, ‘parlando’ italiano a ‘Canzone Per Te’; e foi assim, de mansinho, que San Remo todinho, viu e ouviu o amor vencer.

Senti então, que esse amor fala uma só linguagem, e faz o sonho acontecer... E assim contei histórias de romances, de amadas e amantes, o amor infinito, puro, sem medida, incontido; sentimento sem dia, sem hora ou lugar pra nascer, o que não sai de moda, é moderno, mesmo que seja à moda antiga, é eterno, um constante amanhecer.

E assim afaguei em meus versos, mil mulheres, enxergando a beleza de todas as formas e proporções, foram tantas, foram todas, tantas rimas, em tantas canções.
Desvendei caminhos, procurei atalhos, como a abelha necessita de uma flor e na sede de amor, bebi das paixões desenfreadas, por metáforas descrevi o côncavo e convexo, o sexo como cavalgada. Me vi em desalinho, a fazer ninho nos lençóis macios, a deixar marcas sem me importar com a desordem de tanto amar, entre os botões que se desatam e se abrem em braços que se abraçam e se enlaçam no céu do êxtase, mudando estrelas de lugar.

E então, desse infinito universo de prazer, me abastecendo de brasilidade, viajei na verdade da vida do meu povo, de cada palmo desse chão; no dia-a-dia da cidade, na lida pra ganhar o pão.

Fiz da canção a passageira no táxi das nossas ruas; no campo foi ela a companheira, tangendo em moda de viola, nas veredas desse sertão, e fui presente na saudade que roda e rola no coração disparado, no pára-choque estampado, todo dia nessa estrada, a contar horas de ansiedade na boleia de um caminhão.

Fiz da minha voz, um grito de alerta à consciência dos seres humanos a zelar pela natureza, e usei a poesia em defesa do céu, da Terra e do mar; fiz chegar àqueles que estão surdos, a mensagem, que o progresso, às vezes absurdo, tantos males nos traz, e que é preciso saber viver, que a razão precisa entender enquanto há tempo e passar a seguir o exemplo: ser civilizado como os animais.

É meu irmão, nessa vida são idas e vindas que me levam na brisa do vento, no fluxo das marés em movimento, a algum lugar bonito e tranqüilo pra gente se amar, pois de que vale o paraíso sem amor?... E continua a viagem e mergulho livre num oceano de desejos, a singrar ondas de emoções, a flutuar num mar de rosas, como navegante dos sentimentos, comandante de tantos corações.

E por fim, essa fé que me faz otimista demais, me fez subir a montanha, a dispor do alto, minha voz à voz de Deus, a fazer do meu cantar, uma oração para a humanidade, a descobrir no verbo, a sua essência e sua verdade, a tornar-me um instrumento mensageiro de paz e de boa vontade.

Não, eu não sou rei... Mas acho que me tornei amigo do Rei, o Rei dos reis, esse ser de luz, a claridade que faz com a sua simplicidade, a força que me conduz.
São tantas emoções já vividas, detalhes de uma vida, histórias que eu contei aqui. E se hoje você me faz seu enredo, é talvez, a maior das emoções dessa minha vida, a qual, com palavras, não sei dizer, mas quero sim, abrir meus braços num abraço e em suas asas, Beija-Flor, me entregar e agradecer, e assim poder definir com singeleza, como é grande o meu amor por você!

E se não há nada pra comparar, deixa o seu samba explicar, esse puro sentimento, que só o coração pode falar. Agora eu sei o que é ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar...

Canta Beija-Flor! Pois seu canto acenderá ainda mais essa chama, essa aura azul e branca que te encanta, que te dá força, fé e esperança, que ilumina o sorriso de suas crianças, anjos de guarda da sua herança, essa luz que cobre como um manto essas “nossas senhoras”, Marias, mães baianas do samba.

Que os céus as abençoem, e que derramem por todo o seu povo essa luz que do amor emana e inflama o mundo através da nação nilopolitana, uma luz divina e que assim se traduz:

Uma luz que nos une e se funde numa só luz, que nos traz a simplicidade e a paz do verdadeiro Rei, a paz do Nosso Rei Jesus.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 2000




Olá, amigos.

Com o post de hoje, a série O nosso amigo Erasmo Carlos chega ao fim. Nos últimos dias, a forma de homenagear o amigo de fé e irmão camarada de Roberto Carlos por seus 50 anos de carreira foi recordar sua discografia por década.

E os ANOS 2000 ficaram marcados por uma discografia de Erasmo... sem Roberto. Desde o falecimento da esposa Maria Rita, RC reduziu consideravelmente o número de composições inéditas a cada ano, e as canções de amor ele passou a assinar sozinho (casos de Pra sempre, Amor sem limite, Acróstico, O grande amor da minha vida, dentre outras). A parceria entre Roberto Carlos e Erasmo Carlos apareceu timidamente nas músicas inéditas gravadas por RC - Tu és a verdade, Jesus em 2000, Seres Humanos em 2002, O Cadillac em 2003 e Arrasta uma cadeira em 2005. Mesmo assim, os dois continuaram dividindo o palco nas edições do Roberto Carlos Especial - em 2003, 2004, 2006 e no show especial de 50 anos de Roberto Carlos no Maracanã no ano de 2009.

Mais acostumado a dividir canções com outros autores durante sua carreira - Rick, Ritchie e Narinha foram alguns durante sua trajetória musical - Erasmo Carlos não só escreveu algumas músicas sozinho como também abriu espaço para outras parcerias. No disco Pra falar de amor, de 2001, ele escreveu com Marisa Monte e Carlinhos Brown a canção Mais um na multidão (a gravação teve participação de Marisa). O maestro José Lourenço foi coautor na canção Ela conversava com olhar. E só de Erasmo vieram as canções Seu bicho de estimação, Outernet, Vivendo de sonhos, Quem vai ficar no gol?, Desenho animado e A família, todas com a leveza e a levada rock que marcou sua trajetória musical. Erasmo também fez uma leitura para Qualquer jeito, versão de uma música americana que ele e RC fizeram para a cantora Kátia gravar. Na lista de compositores, vieram os nomes de Kiko Zambianchi (O impossível), uma passagem pelos anos 80 (com Fecha a porta, da dupla Dalto e Cláudio Rabello) e a reverência à nova geração, com a gravação de Pra falar de amor, música de Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos.

Logo no ano seguinte, a Abril Music (gravadora pela qual lançara Pra falar de amor) lançou Erasmo Carlos ao vivo, registro de show no formato de CD duplo e de DVD. O show contou com a participação de Kiko Zambianchi no dueto de O impossível e foi uma completa retrospectiva de sua carreira. A Jovem Guarda, presente em A pescaria, Eu sou terrível, Você me acende e num pout-pourri que enumerava Festa de arromba, Terror dos namorados, Splish splash, Vem quente que eu estou fervendo. Os sucessos indispensáveis, como Sentado à beira do caminho, Gatinha manhosa e Sou uma criança, não entendo nada. Os anos 80, com Mulher, Minha superstar, Mesmo que seja eu e Pega na mentira. E o destaque a canções menos lembradas de sua discografia - Análise descontraída, Panorama ecológico, Turma da Tijuca, Meu mar e Vida blue.

Três anos depois, Erasmo Carlos voltou aos estúdios num disco extremamente autoral. Foram 12 canções assinadas somente por ele no disco Santa Música, da Indie Records. A capa trazia uma Bíblia aberta na qual aparecia uma partitura. Além da faixa-título, destacam-se Tim, bem-humorada música em homenagem a Tim Maia, a introspectiva No olho do furacão e Lero-lero, música que se tornou tema de abertura da novela A lua me disse, exibida no horário das 19h da TV Globo.

Em 2007, Erasmo voltou a ser o anfitrião de uma festa musical. Em seu Erasmo Carlos convida - Volume II, veio uma nova leva de leituras de canções assinadas por ele que fizeram sucesso em sua voz ou na voz de Roberto Carlos (a quem foi dedicado o disco). Nos vocais, desde contemporâneos como Chico Buarque (Olha) e Milton Nascimento (Emoções), passando pela geração seguinte à dele, como Djavan (De tanto amor), Lulu Santos (Coqueiro verde), Zeca Pagodinho (Cama e mesa), e Simone (Vou ficar nu pra chamar sua atenção), representantes do fim dos anos 80 e início dos 90, como Marisa Monte (reunindo a Não quero ver você triste declamada por RC com o Tema de Não quero ver você triste feito por Mário Telles) Kid Abelha (O portão), Skank (A banda dos contentes) e Adriana Calcanhotto (Ilegal, imoral ou engorda) e uma participação interessantíssima do grupo Os Cariocas na música Pão de açúcar. Além do disco, lançaram um DVD com trechos do making of do excelente projeto.

E em 2009, Erasmo Carlos lançou um disco no qual explicitou sua grande paixão musical. Rock'n roll traz uma safra inspiradíssima de canções assinadas apenas por ele (Jogo sujo, Cover, Olhar de mangá, Vozes da solidão e Encontro às escuras) ou em parcerias muito bem-sucedidas com nomes como Nando Reis (Um beijo é um tiro e Mar vermelho), Chico Amaral (Noite perfeita e A guitarra é uma mulher), Nelson Motta (Chuva ácida e Noturno carioca), além de Celebridade, uma irresistível sátira ao mundo de modelos e atrizes nos dias de hoje, na parceria com Liminha e Patricya Travassos.

Ainda no ano passado, Erasmo Carlos lançou Minha fama de mau, um livro no qual conta "causos" de sua infância, de seu início de carreira musical e dos amigos que fez na música. Ah, claro, há um capítulo inteiro apenas com histórias envolvendo Roberto Carlos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos encerra com uma das canções mais inspiradas de Rock'n roll. A genialidade do nosso amigo é tanta que numa canção ele reúne Frida Kahlo, Fernanda Montenegro e Margie Simpson. Todas unidas pelo "olhar de mangá".

Segue a letra! Na foto, uma prova de que não é apenas Roberto Carlos que pode chamá-lo de "o meu amigo Erasmo Carlos". Este que vos escreve também conseguiu este privilégio no dia do lançamento do livro Minha fama de mau.

Abraços a todos, Vinícius.

OLHAR DE MANGÁ
- Erasmo Carlos

Quando a mulher ciente da beleza
Encara a natureza e vira Iemanjá
Seduz o coração do homem
Com a tentação do seu olhar de mangá

Foi assim com Lilith
Primeira com os olhos de pidona
Brigite e Marilyn
Gisele, Vera Fischer e Madonna

Bem mais do que quinze minutos de glória
O olhar ficou na historia escrito em neon
É sexo feito com os olhos
Um miniorgasmo disfarçado em frisson

Foi assim com Lilith
Primeira com os olhos de pidona
Luana e Rita Lee
Dalila, Malu Mader e Fiona

Quero que um olhar igual a esse
Se detenha em mim
Que mexa com meus sentimentos
Me possua até o fim

Enquanto esse olhar não acontece
Eu fico por aqui
Mas sinto que ele está por perto
Azarando por aí

E lá em cima, no jardim do Éden
Os deuses já de porre brindam com Maná
A grande sacanagem na Terra
Tudo por causa do olhar de mangá

Foi assim com Lilith
Primeira com os olhos de pidona
Medusa e minha mãe
Xuxa, Fernandinha e Fernandona

E segue a maratona...

Paula Toller, Lady Di, Iracema
Dona Flor, Cicarelli, Wanderléa
Pitanga, Calcanhotto e Madalena

Grace Kelly, Rosemary, Luluzinha
Juliana, Barbarella, Angelina
Frida Kahlo, Capitu e Messalina

Simone, Salomé, Mata Hari, Beth Davis
Marina, Martha Rocha e Monalisa
Patrícia, Marisa Monte, Esmeralda, Marília Pêra

Bethânia, Sharon Stone, Margie Simpson
Ivete, Gal, Bibi Ferreira
Janis Joplin, Halle Berry, etcétera...

Todas com os olhos de pidona...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 90



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos apresenta mais uma década da carreira artística do parceiro de Roberto Carlos. Uma passagem pela discografia do Tremendão é a homenagem deste blogue a seus 50 anos de carreira, celebrados neste 2010.

Mas os ANOS 90 da carreira de Erasmo Carlos trouxeram as consequências da segunda metade da década anterior. Ao se comprometer em lançar discos no mesmo ritmo de seu parceiro Roberto Carlos, Erasmo acabou colecionando insucessos comerciais e viu boas inspirações serem desperdiçadas por não compor com tanta rapidez.

Algum tempo depois de a SBK lançar Sou uma criança, a gravadora foi fechada, e Erasmo Carlos passou um tempo aparecendo somente como coautor de músicas dos discos de Roberto Carlos. Somente em 1992, ele conseguiria chegar a uma gravadora.

Naquele ano, Erasmo Carlos foi contratado pela Sony Music, mesma gravadora de Roberto Carlos, e voltou a lançar um LP. Homem de rua chegou às lojas tendo como maior promessa a regravação de A carta, na qual Erasmo dividia os vocais com o cantor Renato Russo.

Mas logo a faixa-título passou a ter mais destaque, por ter sido incluída na novela De corpo e alma, escrita por Glória Perez para o horário das 20h30 da TV Globo. No entanto, o destino sepultou esta música. Ela era o tema do personagem Bira, vivido por Guilherme de Pádua. Em 28 de dezembro de 1992, na saída das gravações da novela, Guilherme assassinou sua colega de cena, a atriz Daniella Perez (filha de Glória, e que fazia o par romântico de Bira, Yasmin), a 18 golpes de tesourada. O crime, cometido com a ajuda da esposa dele, Paula Thomaz, chocou o país e, além do personagem desaparecer, não havia mais clima para Erasmo Carlos incluir a música nos shows.

Mas não foi só este episódio que selou o destino do LP. A má vontade da Sony Music em divulgá-lo foi imensa. Segundo Erasmo, prometeram um clipe de A carta com ele e Renato Russo, mas nada ficou concreto. As outras faixas também não davam margem a muita coisa. De músicas assinadas por ele e Roberto Carlos vinham também as inéditas Deixe-me outro dia e Fases da lua e uma regravação de Fera ferida. No lado intérprete de Homem de rua, mais uma vez veio uma excelente lista de compositores - além de Raul Sampaio e Benil Santos em A carta, tiveram presença Jorge Ben (agora Jorge Benjor, autor de A namorada), Gilberto Gil (O jornal), as duplas Márcio Greyck e Cobel (Até quando) e Sá e Guarabyra (A terra é dos homens), além de uma versão para Nikita, sucesso de Elton John, que no português se tornou Moscovita, música com ecos políticos em época de derrocada do socialismo e dissolução da União Soviético.

Erasmo Carlos voltou a ter destaque na crítica musical três anos depois, quando foram celebrados 30 anos do início do programa Jovem Guarda. Sua festa de arromba voltava a acontecer, presente no rádio, na televisão e nos jornais. Em vez do cinema, o registro fonográfico de Erasmo apareceu numa coletânea intitulada 30 anos de Jovem Guarda - Os reis do iê-iê-iê, reunindo desde nomes tarimbados do movimento, como Wanderléa, Martinha, The Fevers, Os Incríveis, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso e Os Vips até nomes menos ligados a ele, como Sérgio Reis, Marcos Roberto, Zé Ricardo e Vanusa. Como Roberto Carlos não participou, sua participação foi suprida por Caetano Veloso. O convidado tropicalista fez uma releitura ótima de O calhambeque . Erasmo participou nos cinco discos, com regravações de Festa de arromba, O caderninho, Minha fama de mau, Vem quente que eu estou fervendo e Gatinha manhosa.

Em 1996, Erasmo Carlos voltou a lançar um disco pela PolyGram. Com o sugestivo nome de É preciso saber viver, e tendo na foto a companhia de seu neto Rafael, Erasmo mostrava que estava num período de recomeço, de renovação. E recorreu a antigas canções gravadas originalmente por ele ou por Roberto Carlos. Das 14 faixas, apenas uma não teve sua autoria - Como é grande o meu amor por você, assinada só por Roberto.

O grande destaque deste disco foi a música de abertura. Do fundo do meu coração, lançada originalmente em 1986 por Roberto Carlos, voltava num ritmo mais leve 10 anos depois, e Erasmo dividia os vocais com a cantora Adriana Calcanhotto. Além desta faixa, a gravação de Detalhes teve certo sucesso por estar na trilha da novela Vira lata. Mas o fracasso da trama de Carlos Lombardi para as 19h da TV Globo não poupou nem aquela que é considerada a obra-prima de Roberto e Erasmo.

O disco soou como uma agradável compilação de músicas que Erasmo decidiu reler por ter carinho por elas. Abra seus olhos, Fases da lua, Grilos, A pescaria, Vou ficar nu pra chamar sua atenção, É preciso saber viver, Amar pra viver ou morrer de amor, Joia, Amores indecisos, Geração do meio e História dos meus sonhos fazem parte da lista.

Este seria seu segundo e último disco solo na década de 1990. Mas ainda viria muita renovação para o artista no século XXI. Panorama previsível para um artista que sabe amar pra viver ou morrer de amor, como disse em 1982 e disse de novo em 1996.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no Roberto Carlos Especial de 1998. Nesta década, o Tremendão marcou presença em todos os programas.

Abraços a todos, Vinícius.

AMAR PRA VIVER OU MORRER DE AMOR - Roberto e Erasmo

Vamos reviver nativos sentimentos
Vamos editar os bons momentos
Depois passar o filme por aí

Vamos evitar veneno em nosso vinho
Não deixar que as setas se embriaguem
Do sangue que semeia nosso chão

Guerra, mas só se for
Guerras de amor
Mísseis de flores, flores, flores
Bombas de isopor

De repente, mergulhar com otimismo
E nadar nas águas turvas do abismo
Evitar que mais de mil persigam um só
Viemos do mesmo pó
Fim ao desamor

Amar pra viver
Ou morrer de amor

Amar pra viver
Ou morrer de amor...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 80



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos chega a mais uma década de seus 50 anos de carreira. A trajetória do parceiro de Roberto Carlos ganhava um ritmo mais pop, mas prosseguia fiel ao rock e ao romantismo nas suas canções.

1980 foi o ano de um projeto musical ambicioso: Erasmo Carlos convida. Erasmo regravou músicas de sua autoria (incluindo algumas gravadas somente por Roberto Carlos) recebendo um convidado a cada faixa. Sua lista trouxe artistas que foram contemporâneos (Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Rita Lee, Caetano Veloso, Nara Leão), músicos da nova geração (os grupos A Cor do Som e Frenéticas), amigos dos tempos da Tijuca (Tim Maia e Jorge Ben) e os parceiros e amigos musicais Wanderléa e Roberto Carlos.

A gravação de Erasmo Carlos e Roberto Carlos para Sentado à beira do caminho ficou tão marcante que eles sempre a repetem em especiais de RC exibidos pela TV Globo. E na vitrola, uma lista de sucessos assinados por Erasmo, como Detalhes, Café da manhã, Cavalgada, Na paz do seu sorriso, Além do horizonte, Sou uma criança não entendo nada, Se você pensa, O comilão, Mané João, Minha fama de mau e Quero que vá tudo pro inferno. O disco rendeu um especial da TV Globo, que teve também as participações do grupo humorístico Os Trapalhões, de Narinha e dos filhos de Erasmo.

No ano seguinte, veio mais uma safra de sucessos. O LP Mulher trouxe uma bela homenagem ao "sexo frágil", na faixa-título que Erasmo assinou com Narinha. O pop romântico prosseguiu nas faixas Minha superstar e na regravação de Gatinha manhosa, e houve espaço também para músicas dedicada a seus filhos - Primogênito e Filho. Mas, ao lado de Mulher e Minha superstar, o grande destaque foi a bem-humorada Pega na mentira.

Amar pra viver ou morrer de amor foi o refrão que Roberto Carlos deu a Erasmo para o título de uma música, e o parceiro agradeceu tanto que batizou o LP de 1982 com este nome. Infelizmente, o disco não teve tanta repercussão, e ficou no esquecimento uma homenagem às estradas antes de Caminhoneiro - Filosofia de estrada. Meu boomerangue não quer mais voltar receberia uma versão de Xuxa, cantora e apresentadora que ainda estava em ascensão, mas as inspiradas Geração do meio e História dos meus sonhos pararam à beira do caminho. Afinal, o sucesso de Mesmo que seja eu foi avassalador.

Erasmo Carlos voltaria ao estúdio dois anos depois. Assim como no LP anterior, Buraco negro teria um destaque capaz de ofuscar todas as outras faixas: a irreverente Close, que contava a história de uma mulher capaz de atrair o olhar de todos os homens, mas na verdade se tratava de um travesti. O sucesso trouxe uma consequência incômoda, pois as revistas de fofoca começaram a espalhar que Erasmo estava tendo caso com a atriz transexual Roberta Close (e o nome do disco não ajudava muito a desmentir). De sua autoria, Erasmo gravou Esse imenso fliperama, a nostálgica Turma da Tijuca, Nara e O pulo da gata - as três primeiras com RC e a última com Narinha. O LP não muito conhecido traz uma rica safra de compositores - Caetano Veloso (Comeu), Gilberto Gil (Indigo blue), Gonzaguinha (Sementes do amanhã), Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes (Homem lobo lunar) e Lulu Santos e Nelson Motta (Boba).

1985 foi um ano conturbado na vida de Erasmo Carlos - ele estava se separando de Narinha, nas palavras dele "em um clima brabíssimo". Isto se refletiu em seu LP (um dos poucos a ter como título somente Erasmo Carlos). As canções assinadas em parceria com RC trouxeram como tema discussões amorosas - como Nação dividida, Senhora e Negue. Através de outros compositores, vieram bons momentos em letra e música, com Manchas e intrigas, de Kiko Zambianchi, e Nova mulher, de Tavito. Mas, como é costume em "coisa de cara separado", a alegria veio através dos filhos. Com a ajuda de Rodrigo e Gil Eduardo, Erasmo escreveu Orgasmo calmo, trazendo só trocadilhos com nomes próprios (dentre eles, o título da canção, uma versão irreverente para Erasmo Carlos). E os filhos Léo e Gugu participaram da regravação de Haroldo, o robot doméstico.

Mesmo com o insucesso do ano anterior (e a apresentação conturbada no Rock In Rio, quando marcaram seu show para abrir um espetáculo de metaleiros, gerando muitos dissabores), a PolyGram insistiu para que Erasmo fizesse mais "lentinhas pra tocar no rádio" em 1986, impondo a ele o mesmo ritmo de lançamentos de Roberto Carlos. E somente a faixa-título Abra seus olhos e a música Coração de jovem (assinada por Leno, que foi tema da novela Brega & chique, da TV Globo) tiveram destaque nas rádios. Além de Leno, Paulinho Soledade e as duplas Ed Wilson e Ronaldo Bastos e Nico Rezende e Ronaldo Bastos foram os compositores gravados. Num disco que trouxe como convidados Eduardo Dusek (numa versão nova e ampliada de Análise descontraída, de 10 anos antes) e Leila Pinheiro (em Samba-rock), o romantismo assinado por Roberto e Erasmo não trouxe outras músicas de impacto (Amores indecisos, Rico sem dinheiro, Tantas noites e O resto é blá-blá-blá foram assinadas pelos dois). De curioso no LP Abra seus olhos, vem o lado humorístico das canções de Erasmo, na denúncia a falsos amigos de celebridades de Papagaio de pirata (parceria de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e do produtor musical João Augusto) e na hilária Rádio Patroa, música de Luiz Carlini.

1988 foi um ano simbólico na carreira de Erasmo Carlos. O nome Apesar do tempo claro... veio de um verso da música 100% de chance de chover, assinada por Cecelo, e foi marcado por um disco no qual o cantor afirma ter gravado tudo o que apareceu para gravar. Pela primeira vez, as 10 músicas de um disco que ele lançou jamais foram relembradas. Nem mesmo as canções assinadas com Roberto - Mulher moda (homenagem a Malu Mader), Fulana e a engajada Feijoada de país. O disco que ainda trouxe na lista de compositores nomes de Marcos Valle, Carlos Colla, Evandro Mesquita e Cláudio Rabello foi o último de Erasmo na PolyGram. A gravadora enviou uma carta dizendo que não mais contaria com ele em seu elenco.

Erasmo Carlos terminou a década de 1980 em nova gravadora - a pequena SBK - e recorrendo aos velhos tempos e belos dias. O LP Sou uma criança traz seu primeiro LP ao vivo, no qual o cantor reencontrou sucessos da Jovem Guarda como Gatinha manhosa, O caderninho, Você me acende, Vem quente que eu estou fervendo e Eu sou terrível e mesclou com sucessos da década de 1970, como Sentado à beira do caminho, Filho único e Sou uma criança, não entendo nada. O show, gravado no Golden Room do Copacabana Palace, teve participações de Léo Jaime, Kid Abelha e João Penca e Seus Miquinhos Amestrados. Festa de arromba ficava atual, com músicos da "jovem guarda" do rock brasileiro.

Erasmo experimentara o doce e o amargo da carreira artística nos anos 80, mas não se pode dizer que foi uma década perdida para ele. Afinal, "antes mal acompanhado do que só", e ainda havia muita música para ser tocada nas próximas décadas.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no Roberto Carlos Especial de 1984.

Abraços a todos, Vinícius.

MESMO QUE SEJA EU - Roberto e Erasmo

Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão, meu bem
Quando acordou estava sem ninguém

Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão...

Com a força do meu canto
Esquento seu quarto
Pra secar seu pranto
Aumenta o rádio
Me dê a mão

Filosofia é poesia
É o que dizia a minha a vó
Antes mal acompanhado do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu

Um homem pra chamar de seu
Mesmo que seja eu...

Um homem pra chamar de seu
Mesmo que seja eu...

sábado, 12 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 70



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos continua, apresentando mais uma década artística do parceiro de Roberto Carlos. Esta é a homenagem do blogue ao aniversário do amigo de fé e irmão camarada de RC.

Os ANOS 70 começaram com a parceria da dupla se estendendo ao cinema. No filme Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa, eles e Wanderléa deram um sabor a mais para o público que sentia saudade das jovens tardes de domingo. Por brigas de gravadoras, infelizmente não saiu o LP com a trilha na íntegra - as músicas cantadas foram distribuídas nos discos de cada intérprete.

A leitura de Erasmo Carlos para Aquarela do Brasil foi uma das mostradas no filme que esteve no disco Erasmo Carlos e Os Tremendões (a outra foi Vou ficar nu pra chamar sua atenção, de Roberto e Erasmo), de 1970. Além delas, Saudosismo (de Caetano Veloso) e Teletema (de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar) apareceram no disco do cantor. Mas os grandes destaques foram mesmo as canções assinadas pela dupla Roberto e Erasmo Carlos: Coqueiro verde e Sentado à beira do caminho.

O que era promessa em 1970 se concretizou em 1971. Com Carlos, Erasmo, o amigo de RC apresentou um trabalho completamente diferente dos seus anteriores. Além de uma primorosa safra de compositores que deram músicas para ele gravar (Jorge Ben, Caetano Veloso , os irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle e Taiguara), as canções abordavam temas inéditos para a safra dele e Roberto. Discurso hippie (Gente aberta), canções políticas (Mundo deserto e É preciso dar um jeito, meu amigo), música com temática religiosa (Sodoma e Gomorra) e até uma ode à maconha (Maria Joana) em música com arranjo do tropicalista Rogério Duprat. O disco caiu no esquecimento.

1972 trouxe mais um disco da safra de Erasmo. Sonhos e memórias 1941/1972 seguiu à risca seu título. Da memória da infância de No Largo da Segunda-feira até a utópica Meu mar, vieram recordações pessoais como em Minha gente e Vida antiga, o desabafo Preciso encontrar um amigo, uma homenagem às raízes musicais em Bom dia, rock'n roll e uma versão mais roqueira para É proibido fumar. Brigas de casais também fizeram parte da safra musical, nas músicas Sábado morto e Grilos, além da doce Sorriso dela. A penúltima canção do lado B é Mundo cão, feita por Erasmo e Roberto para o filme Os machões, de Reginaldo Faria. Erasmo Carlos trabalhou como ator nesta comédia e foi premiado com a Coruja de Ouro do Instituto Nacional de Cinema daquele ano.

Dois anos depois, Erasmo voltaria a lançar um LP. A faixa-título 1990 - Projeto SalvaTerra olhava para o futuro, assim como na bem humorada Haroldo, o robot doméstico. Mas a canção que fez sucesso pelo bom humor foi Sou uma criança, não entendo nada, que Erasmo Carlos fez a partir de um poema de Giuseppe Ghiaroni. Ainda vieram faixas em homenagem às origens musicais, com A lenda de Bob Nelson e uma leitura de Negro gato. Lamentavelmente, não ficou tão conhecida a primorosa Cachaça mecânica, assinada por Roberto e Erasmo.

No ano de 1976, Erasmo Carlos apresentou um LP com letras mais questionadoras. Desde a foto interna do disco, que traz vários Erasmos numa briga de bar generalizada até letras da faixa-título (A banda dos contentes) e Análise descontraída, ambas dele e de Roberto, e a singela Queremos saber. Destacam-se também a nova versão para Paralelas, de Belchior, e Filho único, música que Roberto e Erasmo fizeram sob encomenda para a novela Locomotivas, da TV Globo.

1978 traria o último disco de Erasmo Carlos na década. A linha de repertório de Pelas esquinas de Ipanema não foi muito diferente dos LPs anteriores. Houve espaço para novos compositores - Victor Martins, Sérgio Fayne, Paulo Soledade Filho e Antônio Adolfo - e uma música de sua autoria assinada em parceria com o produtor musical Liminha. Favelas e motéis era uma abordagem sobre o cotidiano carioca, enfoque estendido à faixa-título. Nas demais canções assinadas com RC, veio a mística A terceira força e a psicológica canção Meu ego.

Mas nenhuma delas superou o impacto da faixa que abriu o LP. A esposa Narinha estudava Biologia em 1978. Erasmo achou que os estudos dela davam música. E, assim, Roberto Carlos e Erasmo Carlos escreveram a canção mais definitiva da dupla sobre ecologia - Panorama ecológico. O assunto ganharia mais destaque da imprensa na década seguinte.

Erasmo Carlos chegaria aos anos 80 se adequando também aos novos panoramas das gravadoras. E seu sucesso do primeiro ano da década aconteceria através de uma música lançada em 1970. Uma música emblemática, indispensável em seus shows. Mas isto é assunto para o próximo post.

Segue a letra! Na foto, Erasmo e Roberto no início da década de 1970.

Abraços a todos, Vinícius.

SENTADO À BEIRA DO CAMINHO - Roberto e Erasmo

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim

Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto o seu olhar, que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Vem a chuva e molha o meu rosto, então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos desta chuva se confundem com meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro, e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu
Estou morrendo lentamente

Só você não vê que eu não posso mais
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você
Sentado à beira do caminho

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Lararalaralaralara laralara
Larararalaralaralara laralara...

*****

O Emoções de Roberto Carlos deseja um FELIZ DIA DOS NAMORADOS a todos os amados e amantes que acessam este blogue.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos - ANOS 60



Olá, amigos.

A série O nosso amigo Erasmo Carlos começa com a década de 1960. Os inesquecíveis anos 60 também passaram pela obra do parceiro de Roberto Carlos.

Depois de ter sua música Eu quero twist (em parceria com Carlos Imperial) gravada por Agnaldo Rayol em 1962 e, no ano seguinte, Parei na contramão ser gravada pelo seu coautor da música Roberto Carlos e ficar com o primeiro lugar nas paradas de sucesso, Erasmo finalmente gravou seu primeiro disco solo em 1965.

De A pescaria, viriam as primeiras canções a comprovar que Erasmo era o "Tremendão". As irreverências de Terror dos namorados e Minha fama de mau davam a fama de conquistador a Erasmo Carlos. Mas a canção mais emblemática do LP foi Festa de arromba, que se tornou um hino da Jovem Guarda, ao citar vários artistas que passavam pelo palco do Teatro Record no programa que ele apresentava com Roberto Carlos e Wanderléa.

No ano seguinte, veio o LP Você me acende, que além da faixa-título trouxe sua canção mais marcante na linha romântica. Décadas depois, Roberto Carlos fez uma curiosa comparação sobre a Jovem Guarda: "Os Beatles cantavam Yesterday, e Erasmo Carlos atacava com sua Gatinha manhosa".

No ano de 1967, o Jovem Guarda continuava, mas Roberto e Erasmo passavam por uma briga causada por fofocas. Em seus dois discos (Erasmo Carlos e O tremendão), Erasmo assinou músicas sozinho. Mas Neném, corta essa, Larguem meu pé e O sonho de todas as moças não ficaram tão conhecidas.

A separação acabou fazendo com que Erasmo não participasse do primeiro filme de RC - Roberto Carlos em ritmo de aventura. Mas a música que abre o filme de Roberto Farias se tornou a música que selou o reencontro da parceria artística, com Eu sou terrível.

Os dois se reuniam e partiram para uma nova etapa em suas carreiras. O programa Jovem Guarda chegou à sua última edição em 1968, sendo que nos últimos meses era apresentado só por Wanderléa e Erasmo Carlos. Era hora de mudar.

Erasmo e Roberto Carlos davam os primeiros passos no rumo do soul, com as canções que RC gravou em O inimitável. Em seu último LP da década, intitulado Erasmo, o Tremendão ainda gravou algumas músicas com tom jovem-guardista, casos de Meu disquinho e Escrevi seu nome na areia.

As canções em parceria com Roberto ainda falavam de juras de amor - Vou chorar, vou chorar, vou chorar, A próxima dança, Senhor, aqui estou e O maior amor da cidade. Mas a última faixa de Erasmo dava o aperitivo de uma nova fase na trajetória musical de Erasmo Carlos - a rascante Para o diabo os conselhos de vocês, de Nenéo e Carlos Imperial.

A década de 1960 chegava ao fim, com as alegrias e as lágrimas azuis da Jovem Guarda ficando nesta década. Erasmo Carlos passava por novos caminhos. Mas isto é um assunto para o próximo post. E na memória, lembranças da festa de arromba que foi a Jovem Guarda.

Segue a letra! Na foto, Roberto Carlos e Erasmo Carlos na época da Jovem Guarda. Não é mera coincidência a semelhança deste figurino com os Beatles.

Abraços a todos, Vinícius.

FESTA DE ARROMBA - Roberto e Erasmo

Vejam só que festa de arromba!
No outro dia eu fui parar
Presentes no local o rádio e a televisão
Cinema, mil jornais, muita gente, confusão

Quase não consigo na entrada chegar
Pois a multidão estava de amargar
Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba...

Logo que eu cheguei, notei
Ronnie Cord com um copo na mão
Enquanto Prini Lorez bancava o anfitrião
Apresentando a todo mundo Meire Pavão

Wanderléa ria
E Cleide desistia
De agarrar um doce
Que do prato não saia

Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba

Renato e seus Blue Caps
tocavam na piscina
The Clevers no terraço
Jet Black's no salão

Os Bells de cabeleira
Não podiam tocar
Enquanto a Rosemary
Não parasse de dançar

Mas vejam quem chegou de repente
Roberto Carlos em seu novo carrão
Enquanto Tony e Demétrius
Fumavam no jardim
Sérgio e Zé Ricardo
esbarravam em mim

Lá fora um corre corre
dos brotos do lugar
Era o Ed Wilson
que acabava de chegar

Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba...

terça-feira, 8 de junho de 2010

O nosso amigo Erasmo Carlos



Olá, amigos.

Com o post de hoje, o Emoções de Roberto Carlos começa uma homenagem aos 50 anos de carreira do cantor, compositor, tijucano, vascaíno, que para todos os fãs de Roberto Carlos se tornou o amigo de fé e irmão camarada. Este blogue apresenta... O MEU AMIGO ERASMO CARLOS!

O carioca Erasmo Esteves tinha paixão por rock'n roll, e era um dos muitos a se reunir na Rua do Matoso, onde encontrava amigos mais tarde apresentados ao universo da música como Tim Maia e Jorge Benjor. Sua paixão por Elvis Presley acabou sendo reconhecida e proporcionou um encontro que mudaria sua vida.

Numa tarde, chegou um rapaz de Cachoeiro de Itapemirim que iria cantar na televisão mas não sabia a letra da música que interpretaria no Clube do rock, programa de Carlos Imperial. O rapaz era Roberto Carlos, que seria designado como "o Elvis Presley brasileiro".

Do aperto de mãos proporcionado por um amigo em comum, e da chance de Carlos Imperial a RC, nasceu a parceria ROBERTO CARLOS E ERASMO CARLOS. E antes de falar sobre cada década da carreira de Erasmo, este blogue mostra a letra da canção de Elvis Presley que apresentou os dois.

Segue a letra! Na foto, Erasmo Carlos e Roberto Carlos no show do Maracanã, no ano passado.

Abraços a todos, Vinícius.

HOUND DOG - Jerry Leiber e Mike Stoller

You ain't nothin' but a hound dog
Cryin' all the time
Well, you ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine

When they said you was high classed
Well, that was just a lie
You ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine

You ain't nothin' but a hound dog
Cryin' all the time
Well, you ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine

When they said you was high classed
Well, that was just a lie
You ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine


When they said you was high classed
Well, that was just a lie
You ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine


You ain't nothin' but a hound dog
Cryin' all the time
Well, you ain't never caught a rabbit
And you ain't no friend of mine...

domingo, 6 de junho de 2010

Contagem regressiva - COPA DO MUNDO



Olá, amigos.

A cinco dias da Copa do Mundo de 2010, o Emoções de Roberto Carlos entra em ritmo da aventura que é a competição mais importante do futebol mundial. E traz uma música que RC fez inspirado neste torneio.

A música veio numa época em que falar de Brasil poderia ser mal visto por uma parcela da população, que passou por duas décadas de Ditadura e agora via uma abertura política "lenta, gradual e segura". Miéle temeu que Roberto sofresse a mesma "patrulha ideológica" pela qual passaram a dupla Dom e Ravel (intérpretes de Eu te amo, meu Brasil, composta por Dom) e Ivan Lins (autor de O amor é o meu país), que, na época do regime militar, ousaram louvar o próprio país. RC o tranqüilizou, dizendo: "Meu público me conhece".

E o LP de 1985 abriu com Verde e amarelo, uma canção positiva, lançada em dezembro daquele ano e que serviria para empolgar o ano seguinte, ano de Copa do Mundo. No ano de 1986 veio a Copa realizada no México.

No embalo também da música Mexicoração, a Seleção Brasileira chegou à Copa com um escrete que trazia excelentes jogadores. Muitos deles que estavam no time de Telê que, na Espanha em 1982, foram eliminados na traumática derrota para a Itália por 3 a 2 - uma derrota do futebol-arte brasileiro para o futebol agressivo italiano.

O time brasileiro foi formado por: Carlos, Josimar, Júlio César, Edinho e Branco; Elzo, Alemão, Júnior e Sócrates; Müller e Careca. O Brasil ainda tinha nomes como Zico, Casagrande e Mauro Galvão. Parece surpresa ter o Zico na reserva, mas ele passou por uma contusão, que seria decisiva num dos jogos da Seleção.

Telê Santana passou por alguns problemas antes do início da Copa do Mundo. O corte do atacante Renato Gaúcho (por indisciplina) trouxe outra baixa para a Seleção. Em solidariedade, o lateral-direita Leandro pediu para sair, às vésperas da Copa. Para alívio de Telê, o lateral Josimar se destacou nas partidas, chegando a marcar dois gols.

O Brasil estreou com uma vitória por 1x0 diante da Espanha, graças a um erro da arbitragem, que não marcou um gol legítimo a favor dos espanhóis - a bola bateu no travessão, entrou no gol e depois saiu. Na primeira fase, a Seleção derrotou a Argélia (por 1 a 0) e a Irlanda do Norte (por 3 a 0). Nas oitavas-de-final, a vitória veio com facilidade, com um 4 a 0 sobre a Polônia.

Veio o jogo das quartas-de-final, diante da França, considerado um dos jogos mais bonitos da Copa de 1986. Careca e Platini deixaram o jogo em 1 a 1 - e Zico passou por uma situação delicada: jogando do sacrifício, entrou no decorrer da partida, e foi designado para cobrar um pênalti. Sua cobrança foi defendida pelo goleiro Bats, e a partida foi para a prorrogação (na qual persistiu o empate) até ir para os pênaltis.

Mais uma vez houve uma falta de sorte. Depois de muito tempo, a FIFA abandonou uma das regras - que dizia que se numa cobrança de pênalti a bola batesse na trave e novamente no corpo do goleiro antes de ir para o gol, não era válido o gol. Numa das cobranças, a bola acertou a trave, bateu nas costas do goleiro Carlos e entrou.

Nas cobranças de pênalti, Platini chutou sua cobrança para fora. Mas Sócrates teve seu pênalti defendido pelo goleiro e Júlio César acertou a trave. A França se classificou com uma vitória por 4 a 3 nos pênaltis, e a "geração 80" do Brasil, formada por nomes como Zico, Júnior e Sócrates não teve uma Copa do Mundo.

20 anos depois, este blogue homenageia estes jogadores e canta com Roberto Carlos um hino que se mantém atual ao falar do Brasil. Júlio César, Gomes, Doni, Maicon, Daniel Alves, Michel Bastos, Juan, Lúcio, Thiago Silva, Luisão, Felipe Melo, Gilberto Silva, Kaká, Ramires, Josué, Júlio Baptista, Kléberson, Luís Fabiano, Robinho, Nilmar e Grafite. Sejam Brasil e Brazuca na África do Sul.

Abraços a todos, Vinícius.

VERDE E AMARELO - Roberto e Erasmo

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)
Boto fé, não me iludo
Nessa estrada ponho o pé, vou com tudo
Terra firme, livre, tudo o que eu quis do meu país
Onde eu vou vejo a raça
Forte no sorriso da massa
A força desse grito que diz:"É meu país"

Verde e amarelo (coro)
Sou daqui, sei da garra
De quem encara o peso da barra
Vestindo essa camisa feliz do meu país
Tudo bom, tudo belo
Tudo azul e branco, verde e amarelo
Toda a natureza condiz com o meu país

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)

Só quem leva no peito esse amor, esse jeito
Sabe bem o que é ser brasileiro
Sabe o que é:

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)
Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)

Bom no pé, deita e rola
Ele é mesmo bom de samba e de bola
Que beleza de mulher que se vê no meu país
É Brasil, é brasuca
Esse cara bom de papo e de cuca
Tiro o meu chapéu, peço bis pro meu país
Verde e amarelo (coro)

Boto fé, não me iludo
Nessa estrada ponho o pé, vou com tudo
Terra firme, tudo o que eu quis é o meu país
É Brasil, é brasuca
Esse cara bom de papo e de cuca
Tiro o meu chapéu, peço bis pro meu país

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Beira do caminho



Olá, amigos.

Depois de Cinco vezes favela - Agora por nós mesmos, hoje é a vez de os fãs de Roberto Carlos esperarem mais uma participação de música dele no cinema nacional. E o filme relembra uma das canções mais conhecidas da dupla Roberto e Erasmo Carlos.

BEIRA DO CAMINHO é o novo filme de Breno Silveira (autor de 2 filhos de Francisco) conta a história de João (vivido por João Miguel, ator que se destacou no cinema brasileiro depois do filme Estômago), um caminhoneiro que corre o Brasil afora e vai conhecendo novas pessoas e novas histórias nas estradas.

O filme, que deve sair em 2011, tem locações em belíssimos lugares do país, como Chapada Diamantina, Juazeiro e Paulínia (interior de São Paulo). No elenco, ainda estão Dira Paes, Denise Wainberg, Ludmila Rosa e o menino Vinícius Nascimento.

As filmagens estão chegando à sua reta final, neste filme de estrada que promete ser bem interessante para os olhos do público brasileiro. A grande notícia é que os produtores de Beira do caminho vêm negociando com Roberto Carlos para que a trilha traga várias músicas dele durante o filme - isto já aconteceu em 2003, com Caminho das nuvens.

Por enquanto, a única música confirmada na trilha é a música que ficou marcada pelo dueto de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, no LP Erasmo Carlos convida..., de 1980. Lançada originalmente em 1970, ela conta os motivos que fizeram João percorrer a estrada no filme.

Segue a letra! Na foto, o cartaz do filme de Breno Silveira.

Abraços a todos, Vinícius.

SENTADO À BEIRA DO CAMINHO - Roberto e Erasmo

Eu não posso mais ficar aqui
A esperar
Que um dia de repente
Você volte para mim

Vejo caminhões
E carros apressados
A passar por mim

Estou sentado à beira
De um caminho
Que não tem mais fim

Meu olhar se perde na poeira
Dessa estrada triste
Onde a tristeza
E a saudade de você ainda existe

Esse sol que queima no meu rosto
Um resto de esperança
De ao menos ver de perto o seu olhar
Que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Vem a chuva, molha o meu rosto
E então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva
Se confundem com o meu pranto

Olho pra mim mesmo e procuro
E não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança
À beira de uma estrada

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Carros, caminhões, poeira
Estrada, tudo, tudo, tudo
Se confunde em minha mente

Minha sombra me acompanha
E vê que eu
Estou morrendo lentamente

Só você não vê que eu não posso mais
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você
Sentado à beira do caminho

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo

Larará Larará Lararará...
Larará Larará Lararará...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cinco vezes favela



Olá, amigos.

O post de hoje fala sobre mais uma presença de Roberto Carlos no cinema nacional. Desta vez, dentro de um projeto engajado dos cineastas.

No ano de 1961, os cineastas Carlos Diegues, Leon Hirzman, Miguel Borges, Marcos Faria e Joaquim Pedro de Andrade fizeram um longa-metragem com cinco curtas ambientados na favela. Cinco vezes favela se tornou um sucesso de bilheteria, e é considerado o marco do movimento cinematográfico denominado Cinema Novo. Filmes políticos, com novas formas de filmagem e a ideia de "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça".

Em 2009, o cineasta Carlos Diegues usou sua produtora Luz Mágica (que também é da produtora Renata de Almeida Magalhães) para fazer o projeto Cinco vezes favela - agora por nós mesmos. Cinco curtas realizados por jovens moradores das favelas cariocas e com a supervisão de pessoas ligadas ao audiovisual mostraram o ponto de vista de quem vive a realidade desta "cidade partida".

Arroz com feijão, de Cacau Amaral e Rodrigo Felha, Deixa voar, de Cadu Barcellos, Concerto para violino, de Luciano Vidigal, Fonte de renda, de Wawá Novais e Manaíra Carneiro, e Acende a luz, de Luciana Bezerra foram este novo ponto de vista sobre a favela.

O filme foi apresentado no Festival de Cannes e recebeu muitos elogios. No elenco, nomes como Roberta Rodrigues e Thiago Martins, atores que chegaram à mídia depois de fazerem oficinas no Grupo Nós no Morro, oficina de teatro criada no Vidigal.

Segundo as notícias da imprensa, Roberto Carlos estará presente em Cinco vezes favela - Agora por nós mesmos, com a música que ele e Erasmo Carlos fizeram em 1974. Em meio a comunidades tão mal vistas, pelos casos de criminalidade, nada mais justo do que a favela gritar que deseja ter um milhão de amigos. A esperança é de que a notícia proceda. Nada mais justo do que colocar RC num projeto tão emocionante quanto este.

Segue a letra! Na foto, uma das cenas do filme.

Abraços a todos, Vinícius.

EU QUERO APENAS - Roberto e Erasmo

Eu quero apenas olhar os campos
Eu quero apenas cantar meu canto
Eu só não quero cantar sozinho
Eu quero um coro de passarinhos

Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero apenas um vento forte
Levar meu barco no rumo norte
E no caminho o que eu pescar
Quero dividir quando lá chegar

Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero crer na paz do futuro
Eu quero ter um quintal sem muro
Quero meu filho pisando firme
Cantando alto, sorrindo livre

Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero amor decidindo a vida
Sentir a força da mão amiga
O meu irmão com um sorriso aberto
Se ele chorar quero estar por perto

Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Venha comigo olhar os campos
Cante comigo também meu canto
Eu só não quero cantar sozinho
Eu quero um coro de passarinhos

Quero levar o meu canto amigo
A qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar

Eu quero ter um milhão de amigos
E bem mais forte poder cantar...